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Temas em Psicologia

versão impressa ISSN 1413-389X

Temas psicol. vol.26 no.1 Ribeirão Preto jan./mar. 2018

http://dx.doi.org/10.9788/TP2018.1-10Pt 

ARTIGOS

 

Psicoeducação do transtorno do déficit de atenção/hiperatividade: o que, como e para quem informar?

 

La psicoeducación del trastorno por déficit de atención/hiperactividad: qué, cómo ya quién informar?

 

 

Clarissa Tochetto de OliveiraI; Ana Cristina Garcia DiasII

IOrcid.org/0000-0002-2624-8843. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil
IIOrcid.org/0000-0003-2312-3911. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O objetivo deste estudo foi caracterizar as publicações científicas sobre psicoeducação do Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH). Foi realizada uma revisão sistemática da literatura em oito bases de dados nacionais e internacionais. Utilizou-se a combinação das palavras-chave TDAH e psicoeducação. No total, foram encontrados 504 trabalhos completos, mas apenas 29 preencheram os critérios de inclusão para análise na íntegra. As informações foram organizadas nas categorias: conceito de psicoeducação, público-alvo, foco da psicoeducação do TDAH, variáveis relacionadas à psicoeducação do TDAH, e características das intervenções em psicoeducação do TDAH. Verificou-se que nem todas as publicações apresentam claramente o conceito de psicoeducação utilizado. Em geral, a psicoeducação tem sido destinada a familiares de pessoas com TDAH, e conduzida em formato de sessões grupais, palestras e manuais. A psicoeducação do TDAH contribui para maior conhecimento sobre o transtorno, adesão ao tratamento, qualidade de vida e menor intensidade dos sintomas do TDAH.

Palavras-chave: Transtorno da falta de atenção com hiperatividade, psicoeducação, revisão de literatura.


RESUMEN

El objetivo de este estudio fue caracterizar las publicaciones científicas sobre la psicoeducación del Trastorno por Déficit de Atención/Hiperactividad (TDAH). Se realizó una revisión sistemática de la literatura en ocho bases de datos nacionales e internacionales con la combinación de palabras clave psicoeducación y TDAH. En total, fueran encontrados 504 estudios, pero sólo 29 cumplieron los criterios de inclusión para el análisis en su totalidad. La información se organiza en categorías: concepto de la psicoeducación, la audiencia, el enfoque de la psicoeducación del TDAH, las variables relacionadas con la psicoeducación del TDAH, y características de las intervenciones en la psicoeducación del TDAH. Se ha encontrado que no todas las publicaciones muestran claramente el concepto de psicoeducación utilizado. En general, la psicoeducación se ha diseñado para familiares de personas con TDAH, y llevado a cabo en el formato de sesiones de grupo, conferencias y manuales. La psicoeducación del TDAH contribuye a un mayor conocimiento sobre el trastorno, la adherencia al tratamiento, calidad de vida y menor intensidad de los síntomas del TDAH.

Palabras clave: Trastorno por Déficit de Atención/Hiperactividad, psicoeducación, revisión de literatura.


 

 

O Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) é caracterizado por um padrão persistente de desatenção, hiperatividade e impulsividade (American Psychiatric Association [APA], 2013). Esses sintomas têm origem neurobiológica, e são decorrentes da incapacidade de inibir reações impulsivas e de considerar o futuro para guiar o comportamento (Barkley, Fischer, Smallish, & Fletcher, 2002). Como consequência, pessoas diagnosticadas com esse transtorno tendem a apresentar prejuízos no âmbito acadêmico, profissional, familiar e social. O TDAH é crônico. Os sintomas iniciam antes dos 12 anos (APA, 2013) e tendem a permanecer ao longo da vida em aproximadamente 70% dos casos (Lara et al., 2009). Os sintomas modificam-se conforme o período do desenvolvimento no qual o indivíduo se encontra. Na idade adulta, a desatenção pode se manifestar pela evitação de atividades que exijam manutenção da atenção, como assistir a filmes e ler; a hiperatividade, na forma de inquietação interna ou desconforto; e a impulsividade pode aparecer em decisões sem pensar nas consequências (Conners, 2009).

