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Temas em Psicologia

Print version ISSN 1413-389X

Temas psicol. vol.17 no.1 Ribeirão Preto  2009

 

ARTIGOS

 

Silvia Lane: uma contribuição aos estudos sobre a Psicologia Social no Brasil

 

Silvia Lane: a contribution to the studies in Social Psychology in Brazil

 

 

Esther Alves de Sousa

Pontifícia Universidade Católica - São Paulo

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Personagem da Psicologia no Brasil, Sílvia Lane é presença marcante, por questionar a teoria e a prática da Psicologia Social no Brasil e na América Latina. Este artigo objetiva identificar as dissertações e teses por ela orientadas no Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Social da PUCSP, considerando as datas, temas, abordagens teóricas e referências bibliográficas. O artigo inicia com uma breve biografia de Lane e suas publicações; a seguir relata as informações apuradas nos 70 trabalhos por ela orientados; e, finalizando, tece algumas considerações que possam orientar e incentivar novos trabalhos na área.

Palavras-chave: Sílvia Lane, Psicologia Social, Referências Bibliográficas, Dissertações e Teses em Psicologia Social.


ABSTRACT

Silvia Lane was an outstanding psychologist in the Brazilian field of Psychology for questioning the theory and the practice of Social Psychology in Brazil and Latin America. This article aims at identifying dates, themes, theoretical approaches and bibliographical references in the dissertations and thesis she advised in the Post Graduate Studies Program for the Social Psychology Department at the Catholic University of São Paulo (PUC-SP). The article first gives a brief biography of Lane and her publications. Next, it presents the information found in 70 dissertations she advised. Finally, the article introduces some considerations that might guide and encourage new research in the field.

Keywords: Silvia Lane, Social Psychology, Bibliographical References, Dissertations and Thesis in Social Psychology.


 

 

Neste artigo, o propósito foi realizar um estudo histórico sobre Sílvia Lane, tendo como foco as dissertações e teses orientadas por ela.

Para a realização desta pesquisa, que resultou em uma tese de doutorado, optou-se pela análise das dissertações e teses por ela orientadas no Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Social da PUC de São Paulo, com foco nas referências bibliográficas.

Personagem relevante na Psicologia Social brasileira e latino-americana, Sílvia Lane sempre foi preocupada com a construção de uma Psicologia comprometida com os interesses da maioria da população, tendo em vista a transformação da realidade social, por meio do ensino, da pesquisa e, particularmente, da formação de novos pesquisadores.

Lane orientou inúmeros trabalhos no decorrer de mais de 40 anos de atividade, abordando ampla variedade de assuntos, sob a égide da Psicologia Social.

Em primeiro lugar, desenvolvemos uma breve biografia sobre a personagem, mostrando sua trajetória pessoal e profissional. Em seguida, mostramos o seu envolvimento com o ensino e a pesquisa, fazendo uso de alguns depoimentos de ex-orientandos, dos quais foram explorados fatos relacionados a sua atuação, inserção e desenvolvimento como docente e orientadora.

Introduzimos, neste trabalho, sua produção acadêmica e intelectual, mostrando sua publicação científica no que diz respeito a livros, artigos, entrevistas, participação em eventos científicos e a produção conjunta com seus orientandos, os quais sempre estimulava a publicarem suas produções. Nesse movimento, buscou-se apresentar as dissertações e teses orientadas ao longo de sua carreira, enfatizando seus orientandos e as dissertações e teses defendidas, localizando-as cronologicamente. A partir da constatação das dissertações e teses orientadas, identificamos os assuntos que foram explorados e sua freqüência ao longo do período analisado (1974 a 2006) e que aparecem com o título: Temas tratados nas dissertações e teses.

Na seqüência, procuramos fazer uma análise da bibliografia usada pelos orientandos de Lane na elaboração de suas dissertações e teses, fazendo um estudo da freqüência na bibliografia e a sua relação quanto ao assunto explorado.

Nas considerações finais apresentamos alguns comentários no intuito de que possa ser um ponto de partida para que outros pesquisadores possam continuar a obra de Sílvia Lane, ampliando as pesquisas e a produção teórica nessa linha de pesquisa que ela disseminou e que transformou a Psicologia Social.

 

Quem Foi Sílvia Lane

Sílvia Lane é personagem da história da Psicologia no Brasil, particularmente por suas contribuições à Psicologia Social. Sua presença é marcada, sobretudo, por seus questionamentos à teoria e à prática da Psicologia Social no Brasil e na América Latina, e introdução de um novo modo de se fazer Psicologia. Buscava uma Psicologia vinculada à realidade social local em lugar daquela produzida e comprometida com a realidade norte-americana e européia, distante das necessidades dos povos latino-americanos.

Dos sete aos dez anos, Sílvia estudou no colégio Mackenzie, onde seu pai trabalhava. As séries seguintes, Sílvia cursou no Ginásio Saldanha da Gama, no qual os fundadores foram seu pai, seu tio, Henrique Maurer, Abrão de Morais e José Egídio.

Em 1940, quando tinha sete anos de idade, Sílvia Lane já apresentava algumas atitudes coerentes com o seu futuro, propondo que os pais falassem somente a língua portuguesa, principalmente na presença de estranhos, pois conhecia a hostilidade sofrida pelos alemães no Brasil, no final da Segunda Guerra, e insistia na necessidade de sua mãe aprender a língua portuguesa. Até os 14 anos, enquanto seus avós eram vivos, Sílvia foi bilíngüe.

Lane sempre teve atitudes de vanguarda e, preocupada com o futuro e com sua independência financeira, resolveu fazer um curso técnico de Secretariado. Valorizava seus professores e suas amizades conquistadas ao longo do tempo. Quando o curso foi concluído, foi trabalhar como auxiliar de secretária na Escola de Engenharia Mackenzie.

Tendo como exemplo o tio Henrique Maurer, que era filólogo, e com os estímulos de sua mãe, que era lituana e pertencia a um grupo étnico antigo, no qual a língua falada era muito próxima ao sânscrito, Sílvia se interessou precocemente por assuntos referentes à linguagem.

Na hora de prestar o vestibular, veio a dúvida por qual curso optar, até que encontrou no currículo de Filosofia da Universidade de São Paulo disciplinas que lhe interessavam. É provável que esse tenha sido o primeiro momento em que se explicita seu interesse pela pesquisa. O primeiro contato com a Psicologia ocorreu nesse momento, tendo oportunidade de assistir aulas de grandes mestres, como: Cruz Costa, Lívio Teixeira, Jules Grenger, Gilda de Melo e Souza, Dante Moreira Leite, Joel Martins, Anita Castilho Cabral, dentre outros.

