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Temas em Psicologia

versão impressa ISSN 1413-389X

Temas psicol. vol.18 no.2 Ribeirão Preto  2010

 

Sociedade Brasileira de Psicologia, 40 anos: da semente aos frutos

 

Brazilian Psychological Society, 40 years: from the seeds to the fruits

 

 

Vera Regina Lignelli Otero

Sócia-fundadora da SPRP

 

 

Quando a Diretoria e o Conselho da Sociedade Brasileira de Psicologia (SBP) me convidaram para falar sobre a história desta Sociedade nos seus 40 anos de existência, na XL Reunião Anual (RA), fui invadida por pensamentos e sentimentos diversos e até antagônicos: por um lado, outros sócios poderiam desempenhar esta tarefa de uma forma mais precisa; por outro lado, presunçosa, pensava que eles poderiam fazê-lo com carinho igual, mas não maior do que o meu. Refletia também que, por ser uma das sócias-fundadoras da Sociedade, havia participado de sua criação, da sua gestação, do seu nascimento e do desenrolar da sua existência. Havia ajudado a construir sua história, com muito carinho e muita dedicação. Não poderia me furtar a partilhar com os participantes da XL RA algumas das minhas lembranças, "análises" e registros de fatos que tinha na memória. Consciente da responsabilidade do encargo, aceitei o convite com muita emoção, muito orgulho e seriedade. Queria representar bem todas as pessoas que, como eu, participaram da construção e da trajetória de vida da SBP até hoje. Além disso, de maneira mais clara e intensa, queria motivar as novas gerações de estudantes e profissionais para que se filiassem à SBP, se integrassem ativamente à vida dela, cuidando para que ela continue sua atuação de forma cada vez mais significativa e abrangente.

Com estas ponderações em mente, selecionei apenas alguns pontos, alguns tópicos, algumas vivências e apreciações minhas, de colegas e professores, sobre a história da SBP, para apresentar naquela sessão de abertura, no dia 20 de outubro passado.

A SBP nasceu com outro nome: Sociedade de Psicologia de Ribeirão Preto (SPRP), na cidade de Ribeirão Preto, SP, em 1971.

Penso que três condições principais favoreceram o seu surgimento.

Uma foi o contexto político do país. Na década de 1960, o Brasil vivia o desmantelamento do regime democrático e que, como todos sabemos, resultou no golpe militar de 1964. Toda a sociedade civil, representada por estudantes secundaristas, universitários, trabalhadores, professores, donas de casa etc., mobilizava-se das mais diferentes maneiras, repudiando o golpe militar. A mobilização das pessoas era a expressão do senso de responsabilidade com o destino da pátria. Vivia-se um sentimento de patriotismo que exigia engajamento e participação pessoais em movimentos gerais ou setoriais. O que tudo isso significava para nós, estudantes de Psicologia daquela época? O curso de Psicologia integrava a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, carinhosamente chamada de 'Filô', à época um dos Institutos Isolados do Estado, e funcionava no campus da Universidade de São Paulo (USP). Nos corredores da Filô, discutiam-se cotidianamente os acontecimentos e os rumos da vida política do país e do mundo.

Outra condição decisiva foi o nosso apego a uma visão científica dos processos psicológicos. O campus de Ribeirão Preto teve o privilégio de ter tanto na Filô, como na Psicologia Médica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP), professores e pesquisadores de alto nível na área de Psicologia, que nos ensinavam: o que era e como se fazia ciência; o que era um estudo científico em Psicologia e também a relevância de se produzir e partilhar o conhecimento produzido.

Além das anteriores, a inexistência de órgãos controladores do exercício profissional foi também uma condição adicional. O Conselho Federal de Psicologia (CFP) e os primeiros Conselhos Regionais (CRPs) foram criados em 20/12/1971. Não existia, até então, nenhum órgão ou instituição que fiscalizasse o exercício profissional do psicólogo ou de qualquer outro profissional ligado à área. Isso significava que, uma vez formado, um psicólogo adquiria o direito legal de exercer a profissão e o faria, provavelmente seguindo seus próprios valores éticos e/ou morais, sem nenhuma normatização oficial.

Na disciplina de Ética Profissional do curso de Psicologia da Filô, oferecida para os alunos das 3ª e 4ª turmas, aprofundavam-se as discussões sobre a importância da formação e atualização continuadas, da orientação e da fiscalização do exercício profissional. Alunos e professores preocupavam-se com questões tais como: um profissional recém-formado está plenamente preparado para atuar? Como manter os profissionais atualizados, como incentivá-los a produzir novos conhecimentos e partilhá-los com seus pares? Como garantir a qualidade dos serviços a serem prestados pelos profissionais à população; como proteger a população para que ela recebesse bons serviços e como proteger os psicólogos no exercício das suas funções? Impunha-se a necessidade da criação de alguma instituição, algum órgão que pudesse exercer essas funções.

