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Temas em Psicologia

versão impressa ISSN 1413-389X

Temas psicol. v.15 n.1 Ribeirão Preto jun. 2007

 

ARTIGOS

 

Os livros didáticos de Psicologia Educacional: pistas para análise da formação de professores(as) - (1920 - 1960)

 

The Educational Psychology Didactic Books: Clues for Analysis for the Teachers Formation (1920 - 1960)

 

 

Maria Madalena Silva de Assunção

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e Universidade Vale do Rio Verde de Três Corações

 

 


RESUMO

Neste estudo, histórico e teórico/conceitual, buscou-se analisar os conteúdos veiculados nos livros didáticos de Psicologia Educacional que circularam entre as décadas de 20 a 60 do século XX e que, possivelmente, foram utilizados para a formação de professoras no Curso Normal. É possível entrever, a partir deste material, que apresenta uma ênfase na concepção organicista e funcionalista do sujeito, a contribuição da Psicologia Educacional para a constituição do campo da Psicologia como ciência. De modo geral, os assuntos discutidos, no decorrer desse período, eram recorrentes em todos os autores, além de apresentar poucas alterações no conteúdo. Foram utilizados para análise os livros de onze autores de diferentes estados do país, sendo onze títulos e quarenta e uma edições diferentes. Para discutir os conteúdos, os livros foram separados por década de publicação, o que possibilitou comparar e analisar os diferentes títulos e autores, bem como as diferentes edições.

Palavras-chave: Livro didático, Psicologia Educacional, Formação de professores(as), História da Psicologia.


ABSTRACT

This historical theoretical and conceptual work aims to analyse the contents presented in the educational psychology books which were published and adopted in the teachers formation of "Curso Normal" courses in the 20s and 60s of the XX century. By analysing the contents listed in these books, which present a special emphasis on the organicist as well as on the funcionalist conception of the subject, it is possible to verify a contribution from educational psychology to the establishment of psychology as a science. The topics discussed in the referred period were generally common, and little changed, among the authors. The analysis was based on books of 11 (eleven) authors coming from different states of Brazil. It is worth to enhance that the study selected 11 (eleven) different books and 41 (forty-one) different editions. In order to make the research possible, the books were categorized under the decade they were published and edited to draw comparison of titles and authors.

Keywords: Didactic book, Educational Psychology, Teachers formation, History of Psychology.


 

 

O objetivo deste estudo foi o de verificar o que era veiculado e discutido nos livros didáticos de Psicologia Educacional, e, tendo estes sido escritos para serem utilizados no Curso Normal, poderemos, juntamente com outras fontes, vislumbrar o que se ensinava de Psicologia às alunas deste curso. Essas informações, originárias da Psicologia Educacional, poderão também nos auxiliar para um melhor entendimento do campo da Psicologia, uma vez que no Brasil, e de modo mais contundente em alguns estados, a Psicologia, em sua constituição, estabelecera um estreito vínculo com a área educacional.

Para análise dos conteúdos apresentados nos livros didáticos da disciplina Psicologia Educacional, no período que compreende as décadas de 20 a 60 do século XX, foram aqui selecionados como referência os livros de onze autores, sendo onze títulos e quarenta e uma edições diferentes.

Apesar da leitura integral dos conteúdos dos livros didáticos, optei neste artigo, tendo em vista a extensão do material, pela seleção de alguns assuntos que considero de importância ímpar para a área, o que se confirma pela recorrência no decorrer desse período, bem como sua permanência nas discussões e constituição da área da Psicologia.

Os temas aqui apresentados foram tomados com o objetivo de averiguar a forma como cada autor(a) abordava o mesmo assunto e as possíveis mudanças que ocorreram no tratamento deles no decorrer das décadas. Assim, um dos critérios para a seleção do tema foi sua presença em todos(as) os(as) autores(as) e livros, a saber: 1) o conceito e objeto da Psicologia e ou da Psicologia Educacional; 2) a afetividade ou fenômenos afetivos em que tomam para discussão os tópicos sobre prazer, dor e paixão; e 3) a personalidade e o caráter.

A seleção do primeiro item se deu com o objetivo de conhecer as discussões acerca do objeto da Psicologia, considerando se tratar de uma área que vinha se estruturando e buscando estabelecer seu espaço, suas semelhanças e suas diferenças em relação às demais ciências. O segundo item foi selecionado por se tratar de um assunto relevante na Psicologia, pois mesmo que posteriormente passe a ter novas denominações, a questão relacionada à afetividade permanece como ponto fulcral nas discussões psicológicas. O último item selecionado, personalidade e caráter, por representar uma discussão central no campo psicológico, pois além de permanecer como um conteúdo no Curso de Formação de Professores(as) (Curso Normal, Curso de Magistério e Licenciaturas), a "Personalidade" se transformou em uma disciplina específica, tanto no Curso de Psicologia quanto em alguns cursos de licenciatura.

Por se tratar de uma discussão extensa, apresentarei aqui uma síntese1 de como esses temas foram tratados no período mencionado. Para tal, a Revista do Ensino de Minas Gerais2 foi também pesquisada, de modo a compor um quadro que retratasse, com maior proximidade, as principais temáticas que eram discutidas em Psicologia nesse período, em especial em Minas Gerais.

 

O livro didático como fonte de pesquisa

O termo livro didático foi utilizado, conforme argumenta Batista (2000), para designar uma gama variada de objetos portadores dos impressos que circulavam na escola. O livro didático, nesse sentido, seria então o livro ou impresso utilizado pela escola para o desenvolvimento de um processo de ensino ou de formação. Assim, ele faz parte, não arbitrariamente, da cultura escolar - o que contribui para uma análise sobre a mediação que ocorre entre a escola, a sociedade e os sujeitos em formação.

O saber a ser ensinado, aprendido em determinada época, sofre um processo de seleção, organização, seqüenciação, ou seja, esse saber se torna didatizado, escolarizado e passa a ser agrupado e apresentado no livro didático. Assim, o livro didático foi instituído historicamente, anterior aos programas e currículos, de forma a garantir o aprendizado dos saberes considerados imprescindíveis à inserção das novas gerações na sociedade. Desse modo, como afirma Soares (1996, p. 55-56) os livros didáticos

... convertem-se em fonte privilegiada para uma história do ensino e das disciplinas escolares. Analisados sincronicamente ou diacronicamente, eles permitem identificar ou recuperar saberes e competências considerados formadores, em determinado momento, das novas gerações; são as tendências metodológicas que regulam o ensino e a aprendizagem desses saberes em cada momento, a política cultural e social que impõe, em determinada época, uma certa escolarização, e não outra, do conhecimento, da ciência, das práticas culturais.

Os conteúdos escolares "oficialmente" propostos nos livros didáticos refletem os ideais sociais, religiosos, políticos, ideológicos que orientavam a seleção de alguns conteúdos em detrimento de outros. Eles atuam, na verdade, como mediadores entre concepções e práticas políticas e culturais, tornando-se parte importante, tanto para a manutenção como para as mudanças de determinadas visões de mundo.

