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Temas em Psicologia

versão impressa ISSN 1413-389X

Temas psicol. vol.24 no.4 Ribeirão Preto dez. 2016

http://dx.doi.org/10.9788/TP2016.4-19 

ARTIGOS

 

Considerações metodológicas na elaboração de experimentos com priming de repetição

 

Methodological considerations in the elaboration with repetition priming experiments

 

Consideraciones metodológicas en la preparación de experimentos con priming de repetición

 

 

Juliana Burges SbicigoI; Gerson Américo JanczuraII; Jerusa Fumagalli de SallesIII

IPrograma de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil
IIDepartamento de Processos Psicológicos Básicos da Universidade de Brasília, Brasília, DF, Brasil
IIIDepartamento de Psicologia do Desenvolvimento e da Personalidade da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O paradigma experimental do priming permite lançar luz sobre diferentes aspectos dos processos de memória e possui diversas aplicações. Priming é um efeito de memória implícita, no qual há a recuperação não consciente de informação experienciada recentemente. No Brasil, o volume de pesquisas utilizando esta metodologia é pouco expressivo se comparado à literatura internacional. Buscando incentivar estudos nesse paradigma, o presente artigo tem como objetivo apresentar e discutir aspectos metodológicos relevantes à elaboração de experimentos com priming de repetição, com ênfase na seleção de materiais (software, estímulos normatizados para o Brasil e relevância de fatores psicolinguísticos) e na manipulação de variáveis (instruções e tempo de exposição dos estímulos, por exemplo). Concluiu-se que: a) PsycoPy é uma excelente opção de software de acesso livre, enquanto E-prime é uma excelente opção com exigência de licença; b) estímulos dos testes de priming precisam dispor de normas brasileiras, considerando aspectos psicolinguísticos e normas para as propriedades de estímulos pictórios; c) Stimulus Onset Asynchrony (SOA) curtos (menores que 300 ms) associados à máscara são excelentes para investigar ativações automáticas e não conscientes de priming; e d) técnicas para reduzir a influência explícita devem ser utilizadas, como o Critério da Intencionalidade da Recuperação. São apresentadas recomendações para pesquisas futuras.

Palavras-chave: Priming de repetição, memória implícita, psicologia experimental, cognição.


ABSTRACT

The priming experimental paradigm sheds light on different aspects of memory processes and has several applications. Priming is an implicit memory effect, in which there is no conscious retrieval information recently experienced. In Brazil, very few studies using this methodology comparing to the international literature is observed. Aiming to encourage studies to use this paradigm, the goal of this paper is to present and discuss methodological aspects relevant to the elaboration of repetition priming experiments emphasizing the selection of materials (software, standardized stimuli lists for Brazil and the relevance of psycholinguistic factors) and the manipulation of variables (instructions and exposure time of the stimuli, for example). The conclusion was that: a) PsycoPy is an excellent free software access option, while E-prime is an excellent option to license requirement; b) priming stimuli tests must have Brazilian norms, considering psycholinguistic aspects and norms for property pictorial stimuli; c) short Stimulus Onset Asynchrony - SOA (less than 300 ms) associated with the mask are excellent to investigate automatic and not conscious priming activations; and d) techniques to reduce the explicit influence should be used as the Retrieval Intentionality Criterion. Finally, recommendations for future research are presented.

Keywords: Repetition priming, implicit memory, experimental psychology, cognition.


RESUMEN

El paradigma experimental de priming permite arrojar luz sobre diferentes aspectos de los procesos de memoria y tiene muchas aplicaciones. En Brasil, el volumen de investigación utilizando esta metodología es pequeño si se compara con la literatura internacional. Tratando de fomentar los estudios en este paradigma, este artículo tiene como objetivo presentar y discutir aspectos metodológicos relacionados con la preparación de los experimentos con cebado repetición, con énfasis en la selección de materiales (software, estímulos estandarizados a Brasil y la pertinencia de los factores psicolingüísticos) y la manipulación variables (instrucciones y tiempo de exposición del estímulo, por ejemplo). Se concluyó que: a) PsycoPy es una opción excelente software de libre acesso , mientras que E-Prime es una excelente opción para requisito de licencia; b) pruebas de priming estímulos deben tener normas brasileñas, t eniendo en cuenta los aspectos psicolingüísticos y normas para los estímulos de propiedad pictórios; c) SOAs cortas (menos de 300 ms) con la máscara asociada son excelentes para investigar las activaciones automáticas y no conscientes de priming; y d) técnicas para reducir la influencia explícita deben utilizarse como la I ntencionalidad de R ecuperación C riterio. Se presentan recomendaciones para la investigación futura .