Nas circunstâncias acima mencionadas, nossos mestres faziam e nos ensinavam a fazer ciência em Psicologia; ao lado deles, nós, alunos, aprendíamos e nos engajávamos pessoalmente em causas "político-científicas". Sentíamo-nos, alunos e professores, responsáveis pelo presente e pelo futuro da Psicologia e da nação! Todas essas pretensões fizeram com que as discussões saíssem dos muros do campus da USP, ganhassem os anfiteatros do Hospital das Clínicas da USP. Após três reuniões com discussões acaloradas e aprofundadas, decidiu-se pela criação de uma Sociedade de Psicologia que teria como objetivos principais divulgar a produção científica, permitir a atualização profissional e cuidar da fiscalização do exercício da profissão do psicólogo.

Naquele contexto e, dessa forma, na vontade das 38 pessoas presentes naquela 3ª reunião (provavelmente ocorrida entre março e abril de 1971), nascia a Sociedade de Psicologia de Ribeirão Preto (SPRP). A sua fundação, incluindo a lista de seus sócios-fundadores, ocorreu oficialmente no dia 20/09/1971, conforme cópia da publicação no diário oficial do Estado de São Paulo, arquivada na secretaria da SBP. O endereço da sede da SPRP que consta nessa publicação era o da residência de um de seus fundadores!

A SPRP não nasceu pronta e acabada. Mas nasceu com muita clareza sobre seus objetivos e também com a certeza de que não existia uma receita já elaborada para implementá-los. Ela precisaria construir seu caminho e o seu jeito de caminhar. Sabia-se da importância do fazer acontecer e assim gestou-se a I Reunião Anual (RA).

Relatarei a seguir apenas algumas poucas das peculiaridades que compõem a história da SPRP e, consequentemente, da SBP.

A SPRP queria sair dos muros da USP-RP e, desta forma, convidou a todos os professores e alunos dos cursos de Psicologia do país para que comparecessem à I RA e apresentassem seus trabalhos.

A escolha da última semana do mês de outubro de 1971 para a realização da I RA deveu-se à necessidade de tempo para a organização da mesma. Esta decisão foi tomada entre março e abril do mesmo ano e esta data tornou-se uma tradição mantida até hoje.

A I RA foi uma aposta feita pela primeira diretoria da SPRP e por alguns de seus sócios-fundadores. Ela foi realizada sem patrocínios e sem financiamentos das agências de fomento, dado que era uma ilustre desconhecida! O pagamento das despesas de sua realização foi feito com o dinheiro das inscrições no evento.

Os próprios convidados da SPRP, para darem palestras ou participarem das mesas redondas ou simpósios, pagaram suas inscrições e suas demais despesas com transporte, alimentação e hospedagem.

A grande preocupação com a formação científica dos estudantes e dos profissionais fez com que a SPRP estimulasse a todos a apresentarem seus trabalhos de pesquisa. A comissão científica analisava os resumos, corrigia-os e, quando necessário, devolvia-os para o autor para que fizesse as reformulações sugeridas. Quando retornavam, eram novamente analisados e, se fosse preciso, solicitavam-se outras reformulações até que se atingissem os critérios determinados. Todas essas idas e vindas ocorriam pelo correio. Não havia internet. Atualmente, tal procedimento seria inviável, mesmo com os recursos de informática existentes, dado o número de trabalhos propostos. É uma pena!

Todas as sessões orais de comunicação científica eram acompanhadas por dois debatedores que discutiam os trabalhos apresentados. Eles comentavam a fundamentação teórica, a metodologia, os resultados, as conclusões e apresentavam sugestões para a continuidade da pesquisa. Talvez esta prática possa ser retomada uma vez que é de fundamental importância para a formação de estudantes e jovens pesquisadores.

Não havia sessões paralelas. Todas as atividades científicas, fossem as sessões de comunicação oral de pesquisa, mesas redondas, simpósios ou conferências, eram assistidas por todos. As primeiras RAs não ofereciam cursos.

Enfim, A I RA foi um sucesso. Recebeu 350 participantes, estudantes, profissionais e professores-pesquisadores de cursos de Psicologia dos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e da cidade de Salvador (BA). Foi maciça a participação dos estudantes de todos esses lugares.