A utilização do livro didático como fonte, como documenta a História da Educação, pode contribuir para compreender a trajetória de disciplinas e práticas escolares. O período referente a esta pesquisa, as décadas de 20 a 60 do século XX, possibilita-nos atribuir ao livro didático um significativo valor no que diz respeito à formação dos(as) professores(as). Uma vez que, nesse período, o livro didático se constituía em referência primordial para o ensino devido às dificuldades, próprias da época, relacionadas à publicação e à autoria dos livros didáticos, conforme nos esclarece Soares (1996):

... os autores da primeira metade do século, em geral personalidades de renome por sua atuação no ensino superior e em instâncias públicas ligadas à Educação, tinham formação em áreas não diretamente relacionadas com o conteúdo para o qual escreviam livros didáticos: Lourenço Filho [...] Aroldo de Azevedo [...] Olavo Bilac [...].

Mas não é difícil explicar por que os autores da primeira metade do século escreviam livros didáticos para disciplinas não diretamente relacionadas com sua formação acadêmica: as Faculdades de Filosofia, criadas com os objetivos de desenvolver estudos em áreas básicas e de formação de professores, só surgem nos anos 30; até então, tanto os professores do ensino elementar e do ensino médio quanto os autores dos livros didáticos eram autodidatas, estudiosos do conteúdo que lecionavam ou sobre o qual produziam textos para o ensino. (p. 59-60)

A partir dos anos 50, após transcorrido um tempo significativo da criação das Faculdades de Filosofia, os livros didáticos passam a ser escritos por aqueles(as) professores(as)/autores(as) oriundos desses cursos. Desse modo, além da formação acadêmica, a prática docente parece ser um importante elemento que transforma os(as) professores(as) em autores(as) de livros didáticos.

A formação dos(as) autores(as)/professores(as) que ministravam aulas de Psicologia Educacional no período citado, talvez nos possa trazer pistas para um entendimento a respeito dos conteúdos abordados no ensino dessa disciplina, bem como uma compreensão das representações acerca da Psicologia da Educação nos dias atuais. Considerando o período aqui tratado, devemos lembrar que os cursos de Psicologia tomam vulto apenas na década de 60 (à exceção dos cursos de Psicologia da PUC-RJ, PUC-RS e PUC-MG, os dois primeiros criados em 1953, e o terceiro, em 1959), o que indica que os(as) autores(as) dos livros didáticos, bem como os(as) professores(as) tinham formação em áreas como a Medicina, Filosofia, Educação, dentre outras.

A Psicologia aplicada à Educação, principalmente a Psicologia como uma disciplina escolar, tornou-se objeto de estudo de pesquisadores(as) que buscam um entendimento sobre as complexas relações entre a Educação e a Psicologia, como pode ser constatado na observação de Carvalho (1997, p. 307):

Os estudos recentes em torno da relação psicologia e pedagogia cessaram de revelar uma consensual confiança no papel edificante que a psicologia poderia exercer sobre a pedagogia. A própria temática da criança alargou-se de tal modo para além da psicologia, e esta retalhou a tal ponto seu objeto, que, desde os anos 60, mal se ouve falar naquele promissor ramo da psicologia. Mas, se o otimismo de Baldwin e Claparède foi fraudado, isso se deveu menos à pouca presença normativa da psicologia na configuração do campo pedagógico do que ao seu grau de participação nos insucessos das pedagogias do século, de um lado e, de outro, na dose constrangedora de absenteísmo diante dos problemas crescentes da educação escolar.

Apesar do destaque que os cursos de formação de professores(as) continuam conferindo ao ensino da Psicologia, isso não vem ocorrendo sem críticas, mudanças, reflexões sobre a importância deste saber para a prática do(a) professor(a). Não há como compreender os atuais questionamentos sem buscarmos, na história desse campo e dessa disciplina, pistas para novos movimentos que possam reorientar a Psicologia, sua abrangência na área educacional (qual seja ela) e a formação de professores(as).

É importante ressaltar que o estudo sobre os livros didáticos se insere no conjunto dessas preocupações. Isto é, buscar no passado fragmentos, pistas de onde, de quem, de quando determinadas expressões, intenções, propostas, discursos, que, presentes na disciplina Psicologia Educacional, se desdobraram e se deslizaram para outros campos e outros saberes pedagógicos, contribuindo, certamente, para práticas docentes e modos de pensar e lidar com o sujeito/aluno.

As décadas de 20 a 60 do século XX, período em que este estudo se situa, caracterizam-se por importantes movimentos, que auxiliam na leitura e no entendimento dos conteúdos que compõem os livros didáticos. Temos, por exemplo: a instauração da República e os fundamentos de sustentabilidade do projeto de modernização do país; a era moderna e a emergência do indivíduo/sujeito; o processo de industrialização; a efervescência intelectual da década de 20; as reformas de ensino nos estados brasileiros; o Estado Novo; a consolidação do movimento da Escola Nova por intermédio das reformas de ensino; etc. Desse modo, a compreensão histórica da constituição da Psicologia demanda a captação da trama de relações na qual ela se insere e se desenvolve, pois só assim será possível compreender suas múltiplas manifestações, reavendo os atravessamentos e as multidimensões dos quais ela é produto e produtora. É nesta perspectiva que este estudo foi realizado, ou seja, na busca por situar os livros didáticos, seus(uas) autores(as) e seus conteúdos para a compreensão da Psicologia Educacional, e, ao mesmo tempo, rever a importância da Psicologia na formação de professores(as).

 

Sobre os livros didáticos e os(as) autores(as)3

Os livros de Psicologia Educacional utilizados para análise foram dos seguintes autores: Afro do Amaral Fontoura, Antônio Xavier Teles, Antônio de Sampaio Dória, Guerino Casasanta, Iago Victoriano Pimentel, Iva Waisberg Bonow, Justino Mendes, Manoel José do Bomfim, Noemy da Silveira Rudolfer, Ruy de Ayres Bello e Theobaldo Miranda Santos.

O livro de Iago Victoriano Pimentel, Noções de Psicologia aplicadas à Educação, teve sua primeira edição publicada, possivelmente, em 1931. A dificuldade em situar precisamente a data de sua publicação deve-se ao fato de não constar neste livro, como também em outros da mesma época, a data de publicação. No entanto, no exemplar localizado, há uma dedicatória com a data de XV.III.931, o que nos leva a crer que a primeira edição tenha sido de 1931.

Iago Victoriano Pimentel foi professor da cadeira de Psicologia Educacional na Escola Normal Modelo de Belo Horizonte/MG a partir da Reforma de Ensino de 1928 até aproximadamente a década de 50 - o que confirma sua importância no campo da Psicologia Educacional em Minas Gerais. Seu livro atravessou décadas formando as alunas do Curso Normal, com a primeira edição publicada em 1931, e a última (décima terceira), localizada por mim, publicada em 1967.

Guerino Casasanta também foi professor da cadeira de Psicologia Educacional na Escola Normal. Tudo indica que isso tenha ocorrido no período em que Iago Victoriano Pimentel se afastou dessa atividade. A primeira edição de seu livro Manual de Psicologia Educacional foi publicada em 1950. A última edição localizada foi a quarta, publicada em 1961.

O livro de Manoel José do Bomfim, Noções de Psychologia, foi selecionado pelo fato de ter sido indicado no programa oficial de Psicologia Educacional, proposto em decorrência da Reforma de Ensino Francisco Campos (1928) em Minas Gerais. Esse livro teve sua primeira edição publicada em 1916, a segunda em 1917 e a quarta edição, que foi a localizada, em 1928. Manoel José do Bomfim foi professor da Escola Normal, Diretor do Pedagogium e Diretor do Laboratório de Psychologia Experimental no Rio de Janeiro.

