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Cadernos de psicanálise (Rio de Janeiro)

On-line version ISSN 1413-6295

Cad. psicanal. vol.40 no.39 Rio de Jeneiro July/Dec. 2018

 

ARTIGOS

 

Neurose obsessiva e tempo: incidências da aceleração social?

 

Obsessive neurosis and time: incidences of social acceleration?

 

 

Karla Patrícia Holanda MartinsI*; Osvaldo Costa MartinsI, II**; Natercio Antonio Ferreira CapoteI***

IUniversidade Federal do Ceará - UFC - Brasil
IEscola de Psicanálise dos Fóruns do Campo Lacaniano - Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O trabalho discute as implicações entre neurose obsessiva, temporalidade e aceleração social. Indagamos sobre as reverberações da aceleração social no sofrimento psíquico dos obsessivos em suas queixas e sintomas ligados à pressa, à procrastinação e ao superinvestimento do pensar. Com fragmentos de casos clínicos, analisamos como a atividade do pensamento pode estar a serviço da posição obsessiva ante o tempo. Recorrendo a Freud e Lacan, demarcamos o lugar das noções de tempo e temporalidade em psicanálise e a relação do pensamento no sujeito obsessivo. Ao final, questionamos as possíveis relações entre a temporalidade acelerada e o sofrimento neurótico.

Palavras-chave: Neurose Obsessiva, Psicanálise, Superinvestimento do pensar, Tempo, Aceleração social.


ABSTRACT

The paper discusses the implications of obsessional neurosis, temporality, and social acceleration. We questioned about the reverberations of social acceleration in the psychic suffering of the obsessive in their complaints and symptoms related to hurry, to procrastination and to the superinvestment of thinking. With the support of fragments of clinical cases, we analyze how the activity of the thought can be in the service of the obsessive position ahead of time. We use the Freudian and Lacanian theories to demarcate the place of the notions of time and temporality in psychoanalysis and the relation of thought in the obsessive subject. In the end, the possible relationships between accelerated temporality and neurotic suffering are questioned.

Keywords: Obsessive Neurosis, Psychoanalysis, Superinvestment of thinking, Time. Social Acceleration.


 

 

O tempo, a neurose obsessiva e o pensar

As múltiplas concepções de tempo na obra de Freud impedem qualquer tentativa de pensá-las como um sistema. Essa multiplicidade está em consonância com os distintos funcionamentos que sua teoria confere às pulsões e ao psiquismo. Além do tempo como ideia abstraída do funcionamento pulsátil do sistema perceptivo-consciente, encontram-se outras três concepções, a saber, o tempo como nachträglich, o tempo circular e irreversível da pulsão no psiquismo e o tempo puro e vazio da pulsão de morte (GONDAR, 1995).

Lacan, por sua vez, anunciará em Função e campo da fala e da linguagem em psicanálise que uma questão temporal deve ter lugar de destaque na nova fundamentação conceitual que propõe, a saber, a temporalidade do sujeito. Para ele, haveria uma definição cientificista da psicanálise àquela época, uma vez que essa só daria:

Fundamentos científicos à sua teoria e à sua técnica ao formalizar adequadamente as dimensões essenciais de sua experiência, que são, juntamente com a teoria histórica do símbolo, a lógica intersubjetiva e a temporalidade do sujeito (LACAN, 1953/1998, p. 238).

Portanto, a linguagem, o sujeito e a temporalidade formaram um tripé em que inicialmente Lacan apoiou seu projeto clínico-epistêmico de retorno a Freud. Tal destaque que o tempo e suas questões têm nos trabalhos de Freud e Lacan indica o quão importante é o tema para a teoria psicanalítica.

Se considerarmos os elementos constitutivos da neurose obsessiva, perceberemos uma relação direta com a temporalidade. As primeiras elaborações de Freud acerca desta neurose já indicavam isso: "não sei se parecerá muito ousado supor, acompanhando as pistas existentes, que deve ser incluída na predisposição à neurose obsessiva uma aceleração temporal do Eu ante o desenvolvimento libidinal" (FREUD, 1913/2010, p. 335).

Em A hereditariedade e a etiologia das neuroses, Freud afirma que seu trabalho marca uma inovação nosográfica e dispõe a neurose obsessiva "como distúrbio autossuficiente e independente", ainda que compondo a mesma classe da histeria, isto é, aquela das então chamadas neuroses de defesa (FREUD, 1896/1996, p. 146). Em 1907, ele dirá que "as pessoas que praticam atos obsessivos ou cerimoniais pertencem à mesma classe das que sofrem de pensamento obsessivo, ideias e impulsos obsessivos" e que isso, conjuntamente, "constitui uma entidade clínica especial, que comumente se denomina de neurose obsessiva" (FREUD, 1907/1987, p. 121).

