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Temas em Psicologia

versão impressa ISSN 1413-389X

Temas psicol. vol.26 no.3 Ribeirão Preto jul./set. 2018

http://dx.doi.org/10.9788/TP2018.3-08Pt 

10.9788/TP2018.3-08Pt ARTIGOS

 

Evidências de validade de um índice de psicopatia a partir do Big Five Inventory

 

Evidencias de validez de un índice de psicopatía a partir del Big Five Inventory

 

 

Natália Costa SimõesI; Nelson Hauck FilhoII

IOrcid.org/0000-0002-2697-7851. Universidade São Francisco, Itatiba, SP, Brasil
IIOrcid.org/0000-0003-0121-7079. Universidade São Francisco, Itatiba, SP, Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Uma alternativa à avaliação direta via autorrelato de traços indesejáveis socialmente é o prototypal matching, que consiste em calcular um índice de um dado traço a partir de inventários de domínios amplos da personalidade. No presente estudo, testou-se a validade de um índice de psicopatia derivado de um perfil prototípico elaborado a partir dos itens do Big Five Inventory. Participaram do estudo 449 universitários, de três estados brasileiros, que responderam ao Big Five Inventory e a dois instrumentos avaliativos da tríade sombria da personalidade, Short Dark Triad e Dirty Dozen. Foram observadas correlações positivas e moderadas entre o índice e os escores na tríade sombria da personalidade, ocorrendo as correlações mais altas para os fatores de psicopatia de cada instrumento, como hipotetizado. Essas correlações se mostraram ainda mais expressivas quando controlado o efeito do viés da aquiescência. Os achados sugerem que o índice possibilita uma avaliação encoberta de traços de psicopatia.

Palavras-chave: Avaliação psicológica, personalidade, Psicometria, psicopatia.


RESUMEN

Una alternativa para la evaluación directa de rasgos socialmente indeseables por medio del autoinforme es el prototypal matching, que consiste en calcular el índice de un determinado rasgo a partir de inventarios de dominios amplios de la personalidad. En este estudio se examinó la validez de índice de psicopatía derivado de un perfil prototípico elaborado con base en los ítems del Big Five Inventory. Participaron del estudio 449 estudiantes, de tres estados brasilenõs, universitarios que respondieron al Big Five Inventory y a dos instrumentos evaluativos de la tríada sombría de la personalidad, el Short Dark Triad y el Dirty Dozen. Fueron observadas correlaciones positivas y moderadas entre el índice y las puntuaciones en la tríada sombría, siendo que las correlaciones más altas fueron para los factores de psicopatía de cada instrumento, como se previa en las hipótesis. Además, esas correlaciones se mostraron más expresivas cuando se controló el efecto del sesgo de aquiescencia. Los hallazgos sugieren que el índice permite una evaluación encubierta del rasgo de psicopatía.

Palabras clave: Evaluación psicológica, personalidade, Psicometría, psicopatía.


 

 

A psicopatia abrange traços de arrogância, frieza, egoísmo, exploração interpessoal, impulsividade e uma propensão ao comportamento antissocial (Cooke & Michie, 2001; Fowles & Dindo, 2006; Miller & Lynam, 2015; Patrick, Fowles, & Krueger, 2009; Skeem, Polaschek, Patrick, & Lilienfeld, 2011). Naturalmente, todas essas características tendem a ser pouco valorizadas socialmente e, por esse motivo, podem acarretar desafios quando se trata da sua avaliação por meio dos inventários tradicionais de autorrelato (Miller & Lynam, 2003; Ray et al., 2013). Em especial, em algumas situações de pesquisa, itens com conteúdo pejorativo podem eliciar respostas socialmente desejáveis, isso é, de acordo com as expectativas sociais (Paulhus, 1991). O presente estudo busca oferecer uma possível solução a esse problema, propondo um método encoberto de avaliação da psicopatia que consiste em um índice computado a partir do instrumento Big Five Inventory (Benet-Martínez & John, 1998).

