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Temas em Psicologia

Print version ISSN 1413-389X

Temas psicol. vol.23 no.4 Ribeirão Preto Dec. 2015

http://dx.doi.org/10.9788/TP2015.4-20 

ARTIGOS

 

Como se define a autonomia? O perfil discriminante em adolescentes gaúchos

 

How you define autonomy? A discriminant profile in gaucho (brazilian) teenagers

 

¿Como se define la autonomía? El perfil discriminante en adolescentes gaúchos

 

 

Paola Vargas BarbosaI; Adriana WagnerII

IUniversidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil
IIPrograma de Pós-Graduação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

A autonomia é uma habilidade relacional que se desenvolve durante toda a vida. Mas é na adolescência que essa capacidade é vista como uma tarefa desenvolvimental e socialmente esperada para a transição para vida adulta. Estudos demonstram que a autonomia adolescente é influenciada por variáveis individuais, contextuais e familiares. Mas como essas variáveis diferenciam maiores e menores níveis de autonomia em jovens? Assim, o objetivo desse estudo foi o de construiu um perfil discriminante para compreender Altos e Baixos níveis de autonomia em 375 adolescentes gaúchos. Foram incluídas variáveis contextuais, valores parentais, estilos educativos e a legitimidade da autoridade parental. A amostra era composta, em sua maioria, de meninas (66%), alunas de escolas públicas (51%), de 14 a 18 anos, moradoras da região metropolitana de Porto Alegre (78%), vindas de famílias intactas (73%). Obteve-se uma função discriminante entre altos e baixos níveis de autonomia, agrupando significativamente a idade, variáveis indicadoras de um bom relacionamento parental, o valor "autonomia" e o selfrelacional na família a favor do grupo de maior autonomia. Maior obediência e o valor "família" foram agrupados em favor do grupo de menor autonomia. Os resultados corroboram a multifluência desse construto e a relevância do relacionamento parental para seu desenvolvimento. Reflexões sobre o papel da família no desenvolvimento saudável da autonomia foram discutidas.

Palavras-chave: Autonomia, adolescente, relações parentais, análise discriminante, desenvolvimento na adolescência.


ABSTRACT

Autonomy is a relational skill that is developed throughout life. But it's during adolescence that this ability is seen as a developmental task as well as socially expected as part of the transition to adulthood. Studies show that adolescent's autonomy is influenced by individual, contextual and family variables. But how these variables differ higher and lower levels of autonomy in youth? The objective of this study was to build a discriminant profile to understand High and Low levels of autonomy in 375 teenagers from Rio Grande do Sul - Brazil. Contextual variables, parental values, parenting styles and the legitimacy of parental authority were included. The sample was mostly composed by girls (66%), students from public schools (51%), from 14 to 18 years old, residents of Porto Alegre's metropolitan region (78%), and from intact families (73%). A discriminant function was obtained between higher and lower levels of autonomy, significantly grouping age, variables indicating a good parental relationship, the value "autonomy" and the relational self in the family in favor of the group with higher levels of autonomy. Higher levels of obedience and the value "family" were grouped to distinguish the group with lower levels of autonomy. The results corroborate the multinfluence of this construct and the relevance of the parental relationship for its development. Reflections on the role of the family on the healthy development of autonomy were discussed.

Keywords: Autonomy, adolescent, parental relationship, discriminant analysis, adolescences' development.


RESUMEN

La autonomía es una habilidad relacional que se desarrolla durante toda la vida. Sin embargo, es durante la adolescencia que esta capacidad se ve como una tarea de desarrollo y socialmente esperado para la transición a la edad adulta. Los estudios demuestran que la autonomía de los adolescentes está influenciada por características individuales, además de las variables familiares y contextuales. Pero, ¿el cuánto tales variables son responsables por diferenciar los niveles más altos y más bajos de la autonomía en los jóvenes? El objetivo de este estudio fue describir perfiles que discriminan altos y bajos niveles de autonomía de 375 adolescentes gauchos. Se incluyeron las variables contextuales, los valores paternos, estilos educativos y la legitimidad de la autoridad parental. La muestra se compone sobre todo de las niñas (66%), estudiantes de escuelas públicas (51%), entre 14 e 18 años, que viven en la región metropolitana de Porto Alegre (78%), de familias intactas (73%). Se obtuvo una función discriminante entre los niveles altos y bajos de la autonomía. El perfil de más alto nivel de autonomía se ha discriminado significativamente a partir de las variables edad, las que indicaban buena relación con los padres, el valor familiar de "autonomía" y el self relacional. Valores de "obediencia" y "familia" se agruparon en favor del grupo de menos autonomía. Los resultados corroboran la multinfluencia del constructo y la importancia de la relación con los padres para su desarrollo. Se discutieron reflexiones sobre el papel de la familia en el desarrollo de la autonomía.