Nessa nosografia, o pensamento aparece como meio privilegiado da estratégia obsessiva concernente ao recalque e à castração. Não se trata, porém, de um pensar como atividade humana comum. Na neurose obsessiva, tal atividade é destacadamente marcada por duas particularidades: a ruminação e a sexualização. Freud postula uma série de casos em que a atividade do pensamento poderia ser entendida como tentativa de resolver conflitos que apresentam marcas de contradição, embora essa mesma atividade, insuficiente em sua resolução conflituosa, tornar-se-ia o próprio núcleo do impasse.

Em 1909, quando publica o estudo sobre O homem dos ratos, ele sintetizará o mecanismo que articula pensamento e sexualidade nesta neurose. Para Freud (1909) quando a pulsão de saber prepondera na constituição de um obsessivo, o cismar se torna a principal característica da neurose. Assim, o processo de "pensar é sexualizado, na medida em que o prazer sexual, que normalmente se liga ao teor do pensamento, é voltado para o ato mesmo de pensar, e a satisfação ao atingir um resultado intelectual é sentida como satisfação sexual" (FREUD, 1909/2014, p. 73).

No que condiz com o sujeito obsessivo, Lacan afirma em A terceira que a tarefa de que o Eu se incumbe é tal como um puro "eu penso" que marca o modo de trabalho no qual essa estrutura se empenha. A representação recalcada e enfraquecida é sempre sentida como perigosa, dado o constante reinvestimento energético e fica por se fazer descobrir pelos indícios em cada mudança de representação. Os obsessivos ficam encurralados pela própria força que ganha o pensar e, "cônscios da origem sexual de suas obsessões, frequentemente as mantêm em segredo" (FREUD, 1894/1996, p. 60). A seguinte passagem do O homem dos ratos ilustra a força que ganham o temor e o segredo de uma possível revelação das origens sexuais: "abriguei a ideia doentia de que meus pais sabiam de meus pensamentos, e a explicação que dava a mim mesmo é que os havia falado sem ouvi-los" (FREUD, 1909/2014, p. 21). O esforço empenhado na ocultação é o mesmo que a expõe e coloca as próprias margens do pensamento em jogo:

Os meios de que se serve a neurose obsessiva para exprimir seus pensamentos ocultos, a linguagem da neurose obsessiva, são como que um dialeto da linguagem histérica, mas um dialeto que nos deveria ser mais inteligível, porque é mais aparentado ao nosso pensar consciente do que o histérico (FREUD, 1909/2014, p. 16).

Considerando essas características da neurose obsessiva, isto é, o superinvestimento libidinal do pensar e seus correlatos, a ruminação e a procrastinação, fomos levados a questionar como tais elementos aparecem em narrativas atuais de alguns sujeitos cujas queixas concernem também à aceleração social que imprime à cultura contemporânea as marcas da pressa e da volatilidade dos acontecimentos.

 

Temporalidade acelerada e neuroses obsessivas

O sociólogo e pesquisador alemão Hartmut Rosa (2016) questiona uma determinada condição contemporânea em que a celebração da liberdade dos indivíduos escamoteia sutil dominação pela via do tempo. Para ele, as sociedades modernas estão subjugadas a um rigoroso regime temporal que não é articulado em termos éticos. Assim,

Os sujeitos modernos podem ser descritos como minimamente constrangidos por regras e sanções éticas, sendo, portanto, "livres", ainda quando fortemente regulados, dominados e reprimidos por um regime temporal em grande parte invisível, despolitizado, não discutido, subteorizado e não articulado. Esse regime temporal, de fato, pode ser analisado sob um conceito unificador: a lógica da aceleração social (ROSA, 2016, p. 9-10, tradução nossa).

Debatendo as estruturas temporais da Modernidade, o autor questiona o que seria realmente o objeto da aceleração, uma vez que não é possível promover a aceleração do tempo: uma hora ou um dia seguem sendo uma hora e um dia independentemente da impressão de que tenham passado mais ou menos rapidamente. O que é, pois, que se diz acelerado na modernidade tardia, se não é o tempo? Rosa (2016) dirá, então, que se aceleram alguns fenômenos sociais que ele enfeixa em três categorias: aceleração tecnológica, aceleração das transformações sociais e aceleração do ritmo de vida.

