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Imaginário

versão impressa ISSN 1413-666X

Imaginario v.13 n.14 São Paulo jun. 2007

 

 

 

A escolarização dos jovens migrantes brasileiros: problemas e perspectivas

 

The learning of the young Brazilian migrants: problems and perspectives

 

La escolarización de los inmigrantes brasileños jóvenes: problemas y perspectivas

 

 

Gláucia de Oliveira Assis* ; Natália Cristina Ihá**

FAED-UDESC

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Este estudo sobre a segunda geração de migrantes brasileiros nos EUA destaca a inserção dos jovens e adolescentes no ambiente escolar ao mesmo tempo em que buscam também um lugar no mercado de trabalho. A escola é para muitos deles porta de entrada no novo mundo, onde acontecem os principais conflitos e choques de identidade, inter e intra-relacionados com a questão lingüística, sociocultural e política, num processo de exclusão e racismo que ao mesmo tempo agrega comunidades e as segrega do acesso à principal via da sociedade norte-americana (Ver BOURDIEX, A miséria do mundo). A metodologia aplicada nesta pesquisa procurou seguir as trajetórias dos migrantes e as relações que eles estabelecem entre Brasil e EUA. Também foram utilizados os dados coletados no Consulado de Boston, além das análises de dados secundários relevantes encontrados nas bibliografias revisadas. Autores como Bourdieux (2001), Sayad (1998), Penna e Mey (1998), Elias (1996) e Assis (2003) e especialistas, como Portes (2001), Alba (2003) e Suarèz-Orozco (2002), foram de extrema importância para referendar este artigo. O resultado desta análise aponta para a esperança do jovem migrante brasileiro em se inserir na sociedade norte-americana para “ganhar a América”, ao mesmo tempo em que demonstra sua falta de perspectiva, por serem indocumentados.

Palavras-chave: Segunda-geração, Escola, Exclusão, Perspectiva.


ABSTRACT

This study on the second generation of Brazilian migrants in the U.S.A. emphasizes the insertion of the young and adolescents into the school environment while they also search for a place in the labor market. The school is for many of them the door of entrance to the new world, where the main conflicts and shocks of identity occur, Inter and intra-related with the linguistic, sociocultural and political issues, within a process of exclusion and racism at the same time in which it aggregates communities and segregates them from the access to the main way of the North-American society. The methodology used in this research sought to follow the migrants’ trajectories and the relations that they establish between Brazil and the U.S.A. Besides, the data collected in the Consulate of Boston was also used, as well as the analyses of relevant secondary data found in revised bibliographies. Authors like Bourdieux (2001), Sayad (1998), Penna and Mey (1998), Elias (1996) and Assis (2003), e experts like Portes (2001), Alba (2003) and Suarèz-Orozco (2002) were extremely important to validate this article. The result of this analysis points to the hope of the young Brazilian migrants to insert themselves into the North American society to “gain America”, while they demonstrate their lack of perspective for being illegal in the country.

Keywords: Second-generation, School, Exclusion, Perspective.


RESUMEN

Este estudio sobre la segunda generación de inmigrantes brasileños en los EE.UU. resalta la inserción de jóvenes y adolescentes en ambiente escolar, al mismo tiempo que buscan un lugar en el mercado de trabajo. La escuela es para muchos de ellos puerta de la entrada al mundo nuevo, donde suceden los principales conflictos y choques de identidad, inter e intra-relacionados con la cuestión lingüística, sociocultural y política, en un proceso de exclusión y racismo que, al mismo tiempo, agrega comunidades y las segrega del acceso principal a la sociedad norteamericana. La metodología aplicada en esta investigación buscó seguir la trayectoria de los inmigrantes y de las relaciones que establecen entre el Brasil y los EE.UU. Informaciones y datos recogidos en el consulado de Boston también fueron utilizados, además de análisis de datos secundarios importantes encontrados en bibliografías revisadas. Autores como Bourdieux (2001), Sayad (1998), Penna y Mey (1998), Elias (1996), Assis (2003), también especialistas como Portes (2001), Alba (2003) y Suarèz-Orozco (2002) fueron de extrema importancia para corroborar este artículo. El resultado del análisis señala la esperanza, del inmigrante brasileño joven, de ingresar a la sociedad norteamericana para “ganar América”, al mismo tiempo que se demuestra su falta de perspectiva, por tratar-se de indocumentados.

Palabras clave: Segunda generación, Escuela, Exclusión, Perspectiva.


