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Temas em Psicologia

versión impresa ISSN 1413-389X

Temas psicol. vol.24 no.2 Ribeirão Preto jun. 2016

http://dx.doi.org/10.9788/TP2016.2-09 

ARTIGOS

 

Revisão sistemática de estudos sobre programas de treinamento parental

 

A systematic review of studies on parental training programs

 

Revisión sistemática de estudios sobre los programas de capacitación de los padres

 

 

Ariane BochiI; Daiana FriedrichI; Janaína Thais Barbosa PachecoII

IUniversidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, Brasil
IIDepartamento de Psicologia da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O treinamento parental é uma prática que visa sistematizar o repertório comportamental emitido pelos pais quanto ao manejo do comportamento dos filhos, inserindo-se como estratégia frequentemente utilizada nas questões de relacionamento familiar. Através de uma revisão sistemática da literatura nacional e internacional, o presente artigo analisou as características dos estudos empíricos sobre treinamento de pais de crianças e/ou adolescentes, realizados em grupo. Foram analisados 27 artigos publicados entre 2006 e junho de 2014, indexados nas bases Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs), Scientific Electronic Library Online (SciELO), Medline e PsycInfo. Na análise dos dados, foram enfocadas as seguintes categorias: título do artigo, autores, ano de publicação, objetivo do estudo, público alvo, tamanho da amostra, delineamento, estratégias de intervenção e principais resultados. Os resultados apontam que o delineamento mais utilizado foi o ensaio clínico randomizado. Além disso, a maioria das intervenções teve foco nos pais, ou nos pais e crianças. Verifica-se que o maior número das técnicas utilizadas no treinamento de pais foram técnicas cognitivo-comportamentais. Este artigo discute limitações e contribuições para a área.

Palavras-chave: Treinamento parental, pais, intervenção em grupo.


ABSTRACT

Parent training is a practice that aims to organize the behaviour repertory issued by the parents when dealing with their children behaviour, becoming a frequent strategy used to work with family relationship issues. Trough a systematic review of the national and international literature, this article analyzed the methodological features of empirical studies about training for children and/or teenagers parents, conducted in group. 27 articles were analyzed, published between 2006 and July 2014, indexed in the Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs), Scientific Electronic Library Online (SciELO), Medline and PsycInfo bases. In the data analysis, the following categories were focused: article title, author, publishing date, study objective, audience, sample size, delineation, strategies of intervention and the main results. The results indicated that the most used design was the randomized clinical trial. Furthermore, most of the interventions were focused on parents or parents and their children. In addition, it can be observed that the cognitive-behavioural techniques were the most utilized techniques for the parents training. The present article discusses the limitations and the contribution for this field of study.

Keywords: Parent training, parents, intervention in group.


RESUMEN

La capacitación de los padres es una técnica que tiene como meta coordinar el repertório de conductas de los padres en relacion con el comportamiento de sus hijos, insertada como una estratégia frecuentemente utilizada para trabajaren los problemas de relación familiar. Trás una revisión sistemática de la literatura nacional e internacional, este artículo intenciona el análize de las características metodológicas de los estudios empíricos sobre la capacitación de los padres de niños y/o adolescentes, desarrollados en grupo. Se analizaron 27 artículos publicados entre 2006 y junio de 2014, indexadas en las plataformas Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs), Scientific Electronic Library Online (SciELO), Medline y PsycInfo. En el análisis de datos se centraron las categorias seguientes: título del artículo, los autores, año de publicación, la meta del estudio, público alvo, tamaño de la muestra, límites, estratégias de intervención y resultados principales. Los resultados muestran que el diseño más ampliamente usado fue un ensayo clínico aleatorizado. Además, la mayoría de las intervenciones se habían centrado en los padres, o en los padres y hijos. Se verificó que el mayor número de técnicas que se utilizan en la capacitación de los padres eran técnicas cognitivo-comportamentales. Este artículo analiza las limitaciones y contribuciones para el assunto.

Palabras clave: Capacitación de los padres, padres, intervención en grupo.