A contração do presente é um ponto fundamental à compreensão da noção de aceleração. Acelerar implica contrair o presente. Por presente, entende-se o "lapso de tempo em que coincidem os espaços de experiência e os horizontes de expectativas" (ROSA, 2016, p. 26). Por contração, entende-se um adensamento de experiências em um intervalo de tempo de tal modo que não se permite aproveitar experiências do passado para orientar o futuro e nem as elaborar a fim de se construir escolhas éticas capazes de guiar a vida. Outrossim, faz-se mais em menos tempo, reduzem-se as pausas e intervalos, aumenta-se a sensação de falta de tempo. Nesse contexto, tomamos de empréstimo a definição de Rosa (loc. cit.): "a aceleração é definida por um incremento das taxas de perda de confiança nas experiências e nas expectativas, e pela contração dos lapsos de tempo definíveis como presente".

Desse modo, o indivíduo é convocado a produzir e consumir cada vez mais rapidamente e em maior quantidade para manter em funcionamento um sistema de troca e de fluxo de valores que não admite pausas ou suspensões. Paga-se com o corpo e com o tempo pelo saldo negativo entre crescimento e aceleração, qual o equilibrista que, no circo, tem que correr cada vez mais rápido à medida que aumenta o número de pratos a manter em movimento.

A problemática apontada pela sociologia diz respeito ao tempo como construção simbólica e imaginária que, apreendido nas malhas de um discurso hegemônico, transforma-se em mais um objeto no circuito de trocas econômicas. Isso nos remete à afirmação de Lacan (1970/1992) de que uma "mutação no discurso do mestre" conferiu-lhe um "estilo capitalista" em que tudo se consome. Um efeito dessa mutação é indicado, por exemplo, pela inclusão, na rede de consumo, de objetos que antes estavam fora. Poder-se-ia acrescentar que o tempo é um deles.

No entanto, há que se levar em conta outros elementos sobre a questão do tempo quando a abordamos sob a perspectiva da teoria psicanalítica. Bernard Nominé (2017) afirma que o "real do tempo não tem nada a ver com as armadilhas do discurso, que faz você crer que falta tempo", assim, "o discurso capitalista vende o tempo que falta, quando, na verdade, não é o tempo que falta". De fato, isso é análogo à posição da criança que, mediante uma operação simbólico-imaginária transforma em falta a inexistência de pênis nos corpos das meninas. A rigor nada falta, mas essa operação produz uma lógica que serve de solução a um impasse que, de outro modo, presentificaria o real da castração. O tempo é um "puro símbolo" e guarda em si algo de Real, de castração.

Rubens queixa-se inicialmente de ser "muito ansioso e acelerado", por isso procurara um analista. É empresário de um setor cujos produtos se defasam muito rapidamente e, diz, precisa estar sempre "correndo atrás". O estopim para procurar ajuda foi a ruptura com um empregado que tinha a função de representante geral da empresa. Ele participava de todas as decisões com Rubens. Ainda na primeira entrevista, faz muitas referências a um irmão que chama de "irmão mais velho". Indagado sobre a diferença de idade entre os dois, responde seriamente: "um minuto, somos gêmeos, ele nasceu um minuto na minha frente". Rubens ficará "seguindo" esse irmão até começar a trabalhar e entrar, como diz, no "mundo adulto". Afirma que seu "irmão sempre ia à frente, abrindo caminho. Eu sempre fiquei na sombra dele". Ser o segundo a nascer se apresentará ao analisante como um atraso.

Rubens diz que é "agoniado", que não consegue parar: "se não, perco cliente, porque não tem quem faça comigo". Essa expressão reaparecerá em sua fala em diversas formas. Relata ainda dificuldade para sair da cama e começar o dia de trabalho, especialmente na segunda-feira: "já saio de casa calculando o tempo. Quero apressar pra resolver tudo". Diz ainda que "não tem medo da morte porque no céu" - tem certeza - "não tem corre-corre". A questão do cálculo e do pensamento como anteparo à angústia aparecerão relacionadas ao tempo como prisão, ou melhor, como coagulado ou insuficiente para as atividades do sujeito.

Quando decidiu trabalhar, aderiu a uma profissão diferente daquela que os pais e o irmão mais velho seguiram. "Aí foi que fiquei só. Tive que me acostumar a fazer tudo só, liderar... vou na frente, mas só no trabalho. Gosto mesmo é de ficar atrás. Só acompanhando", afirma, no auge de seu drama de se sentir "só e acelerado". Diz que precisa "não se agoniar tanto", que está "sempre sofrendo antes" e que esperar, para ele, "é sempre uma perda de tempo". Posteriormente, dirá que gosta de vir à análise porque "aqui entro em outro tempo". Depois "nem vou trabalhar, fico no café, lendo o que der vontade e vendo o tempo passar".