Palabras clave: Priming de repetición, memória implícita, psicología experimental, cognición.


 

 

Priming consiste em um efeito de memória implícita, no qual ocorre a recuperação não consciente e não intencional de informação experienciada recentemente (Graf & Schacter, 1985). Em estudos de priming de repetição, a memória implícita é demonstrada através de uma mudança na identificação, produção ou classificação de um item (estímulo) em decorrência de um encontro recente com esse item sem haver consciência da relação entre o momento da exposição inicial ao item e a recuperação posterior (Tulving & Schacter, 1990). O encontro prévio facilita o processamento do item, o que significa que ele deverá ser recuperado de forma automática (Jacoby, 1991).

O paradigma experimental do priming foi introduzido na literatura em meados da década de 1970 (Cofer, 1967) para investigar a identificação e associação de palavras em testes que não exigiam consciência da aprendizagem. Na década seguinte, esse paradigma foi consolidado na pesquisa neuropsicológica quando indivíduos com memória explícita prejudicada ou com amnésia mostravam desempenho comparável ao de controles naqueles testes (Schacter, Dobbins, & Schnyer, 2004). Essa dissociação entre memória implícita (priming) e explícita (recordação ou reconhecimento) também foi investigada em indivíduos saudáveis para verificar aspectos nos quais esses tipos de memória dissociavam-se funcionalmente, conforme manipulações do tipo codificação, tempo de estudo e atenção dividida (Roediger & McDermott, 1993). Nos últimos 30 anos, os avanços teórico-metodológicos no paradigma do priming e o advento das técnicas de imageamento cerebral têm permitido investigar em profundidade diferentes processos cognitivos envolvidos, por exemplo, na percepção visual e seus respectivos correlatos neurais (Segaert, Weber, Lange, Petersson, & Hagoort, 2013).

O priming é tradicionalmente avaliado através de testes perceptuais ou conceituais (Roediger, 1990). Os primeiros dependem de características superficiais (físicas [formas, cor, posição, etc.]) dos estímulos e são sensíveis a manipulações da informação perceptual (p.ex., visual vs. aditivo), como os testes de decisão lexical, completar fragmentos (palavras ou imagens), identificação perceptual (palavras ou imagens) e nomeação de figuras. Por outro lado, os testes conceituais exigem a análise e retenção do significado do estímulo, enfatizando atributos semânticos como no teste de produção de exemplar de categoria e questões sobre conhecimento geral. As Tabelas 1 e 2 caracterizam os testes clássicos de priming de repetição perceptual e conceitual, respectivamente.

Os testes perceptuais ou conceituais devem relevar um efeito de priming, isto é, uma facilitação ao responder a itens vistos antes, que é revelada pela maior acurácia da resposta (acerto/ erro) e/ou redução no tempo de reação – TR em milissegundos (Schacter, Chiu, & Ochsner, 1993). Em testes como identificação perceptual, completar radical de palavras e produção de exemplar da categoria, o efeito tem sido calculado pela média ou mediana de acertos em itens estudados (old) menos a média ou mediana de acertos ao acaso em itens não estudados (new), isto é, Mold – Mnew= Mpriming. Há variações no cálculo do efeito com TR, uma vez que pode ser analisada somente a média ou mediana para itens corretos (ex.: Lozito & Mulligan, 2010) ou a diferença no TR para itens estudados (old) e não estudados (new), isto é, MTRnew- MTRold= MTRpriming (ex.: Xiong, Franks, & Logan, 2003). Em decisão lexical, a medida mais utilizada têm sido a média do TR para itens corretos (ex.: Kessler & Moscovitch, 2013). No teste de priming para novas associações, é realizada a comparação entre o desempenho em pares intactos relativo a pares recombinados (Kinoshita, 1999).

O desenvolvimento de estudos experimentais com testes de priming de repetição exige cuidados metodológicos que vão desde a seleção dos estímulos que compõe os testes até o efeito da manipulação de variáveis. O presente artigo apresenta e discute esses aspectos metodológicos em duas seções: (a) materiais para a elaboração de experimentos de priming, com ênfase na seleção de softwares, estímulos pictórios e verbais, tarefas distratoras e secundárias; e (b) manipulação de variáveis e seus efeitos no priming, destacando desde os cuidados experimentais, como a calibração pré-experimental e as técnicas para reduzir a influência explícita, até a manipulação de variáveis, como instruções, tempo de exposição dos estímulos e forma dos itens entre estudo e teste.