O livro de Theobaldo Miranda Santos (professor do Instituto de Educação no Rio de Janeiro), Noções de Psicologia Educacional, foi escrito, de acordo com o anunciado no próprio livro, para atender aos programas das Faculdades de Filosofia e dos Institutos de Educação das Escolas Normais. A data da publicação da primeira edição não foi localizada. A segunda edição foi publicada em 1947, a quarta em 1951, a quinta em 1954 e a sexta, última edição localizada, foi publicada em 1955.

Iva Waisberg Bonow, também professora de Psicologia no Rio de Janeiro, autora do livro Elementos de Psicologia, prefaciado por Lourenço Filho, foi indicado para as Escolas Normais e Curso Colegial. Foram localizadas duas edições desse livro, sendo a primeira publicada em 1954, e a oitava, em 1966. Também coordenado pela mesma autora, foi localizado o livro Manual de Trabalhos Práticos de Psicologia Educacional, em sua quarta edição de 1968.

Afro do Amaral Fontoura é autor do livro Psicologia Educacional, sendo a primeira edição de 1958 e a segunda, de 1959. Parece ter sido um livro bastante utilizado na época, uma vez que a décima terceira edição foi publicada em 1966, no curto espaço de oito anos após a publicação da primeira.

Antônio de Sampaio Dória, professor da Escola Normal de São Paulo, publicou Psychologia, do qual localizei três edições, sendo a terceira publicada em 1930, a quarta em 1932 e a quinta em 1935. Publicou também o livro A Evolução da Psicologia Educacional através de um histórico da Psicologia Moderna de Noemy da Silveira Rudolfer, professora de Psicologia Educacional e responsável pelo Laboratório de Psicologia Educacional na Escola Normal Caetano de Campos em São Paulo. Seu livro teve a primeira edição publicada em 1938; a segunda edição foi publicada vinte e três anos depois, em 1961, com o título Introdução à Psicologia Educacional.

Do livro de Ruy de Ayres Bello, Introdução à Psicologia Educacional, foi localizada a terceira edição de 1964, sem referência a edições anteriores. Este livro foi adotado, pelo que pude constatar, em pelo menos uma escola (particular) de Belo Horizonte, no início da década de 60. Ruy de Ayres Bello foi professor do Curso Normal do Instituto de Educação, da Universidade do Recife e da Universidade Católica de Pernambuco.

O livro de Antônio Xavier Teles, Psicologia Moderna, foi tomado mais como um exemplo de fenômeno editorial do que propriamente um livro a ser analisado. A primeira edição deste livro, apesar de não ter sido localizada, deve ter ocorrido por volta de 1965/66. A segunda edição é de 1968, a terceira, de 1969; em 1974 foram publicadas pelo menos 4 edições, ou seja, da 7ª à 10ª, pois em 1975 a edição localizada foi a 14ª. O livro foi reeditado a cada ano, sendo a vigésima quinta edição, a última localizada, publicada em 1988, o que não significa que tenha sido a última edição do livro.

Na seleção dessa fonte - livros didáticos - foi considerado o fato de o livro ter sido escrito com a finalidade de utilização como material didático nas Escolas Normais. Bem como, livros que foram escritos e, possivelmente, utilizados em outros estados, não só em Minas Gerais, de modo a permitir uma visão mais ampla dos temas abordados na disciplina Psicologia Educacional. Mesmo sabendo que muitos outros livros nesta área foram escritos, e que ainda muitos outros foram traduzidos com a finalidade de serem utilizados nos Cursos de Formação de Professores(as), um levantamento e uma análise de todos eles seria inviável neste estudo.

Para discutir os conteúdos dos livros didáticos, o primeiro critério utilizado foi o de separá-los por década de publicação, sendo possível posteriormente comparar e analisar os diferentes títulos e autores, bem como as diferentes edições4.

 

Década de 20

De 1921 a 1930 tomei dois livros para análise: o de Manoel José do Bomfim e o de Antônio de Sampaio Dória, sendo uma edição de cada livro.

Em relação ao conteúdo, os dois autores apontam as dimensões atinentes à realidade psíquica como objetos da Psicologia: a consciência, o espírito e a imortalidade da alma. Em Antônio de Sampaio Dória há a discussão do método na constituição da Psicologia, enquanto Manoel José do Bomfim preocupa-se com as questões relacionadas à adaptação humana e à personalidade.

Apesar de semelhanças nos temas abordados pelos dois autores, em Antônio de Sampaio Dória é possível verificar uma tendência a explicações mais biológicas, em busca de uma cientificidade para os fenômenos psíquicos. Manoel José do Bomfim, apesar de também utilizar o referencial da Biologia, difere à medida que toma o sistema nervoso e funções sensoriais para as devidas discussões, além dos indícios de uma moralidade no que se refere a temas como a vontade, a afetividade e a personalidade.

 

Década de 30

A partir da década de 30, o número de livros e edições localizados deixa entrever a influência e a importância que a Psicologia passa a ter nesse período, bem como o surgimento e o crescimento da produção e da publicação de livros didáticos no Brasil. Será a partir de 1930, com as discussões oriundas da Escola Nova, com o surgimento de medidas nacionalizadoras, expansão da rede de ensino e a criação das Faculdades de Filosofia, que se ampliará o número de autores e edições de livros didáticos em nosso país (Soares, 1996).

Os livros analisados referentes ao período de 1931 a 1940 foram o de Iago Victoriano Pimentel, o de Antônio de Sampaio Dória, o de Noemy da Silveira Rudolfer e o de Justino Mendes.

Apesar das semelhanças encontradas nesta década, em relação aos conteúdos tratados nos livros didáticos da década anterior, percebe-se diferenças quanto à discussão sobre o objeto de conhecimento da Psicologia. A década de 30 é marcada por uma Psicologia que vai se distanciando das idéias de essência e de alma e se encaminhando para um conhecimento de cunho científico (biológico). Assim, há uma ênfase nos aspectos neurológicos, considerados como ponto de partida (e de chegada) para o entendimento dos diversos comportamentos humanos, bem como dos diversos problemas que as crianças poderiam apresentar no processo de aprendizagem, que iam da memória à preguiça, problemas muitas vezes entendidos como uma herança genética.

Entretanto, considerando as dificuldades de se detectar física e biologicamente a causa para determinados comportamentos considerados 'anormais' nas crianças, a explicação deveria ser buscada em seu ambiente de vida, sendo este o determinante de suas dificuldades de relacionamento, de aprendizagem, de caráter, entre outros. Daí, um certo olhar sobre a relação entre o sujeito, o meio e os processos de adaptação.

A Psicologia Educacional teria como objetivo, nos Cursos Normais, desenvolver uma atitude científica nas alunas, futuras professoras, propiciando-lhes, além de um autoconhecimento, o conhecimento da criança (baseado na higiene mental), buscando, sempre, o ajustamento desta ao meio. É visível nesse período a utilização de termos tais como: "criança retardada", "criança nervosa", "criança com perturbações da linguagem", "crianças com defeitos de caráter", "crianças com anomalias de crescimento", "crianças com deficiências auditivas", dentre outros.