Palabras clave: Autonomía en adolescentes, relaciones parentales, análisis discriminante, desarrollo en adolescentes.


 

 

É do senso comum a ideia de que a adolescência é uma etapa de turbulência, de rebeldia e de dificuldades de relacionamento entre pais e filhos. Atribuem-se tais comportamentos as mudanças hormonais e as dificuldades psicológicas inerentes ao crescimento. Socialmente, esse período evolutivo é explicado como um momento intermediário entre os cuidados da infância e a maturidade da adultez. "Querem a falta de responsabilidade das crianças, mas também a liberdade de gente grande", afirmam os adultos.

Sabe-se que esse momento do ciclo vital não é necessariamente complicado, e muito menos vivido da mesma forma por todos os adolescentes ou famílias. Mas será muito difícil negar que este seja um momento de diversas mudanças. Mudanças no corpo, nas vontades, nos relacionamentos com os pais e com os amigos.

Muitas transformações que são relevantes para o desenvolvimento pessoal desses jovens e também para sua relação com a família e a comunidade são experimentadas. Uma dessas mudanças diz respeito à condição de autonomia e, consequentemente, aos processos de desenvolvimento inerentes a tal conquista.

Nomeiam-se processos, pois é um desenvolvimento que acontece durante toda vida (Anderson, Worthington, Lowell, William, & Jennings, 1994). Desenvolve-se a autonomia desde os primeiros momentos fora da barriga da mãe. A autonomia de controle do próprio corpo, de aprender seus próprios limites e, com o passar do tempo, reconhecer os desejos e expectativas dos outros também. Da mesma forma, desenvolve-se autonomia na fase adulta e na velhice. Mas é na adolescência que essa habilidade aparece como tarefa desenvolvimental e expectativa social da transição para vida adulta. Assim, entende-se a autonomia como a "habilidade de dar direção à sua própria vida, definir objetivos, sentir-se competente e ter condições de regular suas próprias ações [tradução nossa]" (Noom, Dekovic, & Meeus, 1999, p. 771).

Como tudo no desenvolvimento, o processo de autonomia se dá a partir das descobertas, de tentativas e erros, de sucessos e fracassos. Mas, acima de tudo é um processo relacional. Só se pode ser autônomo em relação a outros. Autonomia de decidir, pensar e agir a partir de um desejo que se percebe como próprio, mesmo que ele seja igual ou diferente aos da família, dos amigos ou da sociedade (Kagitcibasi, 2005; Noom, Dekovic, & Meeus, 2001). Aprender a ser autônomo exige muitas outras habilidades, como a construção de uma identidade, de valores pessoais, de autoestima, de protagonismo e de limites que são muitas vezes difíceis de desenvolver. Mas, como qualquer outra habilidade que se constrói, traz consigo vantagens.

A autonomia possibilita liberdade de ação e de pensamento, traz bem estar e permite trilhar caminhos (pessoais, relacionais, profissionais) que são próprios e por isso recompensadores. Mesmo que a autonomia também venha acompanhada de medos, responsabilidades e riscos. Pesquisas têm demonstrado que a autonomia se associa com uma série de indicadores de um desenvolvimento saudável, como melhor desempenho acadêmico (Smetana, Campione-Barr, & Daddis, 2004), maiores níveis de autoestima (Yeh & Yang, 2006) e bem estar (Lekes, Gingras, Philippe, Koestner, & Fang, 2010), maior legitimidade da autoridade parental e maior obediência às regras parentais (Cumsille, Darling, & Martinez, 2010; Daddis, 2011).

Como uma habilidade relacional, pode-se pensar que a família é a primeira e talvez, mais importante, influenciadora do desenvolvimento da autonomia. Pesquisadores dessa temática demonstram que um relacionamento próximo e afetivo, marcado por comunicação clara, apoio emocional e limites está associado a maiores níveis de autonomia (Barbosa, 2014; Baumrind, Larzelere, & Owens, 2010; Darling, Cumsille, & Martinez, 2008; Martinez & Garcia, 2008). Entretanto, a construção de uma relação com tais características entre pais e filhos não é sempre fácil.