Investigações recentes sugerem que a psicopatia é uma entidade contínua e não categórica (Walters, Brinkley, Magaletta, & Diamond, 2008; Walters, Duncan, & Mitchell-Perez, 2007; Walters, Ermer, Knight, & Kiehl, 2015; Walters, Gray, et al., 2007; Walters, Marcus, Edens, Knight, & Sanford, 2011). Isso significa que, em vez de ser um atributo típico de um pequeno grupo de pessoas, trata-se de uma possível manifestação extrema de traços comuns a todos os indivíduos (Hauck-Filho, Teixeira, & Dias, 2012; Lynam & Miller, 2015). Por exemplo, quando considerados os Cinco Grandes Fatores (CGF; Costa & McCrae, 1992), o perfil prototípico da psicopatia tende a envolver, principalmente, escores muito baixos em amabilidade (ceticismo, manipulação, egoísmo, oposição, arrogância e ausência de empatia) e em conscienciosidade (negligência, desorganização, independência, ausência de objetivo e distração; Lynam & Miller, 2015; Miller & Lynam, 2015; O'Boyle, Forsyth, Banks, Story, & White, 2014). A reduzida amabilidade, além disso, é um elemento que a psicopatia compartilha com outros atributos estreitamente relacionados, como o narcisismo (propensão à grandiosidade) e o maquiavelismo (tendência ao uso manipulativo e instrumental dos outros; O'Boyle et al., 2014). Devido a essa similaridade, os três atributos têm sido denominados "a Tríade Sombria da personalidade" (Paulhus & Williams, 2002).

A provável natureza dimensional da psicopatia tem motivado a construção de muitos instrumentos de autorrelato (Cf. Lilienfeld & Fowler, 2006). A avaliação via autorrelato tem feito vários progressos na área e, acompanhando outras estratégias de natureza mais clínica, tem permitido captar até mesmo aspectos sutis do funcionamento neuropsicológico da psicopatia (e.g., Zeier & Newman, 2013). Sustentando esse uso específico, uma meta-análise da relação entre o autorrelato de traços de psicopatia e medidas de desejabilidade social detectou uma associação quase nula entre essas variáveis (Ray et al., 2013). Ainda assim, talvez exista uma associação mais intensa entre essas variáveis em algumas situações de testagem, em que existem incentivos mais explícitos para responder de forma coerente com as expectativas sociais. Por exemplo, uma entrevista de emprego pode eliciar respostas socialmente desejáveis mais facilmente do que uma situação padrão anônima de pesquisa (Tracey, 2016). Para tais situações, pode ser mais interessante o uso de métodos indiretos ou encobertos, que proporcionem informação sobre traços de psicopatia sem que o avaliando tenha conhecimento do propósito da avaliação.

Alinhados a esse propósito, Miller e Lynam (2003) e Miller, Lynam, Widiger e Leukefeld (2001) desenvolveram um índice de psicopatia a partir de escores no Revised NEO Personality Inventory (NEO-PI-R; Costa & McCrae, 1992). O índice foi baseado em uma técnica conhecida como prototypal matching (Miller, 2012). Ela consiste em elaborar um perfil de escores prototípicos do transtorno (no presente caso, com base nos Cinco Grandes Fatores), e calcular o quanto os escores de um indivíduo qualquer se aproximam desse protótipo. No trabalho de Miller e seus colaboradores, os autores calcularam a concordância entre os escores nos itens do NEO-PI-R e um perfil prototípico de pontuações nesses itens para a psicopatia, elaborado com o auxílio de diversos pesquisadores e profi ssionais clínicos. Para tanto, primeiramente, os autores solicitaram a experts que indicassem, a cada item do NEO-PI-R, qual seria o escore típico (honesto, sem simulação) de um indivíduo com altos níveis em psicopatia. As médias obtidas para cada item então possibilitaram a criação de um perfil prototípico de escores. O NEO-PI-R foi, a seguir, aplicado em uma amostra de adultos com suas instruções padrão de autorrelato. A concordância entre os escores dos indivíduos no NEO-PI-R e o perfil desenvolvido previamente foi então calculada, produzindo um índice de psicopatia para cada indivíduo. Esse índice apresentou evidências de validade convergente, correlacionando-se, positivamente, a comportamentos antissociais e agressivos, sintomas de transtorno da personalidade antissocial, comportamento sexual de risco, uso de substâncias e desvalorização pelo atraso (Miller & Lynam, 2003; Miller et al., 2001).