Torna-se também visível, nos livros, a preocupação com os testes psicológicos, fossem estes individuais ou coletivos. Para conhecer a criança que se iria educar, os testes pareciam a saída para tal desafio. Baseados nos princípios da Psicologia Funcional de Edouard Claparède, os testes tiveram, em Minas Gerais, uma acolhida e efetivação a partir dos inquéritos que foram aplicados pelas alunas da Escola de Aperfeiçoamento, orientadas por Helena Antipoff, às crianças das escolas de Belo Horizonte - com o objetivo de conhecer os ideais e interesses dessas crianças, considerando-as em suas dimensões biológica, psíquica e sociológica. Tais testes ratificavam a orientação pedagógica da época, que defendia uma educação baseada em conhecimentos científicos sobre a "matéria-prima" a ser educada ou a ser moldada.

 

Década de 40

No período de 1941 a 1950, os livros pesquisados foram os de Iago Victoriano Pimentel, de Theobaldo Miranda Santos e de Guerino Casasanta.

As edições do livro de Iago Victoriano Pimentel, dessa década, mantiveram o mesmo conteúdo das edições publicadas na década anterior. O mesmo ocorre com o livro de Guerino Casasanta, com um conteúdo muito semelhante aos já apresentados nos livros de outros(as) autores(as). O que o distingue é a inserção do tema relativo à educação dos(as) cegos(as). Questão essencialmente pertinente, uma vez que, em Belo Horizonte, se encontrava em funcionamento, desde 2 de setembro de 1926, o Instituto São Rafael, que atendia a uma clientela parcial ou totalmente cega.

Theobaldo Miranda Santos segue uma linha bem próxima aos demais. Apesar das semelhanças, difere ao apresentar ao final de todas as unidades ou temas tratados, uma discussão, mesmo que sintética, sob o título "Orientação Educacional", abordando questões relativas à prática pedagógica e educativa da criança e do(a) adolescente. O termo "adolescente" não havia aparecido em nenhum outro livro pesquisado até então.

Theobaldo Miranda Santos acrescenta ao tema da "consciência" teorias que discutem o inconsciente e a influência deste sobre a vida psíquica, mas sem maiores alusões à Psicanálise. Além disso, na unidade que diz respeito aos fatos psicológicos, acrescenta um tópico sobre a concepção antiga e a concepção moderna da infância. Será também nesse livro que se observará a distinção dos termos "crescimento físico" e "crescimento mental" (desenvolvimento).

 

Década de 50

Na década de 50 temos dois livros ainda não comentados: o de Iva Waisberg Bonow e o de Afro do Amaral Fontoura, com duas edições nessa década. Os demais livros que circularam nesse período são os já apresentados (Iago Victoriano Pimentel, Theobaldo Miranda Santos e Guerino Casasanta), e que comparados às edições anteriores, não sofreram alterações.

Iva Waisberg Bonow, em seu livro Elementos de Psicologia, se atém à Psicologia em geral, com seu conceito e método. Aproxima-se dos(as) demais autores(as) ao tratar da questão relacionada aos fenômenos psíquicos, incluindo temas como afetividade, atividade, instintos, hábitos, sensação, percepção, memória, inteligência e as medidas de inteligência, consciente e inconsciente. O livro, apesar de indicado para as Escolas Normais, não apresenta nenhum conteúdo relacionado à Psicologia Infantil, nem tampouco alguma articulação desses conteúdos com a educação.

O livro de Afro do Amaral Fontoura não sofreu nenhuma alteração da primeira para a segunda edição. Seu livro é dividido em três partes, sendo que a primeira trata da Psicologia Genética ou da Criança; a segunda, da Psicologia da Aprendizagem; e a terceira, da Psicologia Diferencial.

Em Afro do Amaral Fontoura, devido à organização dada ao livro, tem-se a impressão de que a forma de tratar os conteúdos é bastante distinta dos(as) demais autores(as). No entanto, também aborda questões semelhantes, como: atenção, memória, associação de idéias, prazer, emoções, sentimentos, paixões, reflexos, instintos, vontade, linguagem, desenho, personalidade, inteligência, medidas da inteligência, temperamento, caráter.

Entretanto, há de se reconhecer algumas diferenças. A primeira parte do livro enfoca a Psicologia Educacional em vez da Psicologia como uma área do saber, prática comum nos(as) demais autores(as). A seguir, introduz a Psicologia da Criança e a Psicologia Genética, inserindo, em capítulos distintos, os conceitos de primeira infância, segunda infância, terceira infância e adolescência, além da abordagem sobre a criança problema. O desenvolvimento infantil, nos livros já discutidos, é apresentado de modo condensado, ou seja, parece não fazer diferença alguma se a criança tem três ou oito anos de idade.

Na segunda parte há a introdução do termo "Psicologia da Aprendizagem", até então pouco utilizado, ou inexistente, nos livros pesquisados. No entanto, o conteúdo abordado nesse capítulo não difere dos demais livros. Na terceira parte, ele introduz a discussão sobre dupla personalidade, sonambulismo e hipnotismo, assuntos não encontrados nos(as) demais autores(as).

O que mais chama a atenção nesse livro é a inclusão de exercícios relacionados ao conteúdo, alguns deles parecendo ser para o(a) professor(a); já outros, a serem aplicados aos(às) alunos(as). Além disso, apresenta também alguns desenhos e figuras correspondentes ao conteúdo. Essa estratégia utilizada pelo autor faz com que o livro tome um caráter bastante prático, em que o(a) professor(a) encontra exemplos e exercícios para sua atividade docente.

 

Década de 60

Na década de 60, encontramos praticamente os(as) mesmos(as) autores(as) já citados: Iago Victoriano Pimentel, Guerino Casasanta, Iva Waisberg Bonow (ainda, coordenado pela mesma autora, o livro Manual de trabalhos práticos de Psicologia Educacional), Ruy de Ayres Bello, Noemy da Silveira Rudolfer, Afro do Amaral Fontoura e Antônio Xavier Teles.

Em Minas Gerais, o Decreto n. 6.879, de 13 de março de 1963, fixa o currículo e apresenta os programas para o Curso Normal. Uma vez que a Lei Federal n. 4.024, de 20 de dezembro de 1961, não estabeleceu um programa de ensino único e fixo para o território nacional, estes deveriam ser elaborados pelos órgãos competentes do Estado e aprovados pelos Conselhos Estaduais de Educação.

Ao analisar os programas de Psicologia Educacional para os três anos do Curso Normal, podemos observar uma organização diferente das encontradas anteriormente, a começar pelos objetivos da disciplina, que se atém ao autoconhecimento do(a) professor(a), incluindo sua responsabilidade pessoal e social no que tange à sua profissão; ao conhecimento da pessoa humana e à busca de soluções para as dificuldades encontradas nas relações com(as) alunos(as) e os(as) colegas. Com tais objetivos, a tônica da disciplina, bem como a orientação dada, é a de que o(a) professor(a) tenha sempre como princípio a perspectiva prática, sugerindo, inclusive, que as primeiras unidades, que se referem à introdução aos estudos da Psicologia, seu objeto, história e métodos, fossem ministrados de forma breve, para que houvesse maior tempo para os conteúdos tais como: o desenvolvimento da criança e do adolescente; noções de higiene mental; noções de orientação educacional, etc. Este último item pode ser relacionado à emergente importância que o trabalho de orientação educacional passa a ter nas escolas - a futura professora deveria obter os conhecimentos básicos desta área para colaborar com a Orientadora Educacional. A preocupação com o ajustamento do(a) professor(a) e do aluno encontra-se contemplado, uma vez que a professora, tendo um conhecimento de sua "personalidade" (autoconhecimento), pode agir junto à criança "desajustada" e junto à sua família.