Estudos que tentam mapear o relacionamento parental afirmam que há diversas práticas diárias que acabam por construir um clima parental, uma forma minimamente estável dos pais se relacionarem com seus filhos, denominados estilos parentais (Baumrind, 1966, 2005; Maccoby & Martin, 1983; Teixeira, Bardagi, & Gomes, 2004). Esses estilos, influenciados pelos valores dos pais (Martinez & Garcia, 2008) são formados por práticas que podem ser agrupadas em duas categorias ou dimensões (Maccoby & Martin, 1983): Responsividade, que diz respeito às práticas ligadas ao apoio emocional, a estar atento às necessidades dos filhos e a comunicação clara; e a Exigência, que se refere às práticas ligadas ao controle, às regras e aos padrões de comportamento (Reppold, Pacheco, & Hutz, 2002). Combinadas, essas dimensões podem construir um relacionamento que ofereça segurança, apoio emocional, suporte para autonomia e também limites e orientações claras para os filhos, assim como pode criar relacionamentos baseados na hierarquia, na distância emocional e na obediência. Dessa forma, é possivel afirmar que os estilos parentais podem influenciar o desenvolvimento da autonomia.

Essa relação entre pais e filhos é uma via de mão dupla, retroalimentada tanto pela ação dos pais quanto dos filhos (Bronfenbrenner, 1986; Maccoby, 2007). Sendo assim, os filhos também são agentes do seu próprio processo de desenvolvimento (Ozella & Aguiar, 2008). Obedecer ou não as orientações parentais, entender como legítimas as regras e expectativas dos pais ou compartilhar com eles as informações sobre sua vida e atividades são tarefas dos filhos, as quais também estão intrincadas no desenvolvimento da autonomia. A legitimidade da autoridade parental é um desses processos. Pesquisas têm demonstrado que quanto mais os jovens entendem a autoridade parental para construir regras como legítima, maior a chance de obedecê-la (Darling et al., 2008). Além disso, estudos apontam que há algumas temáticas (ou domínios) sobre as quais os adolescentes atribuem maior legitimidade aos pais, como o domínio convencional (convenções e regras sociais), moral (questões ligadas à justiça e direitos) e prudencial (relativo à saúde e segurança). Por outro lado, os adolescentes percebem questões de escolha pessoal como fora da alçada dos pais. Nesse domínio (ou nas questões multidomínio, que envolvem também o domínio pessoal), os jovens tendem a exercer maior autonomia, legitimando e obedecendo menos a autoridade parental (Barbosa, 2014; Smetana, 2006; Smetana, Crean, & Campione-Barr, 2005).

Outras variáveis também têm sido apontadas como relevantes para o desenvolvimento dessa habilidade. As características do indivíduo, como a idade (Daddis, 2011), sexo (Marsh, McFarland, Allen, McElhaney, & Land, 2003) e nível socioeconómico (Allen et al., 2002), assim como o contexto em que esse adolescente vive (mais ou menos violento, por exemplo; McElhaney, & Allen, 2001) são algumas dessas variáveis.

Mas será que mapeando essas variáveis é possível compreender melhor o desenvolvimento da autonomia? Será possível entender quais dessas variáveis influenciam maiores (e menores) níveis dessa habilidade? Sabe-se que a autonomia é um construto multidimensional e multinfluenciado (Barbosa, 2014; Graça, Calheiros, & Martins, 2010). Talvez por isso seja uma habilidade difícil de mensurar. Incluir todas as variáveis pessoais, familiares e contextuais que influenciam a autonomia num único modelo seria metodologicamente inviável. Por isso, para o presente estudo foram selecionadas algumas variáveis apontadas na literatura como relevantes para o desenvolvimento dessa habilidade. Objetiva-se assim construir um perfil discriminante dos adolescentes que reportam altos e baixos índices de autonomia, considerando o contexto, os valores familiares, os estilos educativos e a legitimidade da autoridade parental.