Desde cedo, esteve envolvida com o movimento estudantil, sendo tesoureira do Grêmio Estudantil da Faculdade de Filosofia da USP, com participação ativa em plena época em que o Brasil vivia uma ditadura militar.

Por seus méritos de aluna exemplar e com o apoio de Anita Castilho Cabral, sua professora no curso de Filosofia, Silvia conseguiu uma bolsa de estudo para cursar Psicologia nos Estados Unidos, no Wellesley College. Contou com o estímulo do professor Ruy Costa para que aceitasse essa oportunidade. Ficou nos Estados Unidos de setembro de 1955 a junho de 1956, quando voltou ao Brasil para concluir o último semestre do curso de Filosofia.

Sílvia Lane formou-se no final de 1956, e já estava empregada no Centro Regional de Pesquisa Educacional (CRPE), primeiro como assistente de pesquisa e depois como diretora, onde começou sua carreira como pesquisadora.

Sua jornada na Psicologia iniciou-se em 1965, quando lecionou a disciplina de Psicologia Social e Personalidade na PUC São Paulo e na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de São Bento.

O ano de 1968 foi marcante para Sílvia Lane e para o ensino da Psicologia, quando os professores iniciaram um movimento que afirmava a necessidade de mudança no método e no enfoque do ensino, proporcionando aos alunos experiências mais enriquecedoras na teoria e na prática da Psicologia. Nessa mesma época, Sílvia exercia o cargo de chefe do Departamento de Psicologia na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de São Bento (FFCLSB), da PUC de São Paulo.

A organização da Faculdade de Psicologia da PUC (1969/70) veio logo após a fusão do curso de Psicologia da FFCLSB e a Faculdade de Ciências e Letras Sedes Sapientia, onde Silvia lecionou até a última turma, cumprindo assim o compromisso com o curso e com os alunos.

Após a criação da nova faculdade, Lane foi nomeada sua primeira diretora, cargo que exerceu por três anos (de 1971 a 1974).

Nessa mesma época, Lane foi convidada por Joel Martins e Aniela Ginsberg para criar o Programa de Pós-graduação em Psicologia Social, situação que veio ao encontro de suas aspirações, pois ambas estavam preocupadas com a continuidade das pesquisas, já que o Instituto de Psicologia da PUC não existia mais. O Programa de Pós-graduação em Psicologia Social da PUC São Paulo começou a funcionar em 1972, sendo este o segundo programa de pós-graduação em Psicologia criado no Brasil.

Defendeu sua tese de doutorado em 1972 (Lane, 1972a), cujo título era: Os significados psicológicos da palavra em diferentes grupos, sob a orientação de Aniela Ginsberg. Envolveu-se cada vez mais com a academia, assumiu diversos cargos, e, com isso, aumentou sua produção, não abandonando, em momento algum, a docência e a pesquisa.

Concomitante aos cargos e funções ocupados até então, Sílvia Lane foi nomeada, no Congresso da Sociedade Interamericana de Psicologia (SIP), membro do Comitê Gestor da Divisão de Psicologia Comunitária da Associação Latino Americana de Psicologia (1979/80).

Com o propósito de fortalecer a Psicologia Social produzida nos países da América Latina pela ação das associações, propôs a criação da Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO), que ocorreu em julho de 1980, na 32ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência - SBPC, quando Sílvia Lane foi eleita pelos participantes sua primeira presidente. Em 1981, foi nomeada representante do Conselho Universitário na comissão para a elaboração dos estatutos da PUC-SP.

Outro fato marcante em 1981 foi a publicação do livro O que é Psicologia Social, pela Editora Brasiliense, a primeira produção bibliográfica de que se tem notícia para divulgar a Psicologia Social que Sílvia Lane defendia e produzia.

Ainda em 1981, foi eleita diretora do Centro de Ciências Humanas da PUC de São Paulo e permaneceu no cargo até 1984.

Em 1982, prestou concurso e foi aprovada como professora titular do Departamento de Psicologia Social da PUC de São Paulo; nessa época realizou uma viagem histórica pela América Latina em companhia de Maria do Carmo Guedes, no âmbito de um projeto de pesquisa, financiado pelo CNPQ, que contribuiu decisivamente para o desenvolvimento do ensino e da pesquisa em Psicologia Social.

Muito questionada sobre a falta de produção bibliográfica em Psicologia Social, organizou com Wanderley Codo o livro que, até hoje (em sua 13ª edição), é referência em Psicologia Social: Psicologia Social: o homem em movimento (1984).

A cada ano, novos desafios surgiam na vida de Sílvia Lane e ela os enfrentava de maneira ímpar, como foi o caso do convite de Denise Jodelet e Serge Moscovici para participar como Diretora de Estudos da École des Hautes Études en Sciences Sociales, em Paris; também participou do curso Recherches sur Representations Sociales, do Laboratoire de Psychologie Sociale de Aix-en-Provence, na França, época em que realizou seu pós-doutorado. Como reflexo de sua atuação na França, foi convidada a participar como membro do Comitê de Redação da Revue Internationale de Psychologie Sociale, Paris, França.

Lane foi vice-reitora acadêmica da PUC São Paulo, presidente do Conselho de Ensino e Pesquisa, participou ainda, do Comitê editorial da Revista de Cultura Psicológica da Universidade Nacional Autônoma do México.

Em 1993, foi convidada e aceitou compor o Comitê Editorial da Revista Interamericana de Psicologia Social, da Sociedade Interamericana de Psicologia Social (SIP).

Em 1995, comemorou trinta anos de atividade profissional. Foi homenageada no Encontro Nacional da ABRAPSO, no Ceará. Ainda nesse ano, em parceria com Bader Sawaia, organizou e publicou o livro Novas veredas da Psicologia Social, editado pela Editora Brasiliense.

Em 2002, Bader Sawaia, constante parceira de Sílvia Lane em diversos trabalhos, a homenageou com o livro Sílvia Lane, coleção Pioneiros da Psicologia Brasileira, publicado pela Imago, em parceria com o Conselho Federal de Psicologia. No mesmo ano, também foi homenageada na ABRAPSO e no IV Congresso Internacional de Psicologia da Libertação.

Nesse mesmo período, iniciou projeto de pesquisa junto aos índios Xavantes, intitulado "Emoções em culturas indígenas", financiado pela FAPESP e com auxílio dos pesquisadores Marlito Lima e Maria Helena de Mendonça Coelho.

Em outubro de 2005, Sílvia Lane participou da Jornada de Psicologia Social na Universidade de Blumenau (Santa Catarina), quando foi homenageada em ato realizado pelo Centro Acadêmico, que adotou seu nome, com a denominação de Centro Acadêmico Sílvia Lane.