Tinha então, realmente, de fato, nascido a SPRP, cheia de energia e ânimo para novas realizações. A motivação dos jovens estudantes e professores de Psicologia era total. Todos estavam engajados na "luta" pela continuidade e sobrevivência da SPRP, dado o potencial e a importância que ela mostrara ter, na I RA.

Agora tínhamos alguma experiência em como realizar uma RA, mas também tínhamos outras questões a serem equacionadas: Como manter a SPRP viva durante o ano? Como manter os sócios informados e motivados para a II RA? Onde conseguir papéis e envelopes para as cartas a serem mandadas? Quem enveloparia as cartas para os sócios e os levaria para os Correios? Quem pagaria as despesas? etc. A SPRP, durante anos, não teve sede e nem funcionários para realizar as tarefas necessárias. Sua sede de fato era a sala do professor que a presidia, na universidade, e seus funcionários eram os membros da diretoria e voluntários que tinham uma imensa energia e uma "fé total" nela.

Desde a primeira, a organização e a condução dos trabalhos para a realização das RA foram sendo sucessivamente aprimoradas. O sucesso de todas essas RA era a energia e a motivação necessárias para a realização das seguintes e para a sobrevivência da SPRP durante o ano subsequente.

Algumas questões foram gradativamente sendo equacionadas e, neste processo, também surgiam outras necessidades. Alguns exemplos:

A SPRP passou a envolver a comunidade de Ribeirão Preto na realização das RAs: buscava alojamento para estudantes junto aos órgãos públicos ou não (estádios poliesportivos, escolas, clubes etc.); empréstimo de colchões (entidades beneficentes, Corpo de Bombeiros etc.), doação de água, crachás, blocos de anotações, canetas, pastas etc. (empresas locais).

Com o passar dos anos e um pequeno fundo de reserva financeira, a SPRP conseguiu contratar uma funcionária para executar os trabalhos de secretaria e atender os sócios durante o ano todo e alugar uma sala para ser sua sede oficial. É naquela sala, que depois passou a ser propriedade da SPRP, que funciona a SBP até hoje. Uma séria questão resultante dessas decisões era conseguir realmente arcar com todas as despesas delas decorrentes. Evidentemente, as sobras de dinheiro das RAs não eram suficientes para isso. Nestas ocasiões, para que a SPRP não ficasse inadimplente, vários dos sócios da cidade ofereciam, para a comunidade em geral e para profissionais da cidade e região, cursos pagos para que se pudesse ter algum recurso para arcar com as despesas por mais uns meses.

Com todo este suor, dedicação e carinho se mantinha viva a SPRP no período de "entre safra" das RAs, assim como se planejavam e realizavam as reuniões seguintes até que as agências de fomento começassem a reconhecer a nossa Sociedade como científica e merecedora de verbas.

Neste processo, observava-se um aumento gradual e significativo do número de participantes, dos seus estados de origem e das atividades científicas a serem oferecidas nas RAs. A "boa fama" da SPRP se espalhava pelo país e para fora dele. A SPRP passou a ser solicitada por instituições (Ministério de Educação e Cultura -MEC, CFP, CRPs, FAPESP, CNPq etc.) para opinar sobre questões e temas relevantes para a Psicologia no país. Também passou a ser ouvida por estes órgãos quando propunha alguma discussão e posicionamento sobre questões que a própria SPRP avaliava como relevantes.

Era inegável o crescimento e a solidez da SPRP em todos os sentidos. Para dar conta de suas crescentes atribuições, foram criadas as Divisões Especializadas e as Divisões Regionais.

As Divisões Especializadas assessoravam a diretoria durante todo o ano e também participavam do planejamento e da realização das RA, no que dissesse respeito às respectivas áreas. Algumas delas: Análise do Comportamento; História e Filosofia da Psicologia; Percepção e Cognição; Técnicas de Exame e Aconselhamento; Psicologia do Escolar e Educação Especial etc. Essas Divisões começaram a organizar encontros setoriais de profissionais de suas áreas, dentro das RA, tais como: Encontros dos profissionais da abordagem centrada na pessoa; Encontro dos profissionais de creches; Encontros de professores de Psicologia do desenvolvimento etc. Esses encontros específicos funcionaram como sementes de Sociedades específicas, tais como a Associação Brasileira de Psicoterapia e Medicina Comportamental (ABPMC). A SPRP também abrigou, estimulou e deu oportunidade para que outras associações, como a Associação Nacional de Pesquisa e Ensino de Psicologia (ANPEPP), reunissem seus membros em suas RAs.