Independente da fase do desenvolvimento, o tratamento para pessoas que apresentam esse transtorno envolve a combinação de medicação (para minimizar os sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade) e a adoção de intervenções psicológicas, a exemplo das propostas pela terapia cognitivo-comportamental (TCC), para desenvolver estratégias para lidar com os sintomas residuais (Mongia & Hechtman, 2016; Sprich, Safren, Finkelstein, Remmert, & Hammerness, 2016). Contudo, a não adesão ao tratamento pode variar de 13,2% a 64,0% (Mc-Carthy, 2014) por fatores associados à falta de conhecimento sobre o TDAH, às características da medicação e aos objetivos propostos no tratamento (Charach & Fernandez, 2013). Portanto, o fornecimento de informações sobre esses aspectos para os pacientes e seus familiares pode ser fundamental para a busca e a manutenção do tratamento do TDAH.

O termo psicoeducação começou a ser utilizado na década de 80, referindo-se à transmissão de informações sobre os transtornos mentais para familiares e pacientes psicóticos. Na década de 90, a psicoeducação passou a ser desenvolvida junto a outros grupos que apresentavam outros transtornos mentais (como transtorno do humor bipolar, transtorno do estresse pós-trauma etc.; Bonsack, Rexhaj, & Favrod, 2015). Atualmente, esse termo se refere tanto à oferta de informações relevantes aos pacientes sobre o transtorno (diagnóstico, etiologia, funcionamento), o tratamento e o prognóstico, quanto à busca por esclarecimento de dúvidas e correções de informações distorcidas. A psicoeducação tem por objetivo ampliar o conhecimento do paciente/familiar sobre seu problema (Menezes & Souza, 2012; Swadi, Bobier, Price, & Craig, 2010) a fim de aumentar a compreensão da sua condição, auxiliar na tomada de decisões com base em informações confiáveis e promover maior adesão ao tratamento (Bégin, Bluteau, Arseneault, & Pronovost, 2012; Bonsack et al., 2015; Swaminath, 2009). Ela deve ocorrer de forma didática e em linguagem adequada ao público-alvo, que pode ser constituído por pacientes, familiares, educadores e profissionais da saúde. A transmissão desses conhecimentos assume diferentes formatos: individual ou grupal, palestras, rodas de conversas, manuais, vídeos ou biblioterapia (Bai, Wang, Yang, & Niu, 2015). Dentre os diversos benefícios da psicoeducação, destacam-se o aumento do conhecimento sobre o transtorno, da motivação para a mudança, da participação no tratamento, da satisfação com o tratamento psicológico, a maior adesão ao mesmo e a redução de recaídas (Burlingame, Ridge, Matasuno, Hwang, & Ernshaw, 2006; Knapp, 2004; Nussey, Pistrang, & Murphy, 2013).

Programas de psicoeducação são mais efetivos na redução dos sintomas do TDAH quando comparados ao tratamento medicamentoso isolado, o que indica a necessidade de considerar a psicoeducação como uma abordagem adicional válida para o tratamento do TDAH (Ferrin et al., 2016). Ademais, é possível que a identificação de informações relevantes para cada caso, como adequar a transmissão dessas informações de acordo com as características do público-alvo, e como verificar se a mensagem foi, de fato, compreendida contribuam para o engajamento do paciente no tratamento (Burlingame et al., 2006; Knapp, 2004). Por isso, o objetivo deste estudo foi caracterizar as publicações científicas sobre psicoeducação do TDAH. Em especial, buscou-se identificar o conceito de psicoeducação utilizado pelos pesquisadores, a quem a psicoeducação se destina, o foco da psicoeducação, variáveis relacionadas e intervenções em psicoeducação para o TDAH.