Participou também como conferencista no 7º Congresso de Psicologia Social: La Liberación, promovido pela Universidade de Costa Rica, de 16 a 19 de novembro de 2005.

Uma leitura mais pormenorizada pode nos levar a perceber como, em cada ato e em cada atitude, Sílvia Lane demonstrava ser uma intelectual pronta a produzir, a participar e a promover a ciência psicológica comprometida com a transformação social, envolvendo com suas ações todos que estivessem a sua volta.

 

Sílvia Lane: ensino e pesquisa

Desde o início da docência, surge a preocupação de como encontrar maneiras diferentes de ensinar e de fazer Psicologia; além de envolver os alunos em aprendizagens significativas para a vida deles e para a profissão que buscavam. Seu fazer não desprezava nada, nenhum conhecimento, pois partia do princípio de que os alunos tinham que refletir sobre a realidade, utilizando diversos recursos.

Ozella (comunicação pessoal, junho, 2006) afirma que:

Lane dava poucas aulas teóricas; ela usava mais discussões teóricas, discussões de pesquisa, tentando adaptar, aplicar os conhecimentos da Psicologia Social que ela dava na linha tradicional. Claro, [abordava também a perspectiva de] Aroldo Rodrigues, era o programa que ela dava também. As condições do cotidiano, a gente nunca fazia uma pesquisa ou um trabalho, ou qualquer exercício do conhecimento fora da realidade, independente do que estava acontecendo. Tinha que ler história em quadrinhos, ver uma peça de teatro, um filme, a aplicação que a gente tinha levava sempre à compreensão que tinha no final; porque era em cima de um objeto de estudo (ela chamava objeto de estudo). Conhecíamos a Psicologia Social aplicando a comportamentos concretos, seja de teatro, seja em cinema, seja em história em quadrinhos, seja em contos etc.).

Em todo momento, Sílvia Lane valorizava a pesquisa. Sérgio Ozella (comunicação pessoal, junho, 2006) conta sobre a importância dessa experiência para descobrir a Psicologia Social ligada à pesquisa, pelo trabalho coletivo de três professores:

Maria do Carmo, Sílvia e Raul de Moraes começaram a fazer um trabalho conjunto no curso [...], tinham que fazer pesquisa, um grupo de pesquisa. Os três professores eram responsáveis por essa atividade: a Maria do Carmo orientava a parte metodológica, a Sílvia orientava a parte de Psicologia Social e o professor Raul orientava a parte de Estatística. Um conjunto de professores orientava um projeto de pesquisa, feito por um grupo de alunos. Uma disciplina que era dividida entre eles. Eu comecei a descobrir a Psicologia Social através do trabalho de pesquisa. A Psicologia Social era pesquisa.).

Procurava constantemente atender às necessidades dos alunos, já que os instigava a buscar, a refletir e a transformar, tanto que formou um grupo de estudos com os alunos, denominado Estudos Livres, exercitando com isso a autonomia daqueles que eram acompanhados por Sílvia Lane, lembrando que nesse período ela também exerceu, entre outras funções, a de diretora da Faculdade de Psicologia.

Como professora na pós-graduação, Sílvia Lane proporcionou momentos de riqueza intelectual pelo debate, como se pode depreender em alguns depoimentos recebidos. Por exemplo, o de Bock (comunicação pessoal, agosto, 2006):

E era interessante que era um espaço onde a Sílvia estimulava uma leitura que vinha da França:[..], Pecheux [...], estudava esses autores e autores da América Latina [...], tinha todas as temáticas, cada grupo estudava a sua temática e nós nos envolvíamos com aqueles debates que eram debates políticos

E também o depoimento de Sawaia (comunicação pessoal, agosto, 2007):

"[...] ela nos fazia ler Skinner, Mead, Osgood, além daqueles outros clássicos que era mais para a gente fazer a crítica [...], tudo ela dialogava alimentando os orientandos.

É possível também perceber que, para Sílvia Lane, não havia obstáculo que não pudesse ser ultrapassado; sempre encontrava uma maneira de resolver as situações que lhe eram colocadas; acreditamos que tudo isso era resultante da forma como Sílvia se envolvia e se comprometia com o que assumia, reflexo de suas concepções.

Para muitos de seus alunos, ela era considerada um referencial importante nos diversos assuntos com os quais lidava; também era freqüentemente lembrada e citada por sua importância histórica, pela construção de uma determinada maneira de se conceber a Psicologia Social.

Sawaia (comunicação pessoal, agosto, 2007) afirma que ela:

Inovou, uma vez mais, com o uso das orientações coletivas, que até então eram só individuais. Assim, a orientação deixava de ser um trabalho solitário e isolado, passando a ser compartilhado com e por outros: "[...] Ela inovou, fazia orientações individuais, mas também coletivas, que já foi o gérmen do núcleo [...] onde cada orientando fazia sua análise

Buscava dar argumentos para que seus alunos criassem a própria autonomia e contribuíssem, assim, para o desenvolvimento da Psicologia Social nos diversos espaços, imprimindo-lhes ainda uma maneira própria de pensar, ou seja, liberdade para pensar e criar. Ozella (comunicação pessoal, junho, 2006) lembra que:

A gente passava a ser colega, ela não deixava ninguém ficar dependendo dela. Ela fazia tudo para que a gente criasse as próprias linhas de trabalho, criasse a própria produção. Ela sempre deixou muita autonomia. Esse vínculo a gente não conseguia perder, a gente a procurava sempre para uma consulta ou outra.

Percebe-se, pelos depoimentos obtidos, que Sílvia Lane estabeleceu com seus orientandos uma comunidade de pesquisa, em que a produção coletiva de conhecimento pautava-se na seriedade do trabalho que realizavam.

Vejamos o que Sawaia (comunicação pessoal, agosto, 2007) afirma a esse respeito:

[...] Ela disse: você vai escrever um texto, transforma essa pesquisa em um texto que nós vamos publicar. Eu recebi um pedido de uma revista inglesa, de um artigo, vamos escrever juntas. Isso é muito importante para um orientando..

Impor limites aos orientados sem ser autoritária é uma arte que Sílvia Lane exercia com maestria, dava liberdade na busca para saber até onde poderiam chegar, ou seja, dava autonomia e verificava como era exercida, de modo a garantir um trabalho com valor e rigor científico.