Pouco a pouco, a questão de Rubens quanto à "aceleração" e à "pressa" vai descortinando o que está travestido nela: a solidão e o desamparo. Em dado momento, ele afirma: "nunca tive com quem trocar uma ideia, meus pais nunca chegaram junto". "Me acho só, tudo o que tenho foi [conseguido] só. Só eu e Deus". Com a saída do funcionário, ele diz que se viu "mais só": "eu não era agoniado assim, foi desde aí que fiquei acelerado". No transcorrer do seu trabalho de análise, Rubens vai deslocando a queixa inicial centrada na pressa e na aceleração para a seguinte questão "Por que me sinto tão só, se tenho dinheiro, família e amigos? Por que sempre acho que o bom tem que ser de dois e me sinto mal em fazer as coisas só?". A pressa e o "fazer a dois" escondiam a questão com o "estar só".

Dessa forma, chegamos a um ponto importante. Não é exatamente a aceleração e a fome de tempo que produzem - por exemplo - angústia, mas pessoas angustiadas aderem aos ideais e injunções da aceleração como recursos para fazer frente ao desamparo (Hilflosigkeit) e à precariedade das marcas simbólicas que a cultura contemporânea oferece para se lidar com ele. O que está implicado na questão do tempo é, em última instância, a finitude, a transitoriedade e a morte. Tomá-lo como faltante, acelerado ou apressado já são respostas imaginárias e simbólicas ao que, de real, o tempo coloca para o sujeito. Retomaremos o assunto mais adiante.

Em Função e campo, Lacan insiste na articulação entre tempo, ser e fala, como que a fixar bem um dos alicerces das teorizações que se sucederiam por todo seu trabalho. Diz ele:

Eu me identifico na linguagem, mas somente se me perder nela como objeto. O que se realiza em minha história não é o passado simples daquilo que foi, uma vez que ele já não é, nem tampouco o perfeito composto do que tem sido naquilo ("dentro") que sou, mas o futuro anterior do que terei sido para aquilo em que me estou transformando (LACAN, 1953/1998, p. 301).

O trecho é denso e admite vários recortes de leituras. Vejamos um deles. Tem-se aí uma abordagem da relação possível entre passado, futuro e o presente, que é o único tempo em que efetivamente se age. Se retiramos os apostos da oração, teremos em forma direta o seguinte: "o que se realiza em minha história é o futuro anterior do que terei sido para aquilo em que me estou transformando". O futuro anterior da língua francesa corresponde, no português, ao futuro composto do indicativo, isto é, à construção "terei sido" (futuro ter/haver + particípio). É uma forma temporal que descreve uma ação que ainda acontecerá, mas que é tomada como concluída.

Na perspectiva de Bernard Nominé (2017), essa forma "serve para expressar um fato que se pensa que será realizado num momento futuro, mas não indica nenhuma relação com o presente do ato da fala". O futuro anterior permite burlar a passagem necessária de qualquer acontecimento pelo tempo presente.

No exemplo terei partido, quando ela telefonar, pode-se apenas supor que não saí no momento em que enuncio a frase, mas não há garantia disso. A única coisa que é possível localizar no tempo é que a partida deve acontecer antes da volta do outro (NOMINÈ, 2017). Disso, conclui-se que o Futuro Anterior (Futuro do presente composto) reúne duas temporalidades distintas: a da enunciação, isto é, o fato da fala, sempre no presente; e a do enunciado, que pode ter na representação da linguagem uma realidade e organização distintas daquelas necessárias aos fatos acontecidos no mundo real.

Sobre isso, vejamos a frase de um personagem do romance Dona Guidinha do Poço (PAIVA, 2002), logo após sofrer uma facada letal: "Me acuda, minha negra, que me mataram". Ora, só no mundo da linguagem é que uma pessoa viva pode pedir ajuda porque foi morta e, no entanto, o sentido dessa frase ser perfeitamente compreensível. Ilustrando o que Nominé quis dizer, há uma enunciação no presente, a fala do personagem, e uma total subversão da realidade promovida pela representação no enunciado. A importância da arquitetura dessa fala está também em apontar que a linguagem permite tanto instaurar como promover uma torção na temporalidade.