 

Método

Participantes

Participaram desse estudo 375 adolescentes, sendo 66% do sexo feminino. Os jovens eram alunos de escolas públicas (51%) e privadas (49%) no Rio Grande do Sul, e tinham entre 14 e 18 anos de idade (M=16,05; DP=0,48). Eles eram moradores da Região Metropolitana de Porto Alegre (78%) e interior do RS (22%). A maioria dos participantes morava com o pai e a mãe (73%) enquanto o restante morava apenas com um dos responsáveis (25%), ou com outras pessoas, como irmãos, avós, tios, etc. (2%); 79% da amostra tinha ao menos um irmão.

Instrumento e Procedimentos

O instrumento utilizado na coleta dos dados, composto por diferentes escalas, totalizava 122 questões, detalhadas a seguir:

1. Questões Sociodemográficas e de Contexto: Incluíam 31 perguntas de múltipla escolha sobre as características do adolescente, de sua família, sobre o relacionamento entre pais e filhos e sobre seu contexto escolar, laboral e comunitário.

2. Valores de Socialização: Os adolescentes deveriam relatar, de forma descritiva, palavras ou frases que seus pais julgavam ser importantes para sua criação. Cada sujeito relatou em media 5,4 palavras/frases. Os valores reportados foram organizados e categorizados utilizando a técnica da Análise de Conteúdo (Bardin, 2004). Foram encontradas 16 categorias, a saber: Estudo ("estudar", "terminar os estudos"), Respeito ("respeitar as pessoas", "não prejudicar os outros"), Ser responsável ("ser responsável", "responsabilidade"), Boa educação ("seja educada", "seja bem educada"), Feliz ("seja feliz", "felicidade"), Pensar antes de agir ("pense antes de agir", "pense nas consequências"), Honesto ("honesto", "honestidade"), Amor ("amor", "amoroso", "afetuoso"), Fazer o bem ("faça o bem", "ser solidário", "ajudar as pessoas"), Não fazer coisas erradas ("não fazer coisas erradas", "não roubar", "não brigar"), Autonomia ("autonomia", "tomar minhas próprias decisões", "ser independente"), Dedicação ("dedicado", "se esforce", "força de vontade"), Família ("valorize a família", "me relacione bem com a família", "ajude os irmãos"), Obediência ("obedeça", "ser obediente", "fazer minhas obrigações"), Ser alguém no futuro ("ser alguém na vida", "tenha um futuro bom") e Outros. As respostas dos participantes foram recategorizadas de acordo com essas temáticas. A soma total de cada valor foi utilizada nas análises de diferenças de médias e correlação com outras variáveis do estudo.

3. Escala de Estilos Parentais: busca avaliar os estilos parentais percebidos pelos adolescentes. Traduzida e adaptada ao português por Teixeira et al. (2004) é um instrumento de auto relato, composto por 24 itens, divididos em duas subscalas (12 itens referem-se à responsividade e 12 itens à exigência). As respostas foram dadas separadamente para pai e mãe, numa escala tipo Likert de cinco pontos. Os dados foram utilizados de forma contínua, separados por dimensões de responsividade e exigência. Os índices de confiabilidade da escala encontrados nesse estudo foram: Dimensão Responsividade: α =0,94 e 0,92 e Dimensão Exigência: α =0,88 e 0,82 dos pais e mães, respectivamente. A confiabilidade da escala completa foi de α =0,93 e 0,89 dos pais e mães, respectivamente.

4. Questionário de Autonomia: construído originalmente por Noom et al. (1999, 2001) foi traduzido e adaptado para o português brasileiro por Barbosa (2014). Tem por objetivo avaliar as diferentes dimensões da autonomia, segundo a percepção dos adolescentes. É composto por três subdimensões, a saber: Autonomia Funcional: 5 itens com α =0,66; Autonomia Emocional: 4 itens com α =0,73 e Autonomia Atitudinal: 5 itens com α =0,85. Os índices de fidedignidade composta1 foram 0,77, 0,79 e 0,88 para as dimensões funcional, emocional e atitudinal respectivamente. Os itens foram respondidos numa escala tipo Likert de cinco pontos (1=dis-cordo completamente; 5=concordo completamente). Foram estimados os escores totais da amostra no Questionário. Em seguida, os participantes foram divididos de acordo com a média com o objetivo de classifica-los quanto ao nível de autonomia em Menos Autonomia e Mais Autonomia.