 

Materiais para Elaboração de Experimentos de Priming de Repetição

Softwares

Os softwares mais utilizados para produzir experimentos de priming são o E-prime (Schneider, Eschman & Zuccolotto, 2002), DMDX (Forster & Forster, 2003), PsychoPy (Peirce, 2007), SuperLab (SuperLab, 2011) e MATLAB (Math-Works, Natick, MA). DMDX e PsycoPy são softwares livres, enquanto os demais exigem licença. Esses programas possuem como funções básicas (Stangor, 2010):

1. Permitir ao experimentador indicar quais estímulos serão apresentados em ordem aleatória ou sequencial,

2. Designar as condições experimentais aleatoriamente para as diferentes condições experimentais e apresentar diferentes instruções e estímulos nas diferentes condições,

3. Apresentar uma variedade de estímulos como textos, gráficos, vídeo e áudio, que podem ser escolhidos aleatoriamente de listas, agrupadas em blocos, e colocadas em diferentes locais na tela;

4. Coletar respostas, incluindo formato fixo ou livre, em teclado, mouse, voz ou botão de entrada,

5. Medir precisamente o tempo de duração em que o estímulo é mostrado, assim como o tempo decorrido entre a apresentação de um estímulo e a resposta do participante e

6. Registrar todos os dados em um arquivo que pode ser importado em outros pacotes de programas. Um estudo recente (Garaizar, Vadillo, López-de-Ipiña, & Matute, 2014) comparou E-prime, PsycoPy e DMDX e concluiu que: (a) os três possuem alta precisão e acurácia quanto ao tempo de exposição de estímulos visuais conforme configurado pelo experimentador, mas DMDX possui a vantagem de medir o tempo não apenas em milissegundos, mas também em ticks (ou pulso, medida mais próxima do tempo real), que reduz fontes de erro de mensuração; (b) E-prime e PsycoPy possuem uma interface bastante amigável, enquanto DMDX envolve maior dificuldade de programação com a sintaxe DMASTR; e (c) PsycoPy pode ser combinado com Graphical User Interface (GUI) para produzir experimentos mais sofisticados e pode ser rodado em outros sistemas além do Windows, como Linux e Mac OS X). O SuperLab é um programa de interface acessível, entretanto é considerado menos flexível que o E-prime para experimentos complexos em algumas funções, tal como realizar sobreposição de estímulos. MATLAB é um programa de alto desempenho, agregando diferentes linguagens de programação. A ele pode ser incorporada a Caixa de Ferramentas de Priming Mascarado (Masked Priming Toolbox), que fornece uma variedade de estímulos e máscaras, que podem ser parametrizados quanto ao tempo, tamanho, localização e orientação (Wilson, Tresilian, & Schlaghecken, 2011). MATLAB é frequentemente usado em experimentos de priming com Ressonância Magnética Funcional (fMRI) e algumas ferramentas adicionais permitem análises avançadas de redes neurais (http://www.neurosolutions.com/products/nsmatlab/), embora outros programas, como o E-prime, também possam utilizar extensões para fMRI.

Estímulos Pictórios

Há disponíveis normas brasileiras dos estímulos desenvolvidos por Snodgrass e Corwin (1988), que consistem em imagens de animais e objetos comuns desenhados em preto no fundo branco. As normas atendem aos critérios de nomeação, familiaridade e complexidade visual para crianças e adultos (Pompéia & Bueno, 1998; Pompéia, Miranda, & Bueno, 2001, 2003). Em testes no paradigma de completar fragmentos, a fragmentação das imagens pode ser realizada com o programa ULTRAFRAG (Life Science Associates, Bayport, NY), que utiliza o método de Snodgrass, Smith, Feenan e Corwin (1987), removendo blocos de pixels (16 x 16) aleatórios da imagem. É possível fragmentar a figura em até oito níveis (nível 1 - mais fragmentado e nível 8 - menos fragmentado), porém utilizar até seis níveis já pode ser o suficiente, pois os níveis 7 e 8 já mostram a imagem praticamente completa.