Mas não é só. O futuro anterior indicado por Lacan concerne diretamente ao tempo do só-depois freudiano, que nos demonstra que a verdade, embora dependa de uma escrita antecedente, constitui-se à frente, no porvir. Isso pode ser dito também em termos da anedota do tempo lógico lacaniano: terei ganho a liberdade, quando eu falar o que sou. Pensamos que o cenário de uma prisão não está ali por um acaso: seus personagens são, de fato, prisioneiros, dependentes de um tempo em suspensão que precisa ser posto em movimento. Acontece que para manter a "ética neurótica do desejo insatisfeito" (SOLER, 2012), para não ter que se haver com a falta a ser que o tempo revela a cada um, o sujeito segue adiando, antecipando ou evitando o momento do bem agir, que é a hora de seu desejo, a hora do tempo aíonico que os gregos tanto exaltaram e cujos vestígios a modernidade tratou de esconder sob o cronos da aceleração social. Uma vida precisa do quando para se organizar, mas é sempre no presente do presente que ela se faz.

Inserimos aí reverberações de uma concepção de Jacques Lacan sobre o inconsciente: "A hiância do inconsciente poderemos dizê-la pré-ontológica. [...] que é de não se prestar à ontologia. O que, com efeito, se mostrou de começo a Freud, aos que deram os primeiros passos [...] é que ele é nem ser nem não-ser, mas é algo de não-realizado" (LACAN, 1964/1999, p. 33-34). Esse não-realizado se realiza nas formações do inconsciente (BildungenUnbewuβten) que se manifestam em intermitências entre aparecimento e desaparecimento, entre dois pontos de um tempo que é lógico e não cronológico. Diríamos que as formações do inconsciente se manifestam em uma temporalidade cairológica, pois irrompem de uma virtualidade para cortar a disposição cronológica da consciência.

Entrevemos aqui, também, um ponto que parece tocar o pensamento de Aristóteles, segundo o qual o tempo só se manifesta quando efetivamente se numera uma série de anteriores-posteriores. Sem isso, haveria apenas um tempo virtual, mais próximo de um presente contínuo do que de uma sucessividade. A indestrutibilidade e atemporalidade do desejo também não estariam concernidas nesta lógica, isto é, como uma potência que está entre ser e não ser, "articulada, mas não articulável"?

Lacan (1964/1999), ao comentar sobre princípio do prazer, o sistema de realidade e processo primário no Seminário 11, introduz o termo francês souffrance para designar uma realidade em suspensão. Ele quer indicar com isso que há um resto não assimilável pelo simbólico que fica em espera até que um acontecimento o retire desta condição ainda que mediante uma repetição: é preciso, diz ele, que se apreenda o processo primário "em sua experiência de ruptura, entre percepção e consciência, nesse lugar, eu lhes teria dito, intemporal"(LACAN, 1964/1999, p. 57, grifo nosso). Nesta experiência de ruptura, ocorreria um movimento de antecipação em que a consciência chega depois da percepção. Nas palavras de Karla Martins (1994, p. 46):

O que está sendo descrito aqui é um fenômeno psíquico que acontece antes para a percepção, com um certo atraso do princípio de realidade e da censura (entre o Inconsciente e o Pré-Consciente). Talvez neste sentido Freud tenha afirmado que "todo sonho tem um efeito despertante". Observação que o coloca diante de certas questões quanto à temporalidade em curso nos sonhos: o processo de despertar requer um certo tempo e, durante o mesmo, o sonho ocorre.

De fato, o despertar é um processo e, após se completar, restitui ao eu a organização consciente da vida de vigília. Sob a vigência das leis que regem o funcionamento do sistema perceptivo-consciente, o eu se reorientará, fundamentalmente, pela dimensão espaço-temporal. Em verdade, essa regência é essencial para que o indivíduo avalize sua ligação com a dita "realidade objetiva". O trecho abaixo, extraído do romance de Marcel Proust, Em busca do tempo perdido, alude ricamente ao que estamos apresentando:

Um homem que dorme mantém em círculo em torno de si o fio das horas, a ordem dos anos e dos mundos. Ao acordar consulta-os instintivamente e neles verifica em um segundo o ponto da terra em que se acha, o tempo que decorreu até despertar; essa ordenação, porém, pode se confundir e romper. Se acaso pela madrugada, após uma insônia, vem o sono surpreendê-lo durante a leitura, em uma posição muito diversa daquela em que dorme habitualmente, basta seu braço erguido para deter e fazer recuar o sol, e, no primeiro minuto em que desperte, já não saberá da hora, e ficará pensando que acabou apenas de deitar-se [...] Quanto a mim, no entanto, bastava que estivesse a dormir em meu próprio leito e que o sono fosse bastante profundo para relaxar-se a tensão de meu espírito, o qual perdia então a planta do local onde eu adormecera; assim, quando acordava no meio da noite, e como ignorasse onde me achava, no primeiro instante nem mesmo sabia quem era; tinha apenas, em sua singeleza primitiva, o sentimento da existência, tal como pode fremir no fundo de um animal; estava mais despercebido que o homem das cavernas; mas aí a lembrança - não ainda do local em que me achava, mas de alguns outros que havia habitado e onde poderia estar - vinha a mim como um socorro do alto para me tirar do nada, de onde não poderia sair sozinho; passava em um segundo por cima de séculos de civilização e a imagem confusamente entrevista de lampiões de querosene, depois de camisas de gola virada, recompunha pouco a pouco os traços originais de meu próprio eu (PROUST, 1999, p. 11-12).

