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Psicologia Escolar e Educacional

versión impresa ISSN 1413-8557

Psicol. esc. educ. v.1 n.1 Campinas  1996

 

EDITORIAL

 

Psicologia Escolar mais um passo à frente

 

Uma profissão é consistente quando tem algumas condições que a estabelecem diante da comunidade científica e social como, por exemplo, ter um código de ética abrangente e bastante divulgado, uma associação atuante e com muitos sócios e uma revista científica especializada na veiculação de conhecimento produzido na área. Essas condições fazem parte de alguns critérios para avaliação de algumas profissões utilizados nos Estados Unidos, dentre elas a profissão da Psicologia, que são divulgados pelo meio de comunicação oficial APA - Associação Americana de Psicologia.

No Brasil, nossas condições, tanto para a Psicologia em geral como para suas especialidades, ainda não atingiram uma posição idela, talvez porque sejamos ainda muito jovens ou porque tenhamos grandes dificuldades de ver consolidados oficialmente nossos avanços e conquistas. Para a Psicologia como um todo, parece melhor a situação em relação aos indicadores aqui apresentados. Temos uma associação oficial dos psicológos - nossos conselhos regional e federal; temos algumas revistas científicas circulando com periodicidade e qualidade e temos um código de ética, que mesmo com algumas falhas vem sendo estudado e aprimorado para influir mais decisivamente na conduta profissional daqueles que atuam e ser mais efetivo como fonte de referência interna e externa da qualidade profissional. Para as especialidades, no entanto, como a Psicologia Escolar, faltam ainda muitos passos a serem dados.

Sem sombra de dúvidas, a oficialização em 1991 da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional, a ABRAPEE, foi um grande passo. Constituiu-se um espaço, por exceleência, para o agrupamento de profissionais interessados e atuantes na área; identificou-se, a partir desse momento, as reais necessidades e problemas que os profissionais da área enfrentam, planejou-se a curto prazo e alongo prazo ações que pudessem caracterizar avanços para um movimento de crescimento na área e aperfeiçoamento de serviços psicológicos à população educacional.

Algumas metas parecem inatingíveis, pois dependem de ações conjuntas e políticas de grande mobilização, como é o caso do amparo legal ao exercício profissional, junto às instituições de ensino do país. Outras, entretanto, mais viáveis a curto prazo, dizem a respeito à iniciativas mais particulares, como é o caso da criação da primeira revistas científica brasileira com uma política de editoração voltada à àrea da Psicologia Escolar. Estudos recentes, como é o caso da tese defendida por Witter em 19961, apontam para a imperiosa necessidade, no Brasil, da produção de suportes especiais para a discussão da área de divulgação do conhecimento por ela produzido. Essa iniciativa responde à essa necessidade, e se caracteriza como mais um grande passo dado pela Psicologia Escolar na direção do seu aprimoramento e consolidação como uma das mais importantes espeicalidades da Psicologia no Brasil. Especialidade que tende a ser , cada vez mais, imprescindível ao programa de desenvolvimento nacional, se o país escolher crescer a partir do crescimento pessoal de sua população, de sua educação e estabelecimento de competências especiais para o trabalho e vida social, em família e comunidade.

A revista da ABRAPEE deverá ser um espaço para a Psicologia Escolar como ciência e profissão e procurará delinear um política objetiva de editoração nessa área. De distribuição gratuita ao membros da ABRAPEE, será sem dúvida, um suporte especial aos que desejarem conhecer e se aprofundar nessa temática.

A publicação de uma revista científica no Brasil é uma tarefa de persistentes e obcecados idealistas da Ciência no país, conscientes de que pela autonomia intelectual conseguem-se a indepedência e o crescimento social. É um desafio constante de um começar que pretende, continuamente se aperfeiçoar e se manter vivo, apesar das limitações e das dificuldades. Por essa razão, é também um chamamento a todos que colocar as mãos na massa. Muito será preciso de esforço e trabalho para que essa revista, hoje lançada em seu primeiro número, continue por anos e anos aperfeiçoando-se e cumprindo sua finalidade básica a de fazer crescer e amadurecer a área da Psicologia Escolar.

 

Raquel Souza Lobo Guzzo

 

 

1 Witter, C. (1996). Psicologia Escolar: Produção Científica, Formação e Atuação (1990-1994). Tese de Doutoramento. IP/USP, São Paulo, 1996.

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