Estímulos Verbais

Há listas de estímulos verbais normatizadas para o português brasileiro, nas quais são considerados diferentes aspectos psicolinguísticos (frequência, concretude, força associativa, entre outros) que, se não controlados, podem gerar efeitos indesejáveis de confusão nos resultados (Janczura, 2005). Estão disponíveis normas brasileiras de: frequência de palavras na língua para crianças (Pinheiro, 1996) e adultos (Kuhn, Abarca, & Nunes, 2000; Sardinha, 2004); concretude de palavras (Janczura, Castilho, Rocha, van Erven, & Huang, 2007); associação semântica de palavras para adultos (Buratto, Gomes, Prusokowski, & Stein, 2013; Salles et al., 2008; Zortea & Salles, 2012) e crianças (Salles, Holderbaum, & Machado, 2009); associação semântica para 69 categorias naturais (Janczura, 1996); e contexto e associação semântica para 20 categorias naturais (Janczura, 2005). Normas de frequência, associação semântica, concretude e frequência de palavras são também encontradas em Stein e Gomes (2009). Estão ainda disponíveis 108 palavras de cinco letras normatizadas por Pompéia e Bueno (2006), que são direcionadas ao teste de completar radical de palavras.

Frequência. Quanto maior o uso da palavra na língua (frequência), maior o grau de automaticidade e velocidade do processamento (MacLeod & Kampe, 1996). Por serem mais familiares, palavras de alta frequência exigem menos atenção e são processadas mais rápido que palavras de baixa frequência. Por serem menos familiares, palavras de baixa frequência devem aumentar mais em familiaridade com a repetição da exposição se comparadas às palavras de alta frequência. De fato, palavras de baixa frequência estiveram associadas a um maior efeito de priming perceptual em testes de decisão lexical, identificação de palavra, completar fragmentos de palavra e completar radical de palavra (ex.: Duchek & Neely, 1989; Forster & Davis, 1984; Kirsner, Milech, & Standen, 1983; MacLeod & Kampe, 1996). Testes conceituais como verificação da categoria mostraram-se, por outro lado, menos afetados pela frequência da palavra (Balota & Chumbley, 1984). Normas de frequência de palavras são fornecidas em estudos brasileiros (Kuhn et al., 2000; Pinheiro, 1996; Sardinha, 2004).

Concretude. Palavras concretas possuem vantagem em relação às abstratas, com as primeiras sendo processadas mais rápida e acuradamente por serem registradas tanto no código lexical quanto sensorial, enquanto, as últimas, apenas no código lexical (Paivio, 1971). O efeito de concretude foi verificado em decisão lexical, com respostas mais rápidas para palavras concretas (Kounios & Holcomb, 1994). Apesar do efeito de concretude ter sido pouco pesquisado em outros testes de priming¸ ele deve ser controlado devido a seu potencial de afetar o processamento dos itens e produzir resultados com viés. Normas de concretude para 909 palavras do português brasileiro estão disponíveis em Janczura et al. (2007).

Vizinhança Ortográfica. Se uma palavra alvo ("carta") puder ser modificada ao trocar uma letra ("carga") sem modificação da posição das demais letras, isso influenciará no processamento desse item. Em teste de identificação perceptual, por exemplo, foram cometidos mais erros em palavras com vizinhos ortográficos de maior frequência na língua e menor porcentagem de erros nas palavras com muitos vizinhos ortográficos (Justi & Roazzi, 2012). Em decisão lexical, foi observado um efeito inibitório do número de vizinhos ortográficos e do número de vizinhos de maior frequência que a da palavra-alvo em crianças, enquanto esses aspectos exerceram efeito facilitador em adultos (Justi & Pinheiro, 2008).

Força da Associação. Quanto maior for a força associativa (força pré-existente entre as palavras de um par) maior será a probabilidade de um alvo ser evocado a partir de uma pista em um teste de associação livre (Nelson, Dyrdal, & Goodmon, 2005). Esse aspecto é importante, sobretudo na seleção de categorias naturais e seus respectivos exemplares na elaboração do teste de produção de exemplar da categoria. A força de associação dos exemplares às suas respectivas categorias pode ser fraca (até 10%), média (10 a 24%) ou forte (a partir de 25%), conforme Coney (2002). Exemplares fortemente associados à categoria devem ser evitados, pois o efeito será melhor explicado pela força de associação pré-existente ao invés de ser pelo efeito de priming (Roediger & Geraci, 2003).