 

 

Introdução

A emigração de brasileiros para o exterior é um fenômeno que, desde as últimas décadas do século XX, inseriu o Brasil na migração internacional. Os milhares de homens e mulheres que partiram no final dos anos 80 e ao longo da década de 90 transformaram um movimento esporádico de emigrantes, em busca de uma vida melhor, num fluxo contínuo de migrantes internacionais, os quais se dirigem principalmente para Estados Unidos, Japão, Portugal e Itália. Esse fenômeno acarretou uma maior complexidade ao movimento, ampliando sua composição étnica, etária e de gênero. Neste caso, não são apenas homens solteiros que partem, mas mulheres, crianças e jovens, que passam a estruturar diferentes arranjos familiares, provenientes de diversas regiões do país. Este trabalho buscou abordar a integração escolar dos jovens brasileiros nos EUA coetaneamente à sua inserção no mercado de trabalho.

A metodologia aplicada nesta pesquisa procurou seguir as trajetórias dos migrantes e as relações que estes estabelecem entre o Brasil e sua nova morada. Desta forma foram analisadas entrevistas1 realizadas em Criciúma e em Boston e que foram direcionadas a jovens, famílias e educadores brasileiros atuantes nos EUA. A análise dessas entrevistas demonstrará como os imigrantes brasileiros construíram e mantêm sua rede de relações na escola, na família e no trabalho.

Serão também utilizados os dados coletados no Consulado de Boston, além das análises de dados secundários relevantes encontrados nas bibliografias revisadas.

Autores, como Bourdieux (2001), Sayad (1998), Penna e Mey (1998), Elias (1996) e Assis (2003), fizeram parte desta análise, visto que também procuraram, por meio de seus trabalhos, não apenas traçar um perfil de populações imigrantes, mas que também procuraram se dedicar aos estudos de condições de existência na imigração, como as condições de vida e de trabalho retratando os diversos problemas sociais enfrentados pelos imigrantes no mundo. Além desses, outros especialistas, como Portes (2001), Alba (2003) e Suarèz-Orozco (2002), foram de extrema importância para referendar com base científica este artigo.

A apresentação deste trabalho foi subdividida em itens, visando a identificar, distintamente, cada etapa e aprofundando o tema separadamente.

Neste contexto, o primeiro item busca definir teoricamente a segunda geração, não como emigrantes ou imigrantes, mas como migrantes internacionais ou transnacionais2 numa sociedade receptora que os reconhece como “um problema”.3

O segundo item trata da questão do desenraizamento ou perda de identidade dessa geração, a qual, diferentemente de seus antepassados, não possui mais o mesmo vínculo com o país deixado para trás, portanto, não guarda mais o mesmo teor de significados ou a mesma “noção de enraizamento” que a primeira geração possuía.4

No terceiro item, a linguagem e o bilingüismo são abordados, buscando esclarecer sua contribuição ou não para a inserção desses brasilian-american na sociedade receptora.5

No quarto item, a inserção dos brasileiros é analisada com base na teoria da assimilação (PORTES, 2001), aculturação e acomodamento (ALBA; NEE, 2003). Neste capítulo será observado qual o peso dessa assimilação no auto e no (re)conhecimento social da segunda geração, sua contribuição ou não para o mobilidade social no contexto migratório.

O último item apresenta, com base em entrevistas realizadas este ano em Boston, a (não) integração escolar dos brasileiros, suas perspectivas e dissabores.

Nas considerações finais serão mostrados os resultados da pesquisa, que apontam a conclusão de que o principal obstáculo que a segunda geração de brasileiros enfrenta é o racismo e que este não é uma exclusividade étnica – muito pelo contrário, afeta aos imigrantes em geral e tem se mostrado como uma ideologia estadunidense ferrenha e complexa, a qual procura manter certa distância entre a sua sociedade e as comunidades imigrantes desiguais, ao mesmo tempo que procura manter maior controle sobre elas.

 

Como a segunda geração se percebe: Brasilian-american ou migrantes internacionais?

Estes jovens, considerados segunda geração, são filhos de brasileiros, alguns nascidos no Brasil e deslocados com a família depois de alfabetizados, outros foram muito pequenos e aprenderam em conjunto as duas línguas e, por último, os filhos de brasileiros nascidos em solo norte-americano. De alguma forma, esses brasileiros americanizados precocemente já não possuem o mesmo elo que seus antecessores com o Brasil.

A imigração brasileira para os EUA é um fenômeno recente, se comparado com os fluxos migratórios mundiais em busca do “sonho americano”. Os novos migrantes brasileiros vivenciam um processo migratório repleto de especificidades contemporâneas, diferentes daquelas experimentadas pelos imigrantes que chegaram ao Brasil no início do século XIX e também distinto da grande onda migratória européia que chegou aos EUA até a década de 19206 e no pósguerra, da década de 1960 (ALBA; NEE, 1999 e GLAZER; MOYNIHAM, 1970).