Ciampa (comunicação pessoal, junho, 2006) disse que:

Ao mesmo tempo, era uma pessoa que dava uma relativa liberdade para você buscar, como, ao mesmo tempo, era uma pessoa que estava sempre atenta. A partir do meu doutorado, eu acabei indo muito para uma abordagem que trabalha com Habermas, por exemplo, eu conto sempre isso, a culpada foi a Sílvia, culpada porque eu estava trabalhando na minha tese [...], num determinado momento, numa das últimas orientações que eu fui, eu falei: Sílvia eu estou, praticamente terminando; [...] como eu tentei inovar um pouco na forma, eu vou ficar mais na história do Severino e da Severina [...] Aí veio o papel mais controlador da orientadora - Não! Você tem que ter uma parte teórica. Isso revela esse jeito dela, aquilo que eu chamei de uma revelação, sem deixar de ser meu orientador, sempre uma relação de diálogo, de conversa. Tem aquela coisa que você está livre, mas não é uma liberdade de abandono. Está atenta, está acompanhando, está dando palpite, está dando ajuda [...] Nós discutíamos coisas e isso enriquecia, ajudava e, ao mesmo tempo, ia apropriando disso, ela mesma colocava e que reflete bem isso, porque na época a gente trabalhava muito com Leontiev. Trabalhava com as categorias: atividade, consciência e personalidade. E eu fui até mais pela questão da identidade, deixando de lado, um pouco, a questão da personalidade.

Sempre que necessário, assumia plenamente o papel de defensora de seus orientandos, como é o caso de Ana Bock, que num dado momento necessitou e obteve a postura firme de orientadora perante a banca, pois Sílvia conhecia sua orientanda e o processo de desenvolvimento na realização do trabalho que se examinava naquele momento.

Wanderley Codo também conta como percebeu a sutileza com que Sílvia o fez retomar o rumo, mostrando coisas não percebidas, mas sempre com muito respeito. Diz ele (comunicação pessoal, setembro, 2006):

Ela nunca tentou nenhum desvio no meu rumo, ela aceitou o ritmo que eu estava propondo. Ao mesmo tempo, ela foi modificando esse ritmo e trazendo para coisas que eu nunca tinha pensado. Eu conheço raras pessoas que conseguem, ao mesmo tempo, orientar e não impor uma linha.

O compromisso de Sílvia Lane com seus orientados era tão intenso que até na hora mais difícil e dolorosa de sua vida se preocupou com cada um que estava desenvolvendo ou estava por entregar trabalho, buscando notícias do andamento de suas pesquisas. Codo (comunicação pessoal, setembro, 2006) ainda afirma:

Eu estive na homenagem que fizemos para ela, em São Paulo e alguém que foi secretária do núcleo de discussão dela disse que até o momento em que estava entrando na UTI, ela estava trabalhando. Não houve em nenhum momento a debilidade do trabalho que ela fazia, nem do papel que ela tinha do ponto de vista de Psicologia Social.

Sílvia Lane cumpriu até o fim aquilo que sempre pregava aos seus alunos: o comprometimento, a seriedade e a autonomia. Nos momentos de agravamento de sua doença, que a levaria à morte, ela se mostrou preocupada com os trabalhos entregues para defesa; porém, ela não tinha mais condições de ler e não poderia deixar "na mão" seus orientandos nessa hora, queria ainda acompanhar e orientar aqueles que ainda estavam em fase de produção, mas não era mais possível; foi por isso que ela apenas vislumbrou como alternativa possível delegar a colegas a leitura e o prosseguimento dos trabalhos.

 

Sílvia Lane: produção

O conjunto da obra de Silva Lane é composto de quatro livros, 24 capítulos e apresentação de livros, 29 artigos em periódicos, quatro entrevistas e 12 publicações em Anais de Congressos.

Sílvia Lane iniciou suas publicações em 1957, logo após formar-se em Filosofia, com trabalhos publicados em equipe e voltados para a área de Educação, fato esse devido ao seu trabalho junto ao CRPE. Nessa época, publicou artigos referentes às suas pesquisas sobre o ensino em São Paulo, sendo que, em todas essas publicações, Lane sempre atribuiu os créditos não só a si mesma, como também à equipe de pesquisa do CRPE, classificando-as sempre como produção coletiva.

Foi, porém, a partir de sua tese de doutoramento (Significado psicológico de palavras em diferentes grupos socioculturais), defendida em 1972, que Lane assumiu um papel mais focado para a orientação dos trabalhos de pós-graduação, época em que iniciou sua produção mais voltada para a Psicologia. Ainda em 1972, publicou sua tese na Revista de Psicologia Normal e Patológica (Lane, 1972b).

A produção de Lane nunca foi atrelada apenas à obrigatoriedade de publicações, mas sempre decorrente de necessidades apresentadas pelo grupo de alunos e professores e engajada na discussão e produção de uma Psicologia Social contextualizada. Também, incorporada à produção de Sílvia Lane, não se pode deixar de mencionar a obra O que é Psicologia Social, editada pela Editora Brasiliense, em 1981, que foi elaborada em um momento de grandes discussões sobre a Psicologia Social, "procurando sintetizar a produção e discussão de temas que o Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social da PUC-SP vinha desenvolvendo" (Lane, 1984, p.7) e passando a ser referência nos cursos de Psicologia de todo o Brasil.

Lane aproveitava os cursos nos quais ministrava aulas para transformar as discussões e debates em produção coletiva. Esse foi exatamente o caso do curso Processo Grupal, para o qual ela mesma afirmava que:

[...] nosso objetivo no curso de Processo Grupal foi dar início a uma forma sistemática de refletir teoricamente sobre o processo grupal, alternando observação e teorização e transformando a sala de aula em uma produção coletiva (Lane, 1984, p.78).

Desse momento de reflexão, ela produziu o texto: Processo Grupal (Lane ,1984), que veio subsidiar as discussões e pesquisas em andamento. Ainda em relação a essa produção, Lane esclarece que esta se deu devido à revisão da noção de pequenos grupos, no âmbito da discussão sobre a redefinição da Psicologia Social,

[...] onde o grupo não é mais considerado como dicotômico em relação ao indivíduo (indivíduo sozinho X indivíduo em grupo), mas sim, como condição necessária para conhecer as determinações sociais que agem sobre o indivíduo, bem como a sua ação como sujeito histórico, partindo do pressuposto que toda ação transformadora da sociedade só pode ocorrer quando se agrupar (Lane, 1984, pg.78).

Sílvia Lane estimulava seus alunos a produzirem junto com ela. Sawaia (comunicação pessoal, agosto, 2007) lembra que "esse escrever junto, não era assim: você escreve e ela assina, ela escrevia junto mesmo, corrigia a sua parte, mas te dando chance de assinar". Nessa mesma comunicação, Sawaia ainda declara que "[...] ela [Sílvia] publicou um texto que era produto das discussões do núcleo todo e nem tinha lugar para pôr todos os autores lá e ela respeitou todos os autores".