Tarefas Distratoras

Essas tarefas são utilizadas no intervalo entre fases de estudo e teste. Elas têm como objetivo retirar os estímulos da fase de estudo da memória de trabalho. Podem ser de tipos variados, como testes de memória de trabalho (ex.: N-back, span de dígitos, monitoramento de estímulos [palavras, dígitos, sons]) ou testes como geração de nomes de cidades a partir de radicais de palavras, dentre outras (ex.: Clarke & Butler, 2008; Mulligan & Hartman, 1996). O termo tarefa distratora também é cunhado para designar tarefas realizadas simultaneamente a testes de memória, mas, na literatura de priming, essa tarefa é frequentemente denominada de tarefa secundária.

Tarefas Secundárias

São realizadas concomitantes ao teste de memória, nesse caso, ao teste de priming. Tarefas secundárias têm sido tipicamente empregadas com o objetivo de sobrecarregar os recursos atencionais durante a realização do teste de priming e investigar se os processos nele envolvidos são automáticos. Essas tarefas também têm sido utilizadas para investigar o papel da memória de trabalho e seus subcomponentes no priming (ex.: Baqués, Saíz, & Bowers, 2004). Tarefas secundárias comumente utilizadas são: monitoramento de sílabas ou dígitos, monitoramento de tons puros (em Hz), decisão de número par ou ímpar, decisão quanto a se uma palavra contém uma ou duas sílabas, adição de número ou carga de memória de curto prazo (ex.: sequências de estímulos são apresentadas antes de cada item do teste de priming e devem ser recordados após aparição do item). As tarefas secundárias podem ser divididas nas categorias: (a) fácil, se exigem baixa frequência de resposta, como as tarefas de monitoramento de sílaba ou dígito e não são utilizadas de forma sincrônica ao teste de memória e, (b) difícil, se elas exigem alta frequência de resposta, como as tarefas de adição de número e são sincrônicas ao teste de memória (Rohrer & Pashler, 2003; Spataro, Cestari, & Rossi-Arnaud, 2011). As tarefas secundárias difíceis têm afetado o priming em alguns estudos (ex.: Gabrieli et al., 1999; Mulligan, 2003).

 

Manipulação de Variáveis em Experimentos de Priming de Repetição

Nessa seção, são apresentados desde cuidados metodológicos (calibração pré-experimental e técnicas para reduzir a influência explícita) à manipulação de variáveis. Dentre as variáveis passíveis de manipulação, destacam-se aqui as instruções, tempo de exposição dos estímulos e efeitos das mudanças no estímulo entre as fases de estudo e teste.

Calibração Pré-Experimental

A calibração permite verificar a sensibilidade do experimento de priming já no período pré-experimental. É interessante que a linha de base revele acertos entre 25% e 35%. Em completar radical de palavra, por exemplo, a taxa de acertos de linha de base deve ser razoavelmente baixa para que os efeitos obtidos sejam devido ao priming. Se a taxa de acertos for muito alta, então é difícil obter priming devido ao efeito de teto. Se a taxa for muito baixa, significa que o teste está muito difícil e os efeitos de priming não poderão ser observados devido ao efeito chão. Em produção de exemplar da categoria, controlar a força de associação contribui para evitar tais efeitos. A calibração também permite verificar se a magnitude do efeito de priming é satisfatória. Em testes perceptuais, a magnitude tende a ser entre 20% e 40%, enquanto em testes conceituais, entre 5% e 20% (Roediger & Geraci, 2003).

Instruções

As instruções deverão minimizar a intencionalidade. O participante é instruído a realizar o teste com maior habilidade possível, mas nenhuma menção é feita sobre a necessidade recordar os estímulos em um momento posterior, o que atende ao Critério de Intencionalidade da Recuperação (Schacter, Bowers, & Booker, 1989). Os participantes podem ser instruídos de que se trata de uma pesquisa de normatização de aspectos psicolinguísticos e que eles deverão realizar várias tarefas envolvendo palavras ou, se for um teste não verbal, a avaliação de imagens/figuras. Na fase de teste, a instrução pode ser de que o teste é parte de uma série de tarefas de filtro ou distratoras (parte de outro projeto) antes do teste mais importante (no caso o teste explícito, se for parte do estudo) ou simplesmente pode-se transmitir as orientações básicas necessárias para realizar o teste. A instrução fundamental na fase de teste é a de que se deve responder com "a primeira resposta que vier à mente" (Roediger & McDermott, 1993).

Tempo de Exposição dos Estímulos

O tempo de exposição será manipulado ou controlado de acordo com os objetivos do estudo e o efeito esperado. Em geral, testes perceptuais como o de identificação perceptual requerem a realização de uma fase de calibração do tempo de exposição. Mulligan (2011), por exemplo, incluiu uma sessão de calibração, na qual a exposição dos estímulos foi testada em 16 ms e 32 ms para definir o tempo em que o participante alcançava entre 30% e 40% de acertos na identificação de palavras na fase de teste.