As Divisões Regionais tinham por objetivo manter a SPRP mais próxima de seus associados durante o ano todo por meio de reuniões científicas regionais que ocorriam em algum período, entre as RAs. Essas Divisões também participavam do planejamento e da realização das RAs, por exemplo, ajudando os sócios de cada região a se organizarem no sentido de viabilizar a vinda deles para o encontro anual da SPRP.

Além do que foi descrito acima (manter a SPRP viva, fazer a programação científica, decidir temas, ler e reler resumos de pesquisa, analisar propostas de atividades, fazer os arranjos necessários dos horários da programação, ainda sem computador, conseguir apoios de diferentes tipos), os membros das diretorias e os demais agregados, especialmente nos primeiros anos de vida da SPRP, aderiam como qualquer outro congressista (ninguém é de ferro) às "choppadas" de encerramento, cantando, dançando e tocando violão. Em algumas ocasiões, foi preciso socorrer pessoalmente ou providenciar alguma maneira de cuidar de alguns participantes de escasso autocontrole na ingestão de chopp ou caipirinha. Até essas situações precisavam ser previstas pela organização!

Com o passar do tempo, a SPRP foi, passo a passo, construindo uma história na qual mostrava ser, talvez, a mais importante e significativa sociedade científica da área de Psicologia do Brasil. Era uma instituição que zelava pela Psicologia como ciência e profissão; era um fórum privilegiado que abrigava, no sentido mais amplo desta palavra, todas as correntes teóricas desta área do conhecimento; mostrava um cuidado especial e constante com as políticas nacionais relacionadas à criação de novos cursos e ao ensino de Psicologia no nosso país; promovia discussões sobre os currículos de graduação e pós-graduação e tinha um zelo muito acentuado com a formação do psicólogo; cuidava continuamente do respeito ao campo de atuação do psicólogo, por exemplo manifestando-se contrária ao Conselho Nacional de Saúde, em 1973 e 1975, ocasiões nas quais o Congresso Nacional tentava aprovar a lei Julianelli, que propunha que psicólogos só poderiam atuar como psicoterapeutas se essa prática fosse previamente prescrita por um médico. Também vale registrar que, neste ano de 2010, novamente, está tramitando no Congresso Nacional a lei do Ato Médico, com o mesmo objetivo.

O crescimento e a representatividade nacionais que a SPRP foi gradativamente construindo levou-a, em 1988, a receber congressistas vindos de 85 cidades de 19 estados brasileiros. Além desses dados, extremamente significativos, a seriedade e o rigor com que era conduzida a nossa Sociedade prepararam-na para receber ajuda financeira de diferentes agências de fomento. Isto deu à SPRP o "fôlego financeiro" para sua sobrevivência durante o ano e, também, permitiu que ela conseguisse manter algumas publicações, como os livros de resumos das apresentações científicas, os anais das RA, os cadernos de Psicologia etc.

A partir de 1985, nas Assembleias Gerais ordinárias da SPRP, realizadas durantes as RAs, iniciaram-se as discussões no sentido de transformá-la em Sociedade Brasileira. Alguns de seus sócios eram mais afoitos e outros mais cautelosos; alguns mais "ciumentos" outros mais altruístas. Todos sabiam da necessidade da criação de uma SBP, apenas divergiam quanto ao momento. Todos sabiam que tinham nas mãos uma "filha extremamente querida", uma "joia" rara que sobrevivia heroicamente há anos. Era a única em funcionamento contínuo no nosso país com essa importância.

Essa discussão perdurou de 1985 até 1991, quando os sócios da SPRP avaliaram que havia chegado a hora de o que já existia de fato passasse a existir de direito. Na assembleia geral ordinária de 1991, aprovou-se a proposta de criação da SBP como sucessora da SPRP. A XXI RA ficou identificada como a "reunião da maturidade". Foi a última RA realizada pela SPRP. Em 1992, ocorreu então a primeira RA promovida pela SBP, que optou por continuar a numeração das RAs sem interrupção ou alterações. Até 1998, as RAs continuaram a ocorrer em Ribeirão Preto. Em 1999, a XXIX RA foi realizada na cidade de Campinas - SP, em um dos campi da Pontifícia Universidade Católica (PUC), na gestão do Prof. Dr. Luiz Marcelino de Oliveira, que iniciou então o processo de mudança dos locais das RAs.

As RAs eram tão fortemente associadas à cidade de Ribeirão Preto e tão presentes na vida de todos os associados da SBP, que após terem sido iniciados os deslocamentos das mesmas, frequentemente nos perguntavam com a maior naturalidade: "Este ano, Ribeirão vai ser onde?"