5. Escala de Parentalidade e o Self Autônomo-Relacional: a escala de Parentalidade e o Self autônomo-relacional (Kagitcibasi, 2005) têm por objetivo mensurar a compatibilidade da autonomia e do relacionamento parental. É composta por seis subscalas. Três subescalas foram traduzidas para o português brasileiro por Barbosa (2014) por se referirem à autonomia no relacionamento familiar: Escala do self autônomo na família (9 itens); Escala do self relacional da família (8 itens); Escala do self autônomo-relacional na família (4 itens). Nessa amostra os índices de confiabilidade encontrados foram: Escala do self autônomo na família (a =0,65); Escala do self relacional na família (a =0,86); Escala do self autônomo-relacional na família (a =0,81). As respostas foram dadas numa escala tipo Likert de cinco pontos, que variavam de 1 (discordo completamente) a 5 (concordo completamente). As médias de cada subscala foram utilizadas nas análises.

6. Questionário de Legitimidade da Autoridade Parental: o questionário tem o objetivo de medir as crenças dos adolescentes sobre a legitimidade da autoridade parental em diferentes temáticas (Cumsille, Darling, Flaherty, & Martínez, 2009; Smetana, 1988). Compõem-se de vinte itens, representativos dos temas de maior conflito pais-adolescentes, segundo a literatura da área. Os itens dividiram-se entre os domínios: Convencional: 4 itens; Prudencial: 4 itens; Pessoal: 5 itens; Moral: 2 itens e Multido-mínio: 5 itens. Sobre cada um desses itens os adolescentes deveriam responder a três perguntas: "Seus pais têm regras ou expectativas sobre esse assunto?" (sim ou não); "Você acredita que seus pais têm o direito de construir regras ou ter expectativas sobre esse assunto?" (sim ou não); "Com que frequência você se sente obrigado a obedecer às regras ou expectativas sobre esse assunto?" (escala tipo Likert de quatro pontos, de 1: nunca até 4: sempre). Para cada uma das perguntas, foi estimada a soma das respostas por domínio.

Procedimentos de Coleta

A coleta de dados foi realizada em escolas públicas e privadas do Estado do Rio Grande do Sul (RS). Foram contatadas 16 escolas públicas e 22 privadas no Estado. Após a autorização da direção (que foi concedida em sete escolas públicas e sete escolas privadas), os alunos receberam um Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE) que deveria ser assinado pelos pais, caso o aluno desejasse participar de forma voluntária da pesquisa. As aplicações foram coletivas e duraram de 20 a 40 minutos. O único critério de participação era que o sujeito fosse aluno do Ensino Médio. Todos os procedimentos de coleta e o TCLE se adequam às resoluções 016/2000 do Conselho Federal de Psicologia e 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde.

 

Resultados

Os participantes do presente estudo são um recorte de uma amostra maior (n=717) de adolescentes alunos de escolas públicas e privadas (Barbosa, 2014). Com o objetivo de conhecer as variáveis relevantes para discriminar adolescentes com mais e menos autonomia, essa amostra total (n=717) foi dividida em dois grupos (mais autonomia e menos autonomia) de acordo com as médias obtidas no Questionário de Autonomia (Barbosa, 2014). Apesar da diferença entre as médias dos dois grupos terem sido significativas, t(716) =26,13; p<0,001, os resultados encontrados nas análises discriminantes não foram ideais. Os grupos de autonomia ainda eram muito semelhantes, e foi possível discriminar corretamente apenas 60% dos participantes, com uma variância explicada de 9%.

Sendo assim, optou-se por dividir a amostra total em quartis, de acordo com as médias de autonomia, obtendo-se quatro grupos, como pode ser observado na Tabela 1.

Buscando uma maior diferenciação entre grupos, decidiu-se por analisar apenas os grupos 1 (Baixa autonomia) e 4 (Alta autonomia), recortando uma amostra de 375 participantes. Realizou-se uma análise comparativa das variáveis que teoricamente tem a capacidade de diferenciar os grupos escolhidos. Essas análises, assim como as médias e desvios padrões obtidos em cada variável, podem ser observadas na Tabela 2.