 

Método

Realizou-se uma revisão sistemática da literatura sobre psicoeducação do TDAH. A busca foi realizada nas bases de dados Scielo Brasil, Index Psi, Pepsic, Lilacs, ScienceDirect, PsycINFO, Medline, Scopus. Optou-se por essas bases de dados por oferecerem acesso ao texto completo de publicações nacionais (Scielo Brasil, Index Psi e Pepsic) e internacionais (Lilacs, ScienceDirect, PsycINFO, Medline e Scopus) no meio eletrônico. Foi utilizada a combinação entre os descritores TDAH/ADHD ou Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade/Attention Deficit/Hyperactivity Disorder de um lado e, de outro, psicoeducação/psychoeducation, biblioterapia/bibliotherapy ou intervenção psicoeducativa/psychoeducative interventions, no campo resumo/abstract. Essas palavras-chave foram escolhidas com base no objetivo do estudo.

No total, foram encontrados 504 trabalhos completos. As buscas nas bases de dados brasileiras identificaram apenas três trabalhos utilizando os descritores combinados. Destes, um foi incorporado na amostra final (Mesquita, Porto, Rangé, & Ventura, 2009), os outros dois estavam duplicados ou indisponíveis. Os 501 artigos restantes foram recuperados de bases internacionais. Os resumos das 504 publicações foram lidos por dois juízes a fim de delimitar a amostra de trabalhos a serem analisados na íntegra. Os critérios de inclusão dos artigos para participação na amostra final deste estudo foram: (a) abordar psicoeducação do TDAH, (b) ser redigido em Português, Inglês ou Espanhol, e (c) artigos originais publicados em periódicos científicos, ou seja, não foram incluídos livros, capítulos de livros, dissertações e teses. Nesta etapa de análise, foram excluídos 475 (Figura 1). O índice de concordância entre juízes foi de 89,65. As discordâncias foram solucionadas pelo acesso às publicações na sua totalidade e reavaliação das mesmas de acordo com o primeiro critério de inclusão.

A amostra final foi constituída por 29 publicações internacionais, que foram avaliadas em quatro etapas: leitura exploratória, seletiva, analítica e interpretativa (Gil, 2006). Na primeira, os textos foram lidos na sua totalidade. Na segunda, realizou-se uma leitura aprofundada do método, resultados e conclusões. Na terceira, as informações foram ordenadas de forma a identificar as principais características da psicoeducação (conceito, público-alvo, foco e variáveis relacionadas). Por fim, na última etapa, as informações foram agrupadas em categorias definidas a priori, com base no objetivo deste estudo:

1. Conceito de psicoeducação,

2. Público-alvo,

3. Foco da psicoeducação do TDAH,

4. Variáveis relacionadas à psicoeducação do TDAH,

5. Características das intervenções em psicoeducação do TDAH.

 

Resultados e Discussão

Foram analisados 29 estudos internacionais. Destes, 14 apresentavam delineamento experimental (Aguiar et al., 2014; Anderson & Guthery, 2015; Bai et al., 2015; Ferrin et al., 2014; Hirvikoski, Waaler, Lindström, Bölte, & Jokinen, 2015; Janssen et al., 2014; Kądziela-Olech, 2012; Korzeniowsk & Ison, 2008; Long, Rickert, & Ashcraft, 1993; McCarty, Vander Stoep, Violette, & Myers, 2015; McCleary & Ridley, 1999; Montoya et al., 2014; Myers, Vander Stoep, Thompson, Zhou, & Unützer, 2010; Vidal et al., 2013), oito eram revisões de literatura (Asherson, 2012; Hernández & Gutiérrez 2014; Hill, 2015; Knouse, Cooper-Vince, Sprich, & Safren, 2008; Montoya, Colom, & Ferrin, 2011; Murphy, 2005; Nussey et al., 2013; Young, 1999), quat ro eram estudo de levantamento (Altin, Altin, & Semerci, 2016; Bussing et al., 2012; Coletti et al., 2012; Palacios-Cruz et al., 2013) e três, estudos de caso (Hogue, Bobek, & Evans, 2014; Levine & Anshel, 2011; Mesquita et al., 2009). De modo geral, os estudos com delineamento experimental e estudos de caso consistem em intervenções de psicoeducação do TDAH destinadas a familiares de crianças/adolescentes com TDAH. As revisões de literatura referem-se à psicoeducação do TDAH para crianças, adolescentes, adultos, familiares, escola e profissionais na saúde. Por fim, os estudos de levantamento buscaram avaliar o conhecimento de adolescentes, genitores e professores sobre o TDAH. Informações sobre o conceito do psicoeducação adotado pelos pesquisadores, público-alvo, foco da psicoeducação e variáveis relacionadas estão descritas na Tabela 1.

