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Psicologia Escolar e Educacional

versión impresa ISSN 1413-8557

Psicol. esc. educ. v.6 n.2 Campinas dic. 2002

 

ARTIGOS

 

Variáveis que afetam a aprendizagem: percepção de alunos de licenciatura e professores

 

Variables that affect the learning process: according to ungraduated student and teachers

 

 

Elzira Teixeira Ariza Oliveira1; Solange Muglia Wechsler2

Pontifícia Universidade Católica


RESUMO

O objetivo desta pesquisa foi o de analisar algumas das variáveis que afetam o processo de ensino-aprendizagem. A amostra foi composta de 90 estudantes dos cursos de licenciatura em Matemática, Psicologia e Pedagogia e de 30 professores da Rede Estadual de 1º e 2º graus na época; hoje Ensino Fundamental e Ensino Médio no interior do Estado de São Paulo. O primeiro instrumento usado foi um questionário tipo Likert, investigando as áreas de ensino: a) cotidiano do aluno; b) planejamento pedagógico; c) interação professor-aluno e d) a criatividade no ensino. No segundo instrumento, foi pedido aos sujeitos que citassem dez adjetivos do professor real e dez do professor ideal. Os resultados revelam que a área mais importante foi a criatividade no ensino para alunos e professores. O adjetivo de pessoa “criativa” foi o mais mencionado para qualidade de professor ideal. Dessa forma, é necessário dar mais ênfase ao processo de criatividade nos cursos mencionados.

Palavras-chave: Processo ensino-aprendizagem, Criatividade, Professor-aluno.


ABSTRACT

The purpose of this work was to analyses the variables which affect the process of teaching and learning. Our sample was composed by 90 students of the Mathematics, Psychology and Pedagogy Courses and 30 public teachers from state schools in São Paulo. The first instrument used was a questionnaire in a Likert scale, investigating the following teaching areas: a) student daily activity; b) pedagogical planning; c) teachersstudent interaction and d) teaching creativity. As a second instrument, it was asked the students to name ten adjectives of a real teacher and ten for ideal teacher. The results revealed that the most important area was “creativity” in teaching, for students and teachers. The adjective “creative” was the most mentioned as a quality for the ideal teacher. Thus, it is necessary to give more emphasis to the creativity process in the courses mentioned above.

Key words: Teaching-learning process, Creativity, and teacher-student.


 

 

INTRODUÇÃO

A preocupação dos que questionam sobre o processo ensino-aprendizagem é a de encontrar meios mais eficazes que possam assegurar a todos os alunos condições para o bom desempenho escolar. A busca de novas formas criativas de ensino direcionado aos alunos com dificuldades na aprendizagem, eis a questão que o professor atualmente coloca a si próprio.

Nesse contexto, observa-se que a função do professor é, ao mesmo tempo, técnica e relacional, tendo em vista o cotidiano de seus alunos e o ajustamento às necessidades de cada um. Para Guzzo (1987), a capacidade geral do aluno para aprender e a maneira como ele aprende são elementos básicos no processo ensinoaprendizagem, que busca a eficiência da programação a ser apresentada em sala de aula. É preciso que o professor saiba identificar as necessidades especiais de seus alunos, considerando o cotidiano do seu meio social. As estratégias de ensino, os recursos pedagógicos, são instrumentos fundamentais do professor junto à eficiência de sua atuação.

Em seus estudos, Luckesi (1994) considera que o existencial e o elaborado se integram. O existencial ganha nova dimensão ao ser reelaborado em nível crítico, seja ele científico ou filosófico. A aprendizagem tem uma continuidade com o anterior, mas também deve possuir uma ruptura, porque é algo novo.

Dentre as visões atuais que têm estimulado significativos esforços de pesquisa sobre aprendizagem, podem-se destacar as investigações de Mizukami (1986); Witter (1987); Nóvoa (1992); Rios (1994) e Wechsler (1995) que apresentam uma visão abrangente da relevância da criatividade não só para a solução dos problemas da vida diária, como também na ajuda para o desenvolvimento do indivíduo na saúde mental. Por outro lado, em seus estudos Dwyer e Villegas (1993) afirmam que as situações cotidianas que os professores enfrentam, variam muito, pois elas interagem intensivamente com um grande número de alunos que possuem características individuais diferentes, experiências culturais distintas e que estão também em níveis de desenvolvimentos diferentes.