Um índice como o desenvolvido por Miller et al. (2001), baseado em prototypal matching, apresenta diversas utilidades a pesquisadores. Sendo os itens do NEO-PI-R menos marcados por conteúdos fortemente indesejáveis, escores de psicopatia derivados desses inventários podem sofrer menos do viés da desejabilidade social. Outra vantagem é que o índice pode ser computado em bancos de dados já coletados e de projetos que não tinham, originalmente, a psicopatia enquanto variável de interesse. De fato, todo banco de dados que contenha respostas aos itens do NEO-PI-R pode proporcionar um escore de psicopatia. Ainda outra utilidade diz respeito a economizar itens em questionários de pesquisa, uma vez que o escore de psicopatia é derivado do NEO-PI-R, sem requerer a aplicação adicional de uma escala específica de psicopatia (Miller & Lynam, 2003).

Embora ofereça muitas vantagens, o índice proposto por Miller e seus colaboradores requer que os indivíduos respondam ao NEO-PI-R, um inventário que possui 240 itens. O uso desse instrumento, quando combinado a outras escalas, pode difi cultar muitas situações de coleta de dados. Existem evidências de que questionários mais longos podem diminuir a frequência de respostas aos itens em função de causar fadiga, aumentando a ocorrência de valores faltantes em uma base de dados (Rolstad, Adler, & Rydén, 2011). Por isso, um seguimento à estratégia desenvolvida por Miller e colaboradores poderia ser o desenvolvimento de um índice de psicopatia, mas com base em um instrumento menos extenso que seja também avaliativo dos Cinco Grandes Fatores.

O Big Five Inventory (BFI; Benet-Martínez & John, 1998) é um dos instrumentos de autorrelato mais amplamente utilizados para a avaliação da personalidade. Existem evidências de que sua estrutura fatorial se replica em mais de 56 países (Schmitt, Allik, McCrae, & Benet- Martinez, 2007). Embora não seja uma medida breve, os 44 itens do BFI (versus 240 do NEOPI) são de simples compreensão, sendo por isso fácil acrescentá-los a protocolos de pesquisa mais extensos, juntos a outras escalas. Dessa forma, o objetivo do presente estudo foi desenvolver um índice de psicopatia para ser computado a partir de escores nos itens do BFI, de forma análoga ao índice proposto por Miller e Lynam (2003) e Miller et al. (2001) para o NEO-PI-R. A validade do índice foi testada por meio de correlações com outros dois instrumentos, o Short Dark Triad (SDT; Jones & Paulhus, 2014) e o Dirty Dozen (DD; Jonason & Webster, 2010), que avaliam psicopatia e também variáveis fortemente relacionadas, o narcisismo e o maquiavelismo.

Além de serem hipotetizadas correlações positivas do índice proposto com todas as escalas, foram também estabelecidas hipóteses para a validade discriminantes do índice proposto. Especificamente, esperou-se que o índice se associasse mais fortemente aos escores de psicopatia de ambos os instrumentos, em comparação aos fatores de narcisismo e maquiavelismo. Também foram exploradas diferenças de médias entre os sexos, já que a psicopatia tende a ocorrer mais expressivamente em homens do que em mulheres (Dolan & Völlm, 2009).

Ainda outro aspecto endereçado no presente estudo é que itens de autorrelato de traços de personalidade podem sofrer do viés da aquiescência, ou seja, concordância com os itens sem levar em consideração a consistência entre as respostas (Soto, John, Gosling, & Potter, 2008). Por isso, exploraram-se as correlações externas do índice ao controlar o efeito desse viés na resposta aos itens dos instrumentos SDT e DD, na expectativa de que isso pudesse revelar melhores coeficientes de validade.

 

Método

Participantes

Participaram desta pesquisa 449 universitários, sendo 64% mulheres, com média de idade de 23,47 anos e DP = 6,76. A amostra foi composta por universitários de três estados, 36% do estado de Minas Gerais, 41% do estado de São Paulo e cerca de 22% do estado de Santa Catarina. A diversidade da amostra abrangeu 11 diferentes cursos de graduação, principalmente Psicologia (52,4%), Comunicação Social (17,8%) e Educação Física (17,5%). A renda da amostra foi descrita como 50,2% de 1 a 5 salários mínimos, e a maioria declarou-se branco (66,2%) e solteiro (51,3%).

Instrumentos

Questionário Demográfico. Foram coletadas informações descritivas da amostra, tais como sexo, idade, escolaridade, estado civil e renda.

