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Cadernos de psicanálise (Rio de Janeiro)

versão On-line ISSN 1413-6295

Cad. psicanal. vol.34 no.26 Rio de Jeneiro jun. 2012

 

Artigos

A escuta discursiva de mães de crianças autistas: o primeiro olhar sobre o filho

 

The discoursive listening of autistic children's mothers: the first look at the child

 

 

Cynara Maria Andrada Telles*

Universidade Federal de São Carlos

Endereço para correspondência

 

 


Resumo

O autismo é um tema de grandes divergências no meio científico; entretanto, é de consenso geral tratar-se da mais precoce doença mental. Por isso, inclusive, os primeiros momentos de vida da criança despertam um grande interesse. No presente trabalho abordamos as contribuições da psicanálise sobre o assunto e, utilizando a Análise do Discurso como referencial teórico metodológico, realizamos a análise do discurso de mães de crianças autistas no que se refere ao primeiro olhar sobre o filho. Ambas as teorias se articulam, tanto no que diz respeito a uma leitura da subjetividade e heterogeneidade do sujeito, quanto como um resgate das relações simbólicas.

Palavras-chaves: Sujeito, autismo, Análise do Discurso, psicanálise.


Abstract

Autism is a theme with lot divergences in scientific community. However, it's a consensus to treat it as the most precocious mental disease, that's why the reason of a great interest in childhood's first moments. This research approaches the psychoanalysis contributions about the subject and, using Discourse Analysis as a methodological and theoretical reference, makes the analysis of the discourse in autism children's mothers, when they talk about sons' first stare. Both theories articulate about as subject's subjectivity and heterogeneity lecture, such as a rescue of symbolic relationships.

Key-words: Subject, autism, Discourse Analysis, psychoanalysis.


 

 

I. Introdução

O que verdadeiramente somos é aquilo que o impossível cria em nós.
Clarice Lispector

No meio científico, tratar do tema autismo numa visão ampla é se deparar com muitas maneiras de entendê-lo. Entretanto, é de consenso geral que essa é a doença mental com a mais precoce manifestação, pois se observa desde os primeiros meses de vida uma ausência de reciprocidade entre a mãe e seu bebê. Esta ausência pode ser provocada por fatores como depressão puerperal e ausência de respostas do bebê aos gestos da mãe, o qual se mantém alheio a qualquer tentativa de contato. Por conta desses fatores, a mãe dessas crianças foi muitas vezes foco de investigação dos pesquisadores do autismo.

Dentre todas as teorias sobre o autismo, a que mais se articula à Análise do Discurso é a psicanálise, a qual propõe uma leitura que vai além do comportamento ou da hegemonia orgânica, apostando na subjetividade e na heterogeneidade, e de um resgate das relações simbólicas. Em sua formulação teórico-metodológica, a Análise do Discurso, teoria fundamentada por Michel Pêcheux e na qual se apoia este trabalho, pensa a circularidade e reposicionamento do sujeito a cada (re)tomada do discurso. E para se fundamentar teoricamente, propõe a releitura de três campos do saber. O primeiro é o materialismo histórico (marxismo), que aborda as formações sociais e a teoria das ideologias, conforme proposto por Althusser. O segundo é a linguística (teoria saussuriana), que investiga os mecanismos sintáticos e os processos de enunciação. E o terceiro é a teoria do discurso, que se ocupa da determinação histórica, relacionada aos processos semânticos. Essas três vertentes são atravessadas pela teoria psicanalítica no que se refere à concepção de sujeito desejante, assujeitado à linguagem, e marcado pela incompletude. Por isso, pretendemos aqui, apresentar alguns trabalhos de pesquisadores que se fundamentam na referida teoria, a qual formulou o conceito de sujeito do inconsciente, sendo que na Análise do Discurso de base francesa é ressignificado como sujeito do discurso. Iniciaremos com uma breve exposição dos desejos por um filho e da condição e necessidades de um recém-nascido para que advenha como sujeito.

