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Psicologia da Educação

versão impressa ISSN 1414-6975versão On-line ISSN 2175-3520

Psicol. educ.  no.38 São Paulo jun. 2014

 

COMPARTILHANDO

 

Resumos da VIII Mostra de Psicologia da Educação "45 anos do PED: contribuições e perspectivas para questões educacionais"

 

 

COMUNICAÇÃO ORAL

A produção analítica do filósofo G. Lukács e da educadora Dina B. Jovine: contribuições à pesquisa em Psicologia da Educação

Raquel Antonio Alfredo

Wanda Maria Junqueira de Aguiar

A proposição da produção analítica de Lukács (1971) e de Jovine (1977) como campo profícuo ao desdobramento de estudos em psicologia educacional fundamenta-se na produção de Lukács (1979) e de Heller (1994), considerando a teoria das esferas de objetivação-genérica, na produção de Vigotski (1996) como referência teórico-metodológica do campo da psicologia e, do campo da pedagogia, na explanação de Duarte (1993) no que diz respeito ao processo de formação da "individualidade para-si". Em Alfredo (2013), as possibilidades de aproximações teóricas entre a produção analítica de Lukács e os postulados da Escola de Vigotski foi explicitada e discutida a partir de um texto analítico de Lukács (1971), sobre o "Poema Pedagógico" de Makarenko (1989) e, a partir da análise realizada por Jovine (1977) sobre os princípios da pedagogia socialista, também em Makarenko, mantendo-se a centralidade da análise na dialética relação entre o processo educativo e o de desenvolvimento histórico-social do ser humano. Defende-se que os referenciais teórico-metodológicos depreendidos das análises de Lukács e de Jovine podem ser constituídos como mediadores na produção de pesquisas em psicologia da educação. Nesta apresentação, objetiva-se destacar categorias que podem se constituir como favoráveis à reflexão sobre o modo como se tem estabelecido, no campo educacional, a relação entre o indivíduo e o conjunto de objetivações genéricas, quer seja esse indivíduo o educando ou, o educador em formação. O método guia desta produção tem como sede filosófica o materialismo histórico dialético, defendido pela perspectiva sócio-histórica. Como resultante do processo de análise, já iniciado em Alfredo (2013), destaca-se: a experiência pedagógico-prática analisada como "unidade de complexidade e processualidade"; a categoria "atividade humana"; "o método de explosão", as categorias "estilo" e "colisão" e, ainda, a categoria aristotélica catarse. Em síntese, reitera-se que a produção de análises, por meio das quais se depreendam elementos teórico-metodológicos fundamentais ao campo da pesquisa em psicologia da educação, se constitui imprescindível à ampliação da produção científica sobre as relações que envolvem o lastro de objetivações genéricas, o processo educativo e desenvolvimento histórico-social do educando e do educador.

Palavras-chave: Lukács, Vigotski, catarse.

 


 

Educação, atividade e terapia assistida por animais: revisão integrativa de produções científicas brasileiras

Elisa Alves de Almeida

Mitsuko Aparecida Makino Antunes

Os animais sempre estiveram presentes na vida do homem desde a pré-história até os dias atuais. Assim como a relação homem-animal, o uso de animais em terapia não é um fenômeno novo, teve início no século IV a. C., com Hipócrates. A partir de então, as pesquisas acerca da Educação, Atividade e Terapia Assistidas por Animais avançaram discretamente, sempre cercada de preconceitos, convencionalismos e restrições ao seu uso, em especial no Brasil, cujo o tema ainda é pouco pesquisado cientificamente. Dessa forma, esta pesquisa teve por objetivo identificar e caracterizar produções científicas brasileiras sobre Educação, Atividade e Terapia Assistida por Animais, através de uma revisão integrativa da literatura que sintetiza os dados de produções científicas brasileiras sobre a temática publicadas até dezembro de 2013, encontradas nas bases de dados SciELO, LILACS, BVS-Psi, PePSIC e Domínio Público, bibliotecas de universidades públicas e particulares, referências, livrarias nacionais e autores. Encontraram-se 81 produções científicas que respeitavam os critérios de inclusão da pesquisa, sendo 26 artigos científicos, dez TCC/monografias, 19 dissertações/teses e 26 livros. Logo, a maioria das produções científicas brasileiras foi publicada em artigos científicos e em livros, o crescimento de ambos foi constante ao longo dos anos, entretanto as produções de TCCs e monografias demoraram para se iniciar e se estagnaram em 2010, não havendo mais produções desde então. Os dados demonstram que as intervenções assistidas por animais têm sido anualmente alvo de estudos na última década, em especial da área da psicologia, na qual o animal mostrou-se como um recurso terapêutico importante. A educação especial e a psicopedagogia tiveram poucas produções científicas, e a pedagogia não teve nenhum estudo publicado, o que demonstrou uma carência de conhecimento, na área da educação, sobre as intervenções assistidas por animais, suas contribuições e de que forma aplicá-la no espaço escolar.

A ínfima quantidade de produções científicas no âmbito educacional justifica o baixo número de estudos que enfocam a Educação Assistida por Animais (EAA) como tipo de intervenção principal. Nos estudos analisados, a EAA se fez presente na maioria das vezes junto a outro tipo de intervenção (a AAA e a TAA). Embora o cavalo seja o animal mais frequente nos estudos, diversos outros animais (como cachorro, gato, jabuti, calopsita etc.) permitem várias possibilidades de atividades e atendimento de um público alvo diferenciado, de crianças a idosos, de pessoas saudáveis a pessoas com doenças, dificuldades ou deficiências. Através da revisão integrativa feita na presente pesquisa, foi possível identificar e caracterizar as produções científicas sobre intervenções assistidas por animais publicadas até dezembro de 2013, e evidenciar dados e lacunas importantes nessa área do conhecimento, que deverão servir de base para novas pesquisas.

Palavras-chave: intervenções assistidas por animais, revisão integrativa, produção científica brasileira.

 


 

Os sentidos e significados do educador da infância sobre a família

Angélica A. Curvelo Alves

Claudia Leme Ferreira Davis

Este estudo busca apreender e compreender os sentidos e significados constituídos por professores atuando na Educação Infantil acerca das famílias dos educandos e da importância das relações entre famílias e escolas, para o trabalho docente. Nele, adotou-se uma abordagem qualitativa, por meio da qual foram realizadas seis entrevistas semiestruturadas, junto a professores da rede municipal da cidade de Suzano-SP, das quais apenas duas foram analisadas. Entre os critérios de seleção das participantes, destacavam-se o exercício exclusivo em classes de Educação Infantil no referido município, tempo na carreira do magistério superior a 15 anos e, ainda, interesse na pesquisa, após sua apresentação. Os dados produzidos foram analisados com base no referencial teórico da Psicologia Sócio-Histórica, fazendo-se uso prioritário das categorias de sentido e significado. As conclusões indicam que os sentidos constituídos pelas professoras da Educação Infantil acerca das famílias dos educandos e da importância das relações entre escolas e famílias para o trabalho docente são bastante particulares, guardando, no entanto, algumas características comuns. Para as professoras entrevistadas, a participação das famílias nas escolas é algo importante, pois isso torna possível desenvolver uma atividade docente de melhor qualidade e, também, compreender melhor os modos de vida nos diferentes arranjos familiares, procurando, por intermédio dessa compreensão, entender e explicar os modos de ser, sentir e pensar dos educandos, situação mais favorável para aprimorar o trabalho pedagógico. A ausência de um currículo que trate dessa questão seja na formação inicial docente e/ou continuada é vista como um aspecto que dificulta o estabelecimento e a manutenção da relação escolas-famílias. Os sentidos inferidos dos discursos das participantes, a respeito de como elas veem as famílias de suas crianças ora têm como referência a família nuclear burguesa, ora, considera os múltiplos arranjos que as podem configurar. Com base nos resultados encontrados, podemos apontar a necessidade de: 1) se dar urgente atenção para o currículo da formação inicial de docentes, incluindo nele estudos e discussões críticas, nas quais sejam aprofundadas as relações escola da infância-famílias, de forma a oferecer diretrizes consistentes aos futuros professores; e 2) as redes de ensino oferecer e viabilizar, na formação continuada, encontros entre docentes, gestores e familiares, para que de maneira permanente, sistemática e colaborativa possam compartilhar experiências e aprofundar conhecimentos. Esses dois aspectos parecem ser fundamentais para que se possa constituir, no interior das escolas, uma cultura de participação e cooperação mútua entre equipe escolar e famílias, para que se possa promover o pleno desenvolvimento dos educandos e, consequentemente, das novas gerações.

Palavras-chave: Escola e Família, Educação Infantil, Sentidos e Significados.

