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Temas em Psicologia

versão impressa ISSN 1413-389X

Temas psicol. vol.26 no.4 Ribeirão Preto out./dez. 2018

http://dx.doi.org/10.9788/TP2018.4-13Pt 

ARTIGOS

 

Nacionalismo, patriotismo e essencialismo na construção da identidade nacional brasileira

 

Nacionalismo, patriotismo y esencialismo en la construcción de la identidad nacional brasileña

 

 

Eldo Lima LeiteI; Andreza Silene Silva FerreiraII; José Roniere Morais BatistaIII; José Luiz Álvaro EstramianaIV; Ana Raquel Rosas TorresV

IOrcid.org/0000-0002-5152-8353. Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB, Brasil
IIOrcid.org/0000-0001-9068-0262. Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB, Brasil
IIIOrcid.org/0000-0002-9055-7544. Universidade Federal de Campina Grande, Campina Grande, PB, Brasil
IVOrcid.org/0000-0002-3017-0305. Universidade Complutense de Madrid, Madrid, Espanha
VOrcid.org/0000-0002-3161-0309. Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB, Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Este trabalho objetivou testar a hipótese de que o nacionalismo e o patriotismo são elementos definidores do grau de identificação com a nação brasileira e que o essencialismo tem um papel mediador na relação entre o patriotismo, o nacionalismo e a identidade nacional. Participaram deste estudo 229 estudantes universitários com idades média de 20 anos, DP = 3,6; sendo 28,8% do sexo masculino e 71,2% do sexo feminino. Os resultados demonstram que a identidade nacional brasileira é um construto multifacetado e que pode ser explicada a partir de fatores como patriotismo, nacionalismo e essencialismo. Referente ao papel destas variáveis no modelo, corroboramos nossa hipótese de que o essencialismo funciona como uma variável mediadora da relação entre patriotismo, nacionalismo e identidade nacional. Apesar do essencialismo explicar a identidade nacional, o seu papel não é constitutivo, mas processual. Seria o pensamento essencialista quem explicaria a parcela da identidade nacional percebida em termos de atributos homogêneos. Neste sentido, ele funciona como um viés cognitivo através do qual os indivíduos percebem e organizam, em termos categóricos, o seu grupo nacional. Estes resultados nos ajudam a entender o papel que o nacionalismo, o patriotismo e o essencialismo têm na construção da identidade nacional brasileira.

Palavras-chave: Identidade nacional, Patriotismo, Nacionalismo, Essencialismo.


RESUMEN

Este trabajo tuvo como objetivo comprobar la hipótesis de que el nacionalismo y el patriotismo son elementos definidores del grado de identificación con la nación brasileña y que el esencialismo tiene un papel mediador en la relación entre nacionalismo, patriotismo e identidad nacional. Participaron en este estudio 229 estudiantes universitarios, con una edad media de 20 años, DE = 3; de los cuales el 28% eran hombres y el 71,2% mujeres. Los resultados demuestran que la identidad nacional brasileña es un constructo multifacético que puede ser explicado a partir de factores como el nacionalismo, el patriotismo y el esencialismo. En relación al papel de estas variables en el modelo, corroboramos nuestra hipótesis de que el esencialismo actúa como una variable mediadora de la relación entre patriotismo, nacionalismo e identidad nacional. A pesar de que el esencialismo explica la identidad nacional, su papel no es carácter constitutivo sino procesual. El pensamiento esencialista explica la identidad nacional percibida en términos de atributos homogéneos. En este sentido, actúa como un sesgo cognitivo a través del cual los individuos perciben y organizan, en términos categóricos, su grupo nacional. Estos resultados nos ayudan a entender el papel que el nacionalismo, el patriotismo y el esencialismo juegan en la construcción de la identidad nacional brasileña.

Palabras clave: Identidad nacional, Patriotismo, Nacionalismo, Esencialismo.


 

 

O estudo da identidade nacional brasileira tem sido considerado um tema de crescente interesse, devido a maior representatividade do Brasil no cenário econômico mundial (Cavusgil & Kardes, 2013). Ela é considerada como um desafio social (Sobral & Vala, 2010; Terlouw, 2013), como um dos fenômenos de maior valor político dos nossos tempos (Anderson, 1991).