Esse movimento de escrever junto resultou em muitas produções de Lane com seus orientandos, das quais podemos citar:

• Com Denise Camargo (1995): Contribuições de Vigotski para o estudo das emoções;

• Com Bader Sawaia (1995): organização do livro Novas veredas da Psicologia Social e os textos: La Psicología social comunitaria en Brasil; Community Social Psychology in Brazil; Psicologia: ciência ou política?;

• Com Maria de Fátima Quintal de Freitas (1998): Processo grupal na perspectiva de Ignácio Matin-Baró: reflexão acerca de seis contextos concretos;

• Com Wanderley Codo (1984): organização do livro Psicologia Social: o homem em movimento.

Lane participou da produção de seus ex-orientandos, escrevendo a apresentação dos livros publicados, resultado de suas teses ou dissertações, como é o caso de Azevedo (Lane, 2003). Ela os estimulava a produzir, projetando-os no meio acadêmico e editorial, valorizando suas qualidades, criando não apenas o vínculo acadêmico, mas também o afetivo.

Para finalizar, fica aqui a frase que Lane proferiu ao receber o prêmio da Sociedade Interamericana de Psicologia, em 2001: "Minha produção não é isolada, mas é coletiva. A contribuição dos alunos está em todas as minhas produções e a minha nas deles" (Sawaia, 2002, p.84).

 

Dissertações e Teses Orientadas

Todos os trabalhos orientados por Sílvia Lane, no período de 1974 a 2006, pela PUC de São Paulo e por outras Universidades, foram buscados na Biblioteca Central da PUC de São Paulo e pela Internet (www.pucsp.br).

Lane orientou 70 trabalhos, sendo 38 dissertações de mestrado e 32 teses de doutorado, desses, 33 mestrados e 30 doutorados no Programa de Estudos Pós-graduados em Psicologia Social, da PUC de São Paulo. Os demais se referem a outros programas de pós-graduação da PUC de São Paulo e outras universidades.

Não se restringindo apenas ao Programa de Estudos Pós-graduados em Psicologia Social da PUC de São Paulo, Lane também orientou na PUC de São Paulo 2 mestrandos no Programa de Psicologia da Educação e 1 doutorando no Programa de Psicologia Clínica; orientou 4 trabalhos em outras universidades, sendo 2 de mestrado na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, 1 na Universidade Federal de Santa Catarina e 1 doutorado na Universidade de São Paulo, ou seja, 10% dos trabalhos orientados e defendidos não pertenciam ao Programa de Estudos Pós-graduados em Psicologia Social da PUC de São Paulo.

Analisando o total de teses e dissertações orientadas e defendidas, detectam-se aproximadamente três defesas por ano, no período compreendido entre a primeira defesa em 1974 e a última em 2006 (Figura 1).

O gráfico mostra o movimento de orientações e defesas sem interrupção. Além disso, e muito relevante para compreender essa personagem é que, mesmo tendo se tornado Sílvia Lane uma referência na Psicologia Social, em momento algum deixou de aceitar orientandos de mestrado.

A partir de 1991, percebe-se maior concentração de defesas de doutorado, sem contar os casos que Lane orientou, mas o aluno não chegou a defender. Deve-se considerar que, no início do Programa de Pós Graduação, os prazos para conclusão do mestrado e doutorado eram mais longos, não eram tão rígidos, e vários alunos demoraram muito tempo para a sua conclusão e muitos outros ficaram no meio do caminho devido a inúmeros fatores, em geral em função de trabalho.

A primeira defesa de mestrado, orientada por ela, ocorreu em 1974, de autoria de Renate Meyer Sanches e a última em 2005, de Roberto Brait Junior. Já a primeira tese de doutorado defendida foi a de Wanderley Codo, que no princípio era aluno da USP, orientado por Lane, concluindo-a na PUC, em 1981. As últimas teses de doutorado orientadas por ela foram defendidas em 2006, logo após sua morte e com a colaboração de seus pares; foram as teses de Rosemarie Gartner Tschiedel e Dirce Setsuko Tacahashi.

A tese de Tschiedel já havia sido depositada e a defesa marcada quando Lane faleceu. Tacahashi havia entregue seu trabalho para leitura final, coincidindo com a internação da orientadora e esta, muito preocupada porque não se encontrava em condições de fazer a leitura e orientá-la, recorreu a Maria do Carmo Guedes para que sua orientanda não fosse prejudicada.

 

Temas tratados nas dissertações e teses

Com o objetivo de melhor conhecer as dissertações e teses orientadas por Lane, buscamos nos resumos identificar, mais especificamente, os assuntos tratados por seus alunos. Com isso, pudemos nos aproximar das categorias analíticas da Psicologia Social que foram estudadas e que fazem parte das pesquisas de Sílvia Lane.

 

Temas tratados nas dissertações e teses

Com o objetivo de melhor conhecer as dissertações e teses orientadas por Lane, buscamos nos resumos identificar, mais especificamente, os assuntos tratados por seus alunos. Com isso, pudemos nos aproximar das categorias analíticas da Psicologia Social que foram estudadas e que fazem parte das pesquisas de Sílvia Lane.

Ao longo do tempo, Lane orientou trabalhos que contemplaram vários assuntos, tal como se vê na Tabela 1. Percebemos que, nos títulos e resumos, são privilegiados elementos que se referem a campos da vida social (como educação e política, por exemplo), a fenômenos psicológicos/psicossociais (criatividade, violência), a conceitos ou categorias de Psicologia/Psicologia Social (consciência, representações sociais), assim como questões mais gerais, que transcendem a Psicologia, mas que fazem parte de sua fundamentação.

 

 

A Tabela 1 foi elaborada a partir da leitura dos resumos, tendo sido identificados os objetivos dos trabalhos, uma vez que nem sempre o título é explicativo; pelos objetivos chegou-se ao assunto tratado. É necessário deixar claro que vários trabalhos podem ser considerados a partir de mais de um elemento (como, por exemplo, Representação Social e Educação); sendo assim, procuramos eleger o principal, levando em conta o que tem mais ênfase.

Na leitura dos resumos e levantamento da bibliografia utilizada, podem-se identificar as categorias teóricas que foram desenvolvidas e que fazem parte da proposta teórica que Sílvia Lane construiu e divulgou em toda sua produção, em seus cursos, palestras e congressos, assim como através de seus orientandos.

Consciência foi um tema muito explorado, por mais de duas décadas, o que se justifica por ser a consciência uma das categorias analíticas fundamentais do psiquismo humano, juntamente com atividade, identidade e emoção, na perspectiva de Lane. A categoria emoção aparece a partir de 1991, embora já estivesse presente em alguns trabalhos, despontando como assunto a ser tratado com mais atenção, como já mencionamos, a partir da tese de Sawaia (1987), na qual ela se depara com a emoção nas conversas entre as mulheres que entrevistava.