Big Five Inventory (Benet-Martínez & John, 1998). O BFI é um instrumento de autorrelato, composto por 44 itens, que avalia os Cinco Grandes Fatores da personalidade (McCrae & John, 1992). No estudo de Benet-Martínez e John (1998), a consistência interna das escalas (α de Cronbach) foi aceitável, ficando entre 0,66 e 0,89. O instrumento é respondido em uma escala Likert de cinco pontos, 1 = Discordo totalmente e 5 = Concordo totalmente.

Dirty Dozen (DD; Jonason & Webster, 2010). O DD é um instrumento breve, composto por 12 itens que avaliam traços de psicopatia, maquiavelismo e narcisismo. No estudo original, a consistência interna (α de Cronbach) das escalas do instrumento se mostrou aceitável, entre 0,62 e 0,87. Os itens são respondidos em uma escala Likert, 1 = Discordo totalmente, 5 = Concordo totalmente.

Short Dark Triad (SDT; Jones & Paulhus, 2014). O SDT é um inventário de autorrelato composto por 27 itens que avaliam traços de psicopatia, maquiavelismo e narcisismo. A consistência interna (α de Cronbach) das escalas do instrumento foi aceitável no estudo de desenvolvimento, psicopatia = 0,77, maquiavelismo = 0,71 e narcisismo = 0,74. Os itens são respondidos em uma escala Likert, 1 = Discordo totalmente, 5 = Concordo totalmente.

Procedimentos

A primeira etapa da pesquisa foi o desenvolvimento do índice de psicopatia. O índice consiste em uma medida de similaridade (correlação) entre os escores de um determinado indivíduo nos itens do BFI e um perfil de respostas prototípicas de psicopatia para esses itens, elaborado por especialistas (descrito mais adiante). Para tanto, foram consultados cinco pesquisadores especialistas na área, que seguiram instruções de elaborar um perfil de escores esperados, nos itens do BFI, para um psicopata prototípico. Os especialistas, pesquisadores brasileiros com conhecimento na área, foram convidados a desconsiderar possíveis manejos de impressão nas respostas, e indicar quais seriam os escores típicos de um indivíduo psicopático em cada um dos 44 itens do BFI. O convite deixou explícito aos profissionais que o interesse da pesquisa residia em construir um perfil prototípico de psicopatia, e não em avaliar a personalidade desses profissionais. A coleta foi feita de maneira online, pelo servidor Survey Monkey. A Tabela 1 apresenta os escores médios obtidos para cada item do BFI de acordo com essa avaliação dos especialistas. Pode-se verificar que os profissionais elaboraram um retrato consistente com a literatura (Miller & Lynam, 2015; Miller et al., 2001; O'Boyle et al., 2014), indicando baixos escores, principalmente, para itens dos fatores amabilidade e conscienciosidade. Esses resultados revelam um perfil prototípico da psicopatia para os itens do BFI.

A segunda etapa consistiu em testar a validade do índice em uma amostra de estudantes universitários. Inicialmente, foi feito contato com as universidades para apresentar o projeto de pesquisa e explicar os procedimentos de coleta, que foram feitos de maneira presencial. Após a aprovação das mesmas por escrito, o projeto foi submetido para a avaliação do Comitê de Ética. Posteriormente, com a autorização do Comitê, as coletas foram agendadas de acordo com a disponibilidade dos professores, em sala de aula, coletivamente. Antes de iniciar as respostas aos instrumentos, os alunos assinaram um Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE) e, posteriormente, responderam ao questionário demográfico, ao BFI, ao DD e ao SDT. As coletas levaram, em média, 40 minutos.