Muitos trabalhos discutem o planejamento no processo ensino - aprendizagem (Briggs, 1979; Fusari, 1990; Martins, 1990; Turra, 1992; Basil & Coll, 1996; Baird, 1997) e apresentam condições que podem ser manipuladas no processo da instrução para facilitar a aprendizagem. Um estudo de Rosenfield (1987) mostrou que os objetivos devem se relacionar com um plano educacional individual, sendo sugerido três tipos de propostas para se fazer uma avaliação qualitativa da aprendizagem: 1) observação da sala de aula do estudante; 2) uma entrevista com o estudante; e 3) uma entrevista com o professor. Em relação ainda aos objetivos, Burton e Merril (1979) mencionam que o que se ensina tem de ser útil ao indivíduo, à comunidade e à sociedade, e que os educadores são os responsáveis pelo sucesso ou fracasso do que se ensina.

Segundo Candau (1994) e Marini (1994), o processo ensino-aprendizagem para se tornar adequado precisa ser analisado e estar envolvido largamente com as dimensões humanas, técnicas e políticas de nossa sociedade. O ensino vigente exige atenção e finalidades claras e definidas, fundamentadas na leitura da realidade social e cultural, nas contradições das classes sociais.

Algumas teorias permitem a relação entre suas definições de aprendizagem e praticamente todas concebem que a aprendizagem é um processo de colaboração e ajuda mútua (Masetto,1994; Campos,1996). Nesse sentido, interação professor-aluno é um campo de investigação que merece muita atenção, pois é elemento primordial na aprendizagem. Almeida e Guzzo (1992) observaram que o professor desconhece suas responsabilidades perante seus alunos e que existe a necessidade de o professor se relacionar com seus discentes de uma forma mais criativa, procurando aperfeiçoar sua sensibilidade, transmitindo respeito ao ser humano e à natureza como um todo.

Reforçando a importância dos objetivos como elemento importante na relação professor-aluno, outros estudos foram desenvolvidos. Para Kibler e Basset (1979), os estudantes, ao tomarem conhecimentos dos objetivos, têm um desempenho mais eficiente e saberão como serão avaliados, aumentando assim a qualidade da aprendizagem.

Dentro dessa perspectiva, Wechsler (1993) investigou não só aspectos cognitivos como também os emocionais envolvidos com a ação criativa e concluiu sobre a existência de uma estreita relação entre a criatividade e a saúde mental. Observou, também, que a independência de julgamento e o inconformismo levam o indivíduo criativo a resistir às pressões da sociedade. Um estudo relacionado ao processo ensino-aprendizagem com mais criatividade tem influenciado o pensamento de pesquisadores. Nesse campo, pode-se destacar as investigações de Catterall (1978); Torrance (1979); Hart (1987); Niño (1993); Ades (1994); Alencar (1997) e Martínez (1997) os quais mencionam os principais elementos psicológicos que regulam o comportamento criativo: a) motivação; b) capacidades cognitivas diversas; c) autodeterminação; d) segurança; e) capacidade para criar; f) flexibilidade e g) audácia.

Um dos esforços, nesse sentido, foi desenvolvido por Wechsler (1994), que buscou identificar quais seriam os estilos preferenciais de aprender e pensar dos estudantes criativos, visando propor ações que beneficiassem o desenvolvimento da criatividade em salas de aulas regulares e trabalhou com 607 sujeitos. Os resultados obtidos demonstraram que os estudantes preferem tarefas que possam vivenciar os conteúdos, ambientes ruidosos e pouca estruturação, assim como apreciam se alimentar durante a aprendizagem. Investigações realizadas por Cavaco (1995) demonstraram que os fenômenos sociais influenciam a imagem que o professor tem de si próprio e de seu trabalho, e que a política educacional não colabora com a formação do professor ideal, criativo, pesquisador, atualizado e bemremunerado.