Os migrantes de hoje mantêm múltiplas relações entre a sociedade brasileira e a sociedade de destino, por meio de cartas, de fotos e, mais recentemente, pela Internet (CANCLINI, 2003, p. 71). Ao mesmo tempo, se inserem na sociedade americana, por meio da escola e do trabalho.

Compreender essa vida construída entre os dois lugares é importante para que entendamos como esses migrantes mantêm seus laços com o Brasil, que se traduzem em visitas e presentes, mas também em investimentos na terra natal. Esses investimentos demonstram que os migrantes têm projetos que pressupõem seu retorno ao Brasil e que atuam como mantenedores na consolidação do fluxo transnacional. Somados às remessas enviadas para manter os familiares que permaneceram no país, os investimentos representaram, em 2002, a entrada de US$ 2,6 bilhões de dólares no país.7

A importância das remessas e os laços que os migrantes mantêm com o Brasil apontam para a construção de um novo migrante, não um migrante temporário nem permanente, mas um migrante transnacional. O enfoque transnacional enfatiza a emergência de um processo social que cruza fronteiras geográficas, culturais e políticas.8

 

Entre os EUA e o Brasil

O estudo voltado à segunda geração de migrantes nos EUA vem retratar a utopia do retorno, o qual nem sempre acontece e tampouco é visto por essa geração como um objetivo final, como era vislumbrado anteriormente pelos seus pais.

Toda a etnização ou aculturação, tida por muitos estudiosos como a saída para o enfrentamento às barreiras impostas pela sociedade norte-americana aos novos grupos étnicos incorporados à sua nação, trouxe à tona o conflito atual na segunda geração: o dilema de pertencer à comunidade brasileira ou se integrar na sociedade americana.

Abandonar ou esquecer costumes natos ou ainda perder sua identidade brasileira, cedendo lugar a uma identidade ainda não totalmente construída e reconhecida pela sociedade em que vive, faz parte do cotidiano deste “Brazil Novo, imaginado no interior dos EUA com sua complexidade e dicotomia, ora prevalecendo o coração brasileiro no ambiente doméstico e pessoal, ora assumindo a identidade do brasileiro americanizado com a finalidade de manter um convívio social e público pacífico, longe de constrangimentos.

Nas entrevistas realizadas por Assis (2006)9, dos jovens entrevistados em Boston, 78% se reconhecem etnicamente como brasileiros, 13% como latinos, 9% como brancos e 4% como hispânicos. Há que se destacar que, desses jovens, 46% são nascidos nos EUA e possuem cidadania americana, mas nenhum deles se reconheceu etnicamente como americano.

 

As vantagens e desvantagens do bilingüismo

Em 1997, o governo da Califórnia, insatisfeito com a educação bilíngüe, aprovou a proposição nº 227, que extingue os programas bilíngües no ensino do estado que possui atualmente o maior número de estudantes imigrantes do país. A preocupação com a educação bilíngüe faz parte de um processo histórico vivido não apenas pelos EUA, mas também o Brasil passou por isso na era de Vargas, com a nacionalização do ensino. Mas, diferentemente do contexto militar em que esse processo aconteceu no Brasil, os americanos buscam essa mudança fundamentados na preocupação pela “qualidade do ensino e sua habilidade em preparar as crianças para a economia global” (SUAREZ-OROZCO, 2002).

Essas preocupações têm propiciado discussões que levaram a uma reforma escolar. Nela, foram incluídas iniciativas, como requerimentos de graduação, um sistema variado de testes objetivos para a escolha da escola e futura inclusão. Alguns pesquisadores indicam que esses esforços são de pouca valia para melhorar a educação; antes disso, beneficiará os estudantes de classe média e poderá até mesmo prejudicar o progresso acadêmico das crianças de classes mais baixas, cujos pais têm pouca educação e ainda estão aprendendo a língua inglesa.

A questão de acabar com a educação bilíngüe na Califórnia exemplifica a seriedade do problema e as possíveis conseqüências negativas que esta iniciativa pode impetrar.

Para tornar as coisas piores, os professores da Califórnia receberam um treinamento bastante limitado, sem material apropriado para ensinar os estudantes que não falam inglês. Enfim, os antigos programas bons ou maus foram erradicados sem uma preparação adequada.

Desse modo, o resultado dessa reforma na educação está aumentando os requisitos para o ensino médio, antes inexistentes, e está introduzindo testes para o requerimento da graduação. Isso, a longo prazo, surtirá efeito negativo para um grande número de estudantes imigrantes. É importante levar em conta que essas avaliações não são um retrato de “cultura livre” como frisam os educadores americanos, mas sim uma forma de “limitar a cultura” (SUAREZOROZCO, 2002).