Portanto, a atividade da consciência vai dar uma organização temporal linear e sucessiva aos traços mnêmicos inscritos e mantidos sob outros regimes psíquicos. A percepção de tempo é recobrada e reintegrada à dinâmica consciente de modo a compor um quadro em que ela figura como um elemento diluído entre os demais.

No entanto, quando a percepção da passagem do tempo - que podemos dizer ser uma ilusão criada a partir de uma abstração e da atividade de síntese do eu - autonomiza-se ou ganha o primeiro plano e assim permanece para alguém, ocorre, por vezes, uma experiência que beira a insuportabilidade. Bernard Nominé cita um trecho dos diários de Emil Cioran que usamos aqui para indicar o que parece ser um efeito disso sobre um sujeito. Diz Cioran:

A doença de todos os dias está na exasperação, no esgotamento dessa atenção ao tempo a que ele se reduz. Essa consciência frenética do tempo foi meu flagelo por toda a vida. Desde minha infância, percebi a disjunção do tempo de tudo aquilo que ele não é. Desde a infância senti a existência autônoma do tempo, seu estatuto separado daquele do ser, seu reino próprio. Lembro-me perfeitamente de uma tarde de verão - devia ter cinco ou seis anos - em que tudo se esvaziou ao meu redor e não me restou nada, além da sensação de uma passagem sem conteúdo, de um vazamento em si, de um escoamento que me assustou: o tempo se descolava do ser às minhas expensas. Não havia mais mundo, só havia tempo. Desde então, não vivo se não acidentalmente no acontecimento, se não na ausência de acontecimento, no tempo que não se rebaixa ao acontecimento. O inferno é talvez apenas a consciência do tempo.

Bernard Nominé entende, pertinentemente, que essa descrição do tempo como algo que não se rebaixa ao acontecimento - e cuja consciência é infernal - traduz bem um estado melancólico. Por nossa vez, verificamos algo fenomenicamente semelhante no relato de um paciente neurótico.

Trata-se de um rapaz de 21 anos que chegou ao consultório dizendo-se atormentado por pensamentos obsedantes, que envolviam sobretudo seu pai, sua mãe e suas próprias escolhas amorosas. Ao lado disso, queixava-se do ritmo da vida que levava, das demandas de que "tinha que dar conta" advindas do estágio, da família, dos estudos, enfim do "exagero de coisas para fazer". Inicialmente, supunha que se diminuísse "as tarefas diárias", seu sofrimento arrefeceria.

Ele descreve um aspecto de seu tormento como "uma pressão temporal". Diz que quando está "muito angustiado", "pensando muito", sente " uma pressão por fazer as coisas" que se desdobra numa contagem renitente do tempo. Seu cotidiano passa a ser referenciado pela quantidade de tempo que levará em cada tarefa a ser executada. Se precisa ir ao estágio, contabiliza quarenta minutos, sem incluir, ressalte-se, os dez que levará para retirar o carro da garagem. Se começa a estudar, contará quanto tempo levará para ler cada página e, ainda, quantos minutos dispensará para fazer o lanche no intervalo. No auge de sua angústia, diz que "tudo vira um pensamento e um cálculo" e que não "consegue fazer nada além de pensar no tempo e em morrer sem ter feito nada". Por vezes, ele ficava horas tomado pelo que chama de "pressão temporal", sem conseguir executar nada do que planejara. "Passo horas pensando quanto tempo falta para fazer uma coisa, se vou morrer cedo, se vou aproveitar o tempo da minha vida". Ao final, restam apenas "um arrependimento por adiar as coisas e uma tristeza enorme, um vazio horrível".