 

 

Há algumas décadas vêm-se discutindo a importância da estrutura familiar e do estilo de criação para o desenvolvimento de crianças e adolescentes (Loeber & Hay, 1997; Patterson, 1986). Tais fatores inspiraram a elaboração de programas específicos, que têm sido aplicados com diversos objetivos, dentre eles, o de capacitar os pais em suas dificuldades com crianças que apresentam problemas de comportamento (Kazdin, 1997; McMahon, 1999; Webster-Stratton, 1998), dificuldades escolares (Coser, Cortegoso, & Gil, 2011), problemas alimentares (Boutelle et al., 2011, Haywood & McCann, 2009; Lochrie et al., 2013) e sintomas depressivos (Wong, Gonzales, Montaño, Dumka, & Millsap, 2014).

Patias, Siqueira e Dias (2013), apoiados em estudos que demonstraram a influência das práticas educativas como fatores de risco e de proteção, ressaltam a relevância da realização de programas de intervenção junto aos cuidadores, para orientá-los sobre as consequências de tais estratégias. Visto que muitos desses pais não possuem conhecimento sobre como melhorar suas formas de educar, torna-se fundamental investir em orientação para que possam aprimorá-las, reduzindo o risco de desenvolvimento de psicopatologias em crianças e adolescentes.

Dentro do contexto clínico e da saúde, o treinamento de pais é uma prática que procura sistematizar o repertório comportamental emitido por pais e mães em relação ao manejo da conduta de seus filhos com base no princípio da educação assertiva, na medida em que abrange formas de interação não coercivas e pró-sociais (Bolsoni-Silva & Marturano, 2002). Nesse âmbito, o treinamento para pais insere-se como estratégia bastante utilizada para trabalhar questões de relacionamento e habilitar pais para alcançar melhores resultados em relação à educação de seus filhos (Bolsoni-Silva, Silveira, & Marturano, 2008; Edwards, Sullivan, Meany-Walen, & Kantor, 2010; Forehand et al., 2012; Marinho & Silvares, 2001; McGilloway et al., 2012; Pardo & Carvalho, 2011).

Os modelos de treinamento para pais são descritos na literatura especializada como uma das possibilidades de intervenção psicoterapêutica para a família (Donohue et al., 2014; Hodgetts, Savage, & McConnell, 2013; Kazdin, 2003). Para alguns transtornos, esse modelo apresenta maior eficácia do que intervenções desenvolvidas apenas com crianças, uma vez que o ambiente familiar e social produz grande impacto no desenvolvimento infantil e prejuízos nas relações familiares podem ser responsáveis pela gênese de problemas de comportamento em crianças (Velasquez, Souza, Adjuto, Muñoz, & Silveira, 2010).

Estudos têm demonstrado que o treinamento de pais proporciona resultados positivos abrangentes, envolvendo diferentes habilidades e voltados para problemas diversos, tais como: ampliação do repertório de habilidades sociais educativas e maior uso de reforçamento positivo dos pais (Jouriles et al., 2010; Reed et al., 2013), diminuição dos problemas de comportamento (Bagner, 2013; McGilloway et al., 2012; Smith, Dishion, Shaw, & Wilson, 2013), melhora no desempenho acadêmico das crianças (Brennan et al., 2013; Spoth, Randall, & Shin, 2008), e déficit de atenção e hiperatividade (Chronis-Tuscano et al., 2013; Hauth-Charlier & Clément, 2014; Pfiffner, Villodas, Kaiser, Rooney, & McBurnett, 2013).

Em pesquisa realizada por Caleiro e Silva (2012) verificou-se que as intervenções responsáveis por maior efetividade do treinamento de pais são aquelas que têm por base orientar os mesmos a desenvolverem uma relação mais afetuosa com seus filhos e a reforçarem positivamente o comportamento adequado das crianças. Estilos parentais altamente exigentes e punitivos são diretamente relacionados a problemas de comportamento na infância.