Exposição Subliminar: Tempos inferiores a 50 ms são também utilizados para verificar os efeitos do priming subliminar (Reingold & Merikle, 1988), principalmente em testes de decisão lexical e identificação perceptual. Na decisão lexical, por exemplo, o tempo decorrido entre a apresentação do prime e a apresentação do alvo, chamado de Stimulus Onset Asynchrony (SOA), pode ser ajustado até o indivíduo relatar que não sabe se houve um estímulo prime, muito menos o que ele era. O SOA para estímulos linguísticos tem variado de 20 ms a 67 ms na literatura da área. Na faixa de 60 e 67 ms, é possível verificar "algo que aparece antes do alvo", embora o estímulo não seja identificável (Forster, Mohan, & Hector, 2003). Um SOA de 40 ms produziu um efeito de priming de identidade/repetição subliminar em decisão lexical (Busnello, Stein, & Salles, 2008). Dehaene et al. (2001) encontraram evidências de que, comparada à condição de primes visíveis, aquela com primes subliminares causou uma drástica redução da atividade neural a partir de 29 ms, acelerando o processamento das respostas para primes e alvos idênticos (priming de identidade), em teste nomeação de palavras.

Exposição dos Estímulos com Máscara (masked priming). Os estímulos, além de serem apresentados de forma sublimar, também podem ser pré-ativados com acréscimo de máscaras. Trata-se de um paradigma introduzido por Forster e Davis (1984), no qual cada tentativa começa com um ponto de fixação e é seguido por uma máscara (#####) e permanece na tela por 450 ms ou 500 ms. Logo, o estímulo prime aparece por 50 ms e então é substituído pelo estímulo alvo (palavras, sons, imagens ou objetos). Um efetivo estímulo prime mascarado não deve ser relatado pelo observador porque ele não pode identificá-lo ou detectá-lo. Se a percepção ocorre sem consciência, então uma máscara efetiva não eliminará o efeito que o prime deve induzir (Kantowitz, Roediger, & Elmes, 2009). É sugerido que, quanto maior o SOA, maior a detecção e a acurácia de identificação, pois haverá maior tempo para pensar sobre o prime e gerar expectativa quanto ao alvo. Pesquisas inicias (Altarriba & Basnight-Brown, 2007) indicaram que um SOA de 300 ms foi capaz de inibir qualquer estratégia de expectativa, porém também foi demonstrado que estratégias operam em um SOA de 300 ms. Posteriormente, foi verificado que estratégias não foram operantes em um SOA de 167 ms. Logo, um SOA mais curto que 300 ms é necessário para evitar mecanismos de expectativa (Hutchison, Neely, & Johnson, 2001). Cabe notar que a máscara também pode ser colocada após o estímulo (forward mask) e não somente antes (backward mask) dependendo do efeito desejado. A Caixa de Ferramentas para Priming Mascarado acrescida ao MATALB traz uma série de recursos para empregar máscara em experimentos (Wilson et al., 2011).

Mudanças na Forma do Estímulo. Mudar a forma física de um item entre as fases de estudo e teste reduz o efeito de priming, como quando a palavra é apresentada visualmente na fase de estudo e auditivamente na fase de teste (ex.: Jacoby & Dallas, 1981). O efeito também é reduzido quando a mudança é na mesma modalidade perceptual (intramodal), como mostrado pelos efeitos de mudança na forma (caixa alta ou caixa baixa, torre - TORRE) das palavras (Graf & Ryan, 1990; Roediger & Blaxton, 1987) ou mudança na voz do falante quando as palavras foram ouvidas (ex.: Schacter & Church, 1992). De forma similar, o efeito de priming de objetos foi maior quando os objetos foram mostrados na mesma forma física da fase de estudo do que quando foi mostrado um outro exemplar do mesmo objeto (Koutstaal et al., 2001), e quando os objetos foram idênticos no tamanho e ponto de vista se comparado a objetos idênticos, mas com tamanho e ponto de vista diferentes (Vuilleumier, Henson, Driver, & Dolan, 2002). Essas evidências atestam a natureza altamente específica da memória implícita que sustenta o priming (Schacter et al., 2004; Tulving & Schacter, 1990).