Análises de Dados

Foram empregadas estatísticas descritivas para a caracterização das variáveis. Correlações lineares foram utilizadas para estimar, para cada indivíduo da amostra, a correspondência entre seus escores no instrumento BFI e o perfil prototípico de psicopatia desenvolvido pelo índice. A ideia é que, tanto mais psicopático é um indivíduo quanto mais seus escores no BFI se aproximam das médias dispostas na Tabela 1. Por isso, nesse caso, o escore em psicopatia de um dado indivíduo é representado por um coeficiente de correlação: quanto mais positiva for essa correlação, mais o seu padrão de resposta ao BFI é consistente com aquele esperado para um psicopata típico. Em contraste, quanto mais negativa for a correlação, mais o seu padrão se distancia do perfil prototípico. Após algumas análises preliminares explorando a qualidade dos dados, decidiu-se usar, para o cômputo do índice, apenas a informação dos itens do BFI mais relevantes teoricamente para caracterização da psicopatia, que são aqueles dos fatores amabilidade e conscienciosidade (O'Boyle et al., 2014). Alguns itens de reduzido neuroticismo e reduzida abertura foram também incluídos. Os itens do BFI considerados para a composição do perfil e o cálculo do índice final foram: 1, 2, 3 4, 6, 7, 8, 12, 13, 17, 18, 21, 22, 23, 24, 27, 28, 29, 31, 34, 35, 36, 37, 38, 39, 42,43.

A aquiescência é um viés típico de instrumentos de autorrelato, que pode atenuar ou inflacionar correlações entre variáveis (Matthias Ziegler, 2015). Por esse motivo, foram utilizados modelos de equações estruturais para investigar com maior precisão a relação entre o índice proposto e os escores em cada um dos fatores de ambos os instrumentos SDT e DD. O modelo especificado foi um multiple indicator multiple cause (MIMIC; Muthén, 1989), com estimador robusto Weighted Least Squares Mean and Variance adjusted (WLSMV). Nesse modelo, além de explicado pelo seu respectivo fator, avaliou-se o quanto cada item seria também explicado por uma variável que captura a tendência à aquiescência, como disposto na Figura 1. A inclusão dessa variável permite um controle da aquiescência, permitindo estimar melhor a relação entre os fatores e o índice desenvolvido.

 

 

A estratégia de composição do escore de aquiescência seguiu o procedimento descrito em Soto et al. (2008). A ideia é encontrar pares de itens com conteúdo oposto cuja média geral se aproxime do ponto central da escala (que é "3" para uma escala de cinco pontos). Do ponto de vista intraindivíduo, toda média desviante de "3" em um conjunto de pares de itens opostos é indicativa de viés de resposta. Por exemplo, se alguém responde "2" para o item "Sou extrovertido", espera-se que responda "4" para o item "Sou introvertido", e vice-versa. Nesse e nos demais casos, sendo os itens perfeitamente opostos, a sua média esperada é 3. Escores abaixo de três indicam uma tendência a discordar dos itens em detrimento do conteúdo, e escores acima de três indicam concordância em detrimento do conteúdo. Na composição do escore de aquiescência, foram levados em consideração oito itens do SDT: itens 11, 13, 14, 17, 20, 22, 25 e 26. Esse conjunto de itens se mostrou perfeitamente adequado, uma vez que sua média empírica foi exatamente M = 3,00 (DP = 0,43). A média desses itens foi usada como covariável no MIMIC, como exibido na Figura 1.

 

Resultados

Inicialmente, investigou-se a relação entre o índice elaborado e os fatores dos instrumentos Dirty Dozen e Short Dark Triad. Como esperado, foram encontradas correlações positivas entre o índice e os fatores de ambos os instrumentos, à exceção de um coeficiente. Também em conformidade com a validade discriminante hipotetizada, as correlações foram mais expressivas para o fator psicopatia ao considerar o instrumento DD, e foram ainda mais fortes ao compor um escore geral a partir da soma de todos os itens de psicopatia dos instrumentos DD e SDT (r = 0,59).

Na sequência, foi testado o MIMIC, com a finalidade de conhecer melhor a validade externa do índice ao controlar as respostas aquiescentes. Houve um ajuste aproximado razoável para o modelo com o instrumento SDT, χ2(298) = 775,95, RMSEA = 0,060, CFI = 0,911, TLI = 0,878, e um ajuste aproximado muito bom para o instrumento DD, χ2(34) = 225,26, RMSEA = 0,096, CFI = 0,988, TLI = 0,975. Os coeficientes de validade (betas) encontrados, que descrevem a relação de cada fator de ambos os modelos com o índice, estão relatados na Tabela 3. Como se pode ver, as relações foram mais expressivas do que as correlações bivariadas encontradas anteriormente. Em especial, a validade discriminante do índice ficou ainda mais explícita, uma vez que o controle da aquiescência revelou, como esperado, serem mais altas as correlações com o fator de psicopatia em ambos os instrumentos. Verifica-se que, ao controlar a aquiescência (e também erros de medida) mediante o MIMIC, a correlação do índice com o fator de psicopatia subiu de 0,47 para 0,57 para o instrumento DD, e de 0,38 para 0,49 para o SDT. Esse resultado específico sugere um possível efeito supressor do viés da aquiescência na relação entre as variáveis.