Apesar da lei de extinção das escolas bilíngües na Califórnia e da reforma escolar dos EUA, ainda são encontrados vários programas e práticas no sistema educacional americano chamados de instrução bilíngüe. Em algumas escolas, existem métodos de ajustes, como “a educação bilíngüe”, a qual ensina crianças em inglês, modificando de forma mínima e simplificando o vocabulário, de modo que possam compreender a lição. Tais programas são denominados muitas vezes como “imersão estruturada.” Outras escolas oferecem programas de “inglês protegido”, em que cada lição de cada assunto da escola se transforma, em parte, numa lição da língua inglesa. No “inglês protegido,” uma lição de ciência é também uma lição de inglês. O programa de inglês como segunda língua consiste tipicamente num estudo fora do período de aula, quando são ensinados os princípios do inglês.

Em outras escolas, existem outros programas de educação bilíngüe. Nesses sistemas, as crianças são providas de uma língua inglesa estruturada. Ao mesmo tempo, a criança é ensinada em alguns assuntos na língua nativa até que tenha real competência para aprender em inglês.

Nesse caso, ela ainda será introduzida em aulas de imersão em inglês. A idéia por trás deste modelo é manter a criança atualizada enquanto aprende o inglês. Já outros programas se apresentam como “educação bilíngüe de duas vias”. Nesses programas, as crianças são ensinadas em sua língua nativa, enquanto os estudantes americanos são motivados a aprenderem uma língua estrangeira. Em tese, todos os estudantes recebem a mesma quantidade de instrução em ambas as línguas e sobre uma variedade de assuntos (SUAREZ-OROZCO, 2002).

Em muitas escolas, além da problemática da língua, existem também sérios problemas étnicos. Um exemplo macabro desses problemas são conflitos gerados entre etnias, como um jogo denominado pelos estudantes de “arroz e feijão” (estudantes asiáticos versus estudantes latinos), o qual freqüentemente resulta em agressões físicas. Em muitos lugares, estudantes relatam viver em constante medo. Eles temem porque os corredores são alvos de confrontos e intimidações, inclusive de violência sexual. Muitas das escolas estadunidenses possuem essa “cultura de violência” – geralmente escolas de bairros mais pobres, freqüentadas por uma maioria de estudantes negros ou imigrantes.

Essas escolas acabam por afastar as oportunidades em vez de propiciar a integração desses estudantes. Normalmente se apresentam como prédios mal conservados, superlotados e com poucos recursos. Seus livros estão ultrapassados e possuem poucos computadores, e obsoletos. Muitos dos professores não possuem domínio sobre o conteúdo que ministram. Nesse sentido, os estudantes já ingressam num sistema escolar falido e sem expectativas. Com tudo isso, os estudantes imigrantes são ainda freqüentemente separados em classes menos competitivas, atravancando ainda mais seu conhecimento. A maior parte dessas escolas oferece poucos cursos mais avançados, os quais são criticados e estigmatizados pelas universidades. Os professores e os diretores são transferidos rotineiramente, em busca de melhores opções em outras instituições. Dessa forma se torna difícil qualquer senso de continuidade ou comunidade nessas escolas, que vivem permeadas de dificuldades trazidas pela violência e falta de investimento público (SUAREZ-OROZCO, 2002).

O capital social da família imigrante afeta diretamente as oportunidades e experiências que a criança experimentará. Os pais com mais recursos podem se estabelecer em vizinhanças mais influentes e integradas, que ofereçam escolas melhores para seus filhos. Inversamente, pais com recursos mais limitados normalmente se estabelecem em bairros mais pobres e provavelmente encontrarão escolas inferiores. Os pais mais educados estão mais bem preparados a orientarem suas crianças nos estudos, informando-se sobre os projetos da escola e fornecendo recursos, como livros adicionais, um computador pessoal e até mesmo tutores. Eles normalmente se inserem melhor no sistema da nova escola. Esses pais são mais propensos a ajudarem seus filhos e a procurarem programas educacionais que assegurarão opções viáveis para o seu futuro. Certamente saberão distinguir melhor os cursos e as escolas, conforme suas particularidades.

Enquanto de um lado a língua é uma forma de comunicação, também é um marcador da identidade e um instrumento de poder. Os Estados Unidos não estão sozinhos em experimentar as tensões a respeito da política bilíngüe da segunda língua. Enquanto alguns países, como a Suíça, trabalham por uma língua múltipla de forma bem-sucedida, outros países continuam com problemas com essa situação.

