TERCEIRA PARTE: 20 ANOS DO LABORATÓRIO DE PSICOLOGIA SOCIAL DA COMUNICAÇÃO E COGNIÇÃO SOCIAL - LACCOS - UFSC

20 anos do Laboratório de Psicologia Social da Comunicação e Cognição da UFSC

The 20th anniversary of the Laboratory of Social Psychology of Communication and Cognition of UFSC

Clélia Maria Nascimento-Schulze

LACCOS - Universidade Federal de Santa Catarina - Florianópolis, SC

Nesse número especial da revista Temas de Psicologia, dedicado à comemoração dos 50 anos da Teoria das Representações Sociais, comemora-se também os 20 anos do Laboratório de Psicologia Social da Comunicação e Cognição Social (LACCOS) que está vinculado ao Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina. Coletar as lembranças de aspectos relevantes na vida dos que participaram das atividades desse laboratório ao longo destes anos foi algo extremamente positivo, já que fui um dos membros fundadores do LACCOS juntamente com o professor e pesquisador Brigido Vizeu de Camargo.

Constatei que a tarefa de historiar a vida de um laboratório é desafiadora e complexa, pois vários são os ângulos que podem ser contemplados na construção de um texto fidedigno que cubra grande parte dos eventos relevantes. Tal tarefa exigiria mais tempo de pesquisa e de recuperação de fatos e documentos. Assim, nessas poucas paginas visamos somente apontar para alguns fatos principais que nos ajudam a celebrar os sucessos alcançados.

As atividades do LACCOS foram iniciadas antes de maio de 1991 quando o mesmo foi formalmente reconhecido pela UFSC como o primeiro Laboratório de Psicologia Social. Na realidade a historia institucional não pode estar separada dos eventos anteriores tais como a nossa graduação na PUC, onde os cursos ministrados pela professora e pesquisadora Sílvia Maurer Lane foram sem dúvida elementos determinantes da nossa opção pela Psicologia Social. A consecução e aprovação no curso de mestrado realizado na PUC de São Paulo sob a orientação da Dra Silvia Lane, pelo pesquisador Brigido Camargo, com co-orientação de Eni Orlandi, culminou em um trabalho pioneiro no uso da linguagem como instrumento de leitura da realidade social. Silvia inspirou, motivou e aplaudiu o nosso trabalho junto ao recém fundado laboratório e mesmo antes disso nos apresentou Denise Jodelet em 1983 sendo que esta, desde então, tem sido nossa parceira em projetos de pesquisa baseados na Teoria das Representações Sociais. Ainda considerando a formação dos dois pesquisadores fundadores, os laços com a psicologia social européia durante a formação do doutorado marcaram nossa produção e orientação de pesquisas, tendo por um lado a influência francesa da École des Hautes Études em Sciences Sociales e por outro a inglesa, através do trabalho de Henri Tajfel e John Turner então vinculados à Universidade de Bristol nos anos 80.

A tradição na orientação de alunos de iniciação científica já estava instaurada entre os pesquisadores mencionados desde 1981, e quando o LACCOS foi oficialmente fundado passou a contar com a parceria permanente do CNPq em várias modalidades de apoio. Aproximadamente foram mais de 30 bolsistas de iniciação cientifica, em torno de 20 doutores não só da Psicologia, mas também de cursos como o Doutorado em Enfermagem e o Doutorado Interdisciplinar em Ciências Humanas, e mais do que 30 mestrandos do Curso de Pós-graduação em Psicologia que contaram com o apoio técnico e teórico dos pesquisadores do LACCOS na consecução de seus trabalhos.

Os pós-graduandos, assistidos pelos pesquisadores deste laboratório, tem visitado as escolas de verão do Curso de Doutorado Europeu em Comunicação e Representações Sociais desde os anos 90 sendo que atualmente há um convênio que permitirá que alunos brasileiros sejam selecionados para cursar na Europa. O convênio firmado entre a UFSC e a Universidade de Pádua na Itália também permite que alunos selecionados pelo LACCOS cursem e defendam suas teses na Itália.

As linhas de pesquisa atuais estão devotadas aos temas vinculados à AIDS e sua prevenção assim como sobre as representações sociais da saúde e doença, do envelhecimento e do corpo. Outra tradição de pesquisa se refere à questão da alfabetização científica e às representações sociais da ciência e tecnologia.

Os fatos acima citados compõem o quadro principal de eventos que caracterizam a produtividade do grupo de pesquisadores ao longo destes 20 anos. E embora seja um laboratório de pequeno porte suas relações e redes internacionais como a recém fundada Rede Internacional de Pesquisas sobre Representações Sociais e Saúde (RIPRES) firmada entre pesquisadores brasileiros, latino-americanos e europeus comprovam os resultados destas duas décadas.

Sobre a autora:

Clélia Maria Nascimento-Schulze - Professora Titular aposentada, Universidade Federal de Santa Catarina, LACCOS.