De forma geral, os participantes do grupo 4 apresentam médias mais altas nas variáveis analisadas quando comparados com o grupo 1. Apesar das diferenças entre os dois grupos serem pequenas em diversas variáveis, são significativamente diferentes em várias outras. Os participantes com maiores níveis de autonomia são mais velhos, trabalhavam ou já tinha tido experiências de trabalho. Eles ainda se sentiam mais compreendidos, tinham suas opiniões mais levadas em conta, podiam fazer o que queriam com mais frequência, tinham suas vontades mais atendidas e menos conflitos com os pais, quando comparados aos de menor autonomia. Eles também reportavam com mais frequência o valor "autonomia" e com menos frequência que os participantes do grupo 1 os valores "responsável" e "família". Os adolescentes do grupo de alta autonomia ainda reportavam maiores índices de responsividade da mãe e do pai, além de maiores níveis de autonomia e conectividade com a família. Finalmente, esse grupo reportava menor obediência no domínio prudencial.

Para compreender como essas diferenças constroem perfis diversos de autonomia, realizou-se uma Análise Discriminante, considerando como variável dependente os níveis de autonomia e como variáveis independentes todas as descritas na Tabela 2. Foi encontrada apenas uma função na análise entre os grupos de Alta e Baixa autonomia, explicando 100% da variabilidade entre os dois grupos. A função discriminante é significativa, χ2 (3) =84,14; p<0,001, e apresenta uma correlação canónica discriminante de 0,466. Foi encontrado um X de Wilks de 0,782, que equivale a uma variância explicada de 21,8%. A função encontrada classifica corretamente 68% dos participantes em seus respectivos grupos, como pode ser observado na Tabela 3.

As variáveis significativas mais relevantes para discriminar os participantes entre os níveis de autonomia estão descritas na Tabela 4, com ponto de corte de 0,20 (Sarriera et al., 2012). As variáveis estão ordenadas por tamanho absoluto de correlação dentro da função.

 

 

O grupo de Baixa Autonomia apresentou valor de centroide de -0,487, enquanto o grupo de Alta Autonomia de 0,568. O sinal das correlações demonstradas na Tabela 4 indica a direção favorável ao grupo de baixa ou alta autonomia. As variáveis mais relevantes para classificar os participantes do grupo de Alta autonomia foram a idade, variáveis indicadoras de um bom relacionamento parental (responsividade, ter as opiniões levadas em conta, se sentir amado, compreendido, ter as vontades atendidas e fazer o que quer), o valor "autonomia" e o selfautônomo e o self relacional. Em contra partida, maior obediência nos domínios prudencial, convencional e multi e o valor "família" aparecem como variáveis relevantes para classificar os participantes no grupo de Baixa autonomia.

As variáveis mais relevantes para classificação dos participantes em cada um dos grupos corroboram os dados encontrados na literatura acerca do desenvolvimento da autonomia. Assim como em outros estudos, a idade aparece como positivamente correlacionada com a autonomia (Noom et al., 2001). O valor "autonomia" também surge como relevante para classificar o grupo com maiores níveis de autonomia. A associação entre valores e práticas parentais já foi demonstrada pela literatura (Rodrigo & Palacios, 2003). É possível pensar que maiores índices de autonomia estejam associados a famílias que tem a autonomia como valor, e que esta reverbere em práticas parentais que incentivem e apoiem o desenvolvimento desta característica.

Pesquisas também apontam a associação entre um clima parental favorável e maior autonomia em adolescentes (Darling et al., 2008; Jamabo & Jamabo, 2010; Liu & Yeh, 2011). Variáveis que indicam uma boa relação também são observadas aqui como relevantes para maiores níveis de autonomia. É interessante, porém, refletir sobre o papel de algumas dessas variáveis para a construção de um bom relacionamento parental. Os participantes desse grupo (alta autonomia) reportam que tem suas vontades atendidas e podem fazer o que querem com mais frequência do que os jovens com menor autonomia. Pensando que as relações entre variáveis encontradas aqui são bidirecionais, não é possível dizer se um relacionamento parental com maior liberdade influencie maiores índices de autonomia, ou se, ao contrário, um relacionamento de pais com filhos mais autônomos permita, como consequência, maior liberdade. A relevância das variáveis de autonomia na família (self autônomo e self relacional) também corroboram resultados encontrados na literatura (Kagitcibasi, 2005) afirmando a possibilidade do desenvolvimento da autonomia concomitante a um bom e próximo relacionamento parental.