 

É comum a gente sonhar(...). / Quando vem o entardecer (...). / Um sonho lindo de morrer / Vejo um berço e nele eu me debruçar / Com o pranto a me correr E assim, chorando, acalentar O filho que eu quero ter. Vinícius de Morais

 

II. O desejo por um filho

Para Freud (1996b), o projeto de um filho se relaciona ao desejo de um resgate narcísico, em que todas as expectativas fracassadas em relação a si mesmo serão reinvestidas nesse objeto desejado. Para a mulher, (Freud, 1996a) querer um filho é, pois, nesse sentido, a fantasia de tamponamento da falta, de completude imaginária diante da percepção da estrutura dividida e faltante do sujeito do inconsciente. Freud (1996a) aborda a questão dizendo que o desejo de ter um filho é uma tentativa de possuir um falo. Como aponta Bridon (2003), Lacan desarticula a palavra "falo" da concepção de um bebê, tomando- -o como o estatuto do significante do desejo, o que faz pensar o Complexo de Édipo e a castração como questão dialética de ser/ter ou não o falo. A escolha é feita diante da necessidade de desinvestimento do amor da mãe num primeiro momento, e do pai, num segundo, culminando nesse posicionamento diante do falo, do qual estamos falando. Apesar das diferenças que marcam este processo de meninos e meninas, é por este percurso que o sujeito passará para culminar em sua escolha sexual.

Com a reedição de seus desejos e fantasias, os pais revivem as experiências que tiveram com seus próprios pais e ganham mais este papel, que os desaloja de um lugar já conhecido, lançando o desafio de uma função de grande compromisso: cuidar deste bebê que acaba de nascer em condição de total dependência. Nesse momento, se redistribuem os papéis de cada sujeito. A relação do casal é afetada por um terceiro, que demanda mais e mais. Este contexto é extremamente delicado, pois ambos, pai e mãe, terão que abrir mão de um espaço em suas vidas para cuidar deste bebê. Entretanto, contratempos das mais variadas naturezas não são incomuns, e quanto maior for este descompasso entre o desejado e o acontecido, mais delicada será a situação a se enfrentar. Silva (1997) considera que:

A história pré-edípica e seus avatares, tanto da mãe como do pai desse bebê que chega, terão importância fundamental na organização psíquica desse novo ser, gerado desse encontro, que tem por trás de si, um cenário onde uma série de fantasmas e uma verdadeira mitologia familiar transgeracional se revelam e se encerram (SILVA, 1997, p. 35).

Acreditamos, portanto, que muito antes de um bebê nascer seu espaço afetivo já está sendo definido, de acordo com as condições gerais em que é representado por seus genitores. A esse respeito Lacan (1988) afirma que o sujeito do inconsciente está mergulhado e sendo significado no universo da linguagem desde antes de seu nascimento. Isso se dá pela escolha de seu nome, nos preparativos para sua chegada, no modo que é falado.

Mesmo dentro da psicanálise existem diferentes maneiras de teorização do autismo. Apresentaremos a seguir, algumas contribuições sobre esse tema fazendo uma breve exposição dos de momentos lógicos de constituição do sujeito, visando a uma maior clareza na compreensão das formulações dos autores que se apoiam na vertente psicanalítica (lacaniana), que, para tratar do autismo, se fundamenta na relação de objeto.

 

III. O processo de estruturação do sujeito segundo a psicanálise lacaniana

 

O processo de estruturação do sujeito segundo a psicanálise lacaniana Mas o que é mesmo o autismo? / Um mistério a ser desvendado / (...) Uma / perola rara... / Uma dor quase de morte... Uma crueldade do gene... Liê Ribeiro (mãe de um rapaz autista).

Diante da prematuridade de suas condições físicas e psíquicas, o bebê, ao nascer, é separado de sua mãe em termos espaciais apenas, continuando a ser totalmente dependente em termos funcionais e afetivos. São os cuidados corporais do agente materno que libidinizam o bebê e mostram-lhe que é um ser desejado. Esses cuidados reeditam nos pais a experiência de dependência ao outro, suscitando neles demandas e desejos com relação a este filho, que vai sendo significado por meio destes cuidados. A subjetivação, segundo Lima (2001), se empreende com a possibilidade do filho em atender a estas demandas do Outro. Quando este processo ocorre, o corpo biológico (organismo) do bebê se transforma então em um corpo erógeno, marca que diferencia o organismo do homem com o organismo dos outros mamíferos.

É a função materna que permite ao infans o acesso ao simbólico, por um trabalho de erogeneização deste organismo, se oferecendo com seu olhar como objeto simbolizável. Essa função pode ser realizada por qualquer pessoa que se incumba dos cuidados da criança em seus primeiros meses de vida. Sobre isso, afirma Jerusalinsky (2004):

É a insuficiência da condição humana que dá espaço para uma dimensão psíquica: a pulsão como representante do biológico. O Outro primordial, a mãe, faz, nesse sentido, um verdadeiro esforço: toma o peito como dom, o cocô como presente, a voz como chamado, o olhar como interpelação. Costura e recobre o que incessantemente aparece como abertura: a insuficiência (normal) de sua criança. (...) Esses buracos (...) portam as marcas simbólicas que a mãe inscreve neles, desenhando, assim, a borda do objeto que essencialmente permanecerá vazio (JERUSALINSKY, 2004, p. 26-27).