Para Bernard Nominé, "o testemunho de Emil Cioran nos ensina que o surgimento do tempo real desfaz o mundo e a possibilidade para um sujeito de se historizar". Parece que aquilo que Cioran aponta como constante em sua vida, uma certa abertura ao real do tempo, abre-se pontualmente no paciente descrito. Este parece responder, aproximando-se assim do que foi descrito anteriormente como estratégias obsessivas, com uma espécie de hipererotização do pensar e da atenção que tem por efeito uma disjunção entre o tempo e o ser e a redução do tempo a uma mera abstração numérica. Diz ele: "aí tudo vira um monte de ideia fragmentada, conto cada hora que passa, um monte de tempo [com o qual] eu não consigo fazer nada". Nessas circunstâncias, uma angústia paralisante tomava conta do jovem paciente e as ações se reduziam a um pensar. Nesse caso, entendemos que isto que Nominé fala a partir de um relato melancólico, aplica-se também ao neurótico: "para que o tempo se rebaixe ao acontecimento é preciso que ele se apague, o que permite ao falasser esquecer aquilo que o constitui em seu ser para a morte. É apenas a esse preço que a vida adquire um sentido diferente do real único que a orienta do nascimento até a morte".

Podemos destacar que o exemplo do pensamento nos obsessivos é uma espécie de "acontecimento cortado" tal como uma palavra censurada. A ocorrência de certa representação no pensamento é denegada e, consequentemente, parece rebaixar o tempo a uma sucessão de deslocamentos do pensar que fariam da dúvida a marca de um congelamento temporal.

A tarefa que o eu se impõe, em sua atitude defensiva, de tratar a representação incompatível como "non-arrivé", simplesmente não pode ser realizada por ele... o eu transforma essa representação poderosa numa representação fraca retirando-lhe o afeto - a soma de excitação - do qual está carregada (FREUD, 1894/1996, p. 56).

Todo empenho para promover a censura da representação sexualizada é fracassado. O ato de promover um deslocamento do investimento de uma representação forte e intolerável para outra de menor valor e mais suportável não apaga os efeitos do investimento afetivo que se obteve no primeiro caso. Ao contrário, o obsessivo depara-se com o descompasso entre afeto e representação, sempre exposto pela denúncia de sobrecarga em sua excitação libidinal. Tal como um "made in Germany", o "não" dado à ideia representacional seria a marca da condenação de algo, um substituto intelectual do recalque (Freud, 1925/2007, p. 148).

Desse modo, alguns obsessivos apresentariam uma espécie de inflação no estatuto do tempo. Suas contagens, seus atos cerimoniais, sua procrastinação, sua cronometria demonstrariam a marca da dimensão do Outro. Entretanto, esse modo operante acaba por constituir um aprisionamento em um tempo de compreender infindável devido aos sucessivos deslocamentos que não sustentam uma decisão pelo momento de seu desejo. Assim, a típica contração temporal nos obsessivos não seria uma eliminação radical do tempo, mas uma vã tentativa de anular os efeitos de seu transcurso mediante uma paralisia. Poderíamos dizer que se faz aí um movimento de pêndulo, tal como a divisão subjetiva dos obsessivos em seus modos defensivos. Porém, até mesmo seu estado de "paralisação" apresentaria marcas de uma consideração simbólica e imaginária da representação sexual da alteridade no psiquismo.

Ora, é justamente a impossibilidade de esquecer as marcas do sexual, consequentemente, de deixar de pensar em uma mesma ideia, o que atormenta alguns sujeitos obsessivos. Retomemos aqui aquilo que introduzimos acerca da sexualização do pensamento. É a relação do impulso de saber com os processos intelectuais que faz com que ele seja tão adequado para atrair a energia que, de outro modo, culminaria no agir. O pensamento se apresenta, então, como um outro meio de satisfação sexual. Desse modo,

a ação substitutiva pode, com a ajuda do impulso de saber, ser também substituída por atos de pensamento reparatórios. Mas o adiamento da ação logo é substituído pelo demorar-se no pensamento, e todo o processo é enfim transposto para um novo âmbito [isto é, o do pensamento], mantendo-se todas as suas peculiaridades, tal como os americanos conseguem "to move" [mover] uma casa de um local para outro (FREUD, 1909/2014, p. 73-74).

Assim, adiar e pensar são de tal modo imbricados que este acaba por se constituir em um instrumento daquele. Em nosso jovem paciente, além do ponto vazio de sentido a que o pensar obsedante o conduzia, outras ideias também faziam as vezes de objeto de seus pensamentos. Destacamos aqui uma que expõe mais diretamente o caráter sexual do conflito. Sempre que ele antevia, ou apenas supunha, que teria um encontro amoroso com uma garota, era tomado pela ideia de que se "descontrolaria" e "praticaria um estupro". Isso fazia com que ele remarcasse vários encontros, isto é, que adiasse várias vezes a hora do ato sexual. Vale lembrar que devido à ambivalência de amor e ódio gerada, o obsessivo recebe um estigma em que a "dúvida da obsessão em compreender é dúvida quanto ao seu amor" (FREUD, 1909/2014, p. 52). A questão só começa a se resolver quando intervêm associações que fazem comparecer a vida sexual do pai na fala do analisante, ou seja, um tempo em que a análise promove um reordenamento de construção simbólica mínima pelo "cronos" de uma narrativa a ser tomada.