A avaliação da eficácia dos treinamentos de pais e o desenvolvimento de protocolos estruturados de intervenção constituem-se em desafios metodológicos aos pesquisadores. Bolsoni-Silva, Silveira e Ribeiro (2008) avaliaram os resultados de um programa de intervenção realizado com pais que apresentavam dificuldades de interação social com os filhos. Revelou-se o aumento do repertório de habilidades sociais-educativas das mães, com resultados positivos em habilidades como comunicação, expressividade e estabelecimento de limites. Consequentemente, tais mudanças resultaram na redução de problemas de comportamento e no acréscimo de respostas socialmente habilidosas das crianças.

Nessa direção, o estudo de Weber, Brandenburg e Salvador (2006) verificou a eficácia do programa "Promoção da Qualidade de Interação Familiar" (PQIF), um protocolo estruturado de intervenção que orienta e capacita pais para que eles mesmos aprendam a manejar as contingências de práticas educativas. A análise qualitativa dos relatos dos pais demonstrou que os participantes passaram por um processo de autoconhecimento e apresentaram mudanças, como: aumento da participação e do envolvimento dos pais na vida dos filhos, estabelecimento de regras claras e consistentes, maior valorização de comportamentos adequados dos filhos e aumento da freqüência de elogios por parte dos pais, além da diminuição ou abandono do uso de palmadas. Ademais, o alto índice de participação dos pais (87,9%) foi considerado um indício positivo a favor da eficiência do programa.

Além disso, pesquisas têm sido realizadas na intenção de adaptar culturalmente programas de intervenção, como é o caso do estudo de Turner e Sanders (2007), que objetivou avaliar a adaptação do Programa de Parentalidade "Group Triple P - Positive Parenting Program" quanto à aceitabilidade e eficácia em uma comunidade indígena Australiana. O estudo de Lee, Griffiths, Glossop e Eapen (2010), mostrou sucesso com a mesma população ao testar o "Programa de Parentalidade Boomerangs", que possui uma base clínica e objetiva promover o aprimoramento da relação pai-filho. Neste último, apesar da pequena amostra não ter permitido a generalização dos resultados para a população em questão, as mães participantes forneceram feedback positivo, no sentido de que o programa aumentou a sensibilidade e a capacidade de respostas positivas nas suas interações com os seus filhos.

Os estudos empíricos em diferentes contextos que buscam desenvolver, adaptar ou avaliar programas de treinamento parental ratificam a importância desse tema e a preocupação da comunidade científica com o desenvolvimento de intervenções dirigidas à parentalidade. A técnica de treinamento de pais é amplamente investigada buscando abranger as diversas variáveis de comportamento tanto dos filhos como dos pais e incentivar melhores formas de relacionamento entre os mesmos (Caleiro & Silva, 2012). O treinamento de pais realizado em grupo tem se mostrado efetivo devido à possibilidade de troca de experiências entre os pais, o que contribui para maior aprendizado das orientações fornecidas ao longo da intervenção. A aplicação do treinamento em grupo também possibilita um alcance maior à população de forma mais econômica, tanto de recursos financeiros como humanos e, consequentemente, maior número de pessoas poderão beneficiar-se com a intervenção (Velasquez et al., 2010).

Considerando a importância do treinamento de pais e a necessidade de reunir informações que possibilitem a implementação dessa intervenção de forma eficaz, o objetivo deste estudo foi analisar as características metodológicas dos estudos empíricos sobre treinamento de pais, realizados em grupo. Pretendeu-se, ainda, descrever as técnicas empregadas nos treinamentos de pais descritos pelos estudos. Para isso, conduziu-se uma revisão sistemática da literatura nacional e internacional sobre o tema. Os estudos de revisão sistemática, organizando e discutindo investigações científicas, contribuem para o aprimoramento das práticas psicológicas, na medida em que descrevem métodos e técnicas relacionando-os com os resultados encontrados. Especificamente sobre o tema investigado, a expectativa é que os resultados possam servir de base para uma melhor adequação de programas aplicados ao contexto local, e para a escolha de técnicas adequadas ao objetivo da intervenção e à população alvo. Este estudo abrangeu artigos de 2006 a junho de 2014. Esse período foi definido considerando-se que o estudo de Bolsoni-Silva, Villas Boas, Romera e Silveira (2010) apresentou uma revisão sistemática com objetivo semelhante e que incluiu artigos nacionais e internacionais publicados até o ano de 2006.