Para que o corpo físico se estruture como corpo erógeno provido de uma estrutura mental, é essencial que a mãe exerça sua função de decodificadora dos gestos de seu bebê. A mãe ocupa o lugar de Outro absoluto que transmitirá seu próprio código simbólico por meio destes cuidados a ele destinados; a isso Lacan (1998) denominou estádio do espelho, momento em que a mãe se oferece especialmente pelo olhar para permitir ao bebê o reconhecimento da totalidade de seu corpo, e que será tratado mais à frente. Segundo Jardim (2001, p. 57), "à função materna cabe, primordialmente, transmitir um desejo de existência, de pertença a uma história, transmitir ao bebê um desejo que não seja anônimo". O bebê é, portanto, convocado a participar da continuidade de uma determinada história, a fazer parte deste universo de linguagem no qual foi introduzido.

No processo de constituição do sujeito, a satisfação da primeira necessidade (fome, frio, sono) no nível do real, reduz o estado de tensão e resulta num prazer imediato. Quando surge a segunda necessidade e o estado de tensão pulsional reaparece, é acionado o rudimento de um processo mental surgido na primeira experiência de necessidade-satisfação, que estará atrelado à imagem/ percepção do objeto (Dör, 1989). Na dependência total ao outro, o grito da criança será por ele nomeado, traduzido, interpretado. Ao significar o gesto motor do bebê à necessidade se articula a demanda direcionada ao outro. Portanto, nesse momento já se aponta para a circulação imaginário-simbólico e, para isso, é necessário uma primeira experiência de satisfação de uma necessidade para que a criança lance uma mensagem de demanda ao Outro. A demanda articula-se sempre à ilusão da garantia permanente do objeto e de reconhecimento constante, algo impossível de ser realizado. Ela também impede a entrada de um terceiro e a vivência da castração. Cabas (1988) salienta que, na demanda, o sujeito se oferece como objeto e não como sujeito, se apagando com isso uma posição subjetiva.

O desejo é a busca incessante de plena satisfação da demanda, que ilusoriamente é imaginada perdida; portanto, ele marca a impossibilidade de satisfação, e a busca incessante desta satisfação no Outro. Na verdade, o desejo é a busca de um objeto na realidade, e sua dimensão (Lacan, 1988) está marcada pela falta que não pode nem nunca foi preenchida por nenhum objeto real.

Na constituição do sujeito, existe um movimento dialético entre alienação e separação, em que o sujeito será invocado pelo Outro no bebê, movimento este que Lacan (1988) denomina de tempos de causação. Na alienação, primeira operação em que tem início o processo de constituição do sujeito, a mãe oferece ao bebê sua imagem e seu desejo. São as sensações que permitem ao bebê realizar as primeiras representações psíquicas. É nesse tempo que se situa o Significante Mestre S1, no qual o sujeito se faz representar pelo outro. A mãe traduz, simboliza o gesto do bebê, provendo-o de afeto, amor e palavras. Ao atendê-lo em suas demandas, ela imprime marcas no corpo do bebê, que o unificarão. O reconhecimento da totalidade do corpo se estabelece entre o sexto e o décimo mês de vida, o que foi denominado por Lacan de estádio do espelho, conforme mencionado anteriormente, que assim o define:

O estádio do espelho pode ser entendido como uma identificação pela transformação produzida no sujeito quando ele assume uma imagem. Pela incapacidade de locomoção, na dependência ao outro, se estabelece a matriz simbólica em que o Eu se precipita em uma forma primordial, antes de se objetivar na dialética da identificação com o outro, antes que a linguagem o coloque na posição de sujeito (LACAN, 1998, p. 38).

Para apreender a experiência de totalidade do corpo, o bebê atravessa três momentos, ou três tempos fundamentais do estádio do espelho. No primeiro tempo, a relação com o outro se expressa com uma indiscriminação entre o infants e o outro, pois "durante todo esse período, registramos as reações emo

cionais e os testemunhos articulados de um transitivismo normal. A criança que bate, diz ter sido batida, a que vê a outra cair, chora" (Lacan, 1998, p. 116). No segundo momento ocorre uma distinção entre imagem e realidade do outro, ela se dá conta que a imagem que vê no espelho não é o outro real (Dör, 1991). No terceiro momento se efetua a identificação primordial, quando a criança percebe que o que vê no espelho é a própria imagem refletida que estrutura então a imagem do sujeito. Entretanto, o estádio do espelho, ao permitir a visão unificada do próprio corpo, aliena o infants em sua imagem, garantindo até aí, apenas a base do tripé imaginário a-a'.