Procuramos mostrar no tempo como esses temas foram aparecendo e com que freqüência, o que nos permite visualizar e identificar os diferentes assuntos sendo orientados ao mesmo tempo, porém com um mesmo escopo teórico, como se observou na análise da bibliografia dos trabalhos (Quadro 1).

A partir do estudo e aprofundamento do conceito de grupo, foram explorados em pesquisa: pequenos grupos, os conflitos no grupo, os agentes socializadores no grupo e a relação de poder e afeto nos pequenos grupos, assim como um modelo de análise de grupo, momentos em que se exploraram as teorias de grupo de Kurt Lewin e a incorporação das teorias de Martin Baró.

Três trabalhos sobre identidade foram orientados por Lane. Um deles foi O dilema do decente malandro: um estudo sobre a identidade do menor institucionalizado (Violante, 1981), que faz um estudo psicossocial sobre a identidade do "menor institucionalizado", a partir de suas ações e representações sociais e outros dois trabalhos de Ciampa: uma dissertação que estudou a identidade social e suas relações com a ideologia, buscando desenvolver uma sistematização teórica de identidade social (Ciampa, 1977) e, principalmente, a tese (Ciampa, 1986), que propôs uma nova concepção de identidade, que se define como "Metamorfose". A partir das conclusões de Ciampa e baseada em outros estudos, Lane revê as categorias do psiquismo humano de Leontiev: atividade, consciência e personalidade, passando a considerar "Identidade" no lugar de personalidade, sendo que os estudos de Ciampa mostraram que:

(...) personalidade era uma categoria ligada a um conceito antigo da Psicologia, que a nosso ver, estava carregado de uma concepção idealista e vago em termos empíricos. Passamos então a adotar "identidade", para dar conta da organização, no âmbito do sujeito, de seu processo de constituição como agente de transformação no mundo e de si próprio (Lane, 2003, p.101).

Trabalho, por sua vez, é um tema que aparece em 1978, com a dissertação de Irede Cardoso, Mulher e trabalho que "como só poderia ser, foi rica em discussões e trocas em torno do tema" (Lane,1982, p.22), procurando refletir sobre o quanto a condição feminina impõe barreiras à ascensão profissional da mulher no sistema capitalista. Essa dissertação deve ser vista também como um trabalho sobre gênero (Cardoso, 1978).

Foram estudadas, ainda, as questões do trabalho do profissional psicólogo na área de Recursos Humanos (Malvezzi, 1979) e na área das Políticas Públicas (Gonçalves, 2003). Também foi sobre Trabalho a primeira tese de doutoramento, orientada por Lane A transformação do comportamento em mercadologia, em 1981, e defendida por Wanderley Codo, que buscou estudar as questões do trabalho alienado como um processo (Codo, 1981). Para desenvolver essa temática, ele "analisa exaustivamente uma fábrica e, através de entrevistas em profundidade com operários, descreve a transformação que ocorre na ação e consciência do trabalhador" (Lane, 1982, p.24).

Educação é uma temática constante nos trabalhos orientados por Lane, aparecendo desde o início de sua atuação como orientadora e persistindo até o final do período. Foram pesquisados vários campos da vida social nos quais o processo educativo está presente, como é o caso da formação do psicólogo, do enfermeiro, do professor, dos agentes socializadores na escola e o papel dos alunos, pais e professores nesse processo. Como exemplo, Brigido Vizeu Camargo, em sua dissertação, intitulada Consciência e formação profissional na universidade: estudo de caso de produção do profissional de nível superior, defendida em 1985, procura conhecer o processo educativo da universidade na conscientização dos alunos para sua formação profissional (Camargo, 1985). A tese de Peraro Filho, O processo grupal como condição de ensino e conscientização, embora o campo da vida social seja o grupo, coloca ênfase no processo de ensino e conscientização; considerando a formação do psicólogo do trabalho. Ele pesquisou uma proposta de supervisão de estágio, concluindo, com seu trabalho: "entendi que era necessário intervir na formação do psicólogo, oferecendo condições para pensar o trabalhador como um homem concreto" (Peraro Filho, 1988, p. 15). Maria de Fátima Quintal de Freitas, em sua tese de doutorado (1994), investigou os modelos construídos dentro da universidade para as práticas da Psicologia em Comunidade. Uma tese sobre o ato pedagógico como prática social, investigando as conexões que constituem a competência de futuros enfermeiros, foi elaborada por Tacahashi (2006).

Representação social foi uma das categorias mais exploradas, articulada a questões como: práticas econômicas, família, relações pessoais, menor/ adolescente, processo saúde-doença, comunismo, ideologia, criança, pais e filhos, sofrimento e exclusão, gravidez, função materna e desenhos animados. Representação social aparece pela primeira vez com a dissertação de Sérgio Ozella, em 1979, que estuda a representação social no campo da vida social da família, investigando as possíveis relações entre a representação social dos pais e o comportamento agressivo dos filhos. Lenza (1980) explora a representação social das condições reais de moradia em um conjunto habitacional popular.

Essas pesquisas trabalharam, principalmente, com os seguintes autores no estudo das representações sociais: Malrieu, Moscovici e Jodelet, além de Lane e Vigostski.

Consciência está sempre presente nos trabalhos orientados por Sílvia Lane, seja como tema principal ou como aporte teórico. Não poderia ser diferente, pois consciência é um conceito importante nos estudos de Lane, por tratar-se de uma das categorias fundamentais do psiquismo humano - atividade, consciência e identidade.

A categoria emoção foi desenvolvida por vários orientandos de Lane e, muito embora só apareça como temática principal em 1994, com a tese de doutorado de Sueli Terezinha Ferreira Martins, na qual a autora buscou compreender o papel da experiência cotidiana e do sentido que o indivíduo lhe atribui no processo saúde-doença, demonstrando a relação entre hipertensão e fatores emocionais, ela aparece em vários trabalhos anteriores a esse mencionado, mas não é estudada de forma específica ou principal.

Sílvia Friedman, em 1985, na dissertação de mestrado Sobre a Gênese da gagueira, pesquisando sobre a relação entre a manifestação da gagueira e o desenvolvimento da consciência do indivíduo gago,

[...] demonstrou que havia um conteúdo emocional bastante forte que ela denominou de 'ativação emocional ' gerada por uma situação paradoxal em que o 'saber falar ' conflitava com o 'não saber falar ' atribuído pelos outros ao redor dos sujeitos (Lane, 1995, p.57).