Nos Estados Unidos, enquanto muitos vêem uma segunda ou terceira língua como uma vantagem na era do capitalismo e do transnacionalismo global, o governo possui profundas reservas sobre ensinar crianças imigrantes em suas línguas nativas. Mais do que entender o bilingüismo como um recurso potencial a ser cultivado, as habilidades lingüísticas trazidas por imigrantes recentemente chegados são vistas por muitos como uma ameaça à integridade da língua inglesa e como uma recusa simbólica em se acomodar à cultura americana.

É muito importante entender que há diferenças entre ter habilidade de conversação superficial em uma língua e ter o nível mais profundo da competência requerida para compreender assuntos novos, expressar seu significado e para escrever um bom discurso.

Os jovens brasileiros, em sua maioria, mantêm as duas línguas, sendo que no ambiente familiar e com amigos próximos utilizam o português e no ambiente escolar e no trabalho falam em inglês, mesmo com amigos brasileiros. Muitos afirmam que se comportam dessa maneira para manter o português, mas normalmente os pais preferem falar em português por não saberem muito bem o inglês. Já com os amigos, em ambiente público, preferem falar em inglês, até mesmo pra evitar desentendimentos gerados pelo preconceito, além de treinar para o aperfeiçoamento da língua inglesa.

Dos jovens entrevistados nos EUA10, 87% falam inglês e português, contudo apenas 13% falam uma terceira língua, o espanhol. Mesmo assim, fica claro nas entrevistas que o conhecimento em inglês, mesmo adquirido nas escolas americanas, não pode ser chamado de ampla proficiência.

Na maior parte dos casos o inglês é utilizado como instrumento de integração social, e o português, em pleno desuso da escrita, vai perdendo sua qualidade, ficando também em segundo plano, utilizado mais oralmente e em relações particulares.

 

O significado da assimilação para a segunda geração

A assimilação dos descendentes europeus, filhos da grande onda migratória da virada do século e depois da Segunda Guerra Mundial, foi mais facilitada em comparação com os descendentes da migração contemporânea, devido à semelhança racial e cultural daquele grupo do norte da Europa com o grupo dominante da etnia americana.

As segundas e terceiras gerações dos novos migrantes já não têm tamanho acesso a tais facilidades na assimilação, já que não se assemelham fenotipicamente ao grupo dominante, principalmente pela diferença na cor da pele. Este tratamento diferenciado a imigrantes não europeus foi caracterizado como racista em conseqüência a vários eventos.

Entretanto, grupos brancos antes rejeitados (judeus e irlandeses) ascenderam na escada socioeconômica e se misturaram residencialmente com outros brancos, e dessa forma sua aparência racial “diferenciada” foi enfraquecida, principalmente por meio de intercasamentos. Isso também pode vir a acontecer com latinos e asiáticos mais claros.

Atualmente, dentro dos grupos de novos imigrantes, os chineses e seus descendentes gradualmente se entrecruzaram para ganhar aceitação na comunidade branca, distanciando-se socialmente de negros e se acostumando com a cultura branca do sul.

O limite racial imposto pela sociedade americana permanece separando pessoas fenotipicamente mais negras nos Estados Unidos de brancos. Esse limite mostra como a influência da raça pode possibilitar ou não a adaptação dos grupos imigrantes, dependendo não apenas de sua cor, mas de onde eles estão situados.

Embora os asiáticos do sul tenham cor de pele escura, eles são do grupo de renda mais alta nos Estados Unidos e são predominantemente suburbanos em suas residências (PORTES; RUMBAUT, 1996). Essa experiência sugere que não é a cor de pele escura, mas a conexão com lugares ou pessoas do grupo afro-americano que levanta as barreiras racistas mais intransitáveis nos Estados Unidos.

Existem diferenças importantes entre as imigrações do passado e do presente e as circunstâncias frente aos grupos de imigrantes posteriormente chegados. Alguns imigrantes estão deixando de se concentrar em grandes centros e se estabelecendo em bairros suburbanos, racialmente integrados. Os latinos recém chegados e os imigrantes caribenhos seguem trajetórias diferentes dos imigrantes asiáticos. Os bairros de origem latina têm se tornado segregados nos últimos anos e os novos imigrantes latinos tendem a se mudar para essa vizinhança. Por outro lado, os imigrantes asiáticos freqüentemente estabelecem-se em vizinhanças mais integradas e tendem a colocar suas crianças em escolas predominantemente de brancos (ALBA; NEE, 2003).

Na realidade, a teoria da Assimilação que Portes sugere é hoje rejeitada por muitos cientistas sociais, devido ao seu cunho etnocêntrico, contudo serve como instrumento de entendimento da dinâmica social da etnicidade na sociedade americana. A assimilação então permanece com um conceito de ligação para o estudo de relações intergrupo.