No tempo da separação, essa relação dual se desfaz, surgindo um terceiro, no qual o bebê percebe a falta no Outro, nesse caso, o agente materno. A percepção dessa falta faz advir o sujeito do desejo que a partir daí estabelecerá sua própria cadeia significante (S2,...). A Função Paterna realiza o corte na relação mãe-filho, garantindo o surgimento do sujeito psíquico. O pai, ou quem realiza a função de terceiro, interrompe a relação fusional mãe e filho, e realiza na mãe a castração simbólica, tornando-se o representante do significante fundamental Nome-do-Pai. Com essa operação, fica interditada a lei do incesto e restringido o gozo de mãe e bebê, lançando-os no campo do desejo. O filho ao demandar percebe a falta na mãe que restringe seu gozo a ele, a qual, por sua vez, direciona seu desejo ao Outro, que não seu filho, representado pelo significante do Nome-do-Pai, o qual passa a ser desejado dialeticamente pelo filho. Dör (1991) fala da Função Paterna nos seguintes termos:

Todo terceiro que responder a esta função, mediatizando os desejos respectivos da mãe e do filho vai instituir, por sua incidência, o alcance legalizador da lei do incesto. Ora, responder a esta função implica unicamente que seja convocado, em posição de referente terceiro, o significante do pai simbólico, isto é, o significante fálico enquanto simbolizando objeto da falta desejado pela mãe (Dör, 1991, p. 42).

Portanto, não se trata aqui de um homem, mas de um referente terceiro, que aponta para o bebê que o desejo de sua mãe não se restringe a ele. É a entrada desse terceiro na relação mãe-filho que permite ao bebê a passagem de falo da mãe para sujeito do inconsciente. Essa intervenção impõe à criança que abra mão do desejo verdadeiro pela mãe, o qual será redirecionado ao inconsciente, e que constitui o recalque imaginário, quando o significante desejo da mãe é substituído pelo significante Nome-do-Pai. (Teixeira, 2000).

Para a vertente psicanalítica do autismo, apoiada na concepção de sujeito da linguagem, é de consenso entre os teóricos que algo provocou um descompasso na relação mãe-filho afetando o desejo da mãe de com seu olhar, libidinizar o corpo de seu filho, cortando a circulação imaginário-simbólico, que deveria estar presente desde o nascimento. A libido, nessas condições, utilizando os termos de Freud, se mantém num estado de auto-erotismo an-objetal. É a libidinização do corpo, que se estabelece em termos de presença-ausência da mãe, o que garante a introdução do significante formando bordas erógenas no bebê. No autismo, a falha desta inscrição significante desencadeia uma não demarcação do corpo em bordas.

Lefort e Leforft, (apud Jerusalinsky, 1984), falam do autismo como uma forclusão, conforme propõe Lacan para se pensar as psicoses. No caso do autismo, a falha ocorre no tempo de alienação (a psicose ocorreria no tempo de separação), momento em que o se dá a circulação entre imaginário, que se refere ao estádio do espelho, e simbólico, que permite o advento do sujeito. A entrada no universo da linguagem é prejudicada por fatores orgânicos ou constitucionais do bebê, seja em virtude de uma impossibilidade psíquica que sustente esta circulação para o filho, ou ainda, pela combinação dos dois fatores. Para Lefort e Leforft (apud Jerusalinsky, 1984), no autismo ocorre um fracasso maciço da função paterna, não havendo com isto a inscrição da falta, condição imprescindível para o advento do sujeito. A relação com o Outro para o autista possui um caráter totalizante, faltando a imagem especular. Esses autores consideram que na estruturação da cadeia significante existe o S1, mas o S2 não advém, mantendo-se o S1, Um sozinho no real, resultando na ausência da falta. Os efeitos desse S1 sozinho são um grande peso carregado pelas palavras, já que não existe cadeia e mobilidade de sentidos.