Os maiores índices de obediência, por sua vez, aparecem contribuindo para menores índices de autonomia. Essa relação faz sentido a partir da visão de que adolescentes que se percebem menos autônomos tendem a seguir as orientações parentais. Pesquisas realizadas nos EUA e Chile corroboram esses dados, relacionando maiores níveis de autonomia com menores níveis de obediência, especialmente nos domínios pessoal e multi (Smetana et al., 2005). Isso permite supor que o inverso, menores níveis de autonomia, se associe com maiores níveis de obediência. É interessante ressaltar, contudo que, estudos que associam a legitimidade da autoridade parental, a autonomia e variáveis que medem o clima parental também afirmam que um melhor relacionamento entre pais e filhos se associa a maiores níveis de legitimidade (e obediência) e tomada de decisão ao menos compartilhada com os pais (Cumsille et al., 2009; Darling et al., 2008; Smetana et al., 2005).

Além dos níveis de obediência, o valor "família" também aparece associado ao grupo de menor autonomia. Acredita-se que a importância do lugar da família para os jovens desse grupo faça sentido, uma vez que a obediência às regras parentais também os identifica.

 

Considerações Finais

A análise discriminante dos dados de uma amostra de adolescentes de escolas públicas e privadas permitiu a construção de um conjunto de variáveis que discriminam grupos com altos e baixos escores de autonomia. Esse perfil discriminante pode explicar 21,8% da variância dos níveis de autonomia, classificando corretamente 68% dos casos em seus respectivos grupos.

As variáveis mais relevantes para classificar o grupo com Alta autonomia foram a idade, o self autônomo e relacional na família, variáveis que descreviam um bom relacionamento parental e ainda o valor "autonomia". Em contrapartida, variáveis de obediência às regras parentais nos domínios convencional, prudencial e multi e o valor "família" foram relevantes para discriminar o grupo com Baixa autonomia.

Esse resultado aponta para a multiplicidade de influências na construção da autonomia e, consequentemente, a dificuldade de mensu-ração e delimitação desse construto. Talvez se deva a este aspecto uma discriminação não tão enfática entre os grupos, encontrada no presente estudo. Análises de correlação de Pearson entre a autonomia e as variáveis independentes demonstraram baixas associações (Barbosa, 2014), corroborando tal dificuldade de circunscrever a autonomia e suas variáveis relacionadas. Porém, ainda que as análises apresentem dificuldades, elas demonstram associações significativas e que, consistentemente, apontam a relevância da relação parental para o desenvolvimento desse construto.

Assim como já demonstrado em pesquisas no exterior, um clima parental favorável se associa a maiores níveis de autonomia (Darling et al., 2008; Jamabo & Jamabo, 2010; Liu & Yeh, 2011) e a autonomia adolescentes se confirma como uma habilidade que pode ser desenvolvida na relação próxima e afetuosa com os pais (Kagitcibasi, 2005; Raeff, 2004). A associação entre maiores níveis de obediência (especialmente nos domínios prudencial e convencional) a menores níveis de autonomia também corrobora dados de amostras estrangeiras (Smetana et al., 2005), demonstrando o caráter contínuo e relacional desse construto.

Esse é um fato importante de ser discutido. A autonomia é desenvolvida durante toda a vida, num processo contínuo entre a obediência e a independência. Obediência aos pais durante a infância e adolescência, e mais tarde às regras sociais e expectativas relacionais. Mas em qualquer fase, é uma habilidade que não se desenvolve uniformemente em todas as suas dimensões (Darling, Cumsille, & Peña-Alampay, 2005).

Especialmente durante a adolescência, não compreender as contradições associadas a esse desenvolvimento desigual e, por vezes, assimétrico, acarreta ainda mais conflitos na relação parental. Enquanto para alguns assuntos, especialmente ligados às questões pessoais (Smetana et al., 2005) os jovens tem muita clareza do que querem e apresentam habilidades necessárias para alcançar seus objetivos, em outras áreas (como a financeira ou emocional) muitos ainda são inseguros e pouco habilidosos para lidar de forma madura e independente. Tal incongruência, apesar de normativa para essa fase do desenvolvimento, é vista como inabilidade e imaturidade pelos pais e pela sociedade em geral. Como o jovem se sente apto para decidir sozinho sobre assuntos ligados ao seu lazer, por exemplo, os pais acabam por esperar que estes também tenham tal autonomia e maturidade para lidar com os irmãos mais novos, com o rompimento de um namoro ou com os planos de um curso superior no futuro.