Visando identificar as variáveis que afetam o processo ensino-aprendizagem e identificar e comparar as características de professor real e ideal, esta pesquisa teve como objetivo realizar um estudo tendo como base os aspectos mais relevantes desse processo apontados pelos alunos dos cursos das licenciaturas de Matemática, Psicologia, Pedagogia e professores de 1º e 2º graus na época, hoje Ensino Fundamental e Ensino Médio, assim como identificar as características do professor real e ideal, afirmadas por esses grupos.

 

MÉTODO

Sujeitos

A amostra total foi composta por 120 sujeitos selecionados aleatoriamente (ao acaso), sendo 30 professores de duas Escolas Estaduais do curso de formação e 90 estudantes dos segundos, terceiros e quartos anos dos cursos de licenciaturas de Matemática, Psicologia e Pedagogia de uma universidade particular no interior do Estado de São Paulo.

Observou-se que 88% dos 90 alunos dos três cursos pertenciam ao sexo feminino, ficando portanto com 12% o sexo masculino. Quanto à faixa etária, ficou entre 18 a 40 anos, havendo maior concentração na faixa entre 18 a 25 anos. Constatou-se, também, que 27 alunos lecionavam há mais de dois anos, sendo assim considerados na categoria de professores. Portanto, consideramos a nossa amostra de alunos como sendo composta por 63 alunos e 57 professores, perfazendo-se um total de 120 sujeitos.

Dentre os sujeitos, 30 são professores egressos da Rede Estadual e 27 são alunos que ministram aulas há mais de dois anos nas escolas de 1º e 2º graus na Rede Estadual, formando um total de 57 professores. Constatou- se que 80,7% dos professores são do sexo feminino e 19,3% do sexo masculino. Quanto à variação de idade, 33% dos sujeitos se concentram entre 26 a 35 anos e quanto ao tempo em que lecionam 51% já possuem de 2 a 5 anos de magistério e 39% de 6 a 20 anos.

Instrumento

Elaborou-se um questionário constando de variáveis pedagógicas que afetam o processo ensinoaprendizagem. Esse instrumento foi composto de duas partes. A primeira constou de uma escala com 24 questões relacionadas com as variáveis de ordem pedagógica que podem influenciar o processo ensinoaprendizagem. A escala foi do tipo Likert 6 pontos:

discordo totalmente (DT); discordo (D); discordo parcialmente (DP); concordo parcialmente (CP); concordo (C); concordo totalmente (CT).

 

As variáveis pedagógicas foram levantadas por meio de 24 questões e enfocam quatro áreas: área I – cotidiano do aluno; área II – planejamento pedagógico; área III – interação professor-aluno, área IV – criatividade no ensino. Cada área foi medida por três itens positivos e três itens negativos.

Na segunda parte do instrumento, foi pedido aos alunos e professores que citassem dez adjetivos atribuídos ao professor real e dez do professor ideal. Posteriormente, o sujeito deveria destacar cinco adjetivos entre os dez listados para o professor real, fazendo o mesmo com o professor ideal.

Procedimento

Foi feito contato formal com a direção da universidade, solicitando sua colaboração para a realização da pesquisa. Os questionários foram aplicados em sala de aula a todos os sujeitos em dias diferentes. Os cursos de licenciaturas envolvidos foram: Matemática, Psicologia e Pedagogia. Em duas Escolas Estaduais, houve solicitação prévia também para a realização da pesquisa. Após a aplicação, em todos estabelecimentos, foi oferecida aos alunos das licenciaturas e aos professores a oportunidade para discutirem suas opiniões.

 

RESULTADOS

Os resultados do presente estudo foram descritos e analisados em duas etapas, conforme os objetivos estabelecidos anteriormente. Nas etapas, buscou-se: a) identificar diferenças de opiniões entre os alunos dos cursos de licenciaturas e professores em relação à importância das áreas pesquisadas; b) identificar diferenças de opiniões entre alunos dos cursos de licenciaturas e professores em relação às características do professor real e ideal.

Em relação a todos os cursos, a área que obteve maior pontuação como sendo a mais importante foi a da como sendo o planejamento pedagógico, com a = 28,10 indicada pelos alunos de Matemática.