Stefan (1994) propõe se pensar o autismo como uma estruturação particular, em que ocorre uma incidência específica da forclusão do Nome-do-Pai, provocando a ausência de simbolização do Desejo da Mãe. Com isso "a imagem captada perde a profundidade e não dá conta do conjunto figura e fundo. Colando-se pelas superfícies, vive a vida, parasitando a sensação. Não sabe quem é, nem de onde veio. Tampouco isso importa desde que a sensação continue e a angústia desapareça" (STEFAN, 1994, p 106).

Jerusalinsky (1984) formula que o autismo se estabelece em função de um descompasso da relação entre a mãe e seu bebê, por fatores inerentes um ou outro, afetando o desejo dessa mãe de, com seu olhar, libidinizar o corpo de seu filho. Resulta disso o comprometimento no estabelecimento deste vínculo, o qual normalmente se faz em termos de presença-ausência da mãe, presença como empréstimo de sua imagem, e ausência como possibilidade de significação pela ausência. Ocorre nessas circunstâncias uma ausência do desejo da mãe, e se a mãe não deseja, nada demanda e não apresenta uma brecha onde possa a criança se embrenhar, onde possa oferecer algo de si. A presença do outro se estabelece fisicamente, mas não em termos simbólicos. A consequência dessa experiência é uma tentativa incessante de se excluir do universo circundante, por uma experiência maciça e aterradora do real.

Para Laznik-Penot (1997) o autismo se manifesta num momento anterior ao estádio do espelho, nas primeiras relações do objeto com a linguagem, apontando para a ausência de representação da falta na mãe. Portanto, não há entrada no tempo da alienação (S1), pois o Outro está impedido de oferecê-lo. Sem o reconhecimento desta falta, o bebê não poderá aceder às representações imaginárias. O fracasso da relação simbólica fundamental estabelecida pela alternância presença-ausência da mãe se traduz por "uma falha fundamental na própria presença original do Outro" (LAZNI-PENOT, 1997, p. 33). Na criança autista, existe uma ausência de representações no inconsciente, causando a impossibilidade dos processos de deslocamento e condensação, que se organizam a partir de traços mnésicos, anteriores à memória, segundo as contribuições de Freud. Considerando o não fechamento do circuito pulsional nos casos de autismo, Laznik-Penot afirma que este circuito se subdivide em três tempos: no primeiro, ocorre a busca pelo objeto pulsional para dele se apoderar. No segundo tempo ocorre a experiência alucinatória de satisfação, pela satisfação auto-erótica ao eleger um objeto que o satisfaz, como dedo, chupeta, etc.; no terceiro momento o circuito se fecha e a criança se oferece como objeto ao Outro (Laznik-Penot apud Lopez, 2000). No autismo ocorre a não constituição do objeto que poderia empreender o movimento de fechamento do circuito, mantendo-se a posição do auto-erotismo e impedindo a organização das pulsões parciais.

A autora contribui também enfocando o (não) sujeito do enunciado e a possibilidade de um vir a ser em crianças ecolálicas, considerando que o sujeito do enunciado é apenas um primeiro registro e pode, inicialmente, ser puramente ecolálico:

a simples frase ecolálica indica, pelo menos, uma captura alienante pelo significante, daquele que poderá, talvez, um dia advir como sujeito do enunciado que acaba de proferir, é preciso que um Outro real, de carne e osso, se constitua como lugar de endereçamento daquilo que resolve, a partir de então, ouvir como uma mensagem (LAZNI-PENOT, 1997, p. 237).

O trabalho desse Outro será então de escutar essa ecolalia como uma mensagem com significado, tentando assim, oferecer o universo da linguagem a essa criança.

 

IV. A linguagem e seus (efeitos de) sentidos

Penetra surdamente no reino das palavras. Chega mais perto e contempla as palavras Cada uma / tem mil faces secretas sob a face neutra / e te pergunta (...) Trouxeste a chave? Carlos Drummond de Andrade

As disciplinas interpretativas, tais como a Análise do Discurso e a Psicanálise, como afirma PÊCHEUX (1995), pressupõem uma instabilidade lógica dos enunciados, considerando a existência de um real que irrompe relacionado a um saber que não se aprende nem se transmite, mas que sempre produz efeitos. Este conceito de real surgiu a partir do movimento estruturalista, e se manifesta no entrecruzamento de linguagem e história, em que está presente o não-dito intrínseco ao que é dito. As teorias interpretativas não se ocupam de uma análise conteudista, mas das condições de produção que caracterizam e constituem o discurso. Nosso objetivo é investigar, nesse trabalho de interpretação a produção de sentidos em um dado funcionamento discursivo, trazendo do passado um acontecimento pontuado numa cadeia significante, pois o sujeito aqui concebido só se submete à ordem simbólica do universo discursivo, trazendo como marca a falta original, a incompletude, o atravessamento do inconsciente. A Análise do Discurso utiliza como corpus a materialidade linguística, por meio de depoimentos escritos ou orais, textos, documentos, efetua recortes deste material. No trabalho de escuta, são tomados como objetos de investigação a estrutura discursiva, a posição ocupada pelo sujeito, as cenas que descreve e constrói. Com base nesses pressupostos e atento às construções discursivas, o analista do discurso ocupa uma posição-sujeito.