É preciso que as famílias compreendam tais contradições, apoiando seus jovens durante os processos mais complexos, oferecendo afeto, regras, expectativas claras e suporte para autonomia. Sobretudo, respeitando as necessidades de cada fase desenvolvimental. Pesquisas longitudinais nos EUA já demonstraram os resultados negativos associados a muita liberdade e autonomia durante a primeira fase da adolescência (Smetana et al., 2004). Revelaram que um aumento crescente da autonomia permitida pelos pais durante a adolescência apresenta, longitudinalmente, os melhores resultados adaptativos em variáveis como desenvolvimento escolar, autoestima, envolvimento em comportamentos antissociais e uso de drogas e álcool.

O equilíbrio entre a obediência às regras parentais e autonomia é um processo difícil e, especialmente, delicado, pois os adolescentes sempre desejam mais autonomia do que os pais estão dispostos a conceder (Rote & Smetana, 2014). Porém, impedir a autonomia do jovem com controle e intrusividade em todas as áreas do desenvolvimento também já demonstrou ser uma estratégia associada a piores níveis de saúde mental e ajustamento, além do maior uso de estratégias de controle de informações negativas por parte dos adolescentes, como o engano e a mentira (Rote, Smetana, Campine-Barr, Villalobos, & Tasapoulos-Chan, 2012).

Assim, exercer a autoridade parental em aspectos dos domínios convencional e prudencial, por exemplo, é importante para o bom ajustamento dos jovens, e especialmente para oferecer suporte emocional e limites que guiem o seu desenvolvimento. Por outro lado, uma autonomia crescente em aspectos do domínio pessoal pode oferecer espaços de aprendizagem da autonomia e da identidade para os adolescentes (Smetana et al., 2005). Mesmo porque, ter a liberdade de ter autonomia em questões pessoais não significa que os jovens não possam vir a incluir os pais em suas decisões e ações. Como já se demonstrou nesse estudo, a autonomia pode ser desenvolvida na relação próxima com a família. Além do mais, um relacionamento parental favorável tem sido associado a maiores níveis de abertura e compartilhamento de informações dos filhos com os pais (Barbosa, 2014; Rote & Smetana, 2014).

Finalmente, algumas limitações desse estudo devem ser apontadas. A amostra utilizada nessa pesquisa foi obtida por conveniência, o que impede a generalização dos resultados para a população geral de adolescentes. Espera-se apenas contribuir para o entendimento das relações entre a autonomia e suas variáveis predito-ras. Além disso, espera-se incentivar o estudo de uma temática pouco publicada no Brasil. Como demonstrou revisão sistemática produzida sobre a autonomia adolescente (Barbosa & Wagner, 2013) as publicações brasileiras sobre essa habilidade ainda são raras.

Também é preciso destacar que a autonomia, enquanto construto multifacetado, também está presente nas medidas de responsividade (estilos parentais) e legitimidade, por exemplo. Tal fato pode ter criado uma rede de variáveis independentes com níveis de multicolinearida-de prejudiciais à realização da analise discriminante, uma vez que esse é um dos pressupostos necessários à sua realização (Hair, Anderson, Tatham, & Black, 2005). As análises de correlação realizadas entre as variáveis independentes desse estudo demonstraram correlações significativas entre r =0,10 e r =0,63. É possível que a realização de outras análises (como a regressão multinível) permita testar o modelo de relações entre essas variáveis independentes e o desenvolvimento da autonomia para além dessa característica dos dados.

 

Referências

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Endereço para correspondência:
Paola Vargas Barbosa
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Instituto de Psicologia, Sl. 126,
Rua Ramiro Barcelos, 2600
Porto Alegre, RS, Brasil 90035-003
E-mail: paolavargasbarbosa@gmail.com e adrianawagner.ufrgs@hotmail.com

Recebido: 18/08/2014
1ª revisão: 18/12/2014
Aceite final: 29/12/2014

 

 

O manuscrito é parte integrante da tese de doutorado da primeira autora, orientada pela segunda. As autoras agradecem o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) pela concessão de bolsa do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) e Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior (PDSE).
1 Índices alternativos têm sido apresentados como opções mais confiáveis para escalas com itens categóricos, como o índice de fidedignidade composta (Raykov, 2001; Schweizer, 2011).

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