A SBP continua sua trajetória fiel aos objetivos da SPRP. Valeu a pena tê-la transformado em brasileira. Ampliou mais ainda sua abrangência no território nacional. Hoje ela circula com suas RAs, por diferentes regiões do país e sempre é muito bem recebida pelas comunidades anfitriãs. Suas comissões científicas para organizar as RAs são constituídas por representantes das associações que nasceram ou se fortaleceram dentro da SPRP. Em 2003, o CNPq considerou a SBP uma entidade de grande impacto nacional, consequência de todo o trabalho desenvolvido desde 1971. Ao longo de sua história, a SBP tem recebido auxílios para a realização das reuniões anuais provenientes do CNPq, além de outros órgãos governamentais, como a Capes e algumas Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa. Tem uma Comissão Editorial que, assim como as anteriores, trabalha arduamente e, desta forma, conseguiu colocar em dia a Revista Temas em Psicologia, a principal publicação da SBP, hoje online. Participa do quadro das Sociedades científicas associadas à Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). A SBP consta do diretório das Associações Mundiais de Pesquisa e, em 2010, filiou-se à Federação Ibero-Americana de Associações de Psicologia (FIAP).

 

Resumindo e finalizando:

A SBP, nascida SPRP em 1971, é fruto de muito engajamento político-social-profissional e de grandes paixões pela Psicologia como ciência e profissão. É um orgulho e um privilégio para mim ter sido uma de suas fundadoras, juntamente com outras pessoas que estão me ouvindo e também participaram tão intensamente da sua fundação e da sua história. A SPRP nasceu, viveu, transformou-se em SBP e continua com muita vontade de viver e dar excelentes frutos. Assim é, porque foi criada e cuidada com muito zelo e paixão. Uma paixão que inicialmente era apenas local, de algumas pessoas e de uma cidade. Depois foi se ampliando, expandiu-se para todo o país para cumprir seu destino de ser brasileira.

A SBP já nasceu na maioridade, porque foi sucessora da SPRP. Continua a representar total e dignamente a Psicologia brasileira. Enquanto Sociedade Brasileira, é um grande "guarda-chuva" que abriga as diferentes escolas teóricas dentro da Psicologia. Chamam-na até de SBPC da Psicologia. Hoje mais madura, aos 40 anos, está online. Isto faz uma grande diferença. Que bom que temos há algum tempo computadores modernos e não mais máquinas de escrever portáteis, que foram substituídas por máquinas de escrever comuns, depois por máquinas elétricas e mais tarde por computadores eficientes. Num passe quase de mágica, também os mimeógrafos se transformaram em copiadoras e posteriormente em impressoras rápidas. Membros da Diretoria e do Conselho da SBP hoje se comunicam online e em tempo real. Que maravilha! Essas conquistas foram saltos de qualidade na sua administração e se traduziram em agilidade no atendimento dos seus sócios, no equacionamento dos desafios que tanto a SPRP, quanto a SBP, tiveram que enfrentar. A SBP seguramente ainda enfrentará muitos desafios para contribuir com a Psicologia enquanto ciência e profissão. Ela não é tão grande quanto o número de associados. Muitos dos que passaram pelos seus quadros hoje estão também abrigados em outras sociedades específicas de Psicologia. Por outro lado, ela é imensa enquanto significado para toda a Psicologia do Brasil e para cada profissional em particular. Ela é a sucessora e contém a SPRP. Ela é, como já havia dito, uma joia muito rara que foi lapidada com muito carinho, muita garra, muitos sonhos e muita determinação.

Encanta-me e me acalenta constatar que as novas gerações de profissionais que agora cuidam dela o fazem da mesma forma que fizeram as primeiras gerações de cuidadores, e cada vez o fazem melhor. Faço aqui um apelo aos estudantes de Psicologia e aos jovens profissionais que aqui estão e também aos que estão espalhados por todo o país: cuidem muito bem da SBP; ela é o fruto de uma semente gerada e plantada há 40 anos. Hoje ela é uma árvore adulta e madura, maravilhosa, que continuará a dar bons frutos, especialmente se for alimentada pela energia, pela alegria, pelo trabalho das novas gerações de profissionais e receber o oxigênio sempre trazido pelos estudantes de Psicologia de todo o Brasil.

Tenho a certeza de que esse apelo não é só meu. É também de todos que de alguma maneira, direta ou indiretamente, já cuidaram da SPRP ou da SBP.

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