 

 

 

 

Uma perspectiva adicional de testar a validade do índice foi a comparação entre os sexos. Mais especificamente, testou-se a hipótese de que indivíduos do sexo masculino apresentariam um padrão de respostas mais próximo daquele prototípico da psicopatia quando comparados às mulheres. Isso foi esperado com base em amplas evidências que sugerem que homens, em geral, pontuam mais alto do que mulheres em psicopatia e personalidade antissocial (Dolan & Völlm, 2009)antisocial personality disorder (ASPD. De fato, foram encontradas diferenças significativas e moderadas entre os sexos, t(449) = 3,90, p < 0,001, d = 0,39. Especificamente, a correlação média entre os escores no BFI e o perfil prototípico foi de −0,25 para mulheres e −0,14 para os homens. Em outras palavras, os indivíduos apresentaram respostas relativamente distantes do perfil prototípico de psicopatia (o que faz sentido dado que são pessoas da população geral), mas mulheres se afastaram mais do perfil prototípico do que homens.

 

Discussão

O presente estudo teve por objetivo apresentar a construção de um índice de psicopatia que pode ser calculado a partir de escores no BFI. A validade do índice foi testada por meio de correlações com os fatores dos instrumentos Dirty Dozen (DD) e Short Dark Triad (SDT), além de serem comparadas diferenças de média entre os sexos. Foram encontradas correlações moderadas entre o índice e os fatores dos instrumentos (exceto narcisismo do SDT). Embora a magnitude das correlações do índice não tenha sido igual entre os instrumentos, a associação com a psicopatia foi mais intensa, como hipotetizado, especialmente na análise multivariada com o MIMIC. Assim, os resultados aqui encontrados replicam os achados de Miller e seus colaboradores no que diz respeito ao seu índice desenvolvido para o NEO-PI-R (Miller & Lynam, 2003; Miller et al., 2001). Além disso, uma comparação de medias revelou que homens apresentaram um padrão de respostas ao BFI, em média, mais similar ao perfil prototípico de psicopatia quando comparados às mulheres. Esse resultado também confirma as expectativas, embasadas em um grande volume de estudos que mostram diferenças entre homens e mulheres na expressão de traços de personalidade antissocial em geral e psicopatia em específico (Dolan & Völlm, 2009) antisocial personality disorder (ASPD. De forma geral, os achados sustentam a validade do índice aqui proposto enquanto uma medida de psicopatia para uso em estudos com a população geral brasileira.

Para além de sustentar o uso do índice aqui desenvolvido, o estudo também revela um resultado digno de nota. Comparando os resultados das Tabelas 2 e 3, percebe-se que as análises bivariadas simples subestimaram a validade do índice de psicopatia. Não apenas as correlações foram menores nesse caso, mas também obscureceram a validade discriminante do índice. Em outras palavras, sem o controle do erro de medida e do estilo de resposta aquiescente, os achados não diferenciaram tanto a correlação do índice com os fatores de psicopatia de cada instrumento quando comparadas às correlações com os fatores de narcisismo e maquiavelismo. Esse achado chama a atenção para a necessidade de controle de variância espúria em estudos psicométricos na área. Embora tenha havido cada vez mais preocupação com o impacto dos estilos de resposta em análises com dados coletados via autorrelato (Bäckström & Björklund, 2013, 2016; Mõttus et al., 2012; Ziegler & Buehner, 2009), essa preocupação não parece ainda ter motivado mudanças no estudo de traços de psicopatia (ou dos demais traços da tríade sombria) via autorrelato. A presente pesquisa ilustra como maneiras idiossincráticas de uso da escala de resposta podem confundir resultados de análises de dados. O indicador de estilo de resposta incluído na análise controlou o efeito da tendência a concordar com o (ou discordar do) conteúdo dos itens. Esse controle permitiu vislumbrar mais claramente as associações lineares externas do índice desenvolvido.