Técnicas para Reduzir a Influência Explícita. A intrusão de processos explícitos na recuperação implícita é um fenômeno plausível e deve ser considerado principalmente no desempenho de indivíduos saudáveis (sem lesão cerebral; MacLeod, 2008). A intrusão pode ocorrer em duas circunstâncias principais:

Os indivíduos percebem que sua memória está sendo testada e intencionalmente recuperam estímulos da fase de estudo enquanto realizam o teste de priming e

2. Os participantes seguem a instrução do teste e não se envolvem na recuperação intencional, mas, ainda assim, recordam os estímulos alvo, isto é, apresentam recordação involuntária (Stevens, Wig, & Schacter, 2008). Na tentativa de minimizar a intrusão, alguns recursos metodológicos podem ser empregados (MacLeod, 2008; Roediger & McDermott, 1993): (a) instruções de estudo que não remetam ao fato de que se trata de um teste de memória; (b) instruções de teste que enfatizem a necessidade de responder com a primeira resposta que vier à mente; (c) múltiplas tarefas distratoras (filtros) entre as fases de estudo e teste; (d) conjunto de itens relativamente grande (ex.: 50 itens); (e) proporção de itens estudados igual ou menor que 50% do total; (f) testes iniciando com itens de preenchimento que não fazem parte dos itens alvo para evitar efeitos de primazia e recência; (g) Critério da Intencionalidade da Recuperação; (h) Técnica de Reaprendizagem e Reserva; (i) Procedimento de Dissociação de Processos e (j) Procedimento de Pista Associativa, (k) índices de consciência pós teste. Os itens (g) a (k) serão detalhados a seguir.

Critério da intencionalidade da recuperação (Schacter et al., 1989). Essa técnica é amplamente utilizada na pesquisa atual com priming. Comparam-se os desempenhos em testes de memória implícita e explícita. Se uma variável é capaz de dissociar os dois testes (afetar um, mas não o outro teste), então o teste implícito não deve ser substancialmente influenciado por processos explícitos. Caso contrário, os dois testes apresentariam desempenho semelhante. Para que essa comparação seja efetiva, os testes implícito e explícito devem variar apenas na instrução enquanto todas as outras variáveis dos testes devem permanecer constantes.

Técnica de reaprendizagem e reserva (Ebbinghaus, 1964, aprimorada por Nelson, 1971). Envolve a aprendizagem intencional dos estímulos seguido de um intervalo de uma ou duas semanas. Após, é realizado um teste para avaliar a habilidade de lembrar os estímulos-alvo (divididos em itens esquecidos vs. lembrados), seguido de uma testagem na qual é contrastada a reaprendizagem de itens idênticos aos originais (mas que não foram recordados) com a aprendizagem de itens diferentes. A fundamentação lógica desse procedimento é que à medida que os itens estudados são esquecidos no teste pré-reaprendizagem e forem mais bem reaprendidos do que itens novos há evidência de memória residual. Os resíduos são vistos como não conscientes dado que o teste anterior falhou em mostrar recordação consciente dos itens alvo. Portanto, a recordação parece não ser a base para a reaprendizagem, indicando processamento implícito.

Procedimento de dissociação de processos - PDP (Jacoby, 1991, 1998). Tem o objetivo de medir contribuições separadas de processos implícitos e explícitos ao desempenho em um único teste de memória. Por exemplo, participantes estudam uma lista de estímulos e depois realizam dois tipos de teste com instruções de inclusão e exclusão. As pistas dos testes são equivalentes em ambos os testes. As instruções de "inclusão" são iguais às de memória explícita, enfatizando que o indivíduo precisa recordar itens vistos antes. Se eles não conseguem lembrar, são instruídos a adivinhar. Assim, o teste inclui a recordação intencional e se essa falha, então inclui recuperação automática por priming devido à familiaridade. No teste de "exclusão", há a restrição de não poder utilizar itens da lista de estudo para responder. A racional desse procedimento é que o desempenho na inclusão é dirigido por processos intencionais, enquanto o de exclusão, por processos automáticos não intencionais. Posteriormente, as duas condições são comparadas, uma em que ambos os processos operam juntos para aumentar o desempenho e uma em que os dois processos são colocados em oposição. Jacoby (1991) desenvolveu um modelo algébrico para comparar medidas de influências conscientes e não conscientes de memória. Uma revisão em português sobre o PDP, com suas aplicações e limitações, é encontrada em Ferreira, Reis, Orghian e Sôro (2013).

