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PsicoUSF

versão impressa ISSN 1413-8271

PsicoUSF v.10 n.1 Itatiba jun. 2005

 

EDITORIAL

 

Com grande satisfação apresentamos mais um número da revista Psico-USF, veículo de divulgação da produção científica brasileira, cujo intuito é servir de fórum para a apresentação de pesquisas atuais no campo da Psicologia, além de promover a disseminação de informação aos profissionais e interessados do campo. Esta revista é publicada desde 1974, embora com nome diferente do atual, e desde 2001 está vinculada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Psicologia da Universidade São Francisco.

Embora os periódicos brasileiros ainda tenham um árduo desenvolvimento por percorrer, acredita-se que na última década, especialmente na psicologia, muito se produziu. Em 2005 foi lançado oficialmente no Congresso Interamericano de Psicologia, realizado nos dias 20-22/4 em São Paulo, um sítio de busca de textos online, além dos já existentes, para profissionais de psicologia e áreas afins. Nossa revista teve a honra de figurar dentre os periódicos disponíveis para consulta.

Após quatro anos como editor da Psico-USF, é hora de renovação. Em que pesem os agradecimentos, muitos se fazem necessários; à Universidade São Francisco, pelo apoio institucional ao longo destes anos de manutenção da revista; aos membros dos Conselhos Consultivo e Editorial, por compartilharem parte das tarefas de editoração; aos pareceristas ad hoc, pela contribuição das análises cuidadosas dos manuscritos submetidos à apreciação; à Editora Vetor, pela parceria na impressão do periódico; aos funcionários que traba-lharam na revista nos últimos anos e, por fim, aos pesquisadores e leitores, pela confiança depositada.

Apesar de a editoração de um periódico indexado exigir esforços intensos em razão da responsabilidade envolvida, do volume de manuscritos lidos, e da revisão minuciosa, gostaria de destacar que a experiência foi extremamente satisfatória. E sob esta perspectiva, aproveito para apresentar o prof. dr. Makilim Nunes Baptista, professor do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Psicologia, o próximo editor da Psico-USF. A ele e à nova equipe, meus votos de sucesso e a certeza de que a seriedade aplicada ao processo editorial será mantida.

Quanto a este número, temos uma variedade bastante grande de temas. Há que se registrar uma concentração na área de avaliação psicológica, mais especificamente na construção de instrumentos. No entanto, não são abordadas apenas questões dessa natureza. Um breve comentário de cada texto pode dar uma idéia da abrangência e das preocupações que estão levando profissionais de várias partes do país à pesquisa.

Estudando a estrutura fatorial do Questionário de Estilos Parentais, Mariana Gonçalves Boeckel e Jorge Castellá Sarriera encontraram três fatores e discutem os resultados no artigo Análise fatorial do Questionário de Estilos Parentais (PAQ) em uma amostra de adultos jovens universitários. Esses fatores explicaram 43,96% da variância total do construto e alcançaram um nível de consistência interna satisfatório. Apontam a necessidade de novos estudos, apesar de os resultados sugerirem possibilidades de aplicação do instrumento em nossa realidade.

A construção de um instrumento para medida do suporte familiar é relatada por Makilim Nunes Baptista no texto Desenvolvimento do Inventário de Percepção de Suporte Familiar (IPSF): estudos psicométricos preliminares. Suas análises apontaram para quatro dimensões, quais sejam, Inadaptação Familiar, Afetividade Familiar, Consistência Familiar e Autonomia Familiar, todas elas com valores de alfa superiores a 0,80. Esse resultado explicou 42,80% da variância total e alicerçou o propósito de construir um inventário para mensurar o suporte familiar.

Liza Fensterseifer e Blanca Susana Guevara Werlang publicam o texto Estudo de fidedignidade e validade da Escala de Avaliação de Dor Psicológica, no qual analisam a Escala de Avaliação de Dor Psicológica em adolescentes com e sem ideação suicida. O coeficiente de consistência interna foi significativo e o de estabilidade temporal, alto. Apresentou dados de validade discriminante, conver-gente e fatorial, fornecendo três dimensões. Informaram a necessidade de novos estudos, pois não consideraram ideais as propriedades psicométricas encontradas.