No entanto, os psicólogos sociais têm dado pouca importância à questão do porquê que os indivíduos se sentem, se identificam, lutam e morrem por seus países (Reicher & Hopkins, 2001). Na área da psicologia social, poucos artigos foram publicados sobre a identidade nacional brasileira (Lima, Torres, & Techio, 2016). Em um levantamento realizado no Periódicos Capes usando as palavras-chave "brazilian national identity", selecionando os artigos publicados em português, espanhol e inglês, entre os anos de 2007 e 2017, foram encontrados 81 resultados, dos quais apenas 6 foram referentes à identidade nacional brasileira, sendo que nenhum foi publicado na área de psicologia social.

O conceito de identidade nacional envolve, em algum sentido, o senso de comunidade política (García-García, 2015; Smith, 1991), a adesão a uma comunidade imaginada (Anderson,1991) a qual os indivíduos se sentem pertencentes (Barrett & Davis, 2008; Lödén, 2014). Neste estudo, abordaremos este sentimento de pertença à comunidade, ao grupo nacional, e discutiremos como esta identidade está relacionada com crenças patrióticas, nacionalistas e essencialistas.

As identidades nacionais entraram em evidência após a Revolução Industrial (García-García, 1994), que possibilitou a delimitação precisa dos territórios (Sahlins, 1989) e a comunicação em massa entre os indivíduos (Gellner, 1996). Outro fator associado ao surgimento desta identidade seriam os conflitos intergrupais, pois eles podem ser considerados como um fator de coesão social, que contribue para a construção do sentimento de identidade nacional (Colley, 1992). Neste sentido, a identidade nacional surge num contexto de novas fronteiras geográficas (Nagle, 2013), quando os indivíduos de uma nação entram em contato com outras nações, o que legitimaria e daria sentido à própria identidade nacional (García-García, 1994).

Subjacente à formação da identidade nacional estaria o nacionalismo (Greenfeld & Chirot, 1994; Hobsbawm, 2011; Leite, 2002), que funcionaria como a base ideológica na formação da identidade nacional (Tinsley, 2014; Tse, 2014). Sua principal função seria assegurar que os habitantes de uma nação se percebam como um povo especial (Hastings, 1999). O nacionalismo é uma ideologia da modernidade (Anderson, 1991; Billig, 1995; Gellner, 1996; Hobsbawm, 2011; Shulman, 2014; Smith, 2009) de difícil definição (Kunhavalik, 2009). Não obstante, para além de um movimento social, o nacionalismo pode ser considerado como um movimento ideológico que visa a autonomia, a unidade e a identidade de uma população, considerada como uma nação real ou potencial (Smith, 1991).

Diferente do nacionalismo, o patriotismo refere-se a um sentimento de lealdade ligado à nação (Sewpaul, 2009), sendo muitas vezes considerado sinônimo de nacionalismo (Billig, 1995; Sewpaul, 2009). No entanto, o patriotismo consiste no desenvolvimento de um sentimento de autopreservação, em uma moral do dever, podendo envolver inclusive o auto-sacrifício (Acton, 1985). O patriotismo está ligado ao amor à nação, porém não é sinônimo de nacionalismo. Enquanto este último faz referência à crença em uma unidade cultural e/ou étnica, o patriotismo está ligado ao amor, à forma de vida que garante a liberdade e o bem comum da nação (Viroli, 1997). Neste estudo, partimos da ideia de que o patriotismo e o nacionalismo seriam fenômenos distintos, no entanto, estariam relacionados, pois enquanto o patriotismo seria caracterizado pelo amor e lealdade à nação e pelo orgulho de sentir-se parte de uma comunidade nacional, o nacionalismo seria caracterizado por ser uma ideologia sobre a qual se sustenta a construção cultural da nação e, consequentemente, de um território e um Estado diferenciado. Essa crença pode, ademais, estar associada à ideia de superioridade de uma nação sobre as outras (Kosterman & Feshbach, 1989).