 


 

Políticas públicas referentes à recuperação de aprendizagem implantadas na rede Estadual de Ensino de São Paulo: o que pensam professores dos anos finais do Ensino Fundamental

Élio de Assis

Antonio Carlos Caruso Ronca

A temática associada às políticas públicas e ao direito à educação me motivaram a realizar pesquisa. Apreender as significações que professores dos anos finais do Ensino Fundamental atribuem aos projetos de recuperação de aprendizagem. Entre as categorias de análise da abordagem sócio-histórica entendemos que a categoria Mediação, a categoria Historicidade e a categoria Significações, que é a articulação das categorias Sentidos e Significados, são decisivas para nosso objetivo. Para informação dos dados utilizamos a técnica da entrevista semi estruturada e da conversação individual proposta por González Rey (2005) junto a quatro professores dos anos finais do ensino fundamental. O método e os procedimentos de análise de dados utilizados basearam-se na proposta de Aguiar e Ozella (2013) conhecido como Núcleos de Significação. Limitamos o estudo a São Paulo pela importância deste estado no cenário educacional brasileiro e por ter construído carreira de Professor a Supervisor de Ensino nesta rede, o que possibilitou visão mais ampla do tema pesquisado. Entre os núcleos de significação elaborados destaca-se: "A escola não cumpre seu principal objetivo que é a aprendizagem dos alunos e os professores reafirmam a concepção de escola seletiva"; "O alicerce da exclusão no interior da escola: A reprovação escolar para 'esses que não tem jeito'"; "O professor não se reconhece e não reconhece o aluno como cidadão de direitos". Nesta perspectiva entendemos que a teoria sócio-histórica possibilita compreensão da escola real, da sua dinâmica e cultura e do homem como sujeito concreto que, se por um lado é afetado e constituído nas e pelas relações de dominação, também é capaz de, como sujeito histórico, intervir e mudar a realidade. Consideramos que as atuais políticas públicas implantadas na rede estadual de ensino de São Paulo não têm dado conta da formação permanente do professor na dimensão política, fato que se agrava com o discurso que limita a qualidade da educação a índices e notas e a valorização dos professores a pagamento de bonificações associadas à meritocracia. Não temos um projeto educacional consistente e políticas públicas estruturantes que imprimam o sentido de urgência à educação pública. "O professor não se reconhece e não reconhece o aluno como cidadão de direitos", as significações que professores atribuem à escola, aos alunos e a aprendizagem agravam a exclusão no interior da escola.

Palavras-chave: políticas públicas, recuperação de aprendizagem; núcleos de significação.

 


 

Ensino da linguagem escrita no contexto da classe hospitalar: um enfoque metalinguístico

Valéria Batista

Maria Regina Maluf

A Constituição Federal Brasileira assegura que a educação é direito de todos e dever do estado e da família. Assim, devemos garantir que os alunos impossibilitados de frequentar as aulas, em razão de algum tratamento de saúde recebam atendimento pedagógico-educacional qualificado na classe hospitalar. É importante que essas crianças, depois da saúde recuperada, possam retomar sua vida na escola regular, de maneira que se sintam integradas de fato e não apresentem tanta defasagem em relação aos conteúdos de sua turma. Assim, julgamos ser de extrema relevância compreender como se dá o ensino da linguagem escrita no ambiente da classe hospitalar, além de identificar quais práticas pedagógicas neste ensino da alfabetização têm o enfoque metalinguístico. A pesquisa tem como objetivo geral analisar o ensino da linguagem escrita no contexto da classe hospitalar, diante de suas especificidades e possibilidades de atuação pedagógica. O procedimento de coleta de dados consistiu em entrevista semiestruturada, a partir de um esquema básico, porém não aplicado rigidamente, que permitiu à pesquisadora realizar as necessárias adaptações. As entrevistas foram individuais e gravadas em áudio. Foram transcritas integralmente e editadas. Os participantes da pesquisa foram selecionados a partir dos seguintes critérios: (a) atuar como professor na classe hospitalar e (b) ter dois anos ou mais de experiência na classe hospitalar. Foram selecionadas sete professoras com esse perfil que atuam em diferentes classes hospitalares de três hospitais infantis da cidade de São Paulo. De acordo com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido terão garantido o anonimato e a não identificação do seu local de trabalho. Para a análise de dados empregamos a técnica de análise de conteúdo recomendada por Bardin. Na análise dos dados primeiramente estabelecemos três núcleos de registro, a partir das falas das professoras, a saber: (a) ensino da linguagem escrita; (b) família; (c) ambiente e rotina da classe hospitalar. Priorizamos aprofundar o estudo no primeiro núcleo de registro e identificamos as seguintes categorias: (1) experiência de sucesso na alfabetização da classe hospitalar; (2) concepção de alfabetização e (3) atividades que a professora utiliza para o ensino da Linguagem Escrita. Constatamos que o ensino da linguagem escrita da classe hospitalar, registra vários episódios de sucesso. Identificamos que grande parte das atividades oferecidas pelas professoras para promover o ensino da linguagem escrita, se apresentam dentro da perspectiva da Psicologia Cognitiva da Leitura. Tais práticas apresentam foco no ensino da habilidade de manipular e segmentar palavras, na identificação das rimas, no domínio do princípio alfabético e dos grafemas que representam os fonemas. As pesquisas experimentais evidenciam que o ensino sistemático e explícito das relações entre fonemas e grafemas constitui a metodologia mais eficaz para alfabetizar todas as crianças, e mais especialmente, as crianças que demonstram alguma dificuldade de aprender a ler. Verificamos que o ensino da linguagem escrita no enfoque metalinguístico pode atender às especificidades de aprendizagem da criança hospitalizada, tendo em vista que, ao favorecer a compreensão do princípio alfabético e da consciência metalinguística, pode contribuir de forma significativa para a inserção e a reinserção social, familiar e escolar dessa criança, desde que atenda a características como adaptação às rotinas do paciente, flexibilidade temporal do processo, respeite os limites e ritmos de cada um, além de favorecer a autoconfiança da criança hospitalizada.

Palavras-chave: linguagem escrita, classe hospitalar, atendimento pedagógico.

 


 

Ensino de escrita para alunos surdos

Stefan Bovolon

Melania Moroz

Frente ao baixo desempenho demonstrado por alunos surdos em escrita, existe a necessidade de pesquisas que lhes possibilitem adquirir tal repertório. Nesse panorama, os estudos com relações de equivalência de estímulos apresentam subsídios que permitem delinear um caminho a ser trilhado no presente estudo. Teve-se como objetivo avaliar uma proposta de ensino de escrita, por meio de discriminações condicionais e aplicada com software educativo, para surdos. Os participantes foram três alunos surdos do Ensino Médio Regular de uma escola da cidade de São Paulo. Para o ensino de discriminações condicionais, foram utilizados os seguintes grupos de estímulos: orações sinalizadas (A), imagens/cenas (B), orações escritas (C) e palavras (E), sendo o repertório-alvo o de escrita manuscrita (F). A proposta teve a oração como unidade de ensino. Cada oração apresentou sujeito, verbo e complemento, tendo uso de artigos e preposições, conforme o padrão da língua portuguesa. As condições experimentais propostas foram as seguintes: Avaliação de Repertório Prévio, Pré-teste da Unidade de ensino (escrita de palavras e orações), Ensino de relações (AB, BC, CE com sílabas e AE), Teste de relações emergentes (CB e BE), Teste de escrita manuscrita da oração (AF e BF), Pós-teste da Unidade (escrita de orações de generalização). Foram aplicadas cinco unidades de ensino; para tanto, foram realizadas no mínimo sete e no máximo dez sessões de ensino. Embora os participantes mostrassem claramente ritmos de aprendizagem diferenciados, todos apresentaram mudanças positivas. A avaliação do pré-teste indicou que os participantes não escreviam orações no padrão da língua portuguesa; além de cometer erros na escrita de palavras, não utilizavam elementos gramaticais como artigos e preposições. Comparando-se os resultados dos testes antes e após o ensino, verificou-se que a escrita de orações passou a apresentar, com maior frequência, os elementos componentes de uma oração (artigo, substantivo, verbo, outros). Após o ensino, o número de erros diminuiu e as orações passaram a ser escritas nos moldes da língua-padrão. Com o presente estudo, evidenciou-se a possibilidade de, por meio do ensino de discriminações condicionais, e com base nos princípios da Análise do Comportamento, alunos surdos adquirirem e ampliarem o repertório de escrita, repertório esse fundamental não apenas para sua permanência no contexto escolar, mas para sua própria atuação enquanto cidadão.

Palavras-chave: surdez, escrita, discriminações condicionais, equivalência de estímulos.