Procedimento de pista associativa (Nelson, McKinney, Gee, & Janczura, 1998). Ao invés das instruções atenderem ao Critério de Intencionalidade e do objetivo ser a busca por dissociações, os participantes não são informados acerca da natureza dos testes. A variável manipulada é o número de palavras associadas (tamanho do conjunto) na memória de longo prazo (associações pré-existentes à realização da tarefa experimental). O tamanho do conjunto tipicamente afeta a memória implícita perceptual, mas não a memória explícita. Uma descrição detalhada desse procedimento foge ao escopo desse artigo, mas o leitor poderá consultar Nelson et al. (1998).

Índices de Consciência. Os índices ou questionários de consciência são compostos por perguntas que buscam identificar o grau em que o indivíduo observou a relação entre itens de estudo e teste (Mulligan, 2011). Essa técnica, portanto, visa a reduzir a influência explícita a posteriori. Exemplos de questões são: (a) Você notou alguma conexão entre os itens que você leu antes e o teste que acabou de realizar? Se assim for, o que você percebeu? (b) Se você notou que os itens correspondiam àqueles apresentados anteriormente, você intencionalmente tentou usar os itens da primeira parte do experimento para responder aos testes? Se o indivíduo responder sim a essas questões, pode-se classificá-lo como consciente da relação entre os itens de estudo e teste. Esse tipo de questionário, contudo, não permite identificar acuradamente se uma dupla ou muitos itens foram afetados e/ou se foi no início ou no final da testagem. Ainda, há possibilidade dos indivíduos esquecerem o seu grau de consciência ou relatarem nenhuma consciência quando na verdade eles estavam conscientes (MacLeod, 2008). Apesar das limitações, os índices são úteis por permitirem a análise separada do desempenho de indivíduos baseado no seu tipo de consciência (conscientes X não conscientes) da relação entre itens de estudo e teste (Roediger & Geraci, 2003).

 

Discussão

O presente artigo fornece orientações básicas para pesquisadores que pretendam delinear experimentos com priming. Em síntese, pode-se concluir que: (a) PsycoPy é uma excelente opção de software de acesso livre, enquanto E-prime é uma excelente opção com exigência de licença, ambos com interface amigável; (b) estímulos dos testes de priming precisam dispor de normas brasileiras, considerando aspectos psicolinguísticos (ex.: frequência, etc.) e normas para as propriedades de estímulos pictórios (ex.: complexidade visual); (c) SOAs curtos (menores que 300 ms, Hutchison et al., 2001) associados à máscara são excelentes para investigar ativações automáticas e não conscientes de priming, enquanto SOAs maiores podem favorecer a participação de processos conscientes; e (d) técnicas para reduzir a influência explícita devem ser utilizadas em sua maioria, destacando-se o uso da instrução que não remeta ao fato de ser um teste de memória, a orientação de responder aos itens de teste com a primeira palavra que vier à mente e o uso do Critério da Intencionalidade da Recuperação.

Há uma série de aspectos a serem investigados no âmbito do priming como, por exemplo, as características do priming conceitual. As evidências em psicologia cognitiva e neurociências são controversas acerca de sua dissociação funcional em relação à memória explícita e quanto às bases neuroanatômicas (ex.: Wang, Lazzara, Ranganath, Knight, & Yonelinas, 2010). Além da pesquisa básica com indivíduos saudáveis, o paradigma de priming pode ser utilizado em pesquisas neuropsicológicas e neuropsiquiátricas, uma vez que condições clínicas que afetam a memória explícita podem manter o aprendizado implícito preservado.

Cabe destacar que muitos dos elementos aqui elucidados podem servir de base à elaboração de experimentos com priming aplicados a construtos psicológicos, como as atitudes, estereótipos, personalidade e comportamento do consumidor, por exemplo. Contudo, independente da área, o pesquisador deve atentar às especificidades daquele campo de estudo a partir de excelentes exemplos da literatura, até mesmo porque as técnicas evoluem a partir de avanços proporcionados pelas pesquisas. Nesse contexto, o presente artigo poderá auxiliar na tomada de decisão acerca da seleção de materiais e manipulação de variáveis no paradigma de priming de repetição.

 

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Endereço para correspondência:
Juliana Burges Sbicigo
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Instituto de Psicologia
Avenida Ipiranga, 2600, sala 114
Porto Alegre, RS, Brasil 90035-003
E-mail: julianasbicigo@gmail.com

Recebido: 23/06/2015
1ª revisão: 06/12/2015
Aceite final: 25/12/2015

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