No entanto, o nacionalismo e o patriotismo não seriam os únicos elementos associados à representação coletiva de uma nacionalidade. Os indivíduos de uma nação fazem referência à sua realidade coletiva também a partir de termos essencialistas (Pérez-Agote, 1993). De fato, os primeiros estudos sobre o caráter nacional faziam alusão a uma estrutura de personalidade que comporia a identidade coletiva dos indivíduos (Leite, 2002), partindo, portanto, da crença na existência de uma alma coletiva. O essencialismo remete à crença de que os membros de um grupo compartilham uma estrutura de personalidade, que os diferenciam dos outros grupos, o que levaria a um pensamento categórico nas relações sociais (Medin, Goldstone, & Gentner, 1993; Yzerbyt, Rocher, & Schadron, 1997). O essencialismo pode ser definido como um processo da categorização social caracterizado pela crença na existência de atributos imutáveis referentes aos entes aos quais a categorização essencialista se aplica (Pereira, Álvaro, Oliveira, & Dantas, 2011). Trata-se, neste sentido, de um essencialismo de caráter psicológico (Estrada, Oyarzún, & Yzerbyt, 2007).

O processo de essencialização pode ocorrer por duas vias: o naturalismo e a entitatividade. O essencialismo de caráter naturalista parte da ideia de que as características compartilhadas por um grupo têm por base leis físicas e biológicas (Estrada et al., 2007). Já o essencialismo pela via da entitatividade remete a uma avaliação dos grupos em termos de semelhança e proximidade de seus membros, que seriam vistos como indivíduos contendo um destino comum (Pereira et al., 2011), estando, portanto, mais vinculado à ideia de "nação" do que o anterior. Vale a pena ressaltar, no entanto, que tanto o primeiro como o segundo levariam à percepção de semelhanças dos membros de um determinado grupo e à generalizarização das características individuais para todo o grupo (Calquin & Estrada, 2011; Estrada, Yzerbyt, & Seron, 2004).

A partir do discutido até aqui, perguntamos como esses fenômenos se articulam para constituir a identidade nacional. Será que o nacionalismo, o patriotismo e o essencialismo podem ser utilizados como uma proposta explicativa da identidade nacional brasileira?

 

Proposta de um Modelo Integrador

A identidade nacional, na ótica da psicologia social, pode ser abordada a partir da teoria da Identidade Social. A identidade social pode ser definida como a parcela do autoconceito individual que deriva do conhecimento da pertença a um grupo, juntamente com o valor associado a esta pertença e o seu significado emocional (Tajfel, 1981). Os processos subjacentes à identidade social seriam a categorização social e a comparação social. A categorização é o processo cognitivo que se caracteriza por acentuar as diferenças aparentes, tanto físicas quanto sociais, cuja principal função seria simplificar o meio social. Nesta perspectiva, a categoria social passa a ser um grupo social. No entanto, o que dá significado a um grupo é a comparação social, definida como o processo pelo qual o indivíduo busca diferenciar-se positivamente dos outros grupos a fim de obter uma imagem positiva (Techio, Costa, Moreira, & Hora, 2015; Torres & Camino, 2013). É a identidade social que fornece a realidade psicológica ao grupo e que possibilita aos membros ficarem unidos em suas percepções e comportamentos coletivos (Tajfel, 1981).

A identidade vista em termos de grupos nacionais, que seria a identidade nacional, pode ser definida como a parcela do autoconceito que deriva da pertença a uma nação, juntamente com o valor associado a esta pertença e o seu significado emocional. De fato, a nação é um definidor elementar de identidade, pois é uma categoria cognitiva e emocional indispensável para explicar o mundo social (García-García, Dorado, Álvaro, & Torres, 2016).

Por outro lado, os apegos dos indivíduos a lugares sagrados, a ícones pátrios, aos mitos que compõe a história de uma nação podem ser considerados elementos constitutivos tanto da identidade nacional (Mitra & König, 2013; Rodríguez, 2013; Smith, 1991; Zuev & Virchow, 2014) como do amor pátrio. Neste sentido, tanto o nacionalismo, enquanto sentimento de pertença a uma nação, como o patriotismo, enquanto sentimento de lealdade característico apenas daquelas pessoas que se sentem parte dessa nação, seriam fatores explicativos da identidade nacional. Resta-nos ainda discutir sobre o papel que o essencialismo teria num modelo explicativo da identidade nacional.

Os primeiros estudos na psicologia social referentes à nacionalidade tinham como ideia a naturalização das nações a partir dos estudos sobre o caráter nacional (Leite, 2002). O estudo da identidade nacional, a partir do ponto de vista étnico, pressupôs a crença em elementos exclusivos constituintes de tal identidade (Smith, 1991). Esta perspectiva foi abandonada por servir para disseminar os estereótipos e preconceitos que impulsionaram as guerras do nacionalismo (García-García et al., 2016).