 


 

Relações sócio-profissionais entre o professor regente e o professor de educação física nas séries iniciais: em foco a dimensão afetiva

Richard Guimarães Brito

Laurinda Ramalho de Almeida

Nas escolas da rede pública estadual do estado de São Paulo, de acordo com as resoluções da SEE nº 184/02, 01/04 e 92/07, os professores especialistas em Educação Física passaram a ministrar as aulas para os alunos do Ensino fundamental I (séries iniciais) com o acompanhamento obrigatório do professor regente. Percebemos que as relações sócio-profissionais entre esses professores mereciam um estudo. Investigar alguns fenômenos que ocorrem na escola durante essa integração. As perguntas norteadoras deste estudo são: Como se dá a relação professor regente / professor especialista em Educação Física na visão desses professores e de seus gestores? Quais os sentimentos e emoções envolvidos nessas relações? Quais as situações indutoras desses sentimentos e emoções, presentes nessas relações? Portanto, investigar como se dá a relação sócio-profissional entre esses profissionais no processo ensino aprendizagem é o principal objetivo desta pesquisa. Optamos por entrevistar os atores pertencentes a uma rede estadual de ensino: professor regente, professor especialista em Educação Física, Diretor, professor coordenador da unidade e professor coordenador da oficina pedagógica. A teoria psicogenética de Henri Wallon (1879-1962) foi o referente teórico para a pesquisa de abordagem qualitativa, sendo a produção de informação via entrevista semi-estruturada. Foi elaborado um quadro para cada professor: depoimentos, explicitação dos significados e sentimentos captados pelo pesquisador e situação indutora de sentimentos. Entre outros, a investigação mostra que o acompanhamento dos professores regentes às aulas de Educação Física causa-lhes certo desconforto que os induz a não acompanhar as aulas na maioria das vezes; por sua vez, o professor especialista apresenta também sentimentos de mal-estar em algumas oportunidades. O interesse dessa pesquisa de abordagem qualitativa, está voltado para o estudo dos indivíduos e/ou grupo de docentes que ministram aulas no ciclo I de maneira integrada (mesma turma). A Educação Física nas séries inicias precisa ser repensada. Se a demanda dos professores para a existência desses profissionais em Educação física e Arte foi atendida pelo estatuto do magistério, o entrosamento entre o professor regente e o professor especialista não foi objeto de maiores cuidados. A integração entre esses profissionais reverteria em aprendizagem para os mesmos e para os alunos. Sentimentos e emoções negativos prevaleceram nas relações, contrariando o que sugere as resoluções, ou seja, a integração entre os professores.

Palavras-chave: afetividade; relações sócio-profissionais; educação física.

 


 

O Professor e a comunicação na sala de aula

Gabriel Veiga Catellani

Vera Maria Nigro de Souza Placco

Este estudo, resultado da minha dissertação de Mestrado, realizado na PUC-SP, é resultante de minha experiência e pesquisa na área da didática para o ensino superior, através do projeto que idealizei e do qual participo, intitulado "Projeto Mestre', que resultou na busca pela conversa entre a importância da comunicação aplicada em sala de aula, para a realização qualificada da docência no ensino superior. Questionar a importância da formação em didática do ensino superior, focada nas técnicas de comunicação em sala de aula, para a constituição identitária e profissional dos aspirantes à docência. Foi efetuada pesquisa qualitativa, a partir de entrevistas presenciais, com alunos do referido curso, pós-graduandos interessados em lecionar no ensino superior, e a partir daí, uma análise detalhada dos resultados obtidos. Os resultados foram surpreendentes e a resposta foi unânime de que a comunicação amplia integralmente a condição docente e auxilia na constituição identitária do professor universitário, que passa a compreender melhor o seu papel e também a reconhecer sua função e resultados didáticos e pedagógicos.

Palavras-chave: didática, comunicação, ensino superior.

 


 

Os saberes necessários ao adulto professor

Carla Geovana F. da S. de Castro

Rodnei Pereira

Vera Maria Nigro de Souza Placco

O presente trabalho discute os resultados de uma pesquisa bibliográfica que teve como objetivo discutir o emprego dos termos "saberes docentes" ou "competências docentes", concluída em maio de 2014. Iniciamos a investigação a partir dos estudos de Puentes, Aquino e Quillizi Neto (2009), que estudaram a tipologia e classificações feitas por onze autores sobre conhecimentos, saberes e competências docentes. Após realizarem a pesquisa, os autores concluíram que, dos autores estudados, somente Shulman (1987) e García (1992) utilizam o termo 'conhecimento' como base para a docência. O primeiro refere-se como "base de conhecimentos da docência" e o segundo como "conhecimento profissional dos professores". Os demais autores pesquisados utilizam o termo saberes. Tardif (2003) tenta definir o que são os saberes docentes. Para ele, "o saber docente se compõe, na verdade, de vários saberes provenientes de diferentes fontes" e descreve uma tipologia de saberes dos professores, já que considera o saber docente como saber plural, o que caracteriza uma formulação tautológica. Para a definição de conhecimentos docentes, utilizamos o conceito dado por Shulman (1987). Para ele, os conhecimentos se dividem em: do conteúdo; pedagógico ou didático geral; pedagógico do conteúdo; do currículo; dos aprendizes; dos contextos educacionais; e dos objetivos educacionais. Shulman (1987) defende que o ensino é compreensão e raciocínio, transformação e reflexão. A partir da literatura analisada, é possível afirmar que a aprendizagem da docência se dá em conjunto com a formação identitária do professor. Convém lembrar que a constituição identitária é um fenômeno vivo, em movimento, complexo, multidimensional (Placco & Souza, 2009) e está dialeticamente relacionado à construção dos saberes docentes. Em um contexto em que as políticas educacionais focam fortemente na formação de professores, não se pode reduzir os saberes do professor ao saber-fazer. Assim, quaisquer trabalhos que tenham como horizonte o desenvolvimento profissional do professor precisam levar em consideração alguns princípios da aprendizagem de adultos, que envolvem o reconhecimento de que o ato de conhecer é permanente e dialético; que o ponto de partida para o conhecimento é a experiência que acumulamos; que a base da aprendizagem está na linguagem, na atribuição de significados e sentidos e que, finalmente, trata-se de um fenômeno que envolve múltiplas dimensões, sincronicamente articuladas no sujeito. (Placco & Souza, 2009).

Palavras-chave: saberes docentes, adulto professor.

 


 

Ensino de elementos químicos para alunos do Ensino Médio com uso de software educativo

Marcelo de Abreu César

Melania Moroz

A Química pode ser um instrumento de formação humana que amplia horizontes culturais e a autonomia no exercício da cidadania. No Brasil, o ensino de Química continua sendo um grande desafio. O SARESP (2010) aponta baixo desempenho dos alunos do Ensino Médio nos conhecimentos em química (50% dos alunos apresentam desempenho abaixo do básico, sendo que apenas 5% atingem o nível adequado de proficiência). Assim, urge realizar pesquisas com vistas ao ensino eficaz de Química. No presente trabalho coloca-se em foco a aquisição de conhecimento químico pelo aluno do Ensino Médio com o uso do software educativo MestreLibras (Elias & Goyos, 2010). Têm-se como objetivo, que o aluno a identifique os elementos químicos, a partir de suas representações simbólicas, seus respectivos números atômicos e modelos atômicos, oralizando-os. Utilizam-se quatro classes de estímulos (A) nome impresso dos elementos químicos; (B) Símbolo dos elementos químico; (C) número atômico dos elementos químicos e (E) modelo atômico dos elementos químicos. Participaram desse estudo três alunos do Ensino Médio. O procedimento foi dividido em três momentos: 1) Avaliação do repertório prévio (Pré-teste). 2) Ensino de elementos químicos em duas etapas: 1ª etapa - Ensino das relações AB e BC e Teste das relações BA, CB, AC, CA, da oralização do elemento químico a partir do símbolo (relação BD) e da oralização do elemento químico a partir do número atômico (relação CD); 2ª etapa - Ensino da relação BE e Teste das relações EB, AE, EA, CE, EC e da oralização do elemento químico a partir do modelo atômico (relação ED). 3) Avaliação do repertório final (Pós-teste). Os resultados indicaram que todos os participantes atingiram o patamar de desempenho esperado (no mínimo, 80% de acertos). Verificou-se que emergiram novos repertórios, particularmente destacando-se a emergência da oralização do elemento químico a partir do símbolo (relação BD), a partir do número atômico (relação CD) e a partir do modelo atômico (relação ED), sem que tivessem sido diretamente ensinados. O teste final permitiu verificar que os participantes alcançaram o número máximo de acertos em todas as relações, indicando que a programação de ensino proposta foi eficaz para promover a aquisição de repertório de química, no caso referente aos elementos químicos.

Palavras-chave: elementos químicos, ensino médio; software educativo.

