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Psicologia Escolar e Educacional

versão impressa ISSN 1413-8557

Psicol. esc. educ. v.8 n.1 Campinas jun. 2004

 

RESENHAS

 

O universitário em foco

 

 

Mercuri, E., Polydoro, S.A.J. (Orgs.). ( 2003). Estudante universitário: características e experiências de formação. Taubaté: Cabral Editora e Livraria Universitária, 241 p.

O livro Estudante universitário: características e experiências de formação, organizado por Elizabeth Mercuri e Soely A. J. Polydoro, contém nove capítulos que buscam refletir sobre as características do estudante universitário. Tal enfoque é bastante oportuno se notarmos a crescente expansão do ensino superior e o conseqüente aumento do número de estudantes que buscam essa modalidade de ensino. Embora já se tenha produzido algo em relação a aspectos técnicos e administrativos, como políticas, avaliação institucional, proposta curricular e outros, pouco se tem feito tendo os estudantes como foco específico de investigação. Assim, buscou-se abrir um leque com diferentes questões relacionadas ao estudante universitário, tendo-se como base a experiência de pesquisadores que têm se envolvido historicamente no estudo do tema. Estas questões estão relacionadas à caracterização, processo formativo e relação entre estudante e o contexto educacional.

O capítulo inicial Os estudantes universitários: sucesso escolar e desenvolvimento psicossocial é escrito por Leandro S. Almeida e Ana Paula Soares. Este capítulo pode ser considerado como introdutório ao demais pois seus autores, com uma grande experiência de estudos e pesquisas sobre o Sistema de Ensino Superior, em particular o de Portugal, apresentam uma análise do que a literatura tem contribuído na reflexão sobre os principais desafios e dificuldades do processo de transição e de adaptação do estudante ao ensino superior, com destaque para as situações que afetam o sucesso acadêmico e o desenvolvimento psicossocial do estudante e conseqüentes implicações para as práticas e serviços institucionais de apoio psicológico, social e educativo dirigido ao corpo discente.

O segundo capítulo, escrito por Soely A. J. Polydoro e Ricardo Primi, intitulado Integração ao ensino superior: explorando sua relação com características de personalidade e envolvimento acadêmico, apresenta um estudo sobre a integração ao ensino superior a partir de sua relação com os traços de personalidade e o envolvimento acadêmico do estudante, vistos pelo prisma da reprovação escolar e tempo de dedicação aos estudos. Rita da Penha Campos Zenorine e Acácia A. Angeli dos Santos, no terceiro capítulo intitulado A motivação e a utilização de estratégias de aprendizagem em universitários, analisam as implicações da motivação e do uso de estratégias de aprendizagem no desempenho acadêmico de alunos universitários. Bem como as relações entre os diferentes tipos de metas de realização adotadas por estes estudantes e estratégias de aprendizagem utilizadas em sala de aula e situações de estudo, articulando sua discussão por gênero e desempenho acadêmico.

No quarto capítulo Os estilos cognitivos e o processo de formação do universitário, Isabel Cristina Dib Bariani traz contribuições provenientes da literatura e de seus próprios trabalhos, sobre as implicações da estrutura cognitiva do estudante sobre o processo de formação do universitário. Indica que os estilos cognitivos constituem-se uma das muitas variáveis que atuam no processo de ensino-aprendizagem e que o conhecimento sobre eles pode viabilizar práticas educativas mais eficazes.

Desenvolvimento interpessoal: uma questão pendente no ensino universitário é o título do quinto capítulo escrito por Zilda A. P. Del Prette e Almir Del Prette. Estes autores defendem que a formação universitária deve incluir em seus objetivos o desenvolvimento interpessoal do estudante, articulando a competência técnica (profissional) à social (habilidades sociais). A partir de amplo trabalho nesta direção, propõem a experiência do Programa de Desenvolvimento lnterpessoal Profissional, expondo sua base teórica e pesquisas desenvolvidas.

No sexto capítulo Formação universitária: o impacto das atividades não obrigatórias, Camila Alves Fior e Elizabeth Mercuri fazem um estudo sobre a natureza das atividades não obrigatórias e as mudanças pessoais no estudante universitário associadas a essas atividades. Este estudo parte da concepção de que o processo de formação do universitário ultrapassa os limites da sala de aula e das exigências curriculares obrigatórias.

Graziela Giusti Pachane, no sétimo capítulo de nome A experiência universitária e sua contribuição ao desenvolvimento pessoal do aluno, aponta para as contínuas rupturas que a vivência no ambiente universitário expõe os alunos, bem como as conseqüências sobre os aspectos cognitivos, psicológicos, culturais, sociais e físicos. Tal conceito surge da análise das contribuições da formação universitária nas mudanças pessoais do estudante.

No oitavo capítulo, A percepção dos universitários sobre seus problemas, de Elisabete Monteiro de Aguiar Pereira, é apresentada uma análise das percepções de estudantes universitários brasileiros sobre situações problemas no contexto universitário e na fase de vida em que se encontram. Para isso são consideradas as influências culturais, sócio-econômicas e de gênero entre eles. A análise é feita tendo como parâmetro um estudo internacional sobre os problemas enfrentados por jovens de 14 a 24 anos. São ainda enfocadas as estratégias, fontes ou pessoas e os aspectos que os auxiliam e dificultam na resolução de seus problemas.

As organizadoras Elizabeth Mercuri e Soely A.J. Polydoro encerram o livro com o capítulo O compromisso com o curso no processo de permanência/evasão no ensino superior: algumas contribuições. Baseadas nos resultados de um conjunto de pesquisas realizadas sobre evasão, destacam o papel de variáveis associadas à escolha do curso na tomada de decisão quanto à permanência ou evasão no curso de ingresso.

Todos os conteúdos dos capítulos deste livro por certo trarão informações e reflexões importantes para seu público alvo, que é composto de profissionais e estudantes interessados nas questões de ensino e aprendizagem em nível superior, com a formação de professores e com a inserção do estudante na vida e contexto universitários. Por se tratar de autores que pesquisam e trabalham com a questão do ensino superior em diferentes universidades, tanto no Brasil quanto no exterior, o leitor poderá encontrar uma riqueza e uma diversidade que o levarão a ter uma visão global bastante significativa sobre as questões relativas à adaptação/integração e vivência do universitário ao contexto do ensino superior.

José Inácio Fernandes Granado
Universidade São Francisco