O índice desenvolvido no presente estudo é bastante simples de ser utilizado. Todo o procedimento é feito utilizando apenas os 27 itens em negrito da Tabela 1, e pode ser aplicado a qualquer banco de dados que contenha as respostas de uma amostra de indivíduos a esses mesmos itens do BFI. Primeiramente, a pesquisadora ou o pesquisador deve ter duas bases de dados: (1) uma base de dados com um vetor das médias dos 27 itens que constam na Tabela 1, e (2) a base de dados empírica com as respostas dos participantes aos itens do BFI. No ambiente R, por exemplo, cada objeto será um data frame distinto. Na sequência, ele ou ela deve, meramente, calcular, para cada indivíduo da base (2), a correlação entre as suas respostas aos 27 itens do BFI em negrito e as médias contidas na base de dados (1). Essa correlação deve ser salva como um escore individual, estando pronto o cálculo do índice, que pode ser então utilizado em análises de interesse do pesquisador ou da pesquisadora. Estando em escala de correlação, o escore de psicopatia produzido pelo incide irá variar de −1, polo que designa um indivíduo amável, bondoso, altruísta e consciencioso, a +1, polo que designa um indivíduo egoísta, manipulador, insensível e impulsivo, ou seja, com as características típicas da psicopatia. Dada a natureza contínua do escore produzido, inexiste um ponto de corte a ser levado em consideração, muito embora essa possibilidade possa ser explorada ainda em novas pesquisas. Todo o procedimento é executado com três linhas de comando no programa R, que podem ser obtidas mediante contato direto via e-mail com o segundo autor do presente trabalho.

Ressalta-se que o procedimento descrito pode ser empregado para o desenvolvimento de índices de outros fenômenos psicológicos. A estratégia de prototypal matching possui muitas outras aplicações possíveis ainda inexploradas no Brasil. De fato, embora ainda relativamente desconhecida no cenário nacional, a técnica aqui descrita tem sido utilizada na avaliação de diversos fenômenos psicopatológicos relacionados à personalidade desde a década de 90 do século passado (para uma revisão, ver Miller, 2012) the development of Five-Factor Model (FFM. O procedimento de criação de um perfil prototípico para o cálculo de um escore é aplicável a todos os transtornos de personalidade e a, virtualmente, todas as variáveis que podem ser mapeadas no panorama dos Cinco Grandes Fatores. Evidentemente, o ponto chave reside em utilizar, enquanto juízes, apenas experts na área, a fim de construir um perfil prototípico válido. Devido à ampla utilização do BFI em estudos nacionais e internacionais, novos estudos podem ter como foco a criação de escores prototípicos para ainda outros traços com base nos itens desse instrumento.

O presente estudo possui uma limitação principal. Apesar de o BFI não conter itens extremos e avaliativos de níveis patológicos de funcionamento, ele não é isento de desejabilidade social. Existem evidências de que inventários de autorrelato tradicionais de personalidade produzem variância valorativa, ou seja, as respostas aos itens são também eliciadas por quão desejável é o enunciado do item (Bäckström & Björklund, 2013, 2016; Bäckström, Björklund, & Larsson, 2009). Assim, embora o procedimento encoberto aqui descrito produza menos respostas socialmente desejáveis do que itens de autorrelato de psicopatia, isso não significa que ele elimina a variância valorativa dos dados. Por isso, a recomendação de uso do índice é para contextos de pesquisa, sendo outras possibilidades de uso ainda carentes de investigações sistemáticas.

 

Considerações Finais

O índice apresentado proporciona uma avaliação encoberta de traços de psicopatia. O procedimento é aplicável a qualquer banco de dados que contenha as respostas aos itens do BFI, produzindo um escore de psicopatia baseado em prototypal matching. O índice se correlacionou positivamente a avaliações externas de psicopatia, e diferenciou homens e mulheres conforme hipotetizado. Espera-se que o trabalho possa ser de ajuda em trabalhos nacionais na área da avaliação da psicopatia.

 

Referências

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Endereço para correspondência:
Natália Costa Simões
Avenida Francisco Alves Monteiro, nº 700, Apartamento 14B, Independência
Taubaté, SP, Brasil 12.042-335
E-mail: napsico17@hotmail.com e hauck.nf@gmail.com

Recebido: 14/06/2017
1ª revisão: 14/08/2017
Aceite final: 16/08/2017
Financiamento: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

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