 


 

Movimentos identitários docentes: "ecos" de um projeto pedagógico na constituição profissional de professores de uma escola da rede municipal de ensino

Eliana Cristina Zanette Cipriano

Vera Maria Nigro de Souza Placco

Das vivências pessoais e profissionais - mais de 20 anos, reflexões e inquietações da autora, nasceu o interesse em estudar a influência da formação continuada e das relações interpessoais vivenciadas no ambiente escolar no processo identitário docente. Esta pesquisa teve como objetivo identificar aspectos presentes no movimento de constituição identitária de professoras, partindo da perspectiva das compreensões destas quanto às atribuições e pertenças emergentes das situações vividas na formação e das possíveis crises ocorridas diante das circunstâncias de mudança. Para tanto, questionou-se em que medida um trabalho importante para uma escola, num determinado período de gestão pedagógica, permanece na prática das professoras, refletindo-se em comportamentos que revelem a adesão e ressignificação das práticas em sua constituição identitária, mesmo após mudanças ocorridas no sistema de ensino e na gestão da escola. Utilizou-se, como instrumentos de pesquisa, entrevistas semi-estruturadas, realizadas com três professoras do ensino fundamental das séries iniciais de uma escola da rede municipal de uma cidade do interior de São Paulo e que participaram das mudanças ocorridas na estrutura pedagógica dessa unidade no período de 2005 a 2012. Os dados coletados permitiram analisar a pluralidade das transformações ocorridas com as três professoras. Estas, ao ingressarem nas escolas, cada uma a seu modo, vivenciaram movimentos de reflexão e ressignificação de suas identidades. Cada professora vivenciou conquistas, crises, frustrações, superações. Várias foram as identificações estabelecidas durante a trajetória profissional e cada uma tomou seu caminho em decorrência de escolhas e ressignificações sobre o que queriam da vida e sobre como se viam como profissionais da educação. Desta maneira, constatou-se o quanto um trabalho de formação continuada pode permanecer na prática das professoras, conferindo a estas elementos importantes que ecoam em suas constituições identitárias, mesmo após mudanças ocorridas na gestão da escola e na implementação de um material didático. Defende-se que um trabalho de formação intencionado e levado a sério pelos professores e equipe gestora gera processos identitários marcantes. Foram utilizados como referencial teórico os estudos sobre constituição identitária de Dubar (1998, 2005, 2009 e 2011). No campo da formação continuada docente, fundamentou-se em Placco (2001, 2002, 2006, 2008 e 2010), Imbernón (2010), Tardif (2000 e 2011), Almeida (2002 e 2003), entre outros.

Palavras-chave: movimento identitário docente, formação continuada, relações interpessoais.

 


 

Ser diferente: dificuldades e superação de pessoas canhotas em diferentes gerações

Priscila Lambach Ferreira da Costa

Mitsuko Aparecida Makino Antunes

A pesquisa teve por objetivo compreender como pessoas de diferentes gerações vivenciam a condição de serem canhotas, suas dificuldades e formas de superação. Para isso, buscou-se identificar as características de manifestação da lateralidade e posteriormente compreender a relação do sujeito com sua família, escola e trabalho frente a essa condição. Dessa forma, foi possível localizar as dificuldades enfrentadas por esse grupo, as facilidades e vantagens de ser canhoto, discutindo o significado dessa diferença e os mitos e preconceitos enfrentados ao longo de suas vidas. Foi realizado um estudo teórico para levantar o significado da palavra canhoto em inúmeros dicionários e idiomas, visando compreender melhor as representações e os significados compartilhados acerca dessa condição. Posteriormente, estudou-se o canhoto ao longo da história e concepções que permearam seu processo discriminatório, até a chegada aos dias atuais que, apesar de bem menos conflituoso, ainda é possível notar muitas expressões e palavras que ressaltam o positivo do lado direito, e o negativo do lado esquerdo. Após o breve histórico, realizou-se um estudo sobre a lateralidade, os aspectos biológicos presentes no canhotismo, a incidência dos canhotos nas populações, as diferenças dos hemisférios cerebrais, além das diversas formas de manifestação da lateralidade, em seus múltiplos aspectos. Depois da parte teórica, organizou-se uma parte empírica em que foram realizadas entrevistas não diretivas, com foco nas histórias de vida, em busca da compreensão da constituição do sujeito. Foram entrevistadas cinco mulheres entre 23 e 82 anos, representantes de diferentes gerações, da cidade de São Paulo e Curitiba, que permitiu identificar mudanças na maneira como a escola e a sociedade perceberam e agiram em relação ao sujeito canhoto. Os dados demonstram experiências variadas, havendo casos de repressão da lateralidade pela família e pela escola e outros em que não houve objeção. As dificuldades se mantiveram no aspecto material, como o uso de tesouras e carteiras escolares, por exemplo. De forma comum, constatamos que essa diferença que atinge um grupo minoritário, ainda que implique algumas dificuldades, não é vivenciada negativamente. Verificamos que o canhoto aceita e se compraz com sua condição, sente-se pertencente a um grupo em que as pessoas se reconhecem e se valorizam e, apesar de ao longo da história o canhotismo ter sido considerado algo aliado ao mal e ao negativo, hoje há uma nova postura. O canhoto gosta de ser diferente, de se destacar entre os demais.

Palavras-chave: canhotismo, lateralidade, educação.

 


 

O educador social que trabalha no contraturno escolar: sentidos e significados atribuídos a sua atividade

Karin Gerlach Dietz

Claudia Leme Ferreira Davis

A educação social busca complementar as ações do estado ou atuar em áreas em que ele não se faz ainda presente, tendo como meta minimizar e/ou superar os processos de exclusão social que atingem grandes parcelas da população brasileira. Até os anos 1980, no Brasil, esta educação tinha como base práticas advindas dos movimentos sociais e ligadas, sobretudo, às propostas de Paulo Freire. Devido às mudanças econômicas, a partir da década de 90, a demanda para a educação modificou-se, ampliando suas necessidades para além dos conteúdos desenvolvidos pela educação escolar. O Projeto Lei n. 5346 de 2009 pretende criar a profissão de educador social no Brasil, de caráter social e pedagógico, que engloba profissionais envolvidos em atividades educativas fora do âmbito escolar. Diante deste cenário, esse trabalho teve como objetivo ampliar os conhecimentos produzidos acerca da prática realizada por educadores sociais, aproximando-se dos sentidos e significados constituídos por um educador social para a atividade que desenvolve em uma instituição que atende crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade e risco social, no contraturno escolar. Esse estabelecimento é uma fundação pública, localizada em uma comunidade próxima da cidade de São Paulo. A perspectiva teórica adotada é a da Psicologia Sócio-Histórica. Os dados foram produzidos mediante entrevistas junto a um educador social com oito anos de experiência nessa mesma instituição, atuando como responsável pelas oficinas de circo. O material foi gravado, transcrito, sistematizado e analisado de acordo com a proposta de Aguiar e Ozella (2013), que é a de construir Núcleos de Significação. A análise dos dados nos mostra a intenção de realizar uma práxis transformadora, no entanto, esse caminho ainda é frágil e pouco definido. A intenção transformadora desta educação esbarra nos mesmos entraves da educação formal, quando não consegue articular seu conteúdo com a estrutura dialética do todo, a história e suas determinações. Segmentar a educação em escolar e social, elitizar uma e destinar outra à população carente e vulnerável não possibilitará a necessária articulação a ser efetivada entre elas e, desse modo, as duas, desarticuladas, revelam somente uma visão aparente e parcial da realidade em que vivemos. Por isso, deve-se pensar na educação social como uma atividade a ser desenvolvida em todos os setores educacionais, uma vez que o social não pode ser anulado ou negado, mas considerado como essencial para o desenvolvimento do homem e da sociedade. A educação social deve ser entendida como uma atividade que requer estudos aprofundados, pois não depende apenas de habilidades práticas, mas também de uma postura crítica em relação à sociedade. Ao mesmo tempo, questiona-se, neste momento, o quanto a educação social tem ou precisa ter suas especificidades definidas.

Palavras-chave: educador social; psicologia sócio-histórica; sentidos e significados.

 


 

Bolsistas pibidianos: motivos e necessidades para viver uma experiência formativa

Adriane Fin

Ana Lúcia Freire Tanaka

Sandra Bazylewski

Marli Eliza Dalmazo Afonso André

O estudo objetiva identificar algumas "marcas" do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid) no processo de formação inicial de estudantes de licenciaturas. Para fomentar essa discussão, foram escolhidas duas categorias de análise metodológica: motivos e necessidades, evidenciadas no conteúdo das entrevistas coletivas e discussões realizadas com 35 universitários dos Estados: RJ, SP e MG. Dessas categorias, dois indicadores são resultados dos extratos selecionados: os motivos e as necessidades iniciais - para ingressar no PIBID; e os motivos e as necessidades construídas na experiência pibidiana e que remetem ao "desejo" de ser ou não professor ou, de ainda, permanecer ou não no projeto e num curso de licenciatura. A psicologia sociohistórica é o suporte teórico inicial para identificar as possíveis "marcas" do Pibid na constituição da profissionalidade docente desses sujeitos: o professor em formação. Para aprofundar as discussões sobre a Formação Inicial do Professor e perspectivas e concepções dos programas de inserção à docência foram estudados os autores: Zeichner, Canário, Nóvoa, Vaillant e Carlos Marcelo que enfatizam a importância da integração universidade-escola como uma das alternativas para essa inserção à docência no processo de formação inicial do professor. Considerou-se para motivação inicial: interesse pela bolsa; projeto com horário mais flexível e carga horária pequena em comparação com outros projetos; projeto que contempla área com maior dificuldade na fase em que se encontra a formação inicial do pibidiano; aprender mais sobre a área do subprojeto e da atuação do profissional licenciado e sua permanência no curso. Para motivação a partir das experiências vividas no ambiente escolar, considerou-se: a influência de alunos, de professores e de gestores educacionais que já participavam do PIBID, em alguns casos de professores que são referência para seus alunos; a participação 'ativa' no projeto – no planejamento das atividades e na execução e, principalmente, a necessidade de conhecer a realidade escolar e experimentar como 'ser professor'. A possibilidade de aproximar teoria da prática e a possibilidade de participação "ativa" no projeto, no planejamento e execução das atividades são pontos fortes de motivação para esses estudantes de graduação.