 

A análise de variância multivariada foi feita para comparar a média entre essas áreas e indicou que houve um efeito significativo na variável cursos (F= 6,91; p < 0,05) e também na variável de áreas (F = 37, 01; p< 0,001).

Nesse sentido, foi observado que existem diferenças significativas de opiniões entre os alunos dos cursos de licenciaturas de Matemática, Psicologia e pedagogia em relação às áreas pesquisadas: o cotidiano do aluno; o planejamento pedagógico; a interação professor-aluno e a criatividade no ensino.

 

Observou-se, na Tabela 3, que, em relação às médias, a área pedagógica de maior pontuação entre os alunos foi a da criatividade com a =32,07 dando-se o mesmo para os professores =32,78. A área pedagógica de menor pontuação foi a do planejamento, tanto para os alunos =29,84 quanto para os professores =28,96. É interessante observar que a pontuação dada pelos alunos é superior à dos professores, no tocante à área do planejamento.

A análise de variância multivariada Tabela 4, realizada para comparar as médias por formação (alunos e professores) e áreas pedagógicas (cotidiano dos alunos; planejamento pedagógico; interação professoraluno e criatividade no ensino) indicou efeitos significativos nas variáveis áreas (F=57,49, p<0,01) e, na interação, formação e áreas (F=3,99, p< 0,05). Portanto, foi observado que existem diferenças significativas entre alunos e professores com relação à percepção de áreas pedagógicas que influenciam o processo ensinoaprendizagem.

 

Na segunda parte do instrumento, analisou-se as diferenças quanto às características do professor real e ideal, apontadas pelos alunos e professores. Ao serem aplicados os instrumentos foi solicitado aos alunos que apresentassem adjetivos que descrevessem o professor real e ideal, muitas pessoas de nossas amostras preferiram características descritivas na solicitação, que não puderam ser adjetivadas. A seguir, a Tabela 5, em que se apresenta os adjetivos mais freqüentes entre alunos e professores para o professor real e ideal.

 

Para os alunos de licenciaturas, as características mais apontadas do professor real foram as de cansado e desvalorizado com 13%, seguida do agressivo 10% e preocupado 9%. Para o professor, os adjetivos mais freqüentes foram os malremunerados em primeiro lugar 13%, cansado 13%, desvalorizado 11% e desatualizado 9%.

Em relação ao professor ideal, observou-se que alunos de licenciaturas consideram mais significativas as características do professor criativo 15%, seguidas do amigo 12%, pesquisador 11% e atualizado 10%. Quanto ao professor, os adjetivos mais freqüentes foram: criativo 14% e atualizado 10%, bom salário 12%, respeitado 11%. Ficou, assim, evidente que o aluno valoriza mais o professor pesquisador 11%, porém os professores ainda não se conscientizaram dessa característica fundamental, pois valorizaram essa característica com apenas 1%.

 

DISCUSSÃO E CONCLUSÕES

O estudo dos problemas de ensino-aprendizagem, nesta pesquisa, envolveu as percepções dos alunos de licenciaturas de Matemática, Psicologia e Pedagogia e de professores egressos. Várias questões podem surgir dos resultados observados neste estudo, questões essas referentes à importância das áreas investigadas: o cotidiano do aluno; o planejamento pedagógico; a interação professor-aluno e a criatividade no ensino.

Na primeira etapa da análise, na qual foram identificadas as significâncias das áreas em relação aos problemas no processo ensino-aprendizagem, alguns dados merecem ser destacados. Percebe-se que a área mais significativa para os alunos foi a criatividade e a menos foi a do planejamento. Nas considerações feitas por Wechsler (1994) é necessário relembrar que a criatividade é um fenômeno multidimensional, originado de múltiplas fontes, cognitiva ou racional, emocional ou pessoal, social ou interpessoal, irracional ou esotérica. Sob essa conceituação, as maneiras de se estudar a criatividade podem ser as mais diversas possíveis, ora enfocando-se os processos cognitivos, metacognitivos ora as características de personalidade ou ainda os efeitos do ambiente social. Assim, a nosso ver, os objetivos centrais da criatividade na educação são promover o intercâmbio de idéias, cultivar nos alunos a originalidade, fluência verbal e de idéias, autoconfiança, humor, inconformismo, persistência.

