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Temas em Psicologia

versão impressa ISSN 1413-389X

Temas psicol. v.15 n.1 Ribeirão Preto jun. 2007

 

EDITORIAL

 

Com a palavra, os editores convidados

 

 

A presença das disciplinas psicológicas nos currículos relacionados à formação de professores é anterior à regulamentação dos cursos de Psicologia em nosso país. A Reforma Benjamim Constant, em 1890, incorporou essa disciplina nos currículos das Escolas Normais e, na década de 1930, a disciplina de Psicologia Geral passou a ser obrigatória nos cursos de Licenciatura da Universidade de São Paulo. Em 1962, a Lei 4.119 regulamentou a profissão e os cursos de Psicologia no Brasil enfatizando a dimensão educacional ao dispor, no seu artigo primeiro, que a formação em Psicologia seria feita em cursos de bacharelado, licenciatura e graduação em Psicologia. A figura do licenciado em psicologia dava forma oficial a uma atuação já consagrada de profissionais da área psicológica nas escolas. A indicação de datas não pretende ser exaustiva, escolhemos algumas poucas, tomando como ponto de partida os séculos XIX e XX, apenas para contextualizar nossa apresentação ao propor a discussão sobre as relações entre a Psicologia e a Educação no Brasil.

Já estamos no final da primeira década do século XXI e é necessário refletir sobre as relações entre a Psicologia e a Educação na atualidade. O texto das Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Graduação em Psicologia, de 07 de maio de 2004, reapresenta a figura do "professor de Psicologia", a partir da qual nos colocamos várias perguntas sobre as características desse profissional: Quem é tal professor? Ele é o mesmo referenciado como "licenciado" na Lei 4.119, de 1962? Qual é o seu campo de atuação? Qual deve ser sua formação? Qual é o órgão que fiscalizará suas ações?

A partir dessas e de outras tantas perguntas também instigantes, nos interrogamos sobre as múltiplas relações entre a Psicologia e a Educação. Podemos tomar a história como aliada e analisar os elementos de tais relações em diferentes momentos; ou então, fazer uma profunda análise da contemporaneidade e identificar as tensões que marcam a interface dos dois

campos. Contudo, a tarefa última é buscar uma leitura da realidade no que diz respeito a possíveis interelações entre a Psicologia e a Educação que permitam iluminar as possibilidades presentes nesse momento. Nesse sentido, o desafio a que ora nos propomos é refletir sobre as potencialidades das disciplinas de Psicologia, a formação e o papel do professor de Psicologia, em todos os níveis da educação escolar.

Na XXXVII reunião anual da SBP em outubro de 2006, numa tarde ensolarada, numa das salas da Universidade Federal da Bahia, em vez de reverenciar o maravilhoso entardecer soteropolitano, estávamos reunidos para discutir aspectos da formação do professor de Psicologia. Ao final da mesa, com relação ao tema "professor de psicologia", tivemos pelo menos duas certezas: a primeira, de que não sabíamos exatamente do que estávamos falando e, a segunda, de que queríamos muito saber. O resultado foi a proposta de uma chamada para um número especial da Revista Temas em Psicologia, para continuarmos a discutir as questões que tanto nos instigam.

A resposta da comunidade foi rápida e qualificada, pois, num período curto, recebemos um grande número de artigos, que iluminam de maneiras diversas e bem fundamentadas os objetos de estudo em questão. O que apresentamos hoje, com alegria, é o resultado de uma empreitada que envolveu dezenas de profissionais, entre os quais destacamos os próprios autores dos artigos, os pareceristas e Alessandra Villas-Bôas que, com dedicação, secretariou todo o processo. A todos, o nosso muito obrigado!

Esperamos que os artigos possam provocar a boa reflexão e, quiçá, inspirar os leitores a novas investidas na área.

 

Boa leitura!

Marie Claire Sekkel e Sérgio Cirino
Editores convidados

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