Essas orientações, oriundas dos programas oficiais de 1963, não aparecem de imediato nos livros didáticos analisados. No entanto, parece que a forma mais rápida de divulgar tais orientações se deu por intermédio da Revista do Ensino de Minas Gerais que publicou, nessa década, artigos que tratavam de temas que compunham o programa, em especial aqueles relacionados às primeiras unidades. Talvez por se tratar de artigos, eles trazem, em sua organização e na dimensão teórica, alguns aspectos distintos dos encontrados nos livros didáticos. Apesar da presença de um referencial filosófico e social, não ocorre a supressão da Biologia, mas esta passa a ter proporções menos visíveis nas discussões. Esse discurso diferenciado pode ser atribuído à própria formação psicológica dos(as) novos(as) autores(as), como é o caso de Maria Auxiliadora de Souza Brasil, Pedro Parafita de Bessa, Pierre Weil, entre tantos(as) outros(as).

Apesar da entrada desses(as) novos(as) personagens em cena, parece que o Curso de Formação de Professores(as), ou seja, o Curso Normal, continuou adotando os mesmos livros de Psicologia Educacional, talvez pelo fato de que esses(as) novos(as) atores(as) não se encontravam, nessa época, atuando nesse grau de ensino, e sim no Ensino Superior.

Nesse período, o livro de Afro do Amaral Fontoura, Psicologia Educacional - 1ª parte - Psicologia da Criança, tem sua décima terceira edição publicada em 1966. Devido ao número avançado dessa edição em relação ao da década de 50, que foi publicado em 1958 e teve a segunda edição em 1959, fica a dúvida se se trata do mesmo livro ou de outro que talvez tenha sido publicado anteriormente, sem ter sido localizado. No entanto, considerando o conteúdo, com suas poucas alterações, parece se tratar do mesmo livro.

Há nesse livro, e que não consta nas edições da década de 50, uma parte introdutória, intitulada Educação Renovada e Escola Viva, na qual o autor apresenta uma série de pequenos textos para reflexão das futuras professoras: Sentinelas avançadas do progresso; A criança e o pássaro; Mais vale olhar que ouvir; Este tesouro: as mãos; A alegria melhora a vida; Não há educação sem amor; Respeito à personalidade da criança; Conhecimento das vivências do aluno; Aos professores de Psicologia Educacional. Há ainda uma Oração para o mestre dizer cada manhã. Esta oração conclama as mestras a olhar seus alunos com amor, compreensão e paciência - o que parece prescindir de conhecimentos teóricos para executar a tarefa docente.

No texto Sentinelas avançadas do progresso, o autor lembra que é preciso louvar a coragem, a dedicação e o heroísmo do Magistério Primário brasileiro. O professor primário (nunca utiliza o termo "a professora primária") encontra-se em todos os lugares, mesmo naqueles mais distantes e atrasados, mas adverte que não basta que existam escolas, é preciso que existam "boas escolas", para que os frutos dali colhidos compensem o esforço do "abnegado mestre". Para tal, é imprescindível que as escolas se baseiem na Psicologia e na Pedagogia.

[A] Psicologia nos mostra como é o espírito humano, como funciona o nosso psiquismo; a Pedagoga toma esses conhecimentos e os aplica à escola. A Psicologia estuda a criança, a Pedagogia estuda a sua educação. (Fontoura, 1966, p. XXV).

No item sobre A criança e o pássaro, o autor salienta que a Psicologia nos ensina que a criança é um ser essencialmente ativo e que só pode desenvolver-se em atividade. A necessidade da criança de ser ativa pode ser comparada à necessidade que o pássaro tem de voar. Desse modo, somente a escola ativa poderá dar as diretrizes necessárias aos(às) professores(as) para desenvolverem o seu "nobre trabalho".

Ao escrever Não há educação sem amor, o autor afirma que apenas aquele(a) que ama pode conhecer a "alma" do(a) outro(a). Assim, o "professor de verdade, o mestre digno dêsse nome, ama seus alunos. [...] sobretudo os mais pobres, os mais infelizes, aquêles que mais necessitam do carinho, da compreensão, do estímulo de seus mestres." (Fontoura, 1966, p. 4). Além do amor, o autor lembra, em o Respeito à personalidade da criança, ser preciso respeitar sua personalidade em formação, e não desejar que todos(as) os(as) alunos(as) tenham o mesmo comportamento, que gostem das mesmas matérias ou que todos(as) sejam igualmente dóceis. Apesar dessas diferenças, o autor lembra que isso não significa, de modo algum, deixar que a criança faça tudo o que lhe vier à cabeça, pois isso não seria educar.

O último texto da parte introdutória é dirigido Aos Professores de Psicologia Educacional, e o autor lembra que o livro foi escrito para ser utilizado nas Escolas Normais, mas não para ser decorado e sim vivido. O autor ressalta a importância de se transformar a escola em um "centro de vida" e, quanto ao ensino de Psicologia Educacional, deve haver uma preocupação constante em sair da teoria para a prática.

O que caracteriza essa parte introdutória, como todo o livro de Afro do Amaral Fontoura, é a sua perspectiva prática. Parece ser a preocupação maior do autor fornecer, contrariamente ao que propõe teoricamente, atividades prontas para que o(a) professor(a) apenas as execute em sua prática docente.

Afro do Amaral Fontoura apresenta em seu livro a atividade do "Álbum pedagógico". Trata-se de uma atividade que acompanha o desenvolvimento da criança desde a primeira infância até a adolescência, abarcando, praticamente, todo o curso/conteúdo de Psicologia Educacional. Essa atividade parece ter despertado, nos Cursos de Magistério, grande interesse não só para as alunas dessa década como também nas décadas posteriores. Essa afirmativa se ancora em entrevistas realizadas, à época da elaboração de minha pesquisa de doutorado, com professoras de Psicologia Educacional que atuaram nas décadas de 60 e 705. Além disso, ao iniciar na docência, na década de 80, no Curso de Magistério, em instituições tanto públicas quanto privadas, o que mais as alunas demandavam era a confecção do álbum de desenvolvimento, que à época já não era mais conhecido como "Álbum pedagógico".

Isso nos leva a pressupor que essa atividade, e esse modo de se ensinar a Psicologia, não só perdurou por um longo período, bem como pode ter contribuído, imensamente, para uma visão distorcida da Psicologia, e, ao mesmo tempo, para a construção da idéia de que esse conhecimento proveria as alunas das noções fundamentais para se tornarem professoras, ou se transformarem em mães/professoras.

Em seu livro, Fontoura (1966, p. 32) orienta sobre como fazer o "Álbum pedagógico":

O bom professor de Psicologia Educacional estimulará seus alunos, desde estas primeiras aulas, a iniciarem a importante tarefa que é o ÁLBUM DE PSICOLOGIA. Poderá cada aluna ter o seu álbum individual, mas nós preferimos sempre o sistema do trabalho em grupo ou de equipe. Nesta hipótese o bom professor dividirá a turma em equipes, de 3 ou 5 alunas cada uma, constituídas segundo as preferências delas. Cada equipe irá colecionar os recortes de jornais e revistas que encontrar, referentes a assuntos de Psicologia.

