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Psicologia da Educação

Print version ISSN 1414-6975

Psicol. educ.  no.32 São Paulo June 2011

 

RESENHA

 

Meios de comunicação e educação*

 

Means of communication and education

 

Medios de comunicación e educación

 

 

Geraldina Porto Witter

Professora Emérita da UFPa, do UNIPÊ e da UNICASTELO. E-mail: gwitter@uol.com.br

 

 

Embora comunicação não seja apanágio do ser humano, na medida dos conhecimentos disponíveis, nenhuma espécie desenvolveu tantos e tão sofisticados meios para isto e ainda vem aperfeiçoando-os em ritmo alucinante. Quando se trata da formação de novas gerações ou da atualização profissional, ou seja, sempre que o processo ensino-aprendizagem ocorre, também está presente o processo de comunicação. Neste contexto se insere o livro aqui resenhado.

Mary Rangel é doutora em Psicologia Social (PUC-SP) e docente titular na UFF. Wendel Freire é mestre em educação (UFF) e leciona nas Faculdades Souza Marques. Os dois autores são os organizadores do livro. Apresentam a origem do livro a partir de um projeto de uso do jornal em sala de aula, que se ampliou em termos de meios úteis no contexto acadêmico. O livro é constituído por sete textos que guardam suficiente independência entre si, embora tenham por preocupação subjacente a temática seguida pelo livro. Esta característica viabiliza leituras para seminários diversos.

O primeiro texto foi escrito pelos organizadores tendo por objetivo analisar o propósito da comunicação didática (p. 13), em ensaio que começa com uma perspectiva histórica da comunicação didática, em que se retoma o pensamento de clássicos como Confúcio, Platão, Pestalozzi e outros, mas sem recorrer aos textos dos mesmos. A expressão é também enfocada como parte da "arte" de ensinar e do "professor" artista. A bibliografia é calcada em livros que vão de 1970 até 2005, predominando os com mais de 10 anos e sem incluir os clássicos.

Parente é a autora do texto seguinte em que enfoca o uso dos meios em apoio à educação, a integração das novas tecnologias na sala de aula. Relembra a velocidade das transformações e o crescimento da demanda por informações e as dificuldades dos docentes diante da nova realidade, o que requer repensar a educação e as novas mudanças a serem introduzidas na escola. Enfoca a educação para usar os meios, ensino via meios e com os meios. Isto tudo requer uma leitura crítica dos mesmos. A bibliografia é predominantemente de livros e com mais de 10 anos.

Cavalcanti trata, a seguir, do uso dos jornais em intervenções pedagógicas de alfabetização e letramento, faz uma rápida reflexão sobre leitura, de um único enfoque, sem lembrar o leitor os muitos modelos referenciais existentes e as proposições das instituições especializadas internacionais. Fecha o trabalho enfocando o professor. Também aqui as referências são textos teóricos de livros, com raros trabalhos, enfocando especificamente o jornal, com textos com 10 anos ou mais de produção.

O uso da televisão e do vídeo como meio de ensino é o foco do texto de Castro, com bibliografia que também deixa a desejar e nem sempre no discurso fica explicito de onde extraiu a informação, como já se constata no 1º e 2º parágrafos da introdução. Faz um rápido percurso pela origem do uso da TV comercial e educativa, descreve alguns modelos de televisão e cultura de massa e das respectivas programações e potenciais de uso. Traz como contribuição algumas manifestações de pessoas que entrevistou sobre o uso dos referidos recursos na educação. Fecha o discurso retomando o trajeto lento para inclusão do uso da TV na educação brasileira e a necessidade de preparo de contexto para que haja evolução.

O tema tem continuidade no discurso de Pinheiro sobre o uso de TV e vídeo em aulas de língua portuguesa. Começa retomando a necessidade de atualização pedagógica diante dos novos meios e a importância da interatividade. Segue uma reflexão pessoal, baseada em sua vivência, como professora de português em uma escola pública municipal, parte de uma programação do projeto EJA (Educação de Jovens Adultos), em que foi enfocado o gênero literário narrativo, recorrendo aos referidos recursos. Relata suas impressões pessoais sobre as reações dos alunos, procurando justificar o baixo desempenho obtido na escrita e sua satisfação pessoal. Novamente, a bibliografia predominante tem mais de 10 anos, são textos teóricos, tendo por suporte livros.

O penúltimo texto é de Santos. Trata do uso dos computadores em sala de aula, e também relata vivência pessoal da autora na área. Começa com informações gerais sobre o uso destes recursos em tais circunstâncias, os cursinhos de capacitação, o emergir da informática educativa e do uso de softwares. Grande parte do texto é baseada em sua vivência pessoal. Caracteriza vários tipos de softwares. Acrescenta informações sobre as possibilidades da Internet na educação, apresentando alguns endereços úteis para pais e professores com algumas informações sobre os mesmos. Nas considerações finais, apresenta um quadro síntese das fases não lineares, soluções que ocorreram em cada uma delas, o perfil do professor que requer inserção curricular e como ocorre em sala de aula, sendo bastante clara. A bibliografia não é tão atual e poucos dados decorrem de pesquisas.

Os textos são claros, simples e em nível bom de iniciação na matéria. Podem ser úteis para introduzir o assunto, para iniciar um primeiro contato com o assunto, mas não viabilizam tomar a obra como eixo de algum curso. Precisa de muita complementação com textos que trabalham com outros aspectos, apresentem dados de pesquisa e que criticamente apresentem os pontos positivos e negativos, as condições favoráveis e desfavoráveis para o uso dos muitos recursos disponíveis. A bibliografia disponível é muito rica.

 

 

* Este texto é uma resenha do livro: Ensino-aprendizagem e comunicação, de M. Rangel & W. Freire (orgs.) (Rio de Janeiro, Walk Editora, 2010. 147 p.).

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