Em sua tese de doutorado, A construção do personagem bom falante, defendida em 1992, Friedman também aponta a necessidade de "ativação emocional" para produzir esse bom falante; segundo Lane, ela "procurou demonstrar que a importância da relação afetiva [na relação entre terapeuta e paciente] também era fundamental para a superação da gagueira" (Lane & Araujo, 1999, p.30).

Outro assunto desenvolvido pelos orientandos de Lane foi a política. Entre os trabalhos, há a dissertação de mestrado de Paulo Roberto Carvalho, intitulada A candidatura de Caterina Koltai: uma abordagem psicossocial de um evento histórico e político partidário, defendida em 1991, estudando a problemática das relações entre a subjetividade e a história.

Relacionada ao assunto "política", a questão do Poder também faz parte dos trabalhos orientados; são apenas três, a tese de Alfredo Naffah Neto, em 1983, no Programa de Estudos Pós-graduados em Psicologia Clínica da PUC de São Paulo, intitulada Poder, vida e morte na situação de tortura: esboço de uma fenomenologia do terror. Em sua dissertação de mestrado, Maria Helena Mendonça Coelho pesquisou as relações de poder presentes na sociedade em que viveu Machado de Assis, e em sua tese de doutorado O poder do mito: as relações de poder na sociedade Xavante, analisadas através dos mitos, (defendida em 2000), na qual se propõe a analisar as relações de poder entre os Xavantes e o tipo de subjetividade que mantém o sistema nessa sociedade. Os resultados desse trabalho contribuíram de maneira significativa para que Lane elaborasse um projeto de pesquisa sobre as emoções na sociedade Xavante. "O interesse dela [Lane] pelas culturas indígenas começou pelo sonho, porque no sonho aparecem mais fortes as emoções" (Lima, 2007, p. 15).

A temática violência aparece na dissertação de Fernando Ponte de Sousa, em 1983, intitulada Política e metodologia da pesquisa crítica em Psicologia Social: narrativa de um caso, em que o autor procura compreender a violência como fenômeno social, tal como afirma na introdução:

A questão é interdisciplinar na medida que a violência insere-se na consciência do sujeito, especialmente na do trabalhador. O que exige captar as formas de violência nas suas causas e como ela é articulada na consciência para compreender o seu código de ação cotidiana. Entende-se aí, o processo psicológico não separado do histórico-social (Sousa, 1983, p.13).

A criatividade também está presente nos trabalhos de orientação de Lane e é marcada pela dissertação de mestrado de Alessandra Mara dos Santos Dutra, defendida em 2001, A Criatividade na Saúde, que trata da relação entre criatividade e saúde, analisando um programa de incentivo à criatividade.

Sobre teoria, foram orientados dois trabalhos: a tese de doutorado de Luiz Fernando Rolim Bonin, A teoria histórico-cultural e condições biológicas, defendida em 1996; e a tese de Luiz Gonzaga Mattos Monteiro, defendida em 1997, com o título Subjetividade e poder em Jean-Paul Sartre e Michel Foucault: ciência, ética e estética, na qual o autor propõe uma pesquisa teórica comparativa sobre o conjunto principal das obras filosóficas de J-P.Sartre e M. Foucault,

[...] discutir suas possíveis contribuições ao projeto de construção e/ou aprimoramento de uma Psicologia Social, voltada à crítica do social e do político alinhada ao pensamento de esquerda contemporâneo e que privilegie temas como poder e subjetividade [...], sob orientação da Prof. Sílvia T. M. Lane [...] encontrei um ambiente favorável de reflexão, de flexibilidade intelectual, de apoio e estimulo, que permitiram esta aproximação (Monteiro, 1997, p.3).

O Quadro 2 permite visualizar de forma mais organizada as questões que foram sendo abordadas a partir dos assuntos tratados. Além disso, nos auxilia a compreender a diversidade de questões que foram aparecendo dentro dos assuntos estudados, o que permite concluir que Sílvia Lane, sem abandonar sua postura teórica, era receptiva às várias manifestações da sociedade que pudessem ser estudadas, no intuito de promover uma transformação social em benefício de uma Psicologia Social atrelada à realidade.

 

Orientandos que realizaram mestrado e doutorado com Sílvia Lane

Ao observar os dados atentamente, não se pode deixar de constatar que 12 alunos de Lane foram orientandos de mestrado e depois de doutorado (Quadro 3). Olhando para esses dados, pode-se perceber que foram pesquisadores que, em sua maioria, partiram para um maior aprofundamento das temáticas de suas pesquisas; também não se pode deixar de observar que a continuidade com a mesma orientadora sugere uma afinidade entre ambos (orientador-orientando) e interesses comuns de pesquisa.

Sílvia Lane, como orientadora, proporcionou uma contribuição muito grande para a Psicologia Social, considerando sua produtividade no referido período, pela conclusão de importantes trabalhos. Alguns desses alunos aprofundaram seus estudos, como é o caso de Antonio da Costa Ciampa (1986), com Identidade, e Bader Sawaia (1987), com a categoria Consciência, estudos estes (embora não os únicos), que se tornaram referência na área e inauguraram outros núcleos de pesquisa.

Antonio da Costa Ciampa foi aluno de Lane no curso de graduação em Psicologia; diz ele: "[...] logo que me formei fui assistente dela, quando fiz o mestrado e o doutorado ela foi minha orientadora e depois eu fiquei colega. Então, foram quarenta anos de convivência" (Ciampa, comunicação pessoal, junho, 2006,). No mestrado desenvolveu um estudo sobre A identidade social e suas relações com a ideologia, buscando, a partir de suas conclusões, uma sistematização teórica da identidade social (Ciampa, 1977). No doutorado, ampliou e aprofundou suas reflexões, propondo um novo conceito de identidade, resultando em valiosas contribuições para a Psicologia Social (Ciampa, 1986). Lane declara:

[...] as suas sementes estão na dissertação de mestrado quando, através de uma pesquisa positivista, o autor faz questionamentos profundos que o levaram a repensar tanto a metodologia científica como a própria Psicologia Social, procurando no trabalho interdisciplinar que o núcleo propiciava, precisar a questão da identidade, como fundamental para a Psicologia Social [...] Sua obra é um belo exemplo do que vem a ser a práxis como ciência (Lane, 1987, p.11 e 13).

A partir de sua tese de doutorado, Ciampa tornou-se uma referência em Identidade para a Psicologia Social, coordenando um profícuo Núcleo de Pesquisa sobre o assunto, no Programa de Estudos Pós-graduados em Psicologia Social na PUC de São Paulo e orientando trabalhos nessa linha de pesquisa.