Conceito de Psicoeducação

A psicoeducação é resultado da integração de diversas teorias e modelos clínicos complementares, tais como teoria cognitivo-comportamental, teoria da aprendizagem, modelo de prática de grupos, modelo de estresse e enfrentamento, modelo do suporte social, entre outras (Lukens & McFarlane, 2004). Por exemplo, a psicoeducação pode ser utilizada como intervenção cognitiva isolada (Bäuml, Froböse, Kraemer, Rentrop, & Pitschel-Walz, 2006) ou como estratégia na TCC para aumentar a compreensão do paciente sobre o que este apresenta e engajá-lo no tratamento (Knapp, 2004). Por isso, a definição do que os pesquisadores entendem por psicoeducação é relevante para facilitar a compreensão de profissionais interessados em utilizar os resultados dos estudos.

Alguns artigos analisados não apresentaram o conceito de psicoeducação utilizado (Aguiar et al., 2014; Anderson & Guthery, 2015; Asherson, 2012; Coletti et al., 2012; Hill, 2015; Janssen et al., 2014; Knouse et al., 2008; Korzeniowsk & Ison, 2008; Montoya et al., 2014; Myers et al., 2010; Nussey et al., 2013; Palacios-Cruz et al., 2013). Um estudo (Murphy, 2005) apresenta os benefícios de pacientes e familiares terem conhecimento sobre o TDAH, como identificar o que os prejudica e como desenvolver metas de tratamento realistas, mas não uma definição clara de psicoeducação.

Outros estudos analisados definiram psicoeducação como sendo uma forma de intervenção interativa entre profissional e paciente/familiares (Bai et al., 2015; Hirvikoski et al., 2015; Hogue et al., 2014; Montoya et al., 2011). A intervenção psicoeducativa avalia percepções sobre o transtorno e o tratamento (Bussing et al., 2012; Young, 1999) para, então, comunicar informações sobre o TDAH e as estratégias de enfrentamento de forma sistemática e didática (Bai et al., 2015; Ferrin, et al., 2014; Hogue et al., 2014; Montoya et al., 2011). Tem o objetivo de auxiliar na compreensão do TDAH, das consequências do mesmo e dos objetivos do tratamento (Altin et al., 2016; Hernández & Gutiérrez 2014; Kądziela-Olech, 2012; Levine & Anshel, 2011; McCarty et al., 2015; Mesquita et al., 2009; Vidal et al., 2013; Young, 1999), bem como empoderar pacientes e familiares (Hirvikoski et al., 2015) para melhorar suas habilidades para lidar com os problemas associados ao transtorno (Le-vine & Anshel, 2011; McCleary & Ridley, 1999; Mesquita et al., 2009). Pode-se fazer uso de biblioterapia, que consiste na leitura como técnica terapêutica, uma vez que manuais de autoajuda podem ser efetivos para uma variedade de problemas (Long et al., 1993).

Esses resultados mostram a necessidade de definir claramente o que os autores entendem por psicoeducação e como a mesma está sendo aplicada: como intervenção principal ou estratégia de tratamento mais abrangente. A especificação da forma como a mesma tem sido aplicada no contexto clínico e comunitário para diversos públicos-alvo também pode ser útil para clínicos e pesquisadores (Lukens & McFarlane, 2004).