O trabalho de interpretação do analista não é neutro, mas ponderado e relativista, não havendo, portanto, um posicionamento absolutista, pois ele "se coloca em uma posição deslocada que lhe permite contemplar o processo de produção de sentidos em suas condições" (Orlandi, 2001, p. 61). Ressaltamos ainda que o sujeito entrevistador/pesquisador participa subjetivamente do processo interpretativo. As transcrições literais, respeitando os modos de dizer do sujeito em detrimento das regras gramaticais, nos permitiram uma escuta, a fim de seguir as pistas, a circularidade, heterogeneidade e as particularidades do dizer do sujeito subjetivamente concebido no presente trabalho.

V. O primeiro olhar sobre o filho

Vamos todos festejar O nenem mais bonitinho / Que acaba de chegar E' bem-vinda se é Maria / E' bem-vindo se é João. Tom Jobim

A definição desta entrada se empreendeu como marca de retorno do já dito antes e trazido para o presente pela memória discursiva dos dizeres das ciências do autismo. Os primeiros momentos com o filho, em nossa leitura, são significados pelos modos de dizer da mãe sobre a espera e a chegada deste filho, e o lugar atribuído a este filho da concepção ao nascimento.

A escolha destes recortes faz-se para empreendermos a análise dos dizeres de um momento muito importante, conforme conceitua a teoria psicanalítica, quanto à importância do olhar da mãe sobre o filho, um olhar carregado de sentidos, olhar que se comunica significando o lugar e a linguagem do bebê que ainda não fala. Esclarecemos ainda que, a cada uma dessas mães foram dados nomes de flores, num gesto de agradecimento por seus preciosos depoimentos.

 

Rosa: "Eu achei estranho porque eu tava esperando uma menina. Eu falei: esse aí não é meu filho, não, eu ia tê uma menina, não era?"

 

No primeiro olhar sobre o filho, o sujeito Rosa diz de um estranhamento, sendo o "estranho" aqui falado do olhar sobre um acontecimento diferente do que tinha certeza que ocorreria: esperou uma menina e veio um menino. Na teoria psicanalítica, o estranho tem lugar importante no processo de identificação ao outro, sendo entendido como o que vem de fora, o que é incompreensível, irreconhecível, incomum, que é não familiar. Essa é uma prova consistente da fragilidade, da instabilidade de nossa identidade, que supomos imaginariamente inabalável (De Nardi, 2005). O "estranho" traz também a marca do duplo do significante, algo estranhamente familiar, que causa a dúvida. Um efeito ideológico de evidência faz com que seja uma filha, que tenha certeza que o bebê que vê não seja reconhecido e nomeado como seu, havendo aí um colamento entre palavra e realidade. Tamanha é sua certeza que chega a enunciar como uma sentença decisória, afirmando e reafirmando não ser seu filho. Mas diante da concretude do fato, convoca o outro a confirmar/esclarecer este filho, e só então duvida de sua certeza e indaga ao outro: "não era?". Mas, ainda assim, indaga com a negativa no passado sobre algo que acontece no presente, usando a oração no futuro do pretérito, instaurando nesse momento a dúvida de uma possibilidade. No recorte abaixo, Acácia também fala do desejo frustrado de um filho que não veio, entretanto, seu discurso se contrapõe ao de Rosa, como veremos.

Acácia:Acácia: 'Eu queria que viesse uma menina, né? Na gravidez não fazia ultrassom. Então eu pensava: "vai vir uma menina, né, aí eu fico com um casal". Aí quando veio, falô: "é menino home". Aí veio aquela chateação, né? Aí eu falei: 'é home mas é meu fio mesma coisa, não tem importância'. Mas foi bom, viu? Foi muito bom...'.