Palavras-chave: Pibid; inserção à docência; motivos e necessidades.

 


 

"Você me vê?": sentimentos e emoções de uma criança de seis anos no ingresso do Ensino Fundamental de nove anos

Yuska Natasha B. Felicio Garcia

Laurinda Ramalho de Almeida

A presente comunicação é um recorte da dissertação de mestrado de Felicio-Garcia (2012), que teve como objetivo central investigar, compreender e analisar os sentimentos e emoções dos educadores no trabalho com crianças de seis anos no Ensino Fundamental de nove anos; bem como os sentimentos e emoções dos educandos de seis anos de idade neste ano de ingresso, que representa para eles a transição entre a Educação Infantil e o Ensino Fundamental. Por ser prioridade investigar a dimensão afetiva, o referencial teórico escolhido foi a teoria de desenvolvimento de Henri Wallon. A pesquisa teve uma abordagem qualitativa e, para a produção de informações, foram realizadas, no primeiro momento, entrevistas com duas professoras e, em seguida, realizada observação contínua de duas turmas de 1º ano, tendo 24 alunos em uma e 22 em outra, em suas dinâmicas escolares cotidianas. A partir das observações realizadas, episódios e quadros foram elaborados para auxiliar na análise e discussão dos dados. O principal resultado alcançado foi que a maioria das situações indutoras e dos sentimentos dos alunos estão relacionados à professora. Nesta comunicação focalizamos um episódio, o qual foi intitulado: Você me vê? Neste episódio, preponderam os sentimentos de tonalidades desagradáveis na situação de aprendizagem de uma aluna. Os sentimentos de incompetência, frustração, desânimo e os demais encontrados neste episódio vão construindo uma significação para a experiência de aprendizagem e irão repercutir nas relações dessa criança com o conhecimento. Neste episódio, não foi possível analisar os sentimentos da professora e suas situações indutoras, pois eles não foram observados claramente. O que foi possível observar foi o comportamento da professora de sempre culminar dando atenção e/ou auxílio para as atividades daqueles alunos que segundo ela, "davam mais trabalho" ou "tinham mais dificuldades de aprendizagem". Conclui-se que há a necessidade de todos os professores – independentemente do ano em que atuem – demonstrarem afetividade, compreensão, flexibilidade e atendimento a todos os alunos, no sentido de favorecer o processo de ensino-aprendizagem e o sucesso no cumprimento das funções da escola.

Palavras-chave: Ensino Fundamental de nove anos; Educação infantil; Afetividade.

 


 

Resolução de problemas: possíveis relações entre raciocínio lógico e aprendizagem matemática

Daniele de Lima Kramm

Sérgio Vasconcelos de Luna

Na educação, constata-se a preocupação em desenvolver o comportamento de solucionar problemas como uma das responsabilidades da escola, à qual caberia a tarefa de prover os estudantes com procedimentos para que sejam capazes de responder aos desafios da vida contemporânea. O estudo teve como tema central a resolução de problemas, buscando identificar e compreender possíveis relações entre tarefas envolvendo raciocínio lógico e o desempenho em matemática. Na perspectiva skinneriana, uma situação é problemática quando um sujeito não dispõe de uma resposta imediata para ela. Para chegar à solução, precisa alterar a situação problemática, ou a si mesmo, emitindo um conjunto de comportamentos. No intuito de identificar a analisar estes comportamentos, foram avaliadas 12 crianças de 8 e 9 anos de idade, frequentando o 3º ano do ensino fundamental de uma escola da rede pública de ensino na cidade de São Paulo. A professora selecionou os estudantes, classificando-os em fortes e fracos em matemática, levando em consideração os seis alunos com melhores notas nesta disciplina e os seis com as notas mais baixas. O instrumento para a realização deste estudo continha 12 questões que envolviam problemas sem número, 12 problemas com e sem solução possível e 36 problemas com algum tipo de violação lógica, sendo que 12 delas abordavam violações causais, 12 implicavam violações temporais e 12 eram compostas por violações gerais. Os sujeitos responderam aos 60 problemas, cujo critério de acerto implicava que a resposta estivesse na direção prevista e que fosse acompanhada da justificativa correta, obtida mediante inquérito da pesquisadora. Foram realizados os seguintes procedimentos para a análise dos dados: 1. Análise do desempenho individual em cada problema; 2. Análise da dificuldade relativa de cada questão em cada tipo de problema (em função do número de acertos obtidos neles); 3. Classificação das justificativas; 4. Análise do desempenho por classificação dos alunos (fortes e fracos); 5. Realização de testes estatísticos por meio do Minitab Statistical Software. Os resultados demonstraram que os desempenhos entre os dois grupos de crianças são distintos. As classificadas como fortes em matemática apresentaram melhores resultados nos problemas com e sem solução possível, nos problemas sem número e nos problemas com violação lógica. A diferença identificada nos desempenhos foi maior nos problemas matemáticos (39,58%) que nos problemas lógicos (13,89%). Esses dados corroboram com estudos anteriores, sugerindo haver relação entre o desempenho em matemática e o comportamento de resolver problemas lógicos.

Palavras-chave: Resolução de problemas, raciocínio lógico, aprendizagem matemática.

 


 

Do conceito ao processo: os avanços na teoria da compensação

Daniela Leal

Mitsuko Aparecida Makino Antunes

A palavra compensação, do latim compensatio-onis, compensatus, compensare, tem como registro a sua primeira menção no século XVI, com o significado de estabelecer equilíbrio entre elementos, contrabalancear, pesar ao mesmo tempo nos pratos de uma balança, ou seja, uma definição pautada nas questões jurídicas e/ou econômicas focando-se na questão da recompensa, troca e/ou ressarcimento. Entretanto, após sua primeira menção, muitas foram as áreas (fisiologia, filosofia, neurologia, entre outras) que se apropriaram da palavra e a transformaram de acordo com suas necessidades específicas. Mas, é somente com a psicologia, mais precisamente com a descrição feita por Alfred Adler, por volta do ano de 1912, ao descrever sua teoria sobre a inferioridade, que se tornou possível pensar, tanto na psicologia quanto na educação, no movimento, no processo de valorização das capacidades do sujeito com base no conceito de compensação. Antes de Adler, o defeito era considerado como menos valia e as forças positivas que o sujeito colocava em ação estavam à margem dos processos de desenvolvimento e aprendizagem. Depois, começou-se a ver o defeito não só como uma debilidade, mas também como uma força motriz para a superação. Posto isso, a pesquisa aqui apresentada teve por objetivo compreender o conceito e o processo de compensação em seu percurso histórico, a partir das contribuições de Alfred Adler até chegarmos às proposições de Lev S. Vigotski. E, nesse caminhar, optou-se por uma pesquisa de cunho histórico, com o intuito de obter a compreensão da ciência como produção humana que visa satisfazer suas necessidades, por ela determinada e nela interferindo; pois, ao se compreender um dado, um fato, um momento ou um conceito por intermédio da pesquisa histórica, encontra-se na própria informação histórica o que tornará possível a compreensão de um conjunto de produções nas quais ela própria é um efeito. Ao término da pesquisa, conseguimos inferir duas grandes considerações: primeiro que, com a incorporação da teoria da inferioridade de Adler e o uso de seu conceito de compensação aplicados às práticas que visam não somente uma compensação do defeito, mas uma compensação social, cultural, foi possível criar novos caminhos para que as pessoas com alguma função ou órgão comprometido superassem as concepções contrárias ao seu avanço e se desenvolvessem adequadamente. Segundo, posteriormente com Vigotski, passamos a perceber que não podemos ver unicamente a função ou órgão comprometido como fonte de compensação; precisamos deixar de ver o "defeito" para nos focarmos no sujeito. Afinal, ao compreender o processo de compensação como um recurso, como um instrumento que auxilia o processo de desenvolvimento da pessoa com alguma função ou órgão comprometido, se conseguirá encontrar uma chave para o que hoje denominamos de inclusão.

Palavras-chave: necessidades específicas, processos de desenvolvimento, inclusão.