 

Método

Foi realizada uma pesquisa baseada no método de revisão sistemática da literatura sobre o tema "treinamento parental", com os artigos publicados entre 2006 e junho de 2014. A consulta foi realizada entre julho e agosto de 2014, nas seguintes bases de dados: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs), Scientific Electronic Library Online (SciELO), Medline (via Biblioteca Virtual em Saúde [BVS]) e PsycInfo. Os termos utilizados na busca nas bases Lilacs e Scielo foram: (a) treinamento ou intervenção e pais; (b) família ou pais e intervenção. Nas bases Medline e PsycInfo, foi usada a seguinte combinação: (a) parent training or family intervention. Tais palavras poderiam estar localizadas no título, resumo ou assunto. Também foram utilizados os seguintes limites na busca: ano de publicação; relato de casos, estudo de coorte, estudo de casos e controles; com seres humanos e adultos; inglês e espanhol; publicados em "peer reviewed journal only"; "empirical study"; "journal article". Ao todo, foram encontrados 423 artigos.

Os resumos dos 423 artigos foram lidos por dois pesquisadores independentes e foram aplicados os seguintes critérios de exclusão: (a) estudos teóricos ou de revisão sistemática da literatura; (b) estudos com crianças e adolescentes, sem, contudo, haver intervenção na família; (c) estudos repetidos. Restaram, então, 74 potenciais estudos para a análise dos dados. Destes, foram excluídos 47 artigos após a leitura na íntegra, por não satisfazerem os seguintes critérios de inclusão: (a) abordar treinamento ou orientação de pais; (b) apresentar um treinamento realizado em grupo. Por fim, o número final de artigos considerados para a fase de extração dos dados foi 27, conforme indicado no fluxograma a seguir.

Dos estudos selecionados foram extraídos os seguintes dados: título do artigo, autores, ano de publicação, objetivo do estudo, público alvo, tamanho da amostra, delineamento, estratégias de intervenção e principais resultados.

 

Figura 1

 

Resultados e Discussão

A apresentação dos resultados será realizada de acordo com os objetivos do estudo, que foram analisar as características metodológicas dos estudos empíricos sobre treinamento de pais e apresentar as técnicas empregadas nos mesmos.

Características Metodológicas

A Tabela 1 apresenta as características metodológicas dos 27 estudos revisados, incluindo: nome dos autores e ano de publicação, delineamento, público alvo da intervenção, número de indivíduos que participaram da intervenção e do grupo controle (quando presente), e número total dos encontros referentes ao grupo que recebeu a intervenção. Ao longo do texto, a referência aos estudos se dará através da numeração da Tabela 1.

A Figura 2 mostra o delineamento dos estudos de acordo com os anos de publicação. Observa-se que o número de artigos publicados sobre treinamento de pais vem aumentando ao longo dos anos, de forma geral. Com exceção dos anos de 2007 e 2013, que mostram uma pequena queda quanto ao número de publicações, a quantidade de estudos publicados amplia-se anualmente, com um maior número de estudos publicados em 2014 (sete estudos). Considerando o período da análise, a média de publicações foi de três artigos por ano (M=3).

 

 

Com relação ao delineamento, nota-se maior frequência de ensaios clínicos randomizados (ECR). O achado vai ao encontro dos dados levantados por Bolsoni-Silva et al. (2010), que perceberam o aumento da utilização de ECR a partir do ano 2001. Do total de artigos selecionados, 18 utilizaram esse delineamento (3, 4, 6, 9, 10, 12, 13, 14, 15, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 24, 25, 27), representando 66,7% da amostra. Por se tratar de estudos que almejam avaliar os efeitos de programas de intervenção, esse tipo de delineamento se faz vantajoso, uma vez que possibilita o controle de um maior número de vieses, aumentando a validade interna dos estudos (Campbell & Stanley, 1979). Além do ECR, foram encontrados três estudos desenvolvidos através do desenho quase experimental (1, 11, 26), um caso controle (16) e um estudo etnográfico (7).