Foco da Psicoeducação do TDAH

O objetivo da psicoeducação é transmitir informações relevantes ao paciente ou interessados sobre determinado assunto (Menezes & Souza, 2012; Swadi et al., 2010). Na amostra analisada, a psicoeducação do TDAH abordou o próprio transtorno e as opções de tratamento. Em especial, a psicoeducação do TDAH em si especificou os seguintes aspectos: (a) sintomas do transtorno (Aguiar et al., 2014; Bai et al., 2015; Coletti et al., 2012; Hernández & Gutiérrez 2014; Hirvikoski et al., 2015; Hogue et al., 2014; Kądziela-Olech, 2012; Levine & Anshel, 2011; Mesquita et al., 2009; Montoya et al., 2014; Murphy, 2005; Nussey et al., 2013; Vidal et al., 2013), (b) causas (Aguiar et al., 2014; Bai et al., 2015; Hernández & Gutiérrez 2014; Hill, 2015; McCarty et al., 2015; Montoya et al., 2014; Myers et al., 2010; Vidal et al., 2013; Young, 1999), (c) prejuízos decorrentes do mesmo (Bai et al., 2015; Hill, 2015; Hirvikoski et al., 2015; Hogue et al., 2014; Kądziela-Olech, 2012; McCarty et al., 2015; McCleary & Ridley, 1999; Murphy, 2005; Vidal et al., 2013) e (d) comorbidades existentes (Hill, 2015; McCarty et al., 2015; Mesquita et al., 2009; Montoya et al., 2011; Montoya et al., 2014).

A psicoeducação do tratamento do TDAH tratou de temas como a medicação (Asherson, 2012; Bai et al., 2015; Coletti et al., 2012; Hill, 2015; Hirvikoski et al., 2015; Mesquita et al., 2009; Vidal et al., 2013) e as estratégias para manejo dos sintomas (Ferrin et al., 2014; Hernández & Gutiérrez 2014; Hirvikoski et al., 2015; McCarty et al., 2015; McCleary & Ridley, 1999; Montoya et al., 2014; Myers et al., 2010). Nos casos da psicoeducação de familiares de crianças/adolescentes com TDAH, foram tratadas também as habilidades parentais necessárias para se relacionar com o filho, manejar os sintomas do transtorno (Kądziela-Olech, 2012; Levine & Anshel, 2011; Long et al., 1993; McCarty et al., 2015; Montoya et al., 2011; Montoya et al., 2014).

Um dos estudos analisados não abordou psicoeducação propriamente dita, mas investigou os conhecimentos de adolescentes (com alto e baixo risco de apresentar TDAH) e genitores sobre o transtorno. Os participantes relataram informações incorretas sobre o tema (como o transtorno ser decorrente de elevado consumo de açúcar ou uso indevido de medicação) embora acreditassem estar familiarizados com o mesmo, o que evidencia a necessidade de ampliar o acesso a informações sobre o TDAH. Ademais, tanto adolescentes quanto os genitores costumam buscar informações sobre o tema na internet, redes sociais, e televisão, mas apenas os genitores procuram também informativos escritos e profissionais da saúde (Bussing et al., 2012). Em outro estudo analisado, verificou-se que os genitores valorizam a tentativa do profissional de explicar o transtorno e o uso da medicação. Contudo, a preferência pela quantidade de informações e modalidade de transmissão destas variou entre os participantes: alguns pais preferiram informações detalhadas em forma de panfleto e/ou internet, enquanto outros, informações resumidas transmitidas de forma oral pelo profissional da saúde (Coletti et al., 2012). Esses resultados indicam as fontes que podem ser utilizadas para acessar o público-alvo na ocasião de psicoeducação do TDAH.

Outro estudo avaliou os conhecimentos e crenças de professores de escolas públicas e privadas sobre o TDAH. A maioria dos professores considerou o TDAH um transtorno mental (79,3%) e o psicólogo como o profissional competente para realizar o diagnóstico e tratamento do mesmo. Menos da metade (44,1%) dos professores acredita que o tratamento combinado é a opção ideal, e apenas 14,7% pensa que a medicação é o componente principal do tratamento. Mesmo assim, reconhecem os efeitos do tratamento no funcionamento social e acadêmico dos alunos com TDAH (Palacios-Cruz et al., 2013). Esses resultados indicam a necessidade de psicoeducar os professores sobre a etiologia do TDAH, bem como opções de tratamento e eficácia. Afinal, os professores convivem com os alunos diariamente e podem auxiliar na identificação e encaminhamento daqueles que podem apresentar o transtorno.