Aqui, o sujeito enuncia pelo futuro do pretérito (vai vir), tempo que implica dúvida, da ordem da impossibilidade de uma garantia, não evidenciando, portanto, a certeza que marcamos no dizer de Rosa. E Acácia, pedindo também a confirmação do outro, pergunta, usando o verbo no presente, presentificando mais uma vez sua dúvida. Num primeiro movimento, Acácia produz a seguinte equação sobre o objeto de seu discurso: ser menino resulta em mãe chateada. Ao retomar a questão, apropria-se do bebê que vê, dizendo dele como seu e rompendo com o sentido anterior. Usa uma oração com função adversativa, que causa um efeito atenuador do sentido anterior de chateação. No discurso anterior de Rosa, flagramos marcas de convicção quanto à chegada de uma menina, o que se diferencia ao discurso de Acácia, que imagina, deseja um filho, e ainda, nesse sujeito a surpresa vem acompanhada do reconhecimento de uma ilusão, que imprime outro movimento em seu dizer rechaçando a recusa desse filho, se dividindo em sujeito que diz e sujeito que escuta, ao dizer "prá si mesma". Dessa maneira, convoca seu eu para ressignificar o lugar do filho. Ambas as mães, falando desse estranhamento, se posicionam imaginariamente de modo diferente, destacando-se assim a marca de particularidade, de subjetividade do discurso de cada sujeito. Vejamos agora como Melissa diz deste momento.

Melissa: 'Eles já pegô e já levô ele... Aí eles falô: 'Ó, a gente já pegô, teve que levá ele rápido porque ele nasceu prematuro, teve que colocá na incubadora. Aí eu fui vê ele só no outro dia de manhã, fui lá no berçário, na incubadora. Aí meu pai, meu pai foi até lá comigo. Meu pai veio visitá aí ele foi até lá comigo, só que eu tava muito, muito, com tontura (...). Aí cheguei lá perto do vidro, ainda bem que meu pai tava comigo porque eu desmaiei. Meu pai me pegô assim, quinze centímetro do chão. Aí meus pontos até machucaro, tudo, prá tirá doeu muito. Foi uma coisa bem traumática assim. Porque eu acho bem traumático assim (...). Eu tinha muita dor'.

O sujeito mãe recorda o momento de ver o filho pela primeira vez, construindo interdiscursivamente um momento adiado, ao dizer que seu filho é retirado pelo(s) outro(s), que "já pegô e já levô", sujeito que nesse momento diz de si como objeto do outro. Materialmente o discurso já aponta um sentido de apressamento, de corte do momento de entrada do filho, ficando impedida de vê-lo, significá-lo e acolhê-lo como objeto de seu desejo. Na segunda tentativa, podemos confirmar esse dado, pois a mãe discursiviza deixando de fora o filho, que estava noutro lugar, no berçário e na incubadora, mas não ao seu lado. Não podendo ser tocado, e significado pelo gesto, ele é mantido fora do universo discursivo dessa mãe, que se filia a uma Formação Discursiva de filha de um pai cuidador e que fica impedida de discursivizar do lugar de mãe cuidadora. Diz de si numa condição de desamparo e dor, trazendo para seu dizer a figura do pai, que é nomeado como salvador, provedor e quase mágico, ao pegá-la rente ao chão. Mas a dor dos pontos que se machucaram o pai não pôde conter, ampliando o sentido maior de trauma significado pela dor. Com a queda, há um desfalecimento do olhar sobre o filho, que entra em seu campo de visão atravessado pelo mesmo sentido de dor, dor de pontos que machucaram tudo. De que tudo se refere Melissa? Seu dizer causa um efeito generalizante de machucar, de dor de toda ordem, de um machucar o sujeito que fala de um lugar de impedimento em ocupar a posição de sujeito mãe e não apenas seus pontos, sua sutura que novamente se abre, imaginarizando uma condição de insuficiência e precariedade sobre si e o outro. O filho, representando esta dor, fica impedido de ser olhado, desejado e significado pela mãe, como podemos ver também no depoimento abaixo:

Hortênsia: 'Foi uma... uma... foi um parto difícil. O M era muito grande. Parto normal. Cabeção! Tem cabeção até hoje. Cabeção no parto normal foi muito sofrido. Nossa senhora. (A gravidez) Foi boa, tive assim umas cãibras, mas foi boa. Eu trabalhava na gravidez do M, eu trabalhava. Eu trabalhava no hospital onde ele nasceu. Eu trabalhava na parte administrativa (...). Eu senti tanta dor dele, porque dos outros eu tomei anestesia, e dele não deu tempo. A hora que o médico ia aplicá a anestesia em mim, eu não aguentava ficá assim e eu mandava ele pará. Eu sofri, levei umas quatro picadas na espinha, não deu prá dá a anestesia, então foi isso aí. Então acho que deve tê sido por isso, não porque eu não queria'.