Na Encyclopcdia das Ciências Sociais (1930, p. 281): “assimilação social” foi o nome dado para o processo ou processos pelo quais as pessoas de origens raciais diversas e heranças culturais diferentes, ocupando um território comum, alcancem uma solidariedade cultural suficiente, pelo menos, para sustentar uma existência nacional (ALBA; NEE, 2003).

A assimilação, no entanto, deve levar em conta a distância social entre as pessoas. Quando a distância social é baixa, existe um sentimento de identidade comum, proximidade e experiências compartilhadas. Mas quando a distância social for alta, as pessoas percebem e tratam o outro como uma categoria diferente, e mesmo depois de longo tempo permanece o sentimento de apreensão e reserva. A distância social pode ser institucionalizada. Por exemplo, os estereótipos da linha de cor, costumes, normas sociais e acordos institucionais formais mantêm um sistema de estratificação que emprega marcadores étnicos para determinar o acesso diferencial a estruturas e oportunidades (MERTON, et al., 1968).

Os novos grupos étnicos estabelecidos nos EUA, entre eles os brasileiros, que são considerados muitas vezes como hispânicos ou latinos, recebem um tratamento permeado pela distância social, pois são considerados como uma categoria inferior, segregados economicamente em nichos de trabalho e residencialmente em bairros étnicos, retratando esse sistema de estratificação étnica que determina o verdadeiro acesso ao mainstream e à mobilidade social.

 

Estudar ou trabalhar, eis a questão

São muitas as dificuldades enfrentadas pelas crianças e pelos jovens brasileiros ao chegar às escolas americanas, muitas delas com professores brasileiros em seu corpo docente, que são orientadores educacionais e tentam manter o equilíbrio entre o que é certo para os brasileiros e não tão certo para os americanos, fazendo o possível para educar essa segunda geração nos moldes que ela necessita para sobreviver dentro de uma sociedade exigente e por vezes castradora dos imigrantes.

Além da questão da corporalidade diferenciada e que causa grande estranhamento, outro fator muito importante é a qualidade do ensino americano.

As escolas americanas priorizam a qualificação do estudante e suas aptidões e não seu conhecimento, como acontece no Brasil. Dessa forma as crianças ou jovens brasileiros, ao ingressarem no sistema educacional norte-americano (bilíngüe ou não), normalmente vindos de colégios públicos do Brasil, entendem que o ensino nos EUA é muito mais fraco, diante de tais facilidades. Em compensação, passam por sérios constrangimentos ocasionados pela deficiência ou desconhecimento da língua inglesa e/ou dos costumes de comportamento, muito diferentes nos dois países. As escolas americanas, inicialmente, preparam os alunos para o mercado de trabalho, desenvolvendo suas aptidões e são gratuitas. Somente no College o conhecimento científico deverá ser aprimorado, e que fique muito clara a questão primordial de que o ingresso no College é muito difícil, pois somente os americanos ou naturalizados têm direito a bolsa de estudos e o custo do College é altíssimo. Nesse caso, a questão se transforma, e muitos jovens imigrantes, tanto os brasileiros quanto outros grupos indocumentados e sem capital econômico, se vêem excluídos da possibilidade de ascender sua mobilidade social via conhecimento. Conseqüentemente, o êxodo escolar se inicia muito antes de terminarem a High School, no momento em que eles percebem sua condição inexorável de “imigrante ilegal” e portanto, sem os mesmos direitos dos cidadãos americanos. Poucos são aqueles incentivados pelos pais a trabalharem para pagar seus estudos, pois mesmo nesse caso não há garantias de receber seu diploma de conclusão de curso, devido a seu status migratório. Sendo assim, lhes resta o mercado de trabalho como única opção viável e possível.

Com base nas entrevistas realizadas em Boston, junto a estudantes e profissionais da área educacional, puderam-se observar enormes diferenças entre a educação brasileira e a americana, não apenas nos costumes ou comportamentos diferenciados entre estudantes ou entre eles e os professores, mas também na forma como é aplicado o conteúdo teórico. Assim sendo, os jovens brasileiros enfrentam um estranhamento total, na língua, no comportamento e no conteúdo escolar.

Em nova pesquisa de campo nos EUA, em fevereiro de 2006, Assis entrevistou 23 brasileiros que fazem parte da segunda geração de imigrantes. Essa pesquisa demonstrou que a luta desses jovens continua, mas o objetivo de adquirir o mesmo direito que cidadãos americanos de continuar seus estudos depois do College está longe de ser alcançado. Dos entrevistados, 56% são ilegais; 82% estudam, mas apenas 44% têm a possibilidade de seguir com o College; 86% trabalham e não querem mais voltar ao Brasil, só a passeio.