Público-Alvo

Um dos fatores que determinam o formato da psicoeducação é o público-alvo ao qual se destina. Na amostra analisada, a psicoeducação foi realizada para uma ou mais populações. A maioria dos estudos desenvolveu a psicoeducação destinada a familiares de crianças e adolescentes com TDAH (Anderson & Guthery, 2015; Bai et al., 2015; Coletti et al., 2012; Ferrin et al., 2014; Hernández & Gutiérrez 2014; Hill, 2015; Hogue et al., 2014; Janssen et al., 2014; Kądziela-Olech, 2012; Korzeniowsk & Ison, 2008; Levine & Anshel, 2011; Long et al., 1993; McCarty et al., 2015; McCleary & Ridley, 1999; Montoya et al., 2011; Montoya et al., 2014; Myers et al., 2010; Nussey et al., 2013) ou de adultos com TDAH (Hirvikoski et al., 2015). Um estudo foi realizado com crianças com TDAH (Levine & Anshel, 2011), quatro com adolescentes com TDAH (Asherson, 2012; Bussing et al., 2012; Hogue et al., 2014; Murphy, 2005) e oito com adultos com TDAH (Altin et al., 2016; Asherson, 2012; Hirvikoski et al., 2015; Knouse et al., 2008; Mesquita et al., 2009; Murphy, 2005; Vidal et al., 2013; Young, 1999). Os demais estudos abordaram psicoeducação do TDAH para professores (Aguiar et al., 2014; Hernández & Gutiérrez 2014; Hill, 2015; Kądziela-Olech, 2012; Korzeniowsk & Ison, 2008; Montoya et al., 2011; Nussey et al., 2013; Palacios-Cruz et al., 2013) e para profissionais da saúde básica (Hill, 2015).

Verifica-se uma maior preocupação dos pesquisadores em psicoeducar os familiares do que os próprios pacientes com TDAH. Há duas explicações possíveis para esse resultado. A primeira justificativa é que, historicamente, o TDAH era considerado um transtorno exclusivo da infância. Assim, a realização do tratamento do filho com TDAH dependia do engajamento dos genitores, o que justifica a necessidade de psicoeducar os familiares de crianças e adolescentes com o transtorno. As evidências de que o TDAH interfere na autoestima dos pacientes (APA, 2013) demonstraram a necessidade de adaptar a psicoeducação também para crianças, adolescentes e adultos em 2004 (Lukens & McFarlane, 2004). Contudo, mais de 10 anos depois, a quantidade de relatos da psicoeducação do TDAH para esse público ainda é inferior aos destinados para seus familiares. A segunda explicação possível é que o TDAH em adultos começou a ser estudado apenas nos últimos anos, e foi inserido recentemente no Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM5; APA, 2013), o que pode justificar o menos número de estudos sobre psicoeducação para essa população. Apesar das lacunas identificadas nos relatos de psicoeducação para públicos diversos, recomenda-se psicoeducação da população em geral sobre o TDAH, visto que pode contribuir não só para identificação de casos não tratados, mas também para aumentar atitudes positivas frente às pessoas com esse transtorno (Nussey et al., 2013).

Variáveis Relacionadas à Psicoeducação do TDAH

A amostra analisada relacionou psicoeducação do TDAH com maior adesão ao tratamento por parte de pacientes e familiares (Bai et al., 2015; Coletti et al., 2012; Hirvikoski et al., 2015; Janssen et al., 2014; McCarty et al., 2015; Montoya et al., 2014; Myers et al., 2010; Young, 1999), menores níveis de estresse (Anderson & Guthery, 2015; Ferrin et al., 2014; Hirvikoski et al., 2015), maiores níveis de autoestima (Young, 1999), maior conhecimento sobre o transtorno (Aguiar et al., 2014; Bai et al., 2015; Hirvikoski et al., 2015), maiores índices de qualidade de vida (Ferrin et al., 2014; Hirvikoski et al., 2015; Janssen et al., 2014; Vidal et al., 2013), menor presença de sintomas do TDAH e de outras psicopatologias (Ferrin et al., 2014; Janssen et al., 2014; Kądziela-Olech, 2012; Korzeniowsk & Ison, 2008; Levine & Anshel, 2011; Long et al., 1993; Mesquita et al., 2009; Myers et al., 2010; Vidal et al., 2013), maior colaboração entre os genitores e a escola, e maiores níveis de desempenho escolar (Hogue et al., 2014).