Não cabe aqui aprofundar esses pontos dos casos clínicos. Com eles, queremos apontar que as questões concernentes à temporalidade tocam apenas indiretamente aquelas da temporalidade social. As procrastinações e o superinvestimento do pensar são, assim, arranjos obsessivos em resposta à falta no Outro e não aos imperativos da aceleração social. Para Gazzola (2002), o obsessivo se utiliza de uma estratégia temporal para guardar o lugar do pai morto e para ele mesmo se passar por morto:

Ele já pulou uma geração, ao esposar a causa do pai. Ele não tem passado, pois a respeito do passado só faz lamentar o tempo perdido, lamentar o que não fez. Claro, pois o seu desejo não era verdadeiramente o seu, era aquele de um Outro [...] Ele não tem presente pois no presente ele deixa o tempo passar, sem se mexer. Não tem futuro também, pois o futuro imediato é sempre adiado [...] Ora, alguém que é sem passado, sem presente e sem futuro é um morto [...] Guardar uma temporalidade fixa é uma boa forma de se fingir de morto (p. 152).

Conclusão

Ao longo deste trabalho, apresentamos articulações entre a neurose obsessiva e o tempo a partir da forma como este é socialmente instituído e organizado na contemporaneidade. Nesse sentido, a noção de aceleração social guiou as discussões no que tange ao regime temporal hegemônico vigente na atualidade. Em outra perspectiva, abordamos as relações da neurose obsessiva com a temporalidade. Indicamos que a dita fome de tempo aparece por vezes como um recurso obsessivo para afastar-se do desejo e aferrar-se a uma demanda: a demanda de tempo. Parte do alegado descompasso temporal do neurótico deve-se justamente a isto: ele tende a responder ao tempo do Outro e fica descompassado em relação ao tempo de seu desejo. Evidenciamos ainda que um apressamento na formação do eu está na base da constituição dessa neurose, o que indica que há uma questão temporal na formação desta. Por outro lado, aspectos sintomáticos notadamente obsessivos, como a procrastinação e a inflação do pensar, têm implicada em si uma relação com o tempo.

Ante essa perspectiva clínica e cultural, indagamos como e se a aceleração social produziria efeitos de sofrimento para os sujeitos ditos obsessivos. Com isso, tomamos fragmentos de casos clínicos cujas queixas e sintomas tangenciavam a questão do tempo e/ou da aceleração. Visamos a extrair da clínica fundamentos para as possíveis respostas à questão. Os casos evidenciaram que, na singularidade destas experiências, as procrastinações e o superinvestimento do pensar são produções sintomáticas em resposta a conflitos obsessivos concernentes ao desejo e à finitude da vida. Enfim, trata-se de estratégias de que se serve a neurose obsessiva para fazer frente ao inexorável da castração e da morte, figuradas pelo temor à passagem do tempo.

Desse modo, do ponto de vista dos relatos clínicos coletados, podemos afirmar que a aceleração social incide apenas indiretamente na produção de sofrimento. Assim, a aceleração e seu correlato, a fome de tempo, não figuram necessariamente como causa imediata de sofrimento psíquico. Nessa perspectiva, haveria uma inversão dos termos. A aceleração não geraria, por exemplo, angústia. Em vez disso, pessoas angustiadas ante a falta de sentido das próprias experiências na cultura contemporânea adeririam aos ideais e injunções da aceleração como recursos para fazer frente ao desamparo, ratificando ainda mais uma posição no registro da demanda e distanciando-se daquela mais afinada com o desejo.

 

 

Referências

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Artigo recebido em: 06/06/2018
Aprovado para publicação em: 27/07/2018

Endereço para correspondência
Karla Patrícia Holanda Martins
E-mail: kphm@uol.com.br
Osvaldo Costa Martins
E-mail: osvaldocosta.mar@gmail.com
Natercio Antonio Ferreira Capote
E-mail: naterciochr@hotmail.com

 

 

*Psicanalista, pós-doutora em Psicologia Clínica/Universidade de São Paulo (USP), professora e coordenadora do Programa de Psicologia/Universidade Federal do Ceará (UFC).
**Psicanalista, mestrado em Psicologia/Universidade Federal do Ceará (UFC), doutorando em Psicologia/Universidade Federal do Ceará (UFC/CAPES-DS), membro da Escola de Psicanálise dos Fóruns do Campo Lacaniano.
***Psicanalista, mestrando em Psicologia/Universidade Federal do Ceará (UFC/CAPES-DS).

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