 

 

Mesmo sabendo da sua realidade, esses jovens têm esperança na mudança da lei nos EUA, pois sabem que sua ascensão social depende dessa alteração. Como ressalta Suárez-Orozco (2002):

A economia dos Estados Unidos hoje quase não gera mais nenhum trabalho significativo para os recém formados no ensino médio. Durante a década de 1980, o salário médio real destes recém formados do ensino médio caiu quase 20%. Aqueles com título de mestre ou mais, entretanto, puderam, mesmo com a inflação, conseguir ganhos reais em seus salários. A educação formal tornou-se o objetivo principal dos filhos dos imigrantes. Para muitos deles, a educação é a única oportunidade de sucesso no futuro.

Não apenas os estudantes mas também os pais têm consciência da importância da educação para o futuro dos filhos. Contudo, dependendo da origem étnica e do capital social de cada grupo, os sentimentos variam. De acordo com (texto da tradução da Gisele): “Um pai dominicano ressaltou que o caminho para seguir em frente é ‘estudando, aprendendo o inglês; indo à escola e tornando-se um profissional’. Um pai chinês nos disse eloqüentemente: ‘A única forma de se conseguir ir em frente é ir bem à escola’. ‘O conhecimento é a coisa mais durável’. Se você tem educação, você pode ter uma vida mais tranqüila e nada pode derrotá-lo. As coisas materiais têm vida curta, não importa o quanto você ganhe. Somente o conhecimento pode durar para sempre”.

No caso dos pais brasileiros, que em sua maioria veio com o objetivo de alcançar um melhor nível econômico e retornar ao Brasil, diferentemente de seus filhos, muitas vezes enxergam as dificuldades impostas pelo sistema educacional como intransponíveis ou indesejadas e desencorajam seus filhos a prosseguirem na jornada estudantil. Geralmente, se sentem constrangidos pela forma discriminada como são tratados e pela falta de perspectiva e de capital para assegurarem o ingresso dos seus filhos no College. Ainda assim, a maior parte dos jovens brasileiros pensam em trabalhar por um tempo para, mais tarde, com uma poupança e esperança nas alterações das leis americanas, retornar aos estudos e adquirir mobilidade social verdadeira.

Possuir os documentos corretos e legais é também importante para facilitar a transição para uma escola americana. Dentro das entrevistas realizadas por Assis (2006), esse fator de confiança ficou claro, pois dos 44% de jovens com status legal 100% desejavam continuar seus estudos e estavam tranqüilos quanto ao seu futuro. enquanto os 56% ilegais não tinham perspectivas acerca dos estudos, além de demonstrarem insegurança e medo de que a situação não se modificasse. Contudo não demonstravam vontade de retornar ao Brasil.

Dos jovens entrevistados, 86% trabalham e os 14% restantes apenas estudam. Nenhum deles disse estar desempregado ou percebe falta de oportunidades de emprego para estudantes. Contudo, se expressaram preocupados por saberem que o mercado de trabalho está cada vez mais competitivo e sabem que se não prosseguirem com os estudos, não terão acesso a uma oportunidade diferente da que lhes é oferecida, de “trabalhar em igrejas, associações ou Burger Kings”.

 

Considerações finais

A imigração brasileira, apesar de ser considerada incipiente e recente frente aos outros grupos de imigrantes nos EUA, apresenta um crescimento em torno de 90,3% de 1994 a 200110. Esses dados apontam para a consolidação do fluxo brasileiro e ao mesmo tempo remete a um perfil diferenciado desse migrante, que é mais jovem e que, por sua vez, não mantém o mesmo vínculo com a pátria de seus pais.

 

 

As experiências vividas por essa nova geração sugerem um melhor aprendizado e maior adaptação à nova sociedade, mais chances de inserção desse grupo pela sociedade norte-americana, contudo, com muitos enfrentamentos e conflitos gerados pelo preconceito e racismo sempre presentes no cotidiano dos imigrantes em solo estadunidense.

Pode-se concluir que, apesar das leis implementadas pela política migratória dos EUA, contra o ensino bilíngüe, muitas escolas mantêm programas para auxiliar crianças e jovens imigrantes que continuam a chegar todos os dias nos EUA.