As variáveis associadas com a psicoeducação do TDAH nos estudos analisados vão ao encontro das variáveis utilizadas para mensurar impacto nas intervenções em psicoeducação de maneira geral. Evidências sobre programas de psicoeducação em geral mostram que a mesma parece estar associada com a redução dos sintomas psicoeducados, a redução de sintomas associados a ansiedade e a depressão (independente do foco da psicoeducação), maior adesão e satisfação com o tratamento, maior conhecimento, autoestima, estratégias de enfrentamento e qualidade de vida (Lukens & McFarlane, 2004).

Características das Intervenções em Psicoeducação do TDAH

Na amostra analisada, 17 estudos apresentaram intervenções psicoeducativas do TDAH para pessoas com diagnóstico ou traços do transtorno. O diagnóstico foi realizado pela triangulação de dados em cinco pesquisas (Bai et al., 2015; Ferrin et al., 2014; Hirvikoski et al., 2015; Levine & Anshel 2011; Montoya et al., 2014). De fato, o diagnóstico do TDAH é clínico e requer a coleta de informações em diferentes fontes, como escalas e entrevistas semiestruturadas baseadas nos critérios do DSM-5 com o paciente, coleta de informações com os familiares do indivíduo, identificação dos contextos em que os sintomas nucleares se mostram presentes, bem como o comprometimento funcional associado aos mesmos (Mattos et al., 2006). Os demais estudos analisados basearam o diagnóstico apenas em critérios diagnósticos (Hogue et al., 2014; Kądziela-Olech, 2012; Vidal et al., 2013), escalas (McCarty et al., 2015; Mesquita et al., 2009; Vidal et al., 2013), entrevistas clínicas (Janssen et al., 2014; Long et al., 1993; McCleary & Ridley, 1999; Myers et al., 2010) ou confiança em diagnóstico prévio (Korzeniowsk & Ison, 2008), o que pode levar a erros de diagnóstico devido aos sintomas do TDAH serem comuns a outros transtornos, como transtornos do humor e da ansiedade (Searight, Burke, & Rootnek, 2000).

A maioria das intervenções consistia em um conjunto de sessões interativas grupais (Ferrin et al., 2014; Hirvikoski et al., 2015; Hogue et al., 2014; Korzeniowsk & Ison, 2008; McCarty et al., 2015; McCleary & Ridley, 1999; Montoya et al., 2014; Vidal et al., 2013), enquanto as demais ocorreram em formato de palestras associadas a manual (Aguiar et al., 2014; Bai et al., 2015), biblioterapia (Anderson & Guthery, 2015; Long et al., 1993) e encontros individuais com o público-alvo (Levine & Anshel, 2011; Mesquita et al., 2009). Dois estudos analisados apenas informaram quem recebeu psicoeducação, sem descrever como a mesma foi realizada (Janssen et al., 2014; Myers et al., 2010). Outra pesquisa relata o acompanhamento de uma intervenção psicoeducativa mensal para pais e professores de crianças com TDAH após um e 10 anos, mas não descreveu como a psicoeducação foi realizazda (duração, individual ou grupal, local, equipe; Kądziela-Olech, 2012).

Em todas as pesquisas, foram utilizados questionários e escalas para avaliação das variáveis descritas na categoria anterior em, pelo menos, dois tempos (pré e pós intervenção), com exceção de três estudos que realizaram avaliação qualitativa (Hogue et al., 2014; Korzeniowsk & Ison, 2008; Levine & Anshel, 2011). Constata-se que medidas de processo, tais como presença nas sessões, taxa de evasão, treinamento dos facilitadores, raramente foram avaliadas. O estudo de Aguiar et al. (2014) descreveu o treinamento oferecido à equipe profissional que conduziu a intervenção e o de Myers et al. (2010) avaliou a presença dos pais nas sessões de intervenção.