O ÁLBUM por motivo de economia, deve ser formado por fôlhas sôltas de papel almaço liso, tamanho ofício, dentro de uma pasta de cartolina dessas que têm ferragens para prender as fôlhas prèviamente perfuradas.

As equipes colocarão capas nas pastas, decorando-as com motivos pedagógicos. Todo artigo deve ser ilustrado: se não vier uma gravura impressa, a equipe desenhará uma, alusiva ao assunto.

O ÁLBUM continuará a ser preenchido, até o fim do ano. Caso o professor prefira, de acôrdo com as alunas, poderá cada equipe fazer o Álbum sobre um assunto especial: um sôbre Psicologia Geral [...], outro sôbre Psicologia do Adolescente (problemas da juventude), outro sôbre Psicologia da Família (problemas do casamento e dos filhos), outro sôbre a Psicologia Escolar (isto é, assuntos da vida escolar, aprendizagem, provas, testes).

Posterior a essas orientações iniciais, o autor delineia passo a passo como preparar esse trabalho, acrescentando: "Nota importante - Não há nenhum valor em recortar e colar no álbum: os alunos devem obrigatòriamente fazer um resumo de cada um, na página ao lado." (Fontoura, 1966, p. 42).

O que parece não ter ficado claro, ou se perdido no decorrer do tempo, foi apenas a "nota importante". Os álbuns, atividade obrigatória nas décadas seguintes, passaram a conter quase que apenas os recortes de revistas e desenhos. Todas as gravuras, sem texto algum (no máximo alguns parágrafos xerocados) que mostravam do namoro (dos futuros pais) à adolescência, chegando às vezes à vida profissional de um idealizado(a) futuro(a) filho(a). Assim, a Psicologia, distorcidamente, passa a ser mais importante para orientar a "futura mãe" do que para orientar e formar a "futura professora".

Outro aspecto observado nesse livro refere-se à utilização de uma outra forma de linguagem, digamos que menos acadêmica/científica, ou seja, uma linguagem mais próxima das experiências cotidianas da professora ou talvez mais próxima das experiências e do entendimento da futura mãe e professora.

Essa linguagem, bastante infantilizada e distante dos padrões formais de um livro didático, leva-nos a indagar sobre a função e os rumos que a Psicologia parece tomar a partir daí, bem como sobre a imagem que o autor fazia das leitoras a que se dirigia. A Psicologia parece se distanciar do corpo teórico já produzido, e enveredar para uma dimensão essencialmente manualesca e receituária.

Ressalto, entretanto, que me refiro aos conteúdos veiculados nos livros didáticos, e não às produções específicas do campo da Psicologia no Brasil, uma vez ser perceptível, em todas as áreas do conhecimento, uma lacuna ou uma não correspondência linear entre essas produções e a didatização das mesmas. Em consonância com as discussões apresentadas por André Chervel (1990), acerca das disciplinas escolares e de seus conteúdos, entendemos que a transposição de um conhecimento científico para os livros didáticos, e conseqüentemente para a sala de aula, implica o critério de seleção dos conteúdos, ou seja, dos saberes que melhor se adaptam ou se submetem com maior facilidade a essa transmutação.

Não podemos, portanto, afirmar que a constituição da Psicologia como ciência no Brasil tenha passado por processos idênticos ao que ocorreu com a Psicologia Educacional. Contudo, a segunda é parte integrante da primeira. Assim, não se pode negligenciar a força da Psicologia ensinada, didatizada e socializada nas inúmeras instituições escolares como estruturante desse campo.

Os conteúdos e atividades propostas por Afro do Amaral Fontoura, remetem-nos à análise sobre a relação escola/lar feita por Louro (1997, p. 458):

A escola parecia desenvolver um movimento ambíguo: de um lado, promovia uma espécie de ruptura com o ensino desenvolvido no lar, pois de algum modo se colocava como mais capaz ou com maior legitimidade para ministrar os conhecimentos exigidos para a mulher moderna; de outro, promovia, através de vários meios, sua ligação com a casa, na medida em que cercava a formação docente de referências à maternidade e ao afeto.

Nesse mesmo período, o livro Introdução à Psicologia Educacional, de Ruy de Ayres Bello, traz um conteúdo muito semelhante ao livro de outros(as) autores(as) como o de Iago Victoriano Pimentel, apesar de um menor destaque quanto ao sistema nervoso. Aproxima-se também do livro de Afro do Amaral Fontoura, da década de 50, no modo, por exemplo, de tratar a Psicologia Educacional (conceito, objeto, histórico, importância pedagógica da Psicologia). Apesar de tal aproximação, Ruy de Ayres Bello se distingue de Afro do Amaral Fontoura ao abordar as diversas direções da Psicologia Educacional, incluindo, entre elas, a Psicanálise.

Enquanto Afro do Amaral Fontoura apresentava a Orientação Pedagógica a cada final de capítulo, Ruy de Ayres Bello apresentava, também ao final de cada capítulo, um item em que busca relacionar o tema em questão com a educação, como: Educação da afetividade, A educação dos sentidos, A educação da vontade, A Educação da linguagem, etc.

Noemy da Silveira Rudolfer, assim como outros(as) autores(as), se atém à Psicologia da Criança e suas contribuições à Psicologia Educacional, enfatizando a teoria de Stanley Hall. Ao abordar a Psicologia Comparativa e suas relações com a Educação, toma para discussão as idéias de autores como Thorndike, Watson, Köhler, e reserva um capítulo para tratar das idéias do primeiro. Em relação à inteligência, ela também não apresenta diferenças, pois discute, basicamente, as medidas de inteligência, antes e depois de Binet, Spearman e Yerkes. Em relação à Psicologia Educacional européia, apresenta as idéias dos pioneiros europeus nesta área: Hermann Ebbinghaus, Ernest Meumann, Edouard Claparède. Retoma as idéias de Pinel ao abordar a Psicologia do "anormal", e as idéias de Maria Montessori e de Alfred Binet, ao tratar da organização das classes escolares.

Os quatro últimos capítulos são destinados ao que a autora denomina de As modernas correntes da Psicologia e suas teorias da aprendizagem, em que discute o desenvolvimento da Psicologia Educacional nos séculos XVI a XIX; o estruturalismo; o funcionalismo e seus(uas) representantes; o behaviorismo; a teoria hórmica; a Psicologia Dinâmica; a Gestalt. No último capítulo, que segundo a autora foi elaborado e introduzido na segunda edição, trata dos novos desenvolvimentos teóricos sobre a aprendizagem, sendo estes basicamente os que consideram a relação estímulo/resposta e o condicionamento no processo ensino e aprendizagem.

No livro Manual de trabalhos práticos de Psicologia Educacional, coordenado por Iva Waisberg Bonow e publicado em 1968 (4ª edição), são visíveis algumas "receitas" para a prática pedagógica. Esse manual, dividido em duas partes, sendo a primeira denominada Guia do aluno e a segunda Guia do professor, é recheado de orientações práticas que vão desde a forma adequada de se observar o comportamento de uma criança, passando pelos testes, confecção de material ilustrativo, teste sociométrico, entre outros, até o estudo monográfico de uma criança.

A presença de um manual de Psicologia Educacional para orientar tanto o trabalho da aluna do Curso Normal quanto o trabalho do(a) professor(a) vem, de certo modo, reafirmar esse caráter prático que a Psicologia parecia tomar na formação das alunas, futuras professoras primárias, direcionando o fazer docente cotidiano.