Sobre o público alvo, que consta na Tabela 1, o termo Família refere-se à tríade pai-mãe-filho, que realizaram a intervenção juntos, em grupo; Pais indica que pais e mães foram convidados a participar da intervenção; o termo Pais e crianças trata das sessões que ocorreram tanto com os pais, quanto com os filhos, porém em grupos separados. Nos três casos, ambos os genitores foram convidados a participar do estudo, mas poderia comparecer apenas um representante do casal, ficando a critério da família a disponibilidade para tal.

Concluímos que o maior número de estudos teve como público alvo somente os pais, representando 52% da amostra (1, 2, 4, 7, 10, 11, 12, 16, 21, 23, 24, 25, 26, 27), seguido de estudos que intervém com os pais e os filhos, porém em grupos separados, com 22% (3, 8, 12, 13, 15, 18). Já as pesquisas que envolvem a família têm menor frequência, com 19% (5, 6, 17, 19, 22). Um estudo encontrado teve como público alvo especificamente as mães com depressão ou com histórico da doença (20), enquanto outro se referia a casais (9), completando o número total dos estudos encontrados (7%).

Ainda sobre o público alvo, é relevante citar que três artigos incluíram os professores em algum momento da intervenção, nos casos de transtornos disruptivos: ou em reuniões individuais - de 2 a 3 encontros - com os pais e a criança (15, 18), ou participando de um treinamento em grupo para minimizar os sintomas internalizantes dos jovens, visando também construir um processo de socialização consistente entre a casa e a escola (12). Ademais, três estudos tiveram um componente individual para pais e filhos (24, 25, 26), onde foram realizados alguns encontros somente com a díade, na intenção de complementar as sessões grupais. Ao mesmo tempo, chama a atenção o fato de que apesar de pais e mães serem convidados a participar dos programas, a predominância da participação nos grupos é feminina, chegando a atingir mais de 90% da amostra (2, 14).

No que se refere ao tamanho da amostra utilizada nas pesquisas, houve variação entre três e 513 sujeitos no grupo de intervenção, e entre 15 e 269 no grupo controle. Foram encontradas diferenças em termos de nomenclatura, pois alguns artigos referem-se ao número total de famílias participantes, enquanto outros apresentam o número total de sujeitos da amostra. Por isso, na Tabela 1, optamos por manter a classificação dos autores.

A presença de um grupo controle de lista de espera foi evidenciada em 12 pesquisas, representando 44% da amostra (2, 3, 4, 6, 10, 14, 16, 19, 22, 24, 25, 27); outros três estudos (11%) incluíam dois ou mais grupos de intervenção, além do grupo controle (9, 12, 21); cinco artigos (19%) não têm grupo controle, mas apresentam dois ou mais grupos que sofreram alguma intervenção para comparação dos resultados (13, 15, 17, 20, 26); e sete deles (26%) não utilizaram a condição controle (1, 5, 7, 8, 11, 18, 23). Segundo Cozby (2003), o uso de delineamentos experimentais envolvendo grupos controle aumenta a confiabilidade dos resultados observados. Os estudos que não utilizaram grupo controle (1, 8, 11, 18, 23) discutiram essa característica como uma limitação, pois apesar de se verificar modificações nos participantes que experienciaram a intervenção, existem dificuldades metodológicas para avaliar o papel dessa nos resultados encontrados.

Observou-se a ocorrência do follow-up para avaliar longitudinalmente os resultados dos programas investigados, apresentando variação de três meses a 10 anos. O mais utilizado é o follow-up de até seis meses após a intervenção (22% dos estudos). Do total, 18 estudos (66,7%) utilizaram a avaliação longitudinal (5, 9, 10, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27), enquanto nove (33,3%) realizaram somente a avaliação logo após o término dos grupos (1, 2, 3, 4, 6, 7, 8, 11, 18), entre eles os dois estudos nacionais analisados. A ausência de follow-up impede a verificação da manutenção das mudanças ocorridas nos participantes após a intervenção. Esse dado é importante para que se possa avaliar a eficácia dos grupos de orientação a pais. O fato de estarem incluídos, entre os estudos que não utilizaram follow-up, os dois trabalhos nacionais remete a necessidade de qualificação das investigações nacionais quanto a esse aspecto.