 

Tabela 2

 

Os pacientes tendem a apreender apenas 50% das informações relevantes transmitidas pelo profissional (Swaminath, 2009), o que sugere a necessidade de avaliar as informações absorvidas pelos pacientes. Apenas três estudos verificaram se as informações fornecidas na psicoeducação do TDAH foram, de fato, compreendidas por pacientes, familiares e professores. Bai et al. (2015) utilizaram um questionário composto por 16 itens para avaliar o conhecimento dos genitores de crianças com TDAH. Cinco itens referiam-se ao TDAH (sintomas nucleares, causas, prejuízos, se é crônico) e 11, à medicação (tratamento combinado, diminuição dos sintomas do TDAH, possibilidade de dependência, efeitos colaterais). Após a intervenção, os participantes do grupo experimental demonstraram conhecimento significativamente maior que o grupo controle e maior tendência a aderir ao tratamento (Bai et al., 2015). Hirvikoski et al. (2015) também avaliaram o conhecimento dos participantes por meio de um questionário. O ADHD 20 Questions é composto por 20 itens sobre início do TDAH, possibilidade de contágio, sintomas, possíveis prejuízos, comorbidades etc. (Bramham et al., 2009). A intervenção realizada resultou em maior conhecimento sobre o transtorno, bem-estar psicológico e qualidade do relacionamento entre adultos com TDAH e familiares (Hirvikoski et al., 2015). Aguiar et al. (2014) avaliaram o conhecimento de professores do Ensino Fundamental sobre o TDAH por meio de instrumento construídos pelos próprios pesquisadores baseado em itens da literatura. Como resultado, verificou-se uma redução no nível de crenças incorretas sobre o TDAH (Aguiar et al., 2014). O uso de instrumentos como esses pode auxiliar na identificação de informações distorcidas a serem abordadas durante a psicoeducação, bem como servir como forma de avaliar o quanto a psicoeducação foi efetiva para o público-alvo.

 

Considerações Finais

Este estudo apresenta as características da psicoeducação do TDAH a partir de publicações nacionais e internacionais. Após análise dos 29 estudos que satisfaziam os critérios de inclusão, constatou-se que nem todas as publicações apresentam claramente o conceito de psicoeducação utilizado, o que pode confundir os leitores dada a natureza teoricamente diversificada do constructo. A psicoeducação tem sido destinada, na maioria dos estudos, a familiares de pessoas com TDAH. Em geral, a psicoeducação deste transtorno parece contribuir para maior conhecimento sobre ele, maior adesão ao tratamento, menor intensidade dos sintomas, bem como maior qualidade de vida. Contudo, poucos estudos avaliaram o quanto as informações fornecidas na psicoeducação foram, de fato, apreendidas pelo público-alvo.

Destacam-se algumas limitações que podem interferir na interpretação dos resultados apresentados. A revisão de literatura foi realizada com a combinação de apenas cinco descritores e em apenas dois idiomas. É possível que outros artigos sobre o mesmo tema não tenham sido identificados e analisados. Logo, os resultados apresentados referem-se apenas à amostra de artigos selecionados para análise neste estudo.

A maior contribuição desta revisão sistemática foi oferecer um panorama da produção nacional e internacional sobre psicoeducação do TDAH a partir da busca em oito bases de dados, o que permitiu identificar aspectos que necessitam de maior atenção dos pesquisadores. Constatou-se ausência de relato de psicoeducação do transtorno para professores de nível superior e profissionais da saúde, o que sugere a necessidade de desenvolver adaptações da psicoeducação sobre o próprio transtorno e tratamento para esse público. Verificou-se também que já se sabe o conteúdo que deve ser transmitido em psicoeducação do TDAH, embora os profissionais pudessem investir em outros meios (internet, redes sociais, manuais) para atingir adolescentes e genitores, por exemplo.

 

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Endereço para correspondência:
Clarissa Tochetto de Oliveira
Rua Ramiro Barcelos, 2600, Bairro Rio Branco
Porto Alegre, RS, Brasil 90035-003
Fone: (51) 3316-5066
E-mail: clarissa.tochetto@gmail.com

Recebido: 23/09/2016
1ª revisão: 23/02/2017
Aceite final: 28/02/2017
Agradecemos ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS) pelo financiamento e à Karen Rech Braun pela colaboração como juíza.

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