O pensamento essencialista tem um papel fundamental no abandono do nacionalismo étnico e a substituição por um nacionalismo histórico-cutural baseado na adoção do raciocínio categórico nas relações intergrupais (Pereira et al., 2011; Yzerbyt et al., 1997). As crenças essencialistas partem da ideia de que os individuos que pertencem a uma nação compartilham características comuns e atributos semelhantes que se originam de sua pertença grupal. Desse modo, o essencialismo poderia explicar a identidade nacional por representar um processo subjacente à sua constituição. O essencialismo seria um mediador, por conter a heurística da categorização, pois seria o processo cognitivo que influenciaria a percepção da identidade nacional. Esta mediação seria parcial porque explicaria a parcela da identidade nacional que se refere ao processo de homogeneização baseado no conjunto de características atribuídas ao grupo nacional. Nesse sentido, hipotetizamos que as crenças essencialistas atuam como um processo cognitivo que medeiam, parcialmente, a relação entre o patriotismo, o nacionalismo e a identidade nacional (Figura 1).

Deste modo, objetivamos propor um modelo explicativo da identidade nacional a partir de crenças patrióticas, nacionalistas e essencialistas. De maneira específica, objetivamos testar a idea de que o nacionalismo e o patriotismo são elementos definidores do grau de identidade nacional e que o essencialismo tem um papel mediador na relação entre o patriotismo, o nacionalismo e a identidade nacional.

 

Método

Participantes

Participaram deste estudo 229 estudantes de uma universidade pública do estado da Paraíba, com idades média de 20 anos, DP = 3,6; sendo 28,8% do sexo masculino e 71,2% do sexo feminino. Quanto à classe social, 12,2% se autoclassificaram como sendo da classe baixa, 47,6% da classe média baixa, 30,6% da classe média e 8,7% da classe média alta. No que se refere à naturalidade dos participantes 94,3% eram procedentes da região Nordeste e 3% das regiões Sudeste e Sul.

Instrumentos

O instrumento foi composto por duas partes. A primeira parte foi composta por quatro escalas, todas em formato Likert de sete pontos:

Escala de Identidade Nacional: foi operacionalizada tomando como base os estudos de Tajfel (1981) sobre identidade social, definida como o sentimento de pertença a um determinado grupo, mais a avaliação e o significado emocional dessa pertença. A escala apresentou uma solução unifatorial (α=0,87).

Escala de Patriotismo: retirada da escala de Kosterman e Feshback (1989), que operacionalizam o patriotismo em termos de orgulho ao país. A escala apresentou uma solução unifatorial (α=0,78).

Escala de Nacionalismo: operacioinalizada a partir do estudo de Terhune (1964), que concebe o nacionalismo em termos de aspirações nacionais, consideradas como consequência de uma consciência nacional. As aspirações nacionais são, deste modo, definidas como orientações compartilhadas nas quais se espera que o seu país ganhe ou extenda seu poder em relação aos outros. A escala apresentou uma solução unifatorial (α=0,75).

Escala de Essencialismo: retirada do estudo de Calquin e Estrada (2011) e operacionalizada em termos de crenças de que os membros de um grupo compartilham uma estrutura profunda, que os diferenciam dos outros grupos, o que levaria a um pensamento categórico nas relações sociais. A escala apresentou uma solução unifatorial (α=0,74).

A segunda parte foi composta por um questionário sociodemográfico contendo perguntas relativas à idade, sexo, classe social e naturalidade.

Procedimentos de Coleta de Dados

A amostragem foi não probabilística por conveniência. Os participantes foram abordados em sala de aula e solicitados a participarem da pesquisa. Foi feito um rapport informando que se tratava de um estudo a respeito de como a sociedade vê o povo brasileiro. Em seguida foi entregue aos participantes um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Após assinarem o TCLE, os participantes passaram a responder os questionários.