Ainda na década de 60 é publicado o livro Psicologia Moderna, de Antônio Xavier Teles, indicado para o Curso Normal, colegial e vestibulares. Quanto aos temas abordados nesse livro, poderíamos dividi-lo em quatro partes, sendo que na primeira o autor discute a Psicologia, sua história, definição, objeto (o comportamento humano) e métodos. Em relação ao comportamento, o autor aborda a motivação, a consciência, a educação sexual, os comportamentos instintivos, o comportamento instrumental e o comportamento reflexo condicionado. Tomando o comportamento como elo, o autor passa para a questão da aprendizagem, esta como um comportamento aprendido. Seguindo esse esquema, discute a memória, o esquecimento, os vários tipos e teorias a respeito da aprendizagem e da avaliação. Na terceira parte, apresenta questões relacionadas ao comportamento emocional, incluindo os tipos e fontes de emoção, percepção, inteligência e medida da inteligência. Na última parte, denominada A pessoa humana, aborda as questões relativas à hereditariedade e ao meio, as etapas do desenvolvimento humano, a personalidade e o caráter, o temperamento e a personalidade perfeita. Além disso, ainda discute os mecanismos de ajustamento, a neurose e a psicose.

 

Da década de 20 à década de 60 - considerações e indagações

Nessa trajetória, de 1920 a 1970, percebemos que os livros didáticos de Psicologia Educacional sofreram pouquíssimas alterações, e estas se restringem a mudanças de alguns termos, organização e localização do assunto no livro ou a ênfase de um(a) ou outro(a) autor(a) em um determinado assunto. Assim, o que circulou em todo esse período foi um conteúdo bastante semelhante, que apresentava como preocupação básica definir a Psicologia e a Psicologia Educacional. Assim, tomando a perspectiva hereditária e neurológica como uma forma de explicar e entender o comportamento humano e assumindo, posteriormente, o ponto de vista comportamentalista para explicar não só os "fenômenos psíquicos", como também todo o processo de aprendizagem. Vale lembrar que nessa trajetória a hereditariedade continuou a ter um importante papel nas explicações e justificativas, principalmente para a não-aprendizagem.

Há, portanto, uma recorrência dos assuntos abordados entre as décadas de 20 e a de 60 do século XX, apesar de ter ocorrido profundas mudanças sociais, políticas e econômicas não só no Brasil como em todo o mundo.

Quanto às definições sobre o que é Psicologia, observamos um percurso que passa pela imperiosa necessidade de deliberar sobre o que pertence e o que não pertence a esse terreno, tornando-se inevitáveis longas discussões a respeito da etimologia do termo e o que seria o "estudo da alma"; a sustentação na Biologia para definir o objeto de estudo da Psicologia, na tentativa de sair das especulações do que seja ou não a alma, de modo a tornar a Psicologia uma "ciência positiva". No entanto, apesar das idas e vindas nessa discussão, não pareceu fácil, no período abordado, se libertar da idéia de "alma", "espírito", impregnada por uma visão filosófica/religiosa.

Somente na década de 60 é que observamos a grande influência dos conceitos elaborados pelo Behaviorismo no que diz respeito à definição do objeto da Psicologia. Afirmam ser a Psicologia a ciência do comportamento, ou seja, a ciência que estuda as reações externas que o indivíduo manifesta a partir de suas relações com o meio, não tendo, portanto, que se preocupar se tais reações são ou não seguidas de consciência. Ainda a definição de Psicologia como ciência da conduta é defendida por aqueles(as) que estudam os comportamentos, classificando-os em conscientes ou inconscientes.

Em relação aos fenômenos afetivos afirmam que estes se dividem em dois grupos: dores e prazeres físicos e dores e prazeres morais, e, com freqüência, são relacionados à dimensão moral e religiosa. As paixões são tratadas, de modo geral, como sintomas mórbidos e são relacionadas a comportamentos excessivos quanto à comida, ao esporte, ao fumo, ao álcool, ao jogo, etc. - o que pode levar o sujeito às doenças físicas e à loucura.

Quanto à discussão sobre personalidade, caráter e temperamento, estas giram em torno da importância do conceito "personalidade" para o campo da Psicologia - o que fica visível na recorrência dessa discussão nos livros didáticos. Em alguns momentos este conceito é discutido separadamente, mas na maioria das vezes, ele vem associado ao conceito de "caráter" e "temperamento". Está presente nessas discussões a preocupação com a personalidade do professor, uma vez que este deve ser modelo e exemplo de personalidade e caráter para seus alunos, pois, assim como os pais, ele é responsável pela formação de valores nas crianças.

Por intermédio dos conteúdos, dos(as) autores(as) mais citados nos livros didáticos e nos programas, podemos afirmar que a visão de sujeito que esteve mais presente na formação das professoras embasava-se nas concepções organicista e funcionalista.

Além disso, esse período é marcado pelos princípios que orientam a Escola Nova, o que promove um imbricamento entre as produções da Psicologia Educacional e os pressupostos desse movimento. Apesar de as décadas de 20 e 30 serem consideradas como o período áureo do escolanovismo, esse penetrou com tamanha intensidade o ideário pedagógico que, até os dias atuais, ouvimos e sentimos o eco de seus fundamentos. Assim, as concepções de ensino, de criança, de professor(a), etc., propugnadas pela Escola Nova, se encontram intensamente presentes nas produções da Psicologia Educacional.

Somente na década de 60, encontramos nos livros didáticos discussões, mesmo que ainda embrionárias, embasadas nas correntes atuais da Psicologia, em especial no Behaviorismo e na Gestalt. Em relação à Psicanálise, parece que ainda existia certo temor em tomá-la como referência para subsidiar as discussões dos conteúdos apresentados nos livros didáticos. É necessário considerar, também, que será nessa década que a Psicologia se tornará reconhecida como uma área de atuação profissional, o que trará maior credibilidade a esse saber e configurará um "lugar" legítimo para sua produção. Os cursos Psicologia, que se expandem nesse momento, trarão novas possibilidades para a utilização dessas perspectivas teóricas, oferecendo novas formas de acesso, interpretações e conhecimento dos fenômenos atinentes a esse campo do saber. Desse modo, não fica claro, nos conteúdos analisados, a predominância de uma ou outra corrente da Psicologia, tal como as conhecemos atualmente, apesar de seus fundamentos estarem presentes, no campo da Psicologia, desde o final do século XIX e início do século XX.

Em síntese, podemos entender com esse estudo que o livro didático, com sua linguagem específica, representa um suporte à construção de determinado modelo de pensamento, dirige a maneira de pensar e sentir, delineia configurações intelectuais e perspectivas dos indivíduos de uma dada época. Entretanto, entendemos que entre o mundo do texto e o mundo do(a) leitor(a) há múltiplas possibilidades de significações que irão, de certo modo, direcionar a apropriação que será feita. A história do livro é radicalmente diferente da história do que é lido e do como é lido, bem como do que é recebido, apropriado. Os mesmos livros ou textos são diferentemente apreendidos, incorporados, manejados, compreendidos.