 

Bibliografia usada pelos orientandos de Sílvia Lane

O primeiro passo para obtenção dos dados aqui trabalhados foi copiar das teses e dissertações a capa, resumo, introdução e bibliografia. Feito isso, montamos uma grande tabela, contendo: o autor citado e o ano. Esse levantamento nos proporcionou conhecer o horizonte de autores que passaram pelos orientandos de Lane no período de 1974 a 2006, resultando em 1523 autores. A partir daí, quantificamos a ocorrência de citações/obra utilizados no referido período. Como o universo de autores era muito grande, priorizamos, num primeiro momento, aqueles que haviam sido referenciados na bibliografia por três ou mais orientandos, o que resultou em 124 autores, ainda assim, um universo grande para se trabalhar. Resolvemos, então, filtrar ainda mais as informações; priorizando os autores utilizados seis ou mais vezes. Esse filtro resultou em 43 autores, que podemos visualizar no gráfico 2 a seguir. Toda essa ação permitiu constatar a época em que foram citados, por quantos orientandos e aqueles que foram utilizados com constância no decorrer do período.

Optamos por colocar o nome do autor que aparecia no trabalho e não quantas vezes ele era citado no mesmo trabalho. Dentre os autores mais referenciados, encontramos a própria Sílvia Lane, que é citada na bibliografia de 52 trabalhos; seguida de Vigotski com 34 referências; os textos de Marx e de Marx e Engels aparecem em 32 trabalhos e Leontiev em 27.

Foi interessante fazer esse movimento de checar trabalho por trabalho, levantando os autores lidos ao longo do período e, na curiosidade de saber sobre o que escreviam ou escrevem, fomos levados a buscar informações mais detalhadas para conhecer um pouco mais esse horizonte.

Também nessa empreitada encontramos alguns autores que tratam temas afins à Psicologia Social, como Freud, Foucault, Wallon, Goffman, Berger e Luckmann, Agnes Heller, dentre outros.

Acompanhamos, pelas referências bibliográficas, o movimento da produção teórica de Sílvia Lane e que subsidia a reflexão de seus orientandos nas temáticas pesquisadas, seja de mestrado ou doutorado.

Nesse processo de análise, também se pode afirmar que Sílvia Lane não só contribuiu com a orientação das dissertações e teses, mas também contribuiu com o aparecimento de novos autores, a partir do envolvimento de seus orientandos com a pesquisa e a produção de conhecimento, tendo como ponto de partida as idéias defendidas e praticadas por ela. Esses novos autores são: Antonio da Costa Ciampa com 17 citações; Bader Sawaia (15); B. Camargo (1); Peraro Filho (2); Denise Camargo; (4); E. D. Pacheco (1); M.V. Silva (1); M.Q.F. Freitas (1); Monica Haydee Galano (3); Bonin (3); R.C.F. Giora (3); R.G. Tschiedel (1); M.T. Violante (3); Sérgio Ozella (3);Sigmar Malvezzi (3); S. Friedman (2); S.T.F. Martins (3); T. Camacho (1); Ana Bock (5); O. Furtado (3); Cleomar Azevedo (2); M.R. Sanches (1) e Wanderley Codo (4).

 

Considerações finais

Buscamos neste trabalho conhecer a personagem Sílvia Lane, considerada um ícone da Psicologia Social brasileira e nos deparamos com uma mulher que deixou muitas marcas por todos os lugares por onde passou e nas pessoas que com ela puderam conviver.

Uma mulher com estilo próprio e que imprimia sua marca na docência, já na década de 1960, uma marca inovadora e criativa, fazendo com que vários de seus alunos a vissem como modelo e seguissem seus passos, assim como despertava a paixão pela Psicologia Social.

A sua sensibilidade e delicadeza sempre cativaram aqueles que dela se aproximavam e com isso aumentava o seu círculo de convivência e, também, a divulgação de suas idéias. Sílvia Lane foi uma teórica que produzia de forma coletiva, mostrando sempre o valor do outro, suas produções eram irremediavelmente voltadas para uma questão emergente e uma pesquisa em andamento. Aproveitava o conhecimento do outro para produzir novos conhecimentos, e com isso deu crédito aos pesquisadores e ressaltou a importância de suas pesquisas para a evolução da postura teórica que acreditava e praticava. Imprimiu a seus orientandos sua marca e os faz portadores de suas concepções, de modo que encontramos produções em vários lugares que representam o avanço e a continuidade de seu trabalho.

Uma ciranda de autores é utilizada por seus orientandos em suas dissertações e teses, mas sempre de acordo com suas posturas teóricas. Vários autores utilizados ao mesmo tempo, para assuntos diferentes, o que nos permite enxergar sua grandeza e humildade em aceitar o pensamento do outro e o questionamento aos seus pensamentos para que pudesse assim, proporcionar avanço nas reflexões, vendo o conhecimento em constante transformação, o que muito bem se traduz pela frase de Gaston Bachelard que ela muito gostava de lembrar "A ciência só avança quando o cientista pergunta: Por que não?".

Cabe aqui deixarmos uma pergunta: quantos de seus ex-orientandos, que se tornaram pesquisadores, estão fazendo uso do "por que não?". "Silvia, certamente ficaria muito decepcionada se os conhecimentos atualmente produzidos fossem apenas repetições, reproduzidos sem o olhar crítico e a atitude criativa que ela prioriza (va) como condições indispensáveis na produção do conhecimento" (Sawaia, 2002, p.35).

E, para finalizar, queremos fazer das palavras de Wanderley Codo (comunicação pessoal, setembro, 2006) as nossas palavras:

O que a psicologia deve a Silva Lane?

Um papel político, sem precedentes, na história da Psicologia, uma capacidade de reunir pessoas em torno de uma proposta, de elaborar um projeto político para a Psicologia Social no Brasil.

O fantasma da Sílvia ainda organiza pessoas, mesmo depois de morta. Essa é a primeira contribuição dela.

A Sílvia não tinha categoria de exclusão, ela incluía. Ela foi capaz de, sobre o berço da Psicologia Social, que ela criou, embaixo das asas da mãe Sílvia, você tinha muita gente, muita gente pensando coisas, e ela sempre conversando, dialogando.

Ela sabia como desenvolver a própria consciência dentro do grupo. Ela sabia beber do grupo e avançava a formulação dela. Então, eu acho que essa é a terceira grande contribuição dela.

 

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Endereço para correspondência:
Esther Alves de Sousa
Av: Nazaré, nº 1139
Ipiranga, SP. CEP: 04165-050
Email: esthersousa@terra.com.br

Enviado em Maio de 2009
Revisado em Maio de 2010
Aceite final em Junho de 2010
Publicado em Julho de 2010

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