Procedimento de Análise dos Dados

Os dados foram analisados por meio dos softwares SPSS-20 e AMOS-18. Foram realizadas análises descritivas, correlações e regressões. As hipóteses subjacentes aos testes paramétricos foram testadas a partir de diagnósticos uni e multivariados de normalidade, multicolinearidade e presença de outliers. Para os cálculos de mediação, foram seguidos os passos propostos por Baron e Kenny (1986) e o cálculo do Intervalo de Confiança foi utilizado para verificar os efeitos indiretos dos mediadores por meio da técnica bootstrapped (Preacher & Hayes, 2008). Neste estudo, nossa hipótese é que a identidade nacional é predita tanto pelo patriotismo quanto pelo nacionalismo e estas relações são mediadas simultaneamente pelo essencialismo (Figura 1).

Procedimentos Éticos

Após o consentimento manifesto em participar da pesquisa, os participantes assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, o qual esclarecia que o estudo era de caráter voluntário, que seria mantido o sigilo quanto às respostas dos participantes na publicação dos dados e que poderiam abandonar o estudo a qualquer momento. Os participantes também foram esclarecidos de que, por se tratar de uma pesquisa de opinião, não acarretaria nenhum risco; e que o estudo iria contribuir para a área da psicologia social e psicologia política, no que se refere ao tema da identidade nacional, possibilitando um melhor entendimento por parte dos brasileiros de uma das dimensões que compõe sua cidadania, a identidade nacional. Foram atendidas todas as recomendações e cuidados éticos prescritos na resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, Protocolo 034/15. CAAE: 41019015.4.0000.5188.

 

Resultados

Incialmente foi realizada uma análise de correlação de Pearson, bivariada, para verificar como a identidade nacional, o patriotismo, o nacionalismo e o essencialismo estão correlacionados. Os resultados demonstraram que estas variáveis apresentam relacionamentos positivos e significativos, indicando ser possível estabelecer um modelo explicativo da identidade nacional a partir delas (Tabela 1).

Em seguida, foram realizadas análises de regressão (Tabela 2), método Enter, para satisfazer as condições subjacentes à análise de mediação (Baron & Kenny, 1986).

Os resultados demonstraram que tanto o patriotismo quanto o nacionalismo predizem de forma significativa a identidade nacional brasileira, satisfazendo a condição 1 para a hipótese de mediação. O patriotismo e o nacionalismo predizem de forma significativa o essencialismo, satisfazendo a condição 2. O essencialismo apresentou efeito único e significativo sobre a identidade nacional brasileira, satisfazendo a condição 3. Por fim, verificamos que o essencialismo permanence prevendo a identidade nacional brasileira, controlando os efeitos do patriotismo e do nacionalismo, e que estas variáveis têm seus efeitos reduzidos na presença da variável mediadora, essencialismo, satisfazendo a condição 4 para que ocorra uma mediação.

Para verificar se o essencialismo, neste modelo, funciona como mediador da relação entre patriotismo, nacionalismo e identidade nacional brasileira foi executada uma análise de regressão por meio do software AMOS 18. A existência de outliers foi avaliada pela distância quadrada de Mahalanobis (D2) e a normalidade das variáveis foi avaliada pelos coeficientes de assimetria (Sk) e curtose (Ku) uni e multivariada. Nenhuma variável apresentou valores de Sk e Ku indicadores de violações à distribuição Normal (Sk <3 e Ku <7-10; Marôco, 2014). Nenhuma observação apresentou valores de D2 que sugeriam a sua remoção como outliers. A multicolinearidade foi avaliada com a estatística VIF. Os valores de VIF indicam que não há multicolinearidade entre as variáveis do modelo (VIFs < 5). Os efeitos indiretos que indicam se a hipótese de mediação foi satisfeita foram calculados por meio da técnica bootstrapped com 5000 reamostragens e Intervalos de Confiança ao nível de p < 0,05.