Apesar das diferenças no processo de apropriação de um determinado texto, entendemos ser relativa essa independência do(a) leitor(a), uma vez que ele(a) se encontra cercado(a) e impregnado(a) pelos códigos, convenções, valores, normas que regem as práticas e expectativas de um determinado grupo ou sociedade em um dado momento. Assim, a leitura, além de situada historicamente, ultrapassa uma simples operação intelectual e abstrata. Ela se encontra ancorada também em outra ordem, ela se inscreve nos corpos, nos espaços e nas relações intra e interpessoais.

Saber como, o quê, em que medida os conteúdos dos livros didáticos foram apropriados e contribuíram na formação dos(as) professores(as) desse período, ou mesmo na atualidade, demanda, seguramente, uma outra pesquisa. Entretanto, as disciplinas escolares, com seus respectivos conteúdos, compõem o quadro do processo de escolarização, que se estende para outros espaços além do âmbito da escola. Nesses espaços encontra-se também disseminado os diversos discursos e práticas que enredam a vida e o cotidiano do sujeito. O que nos leva a afirmar sobre o inegável efeito do currículo sobre os(as) alunos(as), mesmo que não tenhamos controle de seus ecos no futuro, e nem que possamos mensurar quais os efeitos do ponto de vista individual. É inegável também que convivemos com essas ressonâncias em sua dimensão social, cultural, ou seja, em sua dimensão coletiva.

Podemos refletir, a partir disso, sobre o discurso veiculado pela Psicologia Educacional e de como este se encontra, subterraneamente, enredando e orientando o fazer cotidiano, de modo continuado, sutil e cadenciado tanto nas práticas escolares quanto nos modos de ser, de sentir, de pensar e de agir. Podemos também indagar: o que, efetivamente, a Psicologia produziu e produz em sua versão educacional? Discursos, conhecimentos científicos, conhecimentos pragmáticos, habilidades, disposições, atitudes, percepções, esquemas de respostas, valores, normas, desejos, disposições corporais, discriminações, representações?

Ao depararmos, atualmente, com algumas representações acerca da Psicologia e do conteúdo a ser ensinado, ou esperado pelo(a) aluno(a) neste campo do conhecimento, em especial em cursos em que a Psicologia é alocada como uma disciplina "auxiliar", parece haver uma certa banalização e distorção quanto às teorias e abrangência desta área, o que fica visível em algumas demandas e questões colocadas pelos(as) alunos(as). Para que possamos entender tais representações em torno da Psicologia, é mister que voltemos nosso olhar para o passado em busca de elementos, pistas, fragmentos que nos possibilitem um entendimento dessa história e da permanência de alguns de seus lastros no presente, pois, como nos lembra Nunes (1996, p. 19)

... afinal, o passado interessa, hoje, pela sua permanência no mundo atual. A contribuição que a história pode trazer para a explicação da realidade em que vivemos faz com que o historiador parta do presente para o passado, sabendo-se situado no futuro do passado que estuda. Esse retrocesso é necessário para que ele demonstre não o que aconteceu, mas como a trama do que aconteceu foi tramada [...] e, sobretudo, de suas possibilidades de interferência na realidade.

Acompanhar a evolução de uma disciplina escolar, no caso a Psicologia Educacional, nos permite elucidar os interesses e influências que atuam na formulação de políticas educacionais, além de conhecer os parâmetros que orientam a prática pedagógica. O conhecimento, ao ser transformado em disciplina escolar, passa por um processo de transposição didática que acaba por decompor o conhecimento (científico) em saber escolar, por meio de segmentação de conteúdo, incluindo cortes, simplificações, até que se transforme em lições, exercícios e questões de avaliação. É dessa forma que os conteúdos chegam à sala de aula, para ser apreendido e orientar a prática dos(as) futuros(as) professores(as).

Mesmo não podendo afirmar que os conteúdos dos livros didáticos representam, efetivamente, o que se ensinava na sala de aula, eles nos indicam as preocupações, as discussões e o que se estava produzindo em determinada área. E, no caso da Psicologia, os conteúdos aqui apresentados compunham o cenário das descobertas, necessidades, interesses, possibilidades de uma época - o que já sugere uma pista significativa para entendermos o processo de construção dessa disciplina escolar, bem como do campo da Psicologia.

 

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Enviado em Dezembro/2007
Aceite em Maio/2008
Publicado em Junho/2009

 

 

Nota da autora:

Maria Madalena Silva de Assunção é Professora do Curso de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUCMINAS) e do curso de Mestrado em Educação da Universidade Vale do Rio Verde de Três Corações (UNINCOR).
1 Uma discussão mais detalhada sobre esses temas encontra-se em Assunção (2002).
2 De acordo com Paulo Krüger Mourão (1962), a Revista do Ensino de Minas Gerais foi criada pela Lei n. 41, de 03/08/1892, pela Reforma Afonso Pena/Silviano Brandão. O objetivo da revista era a divulgação dos atos oficiais referentes à instrução e à divulgação dos processos pedagógicos modernos. Mas essa revista, idealizada por Afonso Pena, só foi ativada pela Diretoria de Instrução a partir do Decreto n. 6.055, de 19/08/1924, e apresentava como objetivo "orientar, estimular e informar os funcionários do ensino e os particulares interessado em assuntos relacionados." (Mourão, 1962, p. 47). O primeiro número foi publicado em março/1925 e o último, n. 239, em março/1970.
3 Os livros didáticos aqui mencionados, à exceção do livro de Iago V. Pimentel, foram doados para a biblioteca da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais - FaE/UFMG.
4 De modo a viabilizar esse estudo foram elaborados dois quadros referentes à Revista do Ensino de Minas Gerais, do período total de sua circulação (1925 a 1970), sendo que no primeiro se visualiza o ano, os meses, o nº da revista, o nº de páginas de cada revista e os períodos de interrupção em sua publicação. Já o segundo quadro foi feito por décadas e contém os seguintes itens: Nº/Ano/nº das páginas consultadas, Autor, Título do Artigo, Comentários sobre o artigo. Neste, os artigos apresentados são de temas relacionados à Psicologia e foram publicados no período de circulação da revista. No quadro referente aos Programas oficiais da disciplina de Psicologia Educacional (1925 a 1968) foram transcritos todo o conteúdo previsto para a disciplina; três quadros relativos aos livros didáticos consultados, sendo um quadro geral de todos os livros consultados contendo os seguintes títulos por coluna: Livro, Autor(es), Edições e datas dos livros pesquisadas, Local e Editora, Origem/País, Apresentação/Prefácio, nº de páginas; o segundo quadro foi feito por décadas, contendo os seguintes itens: Décadas, Autor(es), Título do livro, Edição/Ano, Local/Editora; o terceiro trata-se de um quadro relativo a cada autor pesquisado, contendo os seguintes itens: Autor, Título do livro, Edição/Ano, Assuntos abordados. Devido à extensão desse material - 67 páginas - não foi possível, infelizmente, incluí-lo neste artigo. Considero que muito ajudaria ao leitor ter uma visão mais ampla das discussões acerca da Psicologia e da Psicologia Educacional no período aqui abordado. Este material encontra-se disponível em Assunção (2002).
5 Esses dados são apresentados em Assunção (2002). Além dessas entrevistas, ao discutir tais questões em sala de aula, nos cursos de Licenciatura (Letras, História, Pedagogia) nos quais era professora à época da pesquisa, muitas alunas me presentearam com "álbuns" confeccionados por elas ou por suas mães. Esse tipo de material também está localizado no Centro de Referência do Professor em Belo Horizonte/MG.

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