Observa-se a pouca importância dada para a área da interação professor - aluno. Por outro lado, o professor real segundo os alunos precisa ser mais criativo, atualizado e amigo. Encontrou-se, também, Hart (1987) que, segundo suas pesquisas em mil escolas, verificou que as mesmas geralmente falham e não providenciam um clima suficientemente saudável para as relações humanas. Elas acabam limitando as áreas de comunicação e relações interpessoais. É interessante notar que a área do planejamento foi pouco valorizada tanto pelos alunos como pelos professores, porém a grande preocupação apresentou-se em verificar que os professores valorizam menos que os alunos a eficácia do planejamento.

Assim, novas perspectivas nessa direção vêm sendo retomadas junto à rede oficial de ensino, a partir de reflexões sobre o planejamento e problemas de ensino - aprendizagem. As universidades estão participando do PEC, “Programa de Educação Continuada”, proposto pela Secretaria de Estado da Educação de São Paulo (1997), tendo como objetivo melhoria a do processo ensino-aprendizagem. O planejamento deverá apresentar um trabalho coletivo e interdisciplinar como estratégia de ação para a construção e elaboração dos planos de ensino. Esse programa de trabalho tem como fundamento básico a interação contínua entre a universidade, lideranças educacionais e professores das delegacias de ensino.

Observou-se, também, que o estudo das diferenças de opiniões entre alunos de licenciaturas e professores, em relação às características do professor real e ideal traz consigo constatações que parecem óbvias, entretanto sugerem inúmeras outras questões que não estão claramente definidas. Os resultados apontados pelos professores do professor real foram semelhantes aos dos alunos. Apresentaram as seguintes características: malremunerado, cansado e desvalorizado. No primeiro momento, os alunos caracterizaram o professor real de desvalorizado e cansado. Outras características apareceram, tais como: agressivo, preocupado, alienado, sem criatividade, mal remunerado, tradicional, não planeja, desatualizado, sem didática, despreparado e não crítico.

Os resultados desta pesquisa, no tocante às diferenças de opiniões entre alunos de licenciaturas em relação às características do professor ideal, demonstraram que as características com mais pontuações foram: professor criativo, atualizado, bem-remunerado, respeitado, amigo, motivado, dinâmico, competente, didático, paciente, planejador, vê a realidade do aluno e é pesquisador. Ficou evidente, também, que em relação ao professor ideal, a criatividade foi a variável mais apontada pelos alunos e professores, seguida pelo professor atualizado e amigo. Os resultados revelam, ainda, que os alunos valorizam mais o professor pesquisador.

Em nossos estudos, em que comparamos opiniões dos alunos de licenciaturas e professores, ficou evidente que a característica mais valorizada para os professores também foi a criatividade. Desdobramentos desses estudos podem ser feitos, viabilizando outras investigações. Existe a necessidade de repensar a educação para torná-la mais criativa, desenvolver lideranças criativas que contribuam com melhorias no processo de ensinoaprendizagem libertando os estudantes de um sistema de educação mecanicista e robotizante. É necessário que haja maior interação do professor de Pedagogia com o professor de Psicologia, não só para diagnosticar o talento criativo, mas, também, para estimular o professor a ser pesquisador segundo os dados levantados e oferecer ambientes e condições que irão facilitar o desenvolvimento. Nossa posição modesta, mas convicta, é a de que, mesmo não encontrando respostas adequadas e definitivas, sempre existirá o desejo do aprimoramento educacional e a criatividade precisa ser mais fortalecida, mais bem-pesquisada e deverá desvelar qual será o melhor caminho, na busca de um saber que possa contribuir realmente com melhorias no processo ensinoaprendizagem.

 

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Recebido em: 24/05/01
Revisado em: 13/12/01
Aprovado em: 14/06/02

 

1 Historiadora, Pedagoga e Doutora em Psicologia Escolar.
2 Doutora e Docente em Psicologia na Pontifícia Universidade Católica -Campinas/SP.