O modelo proposto explicou 46% da variabilidade da identidade nacional brasileira. Pode-se verificar que todas as trajetórias são positivas e estatisticamente significativas. Assim, primeiramente, podemos verificar que o patriotismo apresentou uma relação significativa com o nacionalismo. A variável patriotismo apresentou um efeito total de 0,612 sobre a identidade nacional brasileira, com efeito direto de 0,568 e efeito indireto, mediado pelo essencialismo, de 0,044. Já a variável nacionalismo apresentou um efeito total de 0,170 sobre a identidade nacional brasileira, com efeito direto de 0,146 e efeito indireto, mediado pelo essencialismo, de 0,024. De acordo com a técnica de reamostragem bootstrapped, o efeito indireto (c1 = 0,044) foi significativo ao nível 95% com IC variando entre 0,001 e 0,047, p<0,05. O efeito indireto (c2 = 0,024) também foi significativo ao nível 95% com IC variando entre 0,002 e 0,030, p<0,05. Deste modo, verificamos que a relação entre o patriotismo, o nacionalismo e a identidade nacional brasileira foi mediada parcialmente pelo essencialismo. A Figura 2 apresenta o modelo com as estimativas estandardizadas dos coeficientes de regressão e o R2 da identidade nacional brasileira.

Estes resultados demonstram, num primeiro momento, que a identidade nacional brasileira é um construto multifacetado e que pode ser explicada por recurso a dimensões como patriotismo, nacionalismo e essencialismo. De forma mais específica, a Figura 2 demonstra os papeis específicos destas variáveis no modelo de regressão. Tanto o patriotismo quanto o nacionalismo são construtos que constituem a identidade nacional. Neste sentido, quanto mais os indivíduos aderem a crenças patrióticas e nacionalistas maior é a probabilidade de apresentarem altos níveis de identidade nacional.

O essencialismo, por outro lado, desempenhou um papel distinto, pois funcionou como um tipo de crença, de natureza categórica, que é ativada ao se pensar em termos patrióticos e nacionalistas. Deste modo, quando os indivíduos pensam em suas identidades nacionais, o fazem, em parte, a partir de crenças essencialistas, caracterizadas, neste estudo, pela crença na existência de um conjunto de atributos inerentes ao grupo dos brasileiros. Isto não quer dizer, no entanto, que há um componente essencialista constitutivo da identidade nacional brasileira, mas que a categorização social, processo subjacente ao pensamento essencialista, influencia a maneira como os indivíduos percebem sua nacionalidade.

 

Discussão

Este estudo objetivou propor um modelo explicativo da identidade nacional a partir de crenças patrióticas, nacionalistas e essencialistas. Especificamente, objetivamos testar a hipótese de que o essencialismo tem um papel mediador na relação entre o patriotismo, o nacionalismo e a identidade nacional. Os resultados corroboraram nossa hipótese, no sentido de que o essencialismo mediou parcialmente estas relações. Isto significa que mesmo os indivíduos aderindo a crenças essencialistas, o patriotismo e o nacionalismo ainda permanecem atuando como variáveis explicativas no modelo.

De fato, tanto o nacionalismo quanto o patriotismo são construtos formadores da identidade nacional (Greenfeld & Chirot, 1994; Hobsbawm, 2011; Kosterman & Feshbach, 1989; Lee, 2014; Piwoni, 2015; Tse, 2014). Neste modelo pode-se observar que ambos apresentam baixa correlação entre si (Ariely, 2012; Gries, Zhang, Crowson, & Cai, 2011) e alto poder preditivo da identidade nacional (Miller-Idriss & Rothenberg, 2011; Pérez-Agote, 1993; Quiroga, 2014; Tartakovisky, 2011), indicando que são fenômenos distintos (Kosterman & Feshbach, 1989; Viroli, 1997).

No que se refere ao essencialismo, consideramos no nosso modelo que esta variável não possui um papel constitutivo da nacionalidade, mas sim processual. Seria ele quem explicaria a parcela da identidade nacional percebida em termos de atributos homogêneos (Smith, 1991), inerentes ao grupo nacional. Esta percepção passa a ter significado no processo de comparação com outras nações (Colley, 1992; Sahlins, 1989), o que legitima e dá sentido à identidade nacional (García-García, 1994). Isto seria desta maneira porque subjacente ao pensamento essencialista estaria a heurística da categorização social (Pereira et al., 2011; Calquin & Estrada, 2011; Estrada et al., 2007; Estrada et al., 2004; Pereira, Álvaro, & Garrido, 2016), que simplifica a realidade ao selecionar um conjunto limitado de atributos para representar os grupos sociais, neste caso a nação (Laxer, Carson, & Korteweg, 2014). Como a forma com que os indivíduos se relacionam com os grupos sociais é semelhante à maneira pela qual se relacionam com sua nação de pertença (Terhune, 1964; Troch, 2013), o essencialismo também estaria funcionando ao simplificar a complexidade do fenômeno "identidade nacional", organizando-a de forma categórica (Patel, 2013; Raqib & Barreto, 2014). Uma vez que a categorização social é um processo em comum ao pensamento essencialista e à identidade social nacional, os conteúdos constitutivos das crenças essencialistas associados aos grupos nacionais influenciariam a maneira pela qual a identidade é percebida. De maneira geral, de acordo com o modelo proposto, o essencialismo não constitui a identidade nacional, mas funciona como uma heurística através da qual os indivíduos organizam as informações relativas aos grupos nacionais por meios dos processos de simplificação do meio social, permitindo uma maior sensação de controle psicológico (Estrada et al., 2007; Estrada et al., 2004), e da categorização social, por meio da qual os indivíduos ancoram e dão significado as suas experiências (Moscovici, 2015).