Outro fator importante ressaltado na pesquisa é a má qualidade, e não apenas as “diferenças” no ensino norte-americano. As escolas americanas, pelo menos aquelas a que os jovens imigrantes têm acesso, não são um modelo de perfeição, muito pelo contrário – mesmo sendo gratuitas, nem sempre oferecem vantagens ao estudante. Na realidade, chegam bem perto das escolas públicas brasileiras, esquecidas pelo governo. Não dispõem de estrutura ou capital para readequá-las às necessidades. Apresentam problemas com violência, falta de interesse de professores e alunos. Alguns poucos esforçados conseguem se manter nos estudos e com os cursos oferecidos no currículo (como culinária ou marcenaria) acabam encontrando trabalho. Outros menos favorecidos de capital social em casa acabam abandonando os estudos, aderindo às gangues ou caindo nas drogas. São os excluídos pelo sistema capitalista. No Brasil, a diferença está no conteúdo ministrado pelas escolas, que é um pouco mais adiantado, mas não oferece técnicas ou práticas manuais que possam servir como uma base para conseguir trabalho depois do Ensino Médio. No mais, exclui da mesma forma que as escolas de classe baixa americanas.

Os estudos apresentados podem também concluir que o capital social da família é a força motriz do desenvolvimento educacional e integração social da segunda geração. Essa combinação socioespacial do seu estabelecimento proporciona maiores oportunidades de crescimento e integração desses jovens na nova sociedade.

Foi percebido nas entrevistas um deslumbramento dos jovens frente ao modo de vida americano, em que o consumo é a base de todo um sistema capitalista, vislumbrado por eles como o ápice da prosperidade. Um retrato ampliado da juventude brasileira nos EUA acredita no “sonho de ganhar a América”, o que justifica muitos sacrifícios e humilhações para alcançar o objetivo de tornar seu estilo de vida mais americanizado, acreditando ser este um modo de vida melhor, no qual se consome tudo o que quer.

Outro fator determinante nas entrevistas foi a diferença entre os objetivos da primeira e segunda geração de migrantes. A primeira visava a alcançar um caixa suficiente para retornar ao Brasil e viver mais dignamente com os seus iguais, e a segunda geração que não pretende abandonar o estilo de vida americano, com o qual não se identifica totalmente, mas lhe proporciona tudo quanto deseja no campo material. Dos jovens entrevistados, 86% não pretendem mais voltar a viver no Brasil, mas grande parte deles gostaria de visitar o país, retratado por eles como uma terra de sol e praia, onde tem muita festa, mas poucas chances de fazer dinheiro.

Apesar das diferenças entre os grupos imigrantes nos EUA, as distinções entre as situações vivenciadas por eles não são tão claras quanto normalmente fingem ser. Nenhum deles é suficientemente constrangedor para eliminar, a priori, a possibilidade de certa “assimilação” de qualquer um dos grupos. Tampouco se pode afirmar que alguma etnia manterá suas raízes sem alterações.

Há que se concluir que, na medida do possível, trabalhos como estes anteriormente citados e outros que hão de vir abrirão ainda mais a janela para um melhor entendimento do cotidiano desses jovens migrantes brasileiros.

 

Bibliografia

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Endereço para correspondência
E-mail: galssis@hotmail.com / tina@mercoshop.com.br

Recebido em 04/09/2006
Aceito em 04/10/2006

 

 

* Doutora em Ciências Sociais – UNICAMP/UDESC e docente da FAED-UDESC
** Acadêmica de bacharelado em Geografia - FAED/UDESC. Bolsista de iniciação científica do PROBIC/ CNPq
1 Entrevistas aplicadas por Assis em 2001 para pesquisa coordenada por Teresa Sales, que tem o objetivo de analisar as redes sociais nas cidades de origem dos fluxos de brasileiros para os EUA. Relatório final (2001). Entrevistas aplicadas por Assis em 2006 para pesquisa coordenada por ela mesma sobre a segunda geração que vive em Boston
2 Transnacionalidade faz parte de uma família de categorias classificatórias pelas quais as pessoas se localizam geográfica e politicamente (RIBEIRO, 2000, p. 95)
3 Ver SAYAD, A imigração
4 Ver PENNA, Relatos de migrantes
5 Ver SIGNORINI, Linguagem e identidade
6 Hobsbawm, na Era do Capital, 1848-1875, faz uma das mais brilhantes análises sobre as migrações que se deram nesse período, tanto as internacionais como as internas, discutindo seu caráter permanente ou temporário, o retorno migratório e a importância das migrações na formação das cidades e de novas nações e sociedades que emergiam (HOBSBAWM, 1977)
7 Folha de São Paulo, 18/08/ 2002
8 O imigrante passa a ser chamado de transnacional quando desenvolve e mantém múltiplas relações, como familiares, econômicas, sociais, organizacionais, religiosas e políticas, as quais ampliam as fronteiras, colocando em inter-relação o global e o local (SCHILLER, BASCH e BLANC-SZATON, 1992)
9 Ver tabela anexa
10 Ver tabela anexa

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