Os resultados encontrados acerca das características metodológicas dos estudos que foram incluídos nessa revisão sugerem uma preocupação com o rigor no método científico. A maior frequência de estudos que utilizaram ECR, grupo controle e realizaram follow-up evidenciam tal preocupação.

Características da Intervenção

Países. A diversidade dos países nos quais os estudos ocorreram indica que as intervenções grupais, especialmente sobre práticas educativas e transtornos disruptivos, são uma grande preocupação atual. Destaca-se que, dos 27 estudos encontrados na revisão sistemática sobre treinamento de pais que atenderam aos critérios de inclusão e de exclusão, apenas dois deles são brasileiros (1, 11), identificando uma lacuna na literatura nacional sobre o tema. Em contrapartida, o país que mais se destacou em termos de número de publicação foram os Estados Unidos, com 13 publicações (4, 7, 8, 9, 12, 13, 15, 17, 18, 19, 20, 22, 26). Também foram encontrados estudos na Espanha (2); Alemanha (3); Japão (6); Austrália (10, 23); China (21); México (24); África do Sul (25); Holanda (16, 27); Irlanda (14); e Reino Unido (5).

Número de Encontros. O número de encontros do grupo variou de quatro a 24, e não foi encontrada relação com o público alvo, pois não se manteve um padrão em nenhuma das categorias utilizadas. Quanto à periodicidade das sessões, em 20 dos estudos os encontros realizaram-se semanalmente (1, 2, 4, 5, 7, 8, 9, 12, 13, 14, 15, 16, 18, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 27); dois deles apresentaram as sessões iniciais semanalmente, seguidas por sessões quinzenais e mensais (17, 19); um deles foi quinzenal (10); em um os encontros se deram duas vezes por semana (11); um estudo teve a periodicidade de quatro vezes por semana, no qual os oito encontros foram realizados em duas semanas (3); por fim, a periodicidade das sessões não constava em duas das pesquisas (6, 26).

Objetivo da Intervenção

As pesquisas que abordam treinamentos específicos com o objetivo de aprimorar as práticas educativas parentais, visando resultados positivos na relação entre pais e filhos, foram as mais frequentes, como mostra a Figura 3, com sete artigos analisados (1, 6, 7, 10, 11, 21, 22). Os estudos relativos a Transtornos Disruptivos foram igualmente significantes, demonstrando preocupação a nível científico pelos transtornos de comportamento (4, 8, 14, 16, 18) e Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH; 15, 18). Também foram encontrados cinco estudos de orientação para pais portadores de psicopatologia, tais como depressão e ansiedade (3, 20, 23, 24, 27). Quatro estudos apresentaram enfoque preventivo (2, 9, 17, 25), sendo um deles com orientações a um grupo de mães que habitam em uma comunidade de alto risco psicossocial relacionadas a cuidados com a saúde e desenvolvimento de seus filhos; outro estudo realizado com casais com o objetivo de aboradar questões relacionadas à relação dos mesmos, a fim de incentivar a harmonia familiar e evitar que os problemas do casal afetem a relação com os filhos; outro estudo realizado para avaliação do ensino de técnicas parentais a um grupo composto por pais que apresentavam sintomas depressivos com objetivo de prevenir que os filhos desenvolvessem problemas comportamentais; e também um estudo realizado com um grupo para orientação de pais de adolescentes em relação à prevenção do contágio por HIV, a fim de aprimorar o diálogo entre pais e filhos sobre assuntos relacionados à sexualidade e prevenção de HIV. Por fim, três estudos eram referentes a problemas alimentares/obesidade (5, 13, 19) e dois tratavam de transtornos internalizantes (12, 26).