Por se tratar de uma nova proposta explicativa da identidade nacional, ainda não é possível generalizar estes resultados para toda a população. O fato da amostra ter sido composta por estudantes universitários também se apresenta como um limite deste estudo e aponta para outras possibilidades, com diferentes participantes, o que possibilita testar, em diferentes contextos, este modelo. O modelo proposto não pretende abarcar toda a complexidade da identidade nacional (Sim & Leith, 2014; Sperling, 2013, Storm, 2015; Zwet, 2015), mas tem como principal objetivo tentar compreender como as variáveis, neste caso o patriotismo, o nacionalismo e o essencialismo, se configuram para explicar esta identidade.

 

Considerações Finais

A psicologia social brasileira tem dado pouca importância ao estudo da identidade nacional, mesmo sendo um dos fenômenos de maior impacto político dos nossos tempos (Anderson, 1991). Na tentativa de preencher esta lacuna empírica e dar um passo a frente nos estudos sobre a identidade nacional, procuramos apresentar um novo modelo explicativo desta identidade, articulando variáveis do âmbito cognitivo e psicossocial.

Ao pensar a identidade nacional a partir de um modelo em que o essencialismo exerce um papel processual, passamos a entender, em certa medida, o porquê que os teóricos do caráter nacional terem adotado uma perspectiva essencialista (Leite, 2002; Mead, 1951) e porquê ela tem estado associada à formação de estereótipos e preconceitos nacionais (García-García et al., 2016). Deste modo, ao constatar que a maneira que o essencialismo explica a identidade nacional é distinta dos estudos tradicionais, trazemos de volta mais uma vez os questionamentos de como esta identidade é constituída e quais os demais processos subjacentes a esta formação.

Uma vez que estes resultados são referentes a uma parcela da população, a saber estudantes universitários, e que o desenho do estudo é correlacional, ainda não é possível fazer inferências para o conjunto da população brasileira. Estudos com amostras populacionais, representando as demais regiões do país, podem dar uma maior sustentação ao modelo proposto, bem como acrescentar novas perspectivas relativas à construção da identidade nacional (Leal, 2014), de modo a esclarecer um pouco mais o fenômeno da identidade nacional e poder visualizar suas principais consequências sociais.

 

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Endereço para correspondência:
Eldo Lima Leite
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Fone: +55 83 99647-4692
E-mail: eldolima@gmail.com

Recebido: 30/08/2017
1ª revisão: 14/12/2017
Aceite final: 16/12/2017
Esta pesquisa contou com apoio financiero do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

 

 

Contribuições dos Autores
Contribuição substancial no conceito e desenho do estudo: Eldo Lima Leite; Ana Raquel Rosas Torres; José Luiz Álvaro Estramiana.
Contribuição na coleta de dados: José Roniere Morais Batista; Andreza Silene Silva Ferreira.
Contribuição na análise e interpretação de dados: Eldo Lima Leite; Andreza Silene Silva Ferreira; Ana Raquel Rosas Torres; José Luiz Álvaro Estramiana; José Roniere Morais Batista.
Contribuição para a preparação do manuscrito: Eldo Lima Leite; Andreza Silene Silva Ferreira; Ana Raquel Rosas Torres.
Contribuição à revisão crítica, agregando conteúdo intelectual: José Luiz Álvaro Estramiana; Ana Raquel Rosas Torres.
Conflitos de interesse
Os autores declaram não ter conflito de interesse relacionado à publicação deste manuscrito.

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