Por sua vez, preocupados com a prevenção do infarto, Andréa Soares de Castro Formiga, Mardonio Rique Dias e Ana Alayde Werba Saldanha divulgam os resultados de sua pesquisa com o título Aspectos psicossociais da prevenção do infarto: construção e validação de um instrumento de medida. A construção do instrumento teve como fundamento a Teoria da Ação Racional e seus resultados indicaram a possibilidade de predição. Ao lado disso, consideraram que as variáveis de natureza normativa explicaram grande parte da variância.

Priscila Covre, Elizeu Coutinho de Macedo, Fernando César Capovilla e José Salomão Schwartzman publicam o texto Movimentos oculares e padrões de busca visual em tarefas de rotação mental. Valendo-se de um sistema computacional de rastreamento dos movimentos oculares, mostraram o uso de dois tipos de estratégias, quais sejam, rotação mental em torno dos eixos padrões e comparação independente da orientação.

Interessados em conhecer a produção em bases eletrônicas sobre psicoterapias breves, Elisa Medici Pizão Yoshida, Tales Vilela Santeiro, Fabíola Ribeiro de Moraes Santeiro e Glaucia Mitsuko Ataka da Rocha relatam seus resultados em Psicoterapias breves psicodinâmicas: características da produção científica nacional e estrangeira (1980/2003). Os dados mostraram predomínio de autoria única e psicoterapias integrativas com influências de outras abordagens, além de publicações sobre psicote-rapias individuais de adultos, entre outras.

A depressão pós-parto foi a preocupação do estudo de Eluisa Bordin Schmidt, Neri Maurício Piccoloto e Marisa Campio Müller, relatado em Depressão pós-parto: fatores de risco e repercussões no desenvolvimento infantil. Partindo do dado que esse fenômeno afeta 10% a 15% das mulheres no pós-parto, abordam aspectos conceituais, epidemiológicos, fatores de risco associados e repercussões da depressão pós-parto na relação materno-infantil e no desenvolvimento da criança.

José Augusto Dela Coleta e Marilia Ferreira Dela Coleta evidenciaram a consistência teórica para explicar o processo motivacional de indivíduos, valendo-se de quase vinte estudos brasileiros, envolvendo professores, candidatos, alunos e egressos de universidades. Esse estudo está no texto Educação superior e crescimento pessoal: motivações sociais entre personagens nucleares do meio universitário. Suas conclusões indicaram a importância do nível socio-econômico e escolaridade, do ambiente motivacional do lar e do porte da cidade onde vivem os sujeitos envolvidos.

Pouco tempo tem sido dedicado aos jogos e brincadeiras, segundo o estudo de Simone Chabudee Pylro e Claudia Broetto Rossetti e relatado no texto Atividades lúdicas, gênero e vida adulta. Entre as atividades preferidas estão namorar, estar com amigos, ir ao cinema, ouvir música e assistir à TV; as atividades tipicamente masculinas foram futebol, jogos e brincadeiras agressivas, enquanto as femininas se relacionaram a jogos simbólicos. Os gêneros se diferenciaram também quanto ao tempo dedicado a tais atividades.

Olivia Justen Brandenburg e Lidia Natalia Dobrianskyj Weber no texto Autoconhecimento e liberdade no behaviorismo radical discutem a relação entre esses conceitos. Com base na visão de Skinner sobre liber-dade, defenderam que esta depende do autoconhecimento e que não pode se libertar do controle. No entanto, por meio do autoconhecimento é possível produzir mudanças no ambiente e trocar controles coercitivos por reforçamento positivo, com vistas a uma melhor qualidade de vida.

Os resultados da pesquisa de Munich Santana e Magda Dimenstein são relatados no texto Trabalho doméstico de adolescentes e reprodução das desiguais relações de gênero. Foram realçados o início prematuro da vida laboral, o acúmulo com as tarefas escolares, os baixos salários e a ilegalidade do trabalho noturno. Ao lado do fato de ser um trabalho desvalorizado, rotineiro e desestimulante, ressaltaram que não deixa de servir para uma ascensão social, prover mais autonomia e ajuda às famílias.

Este número da Psico-USF termina com duas resenhas. Aletéia Henklain Ferruzzi fez uma cuidadosa e crítica leitura do livro O mosaico da violência: a perversão na vida cotidiana e indica sua leitura, realçando suas contri-buições. Por sua vez, uma análise criteriosa de Fabiano Koich Miguel apresenta o livro Aprendizagem: processos psicológicos e o contexto social na escola, apontando-o como uma leitura importante e necessária para os interessados em psicologia educacional.

Fermino Fernandes Sisto
Editor
Junho de 2005