Hortênsia tenta dizer de uma experiência sem encontrar palavra que expresse o que sentiu, tenta buscá-la, mas não encontra, mostrando não só o vacilo do dizer, como também a opacidade da fala, a falta da palavra exata que diga de sua dificuldade, a incompletude da língua. Diz de seu filho: "grande, cabeção" para poder significar sua dor, que também carrega essa marca na gravidez, quando teve cãibras. E diz também de uma dor dele, fazendo-nos indagar: dor de quem seria? Dor do filho que sofre, ou dor sentida pela mãe, naquele instante como dos dois indiferenciados, vivenciando um momento de total indiscriminação mãe-filho, sentindo dor com e por ele, flagrando-se também a união de duas discursividades, sobre si e sobre o outro, movimento de identificação a uma Formação Imaginária, ao Discurso da ciência do autismo que trata da condição de indiscriminação entre mãe e filho. Na sequência, traz um dado de outro contexto, ao afirmar que trabalhava na e durante a gravidez, o que marca um duplo, uma significação dobrada de trabalho, de ter um trabalho e de um filho que dá trabalho para nascer, a ponto de não poder tomar anestesia antes do parto, de não poder usar nenhum recurso para diminuir uma dor insuportável que acaba por significar a particularidade da chegada desse filho, com o qual precisará enfrentar todas as dores sem remédio que possa aliviá-la. Portanto, trabalho pode ser significado em seu contexto real, bem como do que traz interdiscursivamente sobre a gravidez e o parto, materializando a denegação de um (não) desejo pela vinda desse filho, ou pelos efeitos da dor que a levaram a não querer que esse momento tivesse ocorrido dessa maneira, o que justifica sua denegação.

Observamos com esses depoimentos que o discurso das mães sobre os primeiros momentos com seus filhos, é marcado por falas que enunciam uma insuficiência nesse papel. Contratempos, dores e decepções comprometem o uso

do recurso simbólico e inflam os efeitos do imaginário, confluindo assim com o a teoria psicanalítica quando aborda a relação mãe-bebê nos casos de autismo.

 

VI. Considerações finais

O presente trabalho teve como primeira intenção mostrar materialmente a complexidade do tema autismo e a multiplicidade de sentidos que o sujeito pode produzir seja como autor de um discurso seja como estrutura teórica. Também quisemos apontar a heterogeneidade de sentidos, que se pode atribuir a um único tema, pois em função das características subjetivas dos sujeitos que aqui apresentamos, cada contribuição é única, sujeita a avanços e retrocessos, a esclarecimentos e obscurecimentos, isso em função das condições do sujeito discursivo, que não é senhor nem mesmo em sua morada, menos ainda da produção de um saber científico.

Outro mote que procuramos perseguir foi buscar maneiras práticas de trabalhar com a população envolvida no tema autismo, concebendo-os como sujeitos do universo da linguagem diretamente afetados pelos discursos de saberes autorizados.

Pelo rigor do método interpretativo de uma leitura das partes obscuras do dizer, acompanhamos os depoimentos dessas mães ao tratarem da singularidade de suas experiências com seus filhos. Os relatos sobre as circunstâncias do nascimento e do primeiro olhar, apontaram as condições necessárias para que um sujeito possa advir no universo da linguagem. Para isso, recorremos às teorias da Análise do Discurso no trabalho de interpretação, e da teoria psicanalítica lacaniana para abordar a constituição do sujeito, sendo este conceito o elo que articula as duas teorias no presente trabalho. Assim, observamos como esses sujeitos mães foram afetados por situações adversas do nascimento, que dificultaram e impediram o estabelecimento favorável de um vínculo mãe- -bebê, ficando impedidas de assumir legitimamente suas funções de (boas) cuidadoras desses filhos.

 

Referências

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Endereço para correspondência
Cynara Maria Andrade Telles
e-mail: cynaratelles@ig.com.br

Tramitação:
Recebido em 29/08/2011
Aprovado em 12/04/2012

 

 

* Psicóloga, psicanalista, mestre em Educação e Ciências Humanas pelo PPGCTS (Programa de Pós Graduação em Ciência, Tecnologia e Sociedade – UFSCar), doutoranda em Linguística pelo PPGL (Programa de Pós-Graduação em Lingüística/UFSCar), Bolsista CAPES-Reuni.