 

 

Técnicas Identificadas

No que diz respeito às técnicas utilizadas nos treinamentos de pais avaliados, verificou-se que a maioria está relacionada à terapia cognitivo-comportamental, conforme ilustrado na Figura 4. Dentre os artigos que se propuseram a explicá-las de forma clara, notou-se o uso de materiais audiovisuais para modelagem e feedback, visando enriquecer os debates e proporcionar o envolvimento prático dos pais quanto ao conteúdo e técnicas aprendidas. Também foram utilizados o treino de resolução de problemas, a tarefa de casa, e a discussão dos temas abordados em pequenos grupos.

 

 

Analisando as técnicas de acordo com o objetivo dos estudos (Figura 5), verificou-se que, de forma geral, não foi encontrado nenhum tipo de padronização dos programas, quanto a número de encontros, número de sessões ou uso de follow-up. Entretanto, algumas técnicas se repetem em estudos com o mesmo objetivo: (a) Práticas educativas parentais: feedback (7, 11), consistindo na correção de atitudes inadequadas por parte dos pais participantes dos grupos em relação à educação de seus filhos, assim como no reforçamento de postura adequada; role play (11, 22), onde os pais foram incentivados a assumirem e reproduzirem o papel de seus próprios filhos diante do grupo de participantes a fim de reviver situações em que o comportamento inadequado dos filhos se manifestou, e assim, possibilitar maior compreensão a respeito do comportamento de seus filhos e aprimorar o vínculo afetivo e a relação entre pais e filhos; e discussões (1, 22) nas quais foram debatidos entre os participantes suas dúvidas, experiências e formas corretas de lidar com o comportamento de seus filhos; (b) Psicopatologia parental: feedback (23, 3); (c) Problemas de alimentação: resolução de problemas (19, 13), que consistiu no ensino aos participantes de dieta adequada e diversos hábitos saudáveis, a fim de promover o emagrecimento e saúde de pais e filhos; (d) Transtornos disruptivos: role play (16, 14, 4) e modelagem (14, 4) onde foram ensinadas práticas educativas positivas ligadas ao comportamento dos pais as quais poderiam ser transferidas ao comportamento de seus filhos.

 

 

O uso de chamadas telefônicas individuais aos participantes para complementar as sessões de grupo ocorreu em alguns estudos, servindo como suporte do coordenador e para refinar as intervenções, quando necessário (10, 14, 15). Não obstante, as chamadas telefônicas também ocorreram no caso de ausência dos participantes em algum dos encontros. Os coordenadores dos grupos realizaram telefonemas (de 20 a 30 minutos) visando informar os sujeitos sobre os temas trabalhados, para que não houvesse prejuízo quanto ao conteúdo e ao seu seguimento no grupo (21). Outra estratégia interessante foi encontrada no estudo de Gewirtz et al. (2014), que desenvolveu um conjunto de ferramentas online para o programa, que poderia ser acessado a partir de casa a qualquer momento servindo como reforço das sessões. A base online incluía vídeos sobre as competências parentais positivas e exercícios de conscientização ensinados, ficando disponíveis para download aos participantes, como incentivo à prática diária.

Observa-se, em 33% da amostra deste estudo, que houve algum tipo de compensação financeira às famílias para incentivar a participação (4, 6, 8, 14, 15, 18, 19, 21, 22). As famílias foram remuneradas em dinheiro a cada etapa de coleta dos dados, ou foi, no mínimo, fornecido reembolso dos gastos referentes à participação na pesquisa, como transporte, alimentação e creche para as crianças que não frequentam os grupos. Essa prática não é permitida no Brasil, mas pode-se inferir pelo maior número de publicações internacionais que este pode ser um fator que contribui para permanência dos sujeitos ao longo da pesquisa.

Principais Resultados. Sobre os principais resultados dos artigos analisados, notou-se que o maior número de estudos alcançou mudanças nas práticas parentais (1, 2, 4, 6, 10, 11, 17, 25, 26, 27), representando 37% da amostra, seguido por resultados na redução de problemas de comportamento das crianças e melhora nas práticas parentais (3, 15, 16, 20, 24), com 18,5%. Com uma porcentagem similar (15%), foram encontradas pesquisas que tratam de melhoras no comportamento, juntamente com mudanças nas relações familiares (7, 8, 9, 14). Em 7% da amostra, os resultados obtidos foram em relação à redução de problemas de comportamento (12, 18); e por fim, um estudo alcançou resultados na melhora das práticas e na relação familiar (21), o equivalente a 4%. Trabalhos que alcançaram resultados em categorias não contempladas no gráfico foram inseridos na categoria outros (5, 13, 19, 22, 23), alcançando, também, 18,5% do total da amostra.

Portanto, a análise dos principais resultados encontrados aponta que a totalidade dos estudos realizados alcançou resultados positivos, enquanto a maioria focalizou as competências dos pais, o que tende a contribuir para a manutenção dos resultados alcançados com as crianças.

 

Considerações Finais

O objetivo deste artigo foi realizar a análise das características metodológicas dos estudos empíricos sobre treinamento de pais e apresentar as técnicas empregadas. Verificou-se um número significativo de estudos sobre treinamento parental na literatura internacional. Entretanto, poucos descrevem a intervenção, em termos de metodologia, técnicas e recursos, com clareza. Se por um lado, os delineamentos escolhidos pela maioria dos estudos (ECR, grupo controle e follow-up) contribuem para a confiança nos resultados quanto à eficácia da intervenção, por outro lado, a ausência de detalhamento acerca da intervenção pesquisada dificulta a replicação dos estudos e limita a identificação das técnicas que produzem melhores resultados.

Técnicas padronizadas como utilização de vídeo, role play, modelagem e resolução de problemas foram as mais utilizadas e contribuem para efeitos satisfatórios, como visto nos resultados encontrados. Ressaltam-se a utilização de chamadas telefônicas e o uso da internet como meios alternativos de acesso aos participantes. Mesmo que estas sejam maneiras difíceis de serem generalizadas a todas as populações, destacam-se como meios interessantes para manter os participantes na intervenção e poderiam ser mais explorados em estudos futuros.

Os resultados desta pesquisa sugerem um interesse crescente e global pela área de treinamento parental, como se pôde observar por meio do número de publicação ao longo dos anos e da diversidade de países que apresentam estudos neste contexto. Contudo, observamos que a quantidade de pesquisas preventivas ainda é pequena, quando comparada aos estudos que enfocam transtornos ou problemas já presentes a nível individual e/ou familiar. A preocupação em promover intervenções preventivas também deve ser contínua, principalmente no âmbito da saúde pública, em função de suas vantagens humanas e econômicas (Velasquez et al., 2010).

Ainda, os programas de orientação parental desenvolvidos e apresentados neste estudo, de acordo com os resultados obtidos, alcançaram efeitos positivos, sugerindo principalmente implicações em relação a mudanças positivas no repertório de habilidades dos pais.

Quanto aos estudos nacionais, identificou-se um pequeno número de pesquisas que cumpriram os critérios de inclusão. Dois estudos nacionais foram incluídos nessa análise e nenhum realizou uma avaliação dos resultados a longo prazo (follow-up). Esse dado indica a necessidade de mais investigação sobre o tema no Brasil. Possivelmente, isso represente a superação de dificuldades metodológicas como desenvolver estudos com um tamanho amostral representativo, manter os participantes ao longo da intervenção e acompanha-los após o término dessa. Nesse sentido, entende-se que os estudos de revisão sistemática da literatura podem contribuir para que pesquisadores possam identificar estratégias metodológicas e intervenções terapêuticas que viabilizam tanto a construção de projetos de pesquisa, quanto à atuação psicológica.

 

Referências

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Endereço para correspondência:
Ariane Bochi
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, Departamento do Curso de Psicologia
Rua Sarmento Leite, 245, Sala 208, Centro Histórico
Porto Alegre, RS, Brasil 90050-170
E-mail: arianebochi@hotmail.com, daiana_friedrich@hotmail.com e janainapacheco@uol.com.br

Recebido: 27/01/2015
1ª revisão: 29/04/2015
Aceite final: 22/05/2015