 


 

Juventude: Estudos em Representações Sociais

Angela Helena Rodrigues Leite

Clarilza Prado de Sousa

Os estudos sobre o jovem têm centrado atenção sobre temas como violência, sexualidade, drogas e criminalidade, considerando que são de interesse da juventude ou pelo menos fazem parte de suas grandes preocupações. Serão? Com certeza estes focos são assuntos de preocupação e interesse de pesquisadores das ciências humanas. Entretanto, é preciso compreender este jovem a partir dos temas presentes em seus próprios discursos, sem partir de objetos previamente estabelecidos que poderiam condicionar uma visão antecipada do que importa ou do que deveria importar para ele. Esta postura possibilita estar mais próximo deste sujeito conhecendo a dinâmica que define sua vida em um contexto social mais amplo. Desta maneira, o objetivo desta pesquisa configura-se em analisar as representações sociais que os jovens estão construindo sobre a juventude, a partir de temas que lhes interessem e de seus posicionamentos sobre estes temas. A Teoria das Representações Sociais (Moscovici, 2012) fundamenta a pesquisa e permite o acesso a aspectos dessa subjetividade que estes jovens estão construindo em determinado contexto social. Como escolha metodológica, realizamos a investigação por meio de um Grupo Focal, aplicado em uma escola pública de Osasco, em São Paulo, a treze sujeitos dos 2º e 3º ano do Ensino Médio. Este procedimento possibilita o conhecimento das experiências ancoradas em seus cotidianos, a compreensão dos processos de construção das realidades, as ideias compartilhadas e perspectivas diferentes sobre uma mesma questão, além dos modos como elaboram coletivamente suas representações. A entrevista foi transcrita e submetida ao software ALCESTE, que classificou os discursos dos sujeitos em três classes, divididas em "A Escola", "Eu e os Outros" e "A Política". A partir da análise qualitativa das categorias, os resultados demonstram essencialmente que o jovem não se compreende como autônomo ou protagonista das situações: na escola, os discursos fundamentam-se no ato de reclamar da má qualidade de ensino, delegando ao professor, principalmente, mas também a outros atores da instituição, o papel principal de conduzir o processo; nas relações sociais, o jovem parece compreender-se como subordinado a padrões impostos, sem autonomia para questionar tampouco para definir critérios para suas escolhas – subordinadas, por sua vez, especialmente às instituições Igreja e Família; e, por fim, no que diz respeito à política, a análise sugere grande distanciamento do jovem com a temática, já que seus dizeres se pautam em discursos midiáticos e não se encontram, assim, esforços em elaborações críticas e fundamentadas teoricamente. Diante das interpretações, pode-se afirmar sobre possibilidades de aprofundamentos de pesquisas com estes sujeitos, na intenção de aprimorar as compreensões sobre seus discursos, modos de vida e posicionamentos, e, assim, sobre suas representações sociais sobre juventude.

Palavras-chave: juventude, ensino médio, representações sociais.

 


 

Ensino do verbo ser em espanhol com uso de software educativo

Rosana Valinas Llausas

Melania Moroz

A implantação do ensino de espanhol (Lei 11.161 de 2005) é recente, tornando-se importante desenvolver estudos que tenham como foco o ensino de língua espanhola. Nesse contexto considera-se que a Análise do Comportamento, tendo por base o modelo de equivalência de estímulos, pode contribuir com sugestões valiosas. Tal base teórico-metodológica vem dando suporte à elaboração de propostas promissoras em diferentes áreas, como em Língua Portuguesa, no ensino de leitura e escrita; em Matemática, no ensino de números e de frações, por exemplo. No presente trabalho, foca-se a aquisição do verbo 'ser' no presente do modo indicativo, com o pronome pessoal correspondente, em língua espanhola por alunos brasileiros. Participaram seis estudantes do Ensino Médio, que frequentam uma escola da rede pública da Zona Leste de São Paulo, e que faziam curso técnico em uma escola da rede particular. Este Estudo teve como objetivo ensinar leitura e escrita manuscrita do pronome pessoal com a correspondente conjugação do verbo 'ser' e responder à pergunta: Quais os efeitos de um procedimento de ensino com base no modelo de equivalência de estímulos, no aprendizado da conjugação do verbo ser com o pronome correspondente, no presente do modo indicativo? O procedimento foi dividido em três etapas: 1) avaliação do conhecimento que eles tinham sobre o verbo ser; 2) ensino das relações AB (relacionar a figura com a palavra ditada), AC (relacionar a palavra impressa com a palavra ditada) e AE (construir o verbo com pronome correspondente, selecionando letras); 3) teste das relações, com resposta de seleção, entre figura e palavra impressa (BC e CB), nomeação oral do verbo ser correspondente à figura (BD), leitura em espanhol da conjugação impressa do verbo ser (CD), tradução oral para o português do verbo ser ditado em espanhol (AT), tradução oral para o português do verbo ser impresso em espanhol (CT) e escrita manuscrita do verbo ser ditado em espanhol (AF). Os resultados indicaram que o procedimento de ensino foi eficaz, pois os participantes não só melhoraram o desempenho em todas as relações avaliadas, mas também apresentaram o nível de desempenho desejado (≥ a 80% de acertos) ou dele se aproximaram na quase totalidade das relações testadas.

Palavras-chave: equivalência de estímulos, software educativo, língua espanhola.

 


 

Um estudo sobre as significações dos pedidos de dispensa dos alunos das aulas de educação física que cursam o Ensino Médio noturno

Kresley Neri Magalhães

Wanda Maria Junqueira de Aguiar

O objetivo desta pesquisa foi identificar e analisar as significações que constituem o pedido de dispensa das aulas de Educação Física, pelos alunos que cursam o Ensino Médio no período noturno em uma escola localizada na periferia da grande São Paulo. Para atingi-lo, utilizamos o referencial teórico e metodológico da psicologia Sócio-Histórica que permitiu entendermos que o homem é um ser que constrói sua existência por meio de ações sobre a realidade sendo constituído através de suas relações dialéticas. Este entendimento proporcionou nos livrarmos de análises naturalizantes e dicotômicas sobre os sujeitos que, nesta pesquisa, eram todos adolescentes. O instrumento utilizado para atingirmos o objetivo da pesquisa foi um questionário aplicado durante um dia letivo no horário regular de aula dos sujeitos. Esse questionário contém 13 perguntas divididas entre 8 questões de múltipla escolha sendo que as questões 3, 4, 6 e 7 permitiram aos alunos respostas dissertativas (dependendo da alternativa que assinalaram), e 5 questões dissertativas. Obtivemos um total de 235 questionários respondidos pelos alunos e a análise das questões de múltipla escolha foi realizada a partir da relação entre as alternativas assinaladas, frequência com que apareceram e relacionadas com a teoria. Para a análise das questões dissertativas utilizamos a palavra com significado por permitir melhor entendimento sobre as significações que constituem os pedidos de dispensa. As respostas que continham palavras ou significados semelhantes foram agrupadas em quadros diferentes formando os conteúdos. Com o agrupamento dos conteúdos, foram formadas as categorias podendo o mesmo conteúdo ser inserido em categorias diferentes. As categorias formadas foram colocadas em tabelas junto com a frequência permitindo ao pesquisador articulá-las com a teoria e consequentemente alcançar o objetivo da pesquisa. Após a análise de todas as questões do questionário, concluímos que o horário em que a aula de educação física é disponibilizada na escola pesquisada, é um fator determinante para o elevado pedido de dispensas. Enquanto não ocorrem mudanças nas políticas públicas com relação aos horários das aulas de educação física para o ensino médio noturno, entendemos que, para o aluno retornar a escola fora do seu período regular de aula, é necessário melhorias na qualidade das aulas. Percebemos a necessidade e importância da qualificação dos cursos de formação de professores de educação física escolar que devem fornecer subsídios para que os futuros professores não levem para suas aulas uma concepção naturalizada dos seus alunos e que forneçam conhecimentos para que os futuros professores possam romper com o vínculo educação física/esporte evidenciado pela resposta dos alunos. Concluímos que o modelo de aula, conteúdo a ser trabalhado, motivação do professor, atividades práticas significativas, bem como os horários em que a disciplina é ofertada atuam diretamente na decisão do aluno em requerer a dispensa das aulas.

Palavras-chave: educação física escolar, ensino médio noturno, significações.

 


 

Escolha profissional, gênero e constituição docente

Flávia Maria Marques

Wanda Maria Junqueira de Aguiar

A presente pesquisa tem como objetivo analisar os sentidos e significados constituídos por uma professora dos anos iniciais do Ensino Fundamental em relação ao seu processo de escolha profissional, bem como buscar compreender as necessidades e os motivos que interagem no processo de sua constituição docente. Os dados analisados provêm de uma pesquisa realizada no contexto de um Programa Nacional de Cooperação Acadêmica (PROCAD) que teve como questão central a investigação dos sentidos e significados da atividade docente, procurando subsidiar, desse modo, as reflexões sobre formação de professores. O referencial teórico metodológico adotado é o da Psicologia Sócio-Histórica, que tem Vigotski como um de seus autores centrais. A concepção de homem nesse referencial concebe o indivíduo como um ser social constituído histórica e dialeticamente nas relações com o mundo material do qual participa. São nessas relações, ou seja, no movimento da atividade que ele vai se constituindo como sujeito singular e, ao mesmo tempo, social. Em relação ao processo de escolha profissional, a análise aponta que os sentidos constituídos pelo sujeito sobre o ser professora e sua motivação para a atividade docente começaram a ser constituídos em sua infância e delineiam-se como atributos da profissão que ela possui desde então. Falas como o "gostar", "querer", "cuidar" e "tomar conta" das crianças são recorrentes em seu discurso, justificando sua vocação para a docência em uma visão "naturalizante" dos fenômenos sociais e humanos, visão essa que desconsidera a historicidade do humano e as formas socialmente construídas para satisfazer suas necessidades. Nessa visão, o individuo já nasce com um "dom" e cabe a ele, apenas, desenvolvê-lo. Revela, dessa forma, uma ideia de vocação como algo intrínseco, inato, datado, dado. Portanto, preestabelecido desde sempre. A concepção naturalizante aponta para uma constituição do humano que não é dialética nem histórica, mas formal, linear. Esta forma de significar a constituição do humano aparece também na concepção da docência reforçando marcas arcaicas e até preconceituosas da profissão, tais como: visão romântica "de sacerdócio" e de profissão notadamente feminina, dom natural peculiar às mulheres e relação determinista entre a maternidade e a docência. Sendo assim, verificamos que os sentidos constituídos sobre a escolha e a constituição docente apresentam-se fortemente mediados por uma visão naturalizante da profissão, o que acarreta uma não discriminação entre o papel docente e o papel materno e uma sujeição à influência do gênero feminino. Com isso, entendemos que não apenas a professora, mas também a sociedade têm sido historicamente mediadas pela ideia de que a docência é uma vocação natural das mulheres. E para finalizar, apontamos que os fenômenos sociais e humanos devam ser estudados e compreendidos em sua dimensão histórica, em seu movimento dialético, de modo que, ajudando a superar as visões naturalizantes, possa-se instituir o novo e, assim, a possibilidade de constituição de novos sentidos e significados acerca dos processos de escolha profissional e de constituição docente.

Palavras-chave: escolha profissional, gênero, constituição docente.

 


 

A legislação de educação especial e a instituição de escolas inclusivas: uma análise a partir do conceito de metacontingência

Tânia Gonçalves Martins

Sérgio Vasconcelos de Luna

No processo ensino-aprendizagem, a relação professor-aluno e as relações entre pares de alunos configuram comportamentos sociais em que comportamento de cada indivíduo gera consequências que têm reflexo sobre o comportamento do grupo. O estudo foi desenvolvido com base na análise documental da Legislação Educacional que versa sobre a estruturação da Educação Especial na perspectiva inclusiva: a PNEE/2008, o Decreto Nº 7.611/2011 e a Resolução CNE/CEB nº 4/2009. Objetivou-se identificar indicadores de estruturação e organização do sistema inclusivo dispostas nestas normas, considerando suas propostas e diretrizes educacionais como contingências que se entrelaçam em metacontingência para o desenvolvimento de escolas capazes de atender a todos. A análise dos dados foi realizada verificando-se possibilidades de inter-relação entre contingências classificadas como referentes à Escola Inclusiva ou referentes à Educação Especial em cada documento e, posteriormente, o entrelaçamento de contingências destes dois grupos, discutindo-se como a documentação, em análise, poderia contribuir para garantir uma educação de qualidade para todos. Os resultados apontaram que a legislação avança buscando estabelecer qual a relação possível entre ensino comum e Educação Especial, reafirmando a importância e a necessidade dessa área de conhecimento como subsídio para o desenvolvimento de escolas inclusivas. A proposta de educação nos moldes inclusivos enfatiza a organização do Atendimento Educacional Especializado (AEE) para receber o público-alvo da Educação Especial em salas de recursos multifuncionais visando eliminar barreiras que dificultem a inclusão deste grupo no ensino comum. Por outro lado, não apresenta diretrizes para o trabalho com este público nas classes inclusivas orientando sobre a adequação curricular, a utilização de recursos, a revisão de métodos de ensino e de avaliação que poderiam ser utilizados com todos os alunos em benefício daqueles que encontram barreiras pedagógicas no processo de escolarização. Constatou-se que as orientações presentes nas normas educacionais podem estimular a interlocução e reforçar a integração entre o ensino comum e a Educação Especial no sentido de desenvolver práticas cada vez mais inclusivas que, se propagadas ao longo do tempo, resultarão em mudanças nas práticas culturais em favor de uma sociedade mais inclusiva.

Palavras-chave: educação inclusiva na legislação, educação especial, metacontingência.

 


 

A sensibilidade do IDEB a variáveis educacionais

Natália de Mesquita Matheus

Sérgio Vasconcelos de Luna

Atualmente, há uma tendência segundo a qual decisões políticas se fundamentam em dados e, como decorrência, há a necessidade de se desenvolverem meios para a avaliação dos fenômenos de interesse, tais como o fluxo de alunos e sua aprendizagem. Desde 2005, o índice que vem servindo como medida para aferir o nível de aprendizagem dos alunos no Brasil é o Índice de desenvolvimento da educação básica (Ideb). O Ideb tem sido considerado um avanço em termos de política por ser sensível ao desempenho e ao fluxo dos alunos simultaneamente, o que permite identificar quais escolas ou redes de ensino têm sido capazes de garantir que os alunos aprendam determinado conteúdo em um período de tempo determinado (conteúdo de uma série em 1 ano). Pesquisadores da Psicologia e da Educação têm demonstrado interesse por diferentes aspectos do Ideb, dentre eles, a busca por variáveis potencialmente explicativas para os resultados do Ideb, dentro e fora do sistema educacional. Há, entretanto, limitações importantes em relação à generalidade destes estudos e sua consequente contribuição para a formulação de políticas públicas educacionais: o procedimento de coleta de informações e de conclusões baseadas no relato verbal de entrevistados e pequeno número de estudos que se debruçam sobre dados nacionais. Os estudos com maior potencial de apoio à formulação de políticas educacionais – com evidências das relações entre variáveis investigadas – não têm sido, em sua maioria, produzidos por pesquisadores da área educacional. O modelo matemático CHAID (sigla para Chi-squared Automatic Interaction Detector, detecção automática de interação mediante testes de qui-quadrado, em tradução livre), ainda pouco explorado nas pesquisas educacionais, permite que se encontrem relações/correlações entre uma variável dependente e variáveis independentes. O presente trabalho teve como objetivo demonstrar a aplicabilidade do modelo CHAID em pesquisas educacionais, por meio da análise da sensibilidade do Ideb (variável dependente), a diferentes aspectos do sistema educacional (variáveis independentes). Na primeira análise, a variável dependente submetida ao modelo foi o Ideb 2011 e as variáveis independentes foram os resultados de Idebs anteriores – 2005, 2007 e 2009. Os resultados apontam uma relação direta entre altos índices na VD e o sucesso no índice em desempenhos anteriores. Isto é, a maior parte dos municípios com bom desempenho em 2009 obtiveram altos índices no Ideb em 2011 e aqueles com desempenho ruim em avaliações anteriores (em 2009, 2007 e, em alguns casos, em 2005) permaneceram com índices baixos em 2011. Em uma segunda análise, as variáveis independentes foram dados financeiros (gastos educacionais). Os resultados indicaram que os gastos mais recentes (de 2009) são menos relevantes do que os anteriores (de 2007). Estes dados indicam a identificação do efeito de investimentos financeiros na educação deve ser feita a médio/longo prazo. O modelo CHAID se mostrou efetivo para a identificação das variáveis significativas para a compreensão das variáveis significativas do sistema educacional, produzindo informações abrangentes, mas sem que se percam as especificidades de cada realidade. A Educação e a Psicologia podem se beneficiar dos resultados para sugerir cursos de ações no estabelecimento de políticas públicas educacionais.

Palavras-chave: ideb, chaid, estatística, avaliação da educação.

 


 

Identidade profissional docente

Carolina Pereira Nunes

Maria Eliane Maia Sousa

Mitsuko Aparecida Makino Antunes

Vera Maria Nigro de Souza Placco

O presente trabalho é fruto dos estudos realizados na disciplina Aprendizagem do Adulto Professor e sua Formação Profissional V, ministrada no Curso de Mestrado Acadêmico pela professora Drª Vera Maria Nigro de Souza Placco e pretende tecer algumas considerações a respeito da "Identidade Profissional Docente". Ele foi feito através de detalhada revisão da literatura, focada nos aspectos psicológicos e sociológicos do tema em questão. A abordagem psicológica foi construída a partir das definições propostas por Ciampa e Vigotski. Já a perspectiva sociológica fundamentou-se nas proposições de Dubar e Piroton. Os autores Marcelo, Marcelo e Vaillant e Placco e Souza (2010; 2006) deram uma excelente contribuição para o aprofundamento dos processos de constituição identitária específicos do profissional docente. Para uma melhor análise, iniciou-se a discussão teórica a partir de alguns pressupostos filosóficos. Desde os filósofos da Antiguidade, os homens já se questionavam sobre quem são e as ciências só continuam a explorar esse poço aparentemente sem fundo. Concluiu-se que a "Identidade Profissional Docente" mostra-se complexa pois consiste em um amálgama de múltiplas determinações, que, na contemporaneidade, estão em tal estado de fluidez, que torna-se impossível delimitá-la de forma objetiva. A partir disso, infere-se que as características individuais dos sujeitos-professores estão de tal forma imbricadas na cultura e sociedade em que estão inseridos, que torna tarefa hercúlea qualquer tentativa de total separação das esferas individuais e sociais. Apesar de distintas, elas se retroalimentam, uma não existindo sem a outra. Desta forma, percebemos que qualquer tentativa de estabelecimento de um processo investigativo e/ou formativo direcionado aos docentes deve partir da materialidade e estar alicerçada no trabalho feito na coletividade, pois é por meio da interação que os sujeitos constituem-se professores, ou seja, que desenvolvem suas identidades enquanto tais.

Palavras-chave: identidade, docência, constituição.

 


 

POSTER

Delimitação da metodologia de estudos em representações sociais: a construção do objeto de pesquisa e a importância da historicidade do objeto representacional

Denise Marques Alexandre

Anna Carolina Salgado Jardim

Karina Alves Biasoli Stanich

Clarilza Prado de Sousa

Neste texto relata-se a trajetória metodológica do grupo de pesquisa da disciplina Seminários Metodológicos Quali/Quantitativos para o estudo de fenômenos psicossociais, do Programa de Pós-Graduação em Educação – Psicologia da Educação (PUC-SP), para delimitar seu objeto de estudo. Registraram-se os estudos realizados e as atividades desenvolvidas para traçar a metodologia do projeto de pesquisa, a partir do tema sobre liderança estudantil na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), à luz da Teoria das Representações Sociais desenvolvida por Serge Moscovici. A discussão metodológica abordou as diferentes etapas e esferas de aproximação entre pesquisador e objeto. Foram analisados o significado do universo reificado da ciência, a importância da construção do objeto de pesquisa e a relevância da definição da historicidade do objeto representacional, que permite, além da reapropriação dinâmica de elementos do objeto presentes em outros períodos, analisar seus pontos de tensão, seus processos de generatividade e estruturas, sinalizando movimentos de transformação ou manutenção de uma representação. Analisou-se a importância do registro detalhado das etapas de construção do objeto, desde a definição do fenômeno, fugidio e caleidoscópico, até sua constituição como objeto possível de ser manejado conforme os critérios da pesquisa científica; considerando sua historicidade, as condições utilizadas para a seleção dos procedimentos de coleta e análise dos dados. A trajetória realizada pelo grupo permitiu que se desenvolvesse um registro metodológico que entendeu-se como relevante para o compartilhamento com outros colegas que procuram delinear seu projeto de pesquisa.

Palavras-chave: representações sociais, fenômeno, objeto de pesquisa.

 


 

Um olhar para a dimensão motora

Sandra Bazylewski

Laurinda Ramalho de Almeida

Durante anos de trajetória, meu olhar estava voltado para o desenvolvimento cognitivo das crianças, como elas aprendem e quais situações favorecem a aprendizagem infantil. Ao refletir sobre minha prática e reportando-me à literatura, observei que deixava de lado outros fatores tão essenciais para a formação dos mesmos, como a motricidade e a afetividade. Neste sentido, o contato com as crianças no dia-a-dia me mostrou que estamos privando-as de algo essencial, estamos roubando-lhes o espaço, a utilização do corpo, assim como o prazer de experimentar o mundo e vivê-lo. A integração afetividade e cognição passou a ser estudada recentemente. Os olhares dos profissionais de educação estão voltados para o desenvolvimento do educando nestas duas dimensões. E o motor? Quem se preocupa com esta dimensão? Em tempos atuais, observando as pesquisas, está a cargo dos profissionais de Educação Física. Acompanhando o desenvolvimento infantil, observamos que esta dimensão está presente em todos os estágios, uma vez que, a criança necessita agir para compreender e expressar significados presentes no contexto histórico-cultural em que se encontra. O desenvolvimento progressivo da dimensão motora, cujos vínculos com a dimensão cognitiva e afetiva não se pode excluir, deveria ser observado pelos educadores e por todos os profissionais da área de educação. Delineei meu projeto de pesquisa  com o objetivo de investigar a concepção que professores de Educação Infantil têm sobre a dimensão motora e como tal concepção interfere em sua prática. A técnica empregada é a entrevista com professoras de diferentes faixas da Educação Infantil e o referencial teórico, a psicogenética walloniana.

Palavras-chave: dimensão motora, desenvolvimento infantil, psicogenética de Wallon.

 


 

Para que serve ler e escrever? Para quem serve ler e escrever? Uma investigação sobre a constituição de sentidos da leitura e escrita

Carla Campana

Wanda Maria Junqueira de Aguiar

O objetivo do presente trabalho é investigar para que serve a leitura e a escrita à luz do referencial teórico da Psicologia Sócio-Histórica. Pretende-se, a partir da categoria definida por Vigotski, apreender os sentidos constituídos sobre a língua escrita para os sujeitos da pesquisa e analisá-los ultrapassando a zona do funcional e da imediaticidade, caminhando, assim, para zonas de sentido. A segunda questão – para quem serve ler e escrever? – conduz a um segundo objetivo: relacionar os sentidos revelados às relações políticas, sociais, e subjetivas da realidade material; articulando os sentidos constituídos com a literatura e avaliando se os mesmos estão atuando em favor da manutenção da concepção dominante de letramento ou se são agentes de transformação social. O método a ser utilizado é o Materialismo Histórico Dialético e os dados serão produzidos por meio da Dinâmica Conversacional de González Rey. Os sujeitos serão três adultos alfabetizados, sendo: um que utiliza a língua escrita como suporte pessoal e profissional; outro que não utiliza a língua escrita como suporte pessoal e profissional de maneira predominante e, por fim, outro recém-alfabetizado ou em processo avançado de alfabetização por meio da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Os dados serão analisados via Núcleos de Significação, conforme proposta de Aguiar e Ozella.

Palavras-chave: letramento, língua escrita, sentidos e significados.

 


 

A pesquisa intervenção e alguns limites éticos: como negociar e permanecer no campo?

Carla Campana

Karin Gerlach Dietz

Raquel Cassoli

Wanessa Lopes de Melo

A pesquisa "A Dimensão Subjetiva dos Processos Educacionais" visa apreender as significações constituídas pelos professores, gestores, alunos, responsáveis e funcionários sobre a realidade educacional e suas relações com o processo de (trans)formação do indivíduo como ser mediado pela história e pela cultura. A perspectiva adotada é a da Psicologia Sócio-histórica, com contribuições da Pesquisa Crítica de Colaboração. Durante o processo de realização, que se estabelece, dialeticamente, como intervenção também, surgiram alguns questionamentos sendo um deles referente ao aspecto ético vinculado à entrada e permanência no campo. O pesquisador, quando negocia seu espaço de pesquisa, deve utilizar quais estratégias para se manter em campo e intervir e, ao mesmo tempo, não se desviar do objetivo da pesquisa? Em quais momentos deve-se acatar o que é sugerido pelos participantes da pesquisa e quando é necessário impor algo? Numa pesquisa intervenção, o que, como, com quais finalidades e para quem se negocia? A pesquisa está a serviço de quem quando se pretende (trans)formar: Professores? Gestores? Alunos? Pesquisadores? Uma hipótese que pode auxiliar na resposta destas perguntas refere-se ao conhecimento presumido que o pesquisador traz como bagagem quando inicia o trabalho em uma instituição escolar. Tal conhecimento, tomado a priori, pode levar a suposições precipitadas sobre a atividade docente e atrapalhar tanto a condução da pesquisa quanto a intervenção. Nota-se que esse processo, realizado entre pesquisadores e pesquisados, deve ser clarificado para que os objetivos da pesquisa não sejam, de maneira antiética, esquecidos, considerando apenas a manutenção do campo de pesquisa.

Palavras-chave: pesquisa intervenção, ética, psicologia sócio-histórica.

 


 

Os sentidos do processo educacional e da instituição escolar para alunos da Educação de Jovens e Adultos

Kelly Cristina Lopes Casanova

Ana Mercês Bahia Bock

A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é um dos desafios educacionais contemporâneos, de acordo com a UNESCO, o Brasil é o 8º país com maior número de adultos analfabetos. Desde o ano 2000, a erradicação do analfabetismo no país é uma das metas estabelecidas entre o Brasil e acordos internacionais. Desse modo o analfabetismo demonstra ser resultado de antigas questões sociais e econômicas. Mais do que se apropriar da leitura e escrita, contribuindo para a diminuição de posições desfavoráveis ocupadas pelo país, os alunos pertencentes à modalidade EJA caminham e contribuem de modo efetivo para que se reduzam as disparidades emergidas na sociedade contemporânea. Acreditamos que são várias as implicações que permeiam a relação desses alunos com o processo de escolarização e a instituição escolar e essas idas e vindas desses sujeitos a esse espaço tornam-se carregadas de sentidos e significados. Diante de toda a problemática que envolve a EJA buscaremos investigar na relação com questões objetivas, os aspectos subjetivos que compõem a realidade da EJA, ou seja, os sentidos constituídos por estudantes da EJA em relação à instituição escolar/ escolarização.

Palavras-chave: educação de jovens e adultos, sentidos subjetivos, educação.

 


 

Quais fatores afetam o IDEB?

Natália de Mesquita Matheus

Sérgio Vasconcellos de Luna

O Ideb (Índice de desenvolvimento da educação básica) tem sido utilizado como medida de aprendizagem no Brasil. O cálculo considera o desempenho dos alunos em exame padronizado e níveis de repetência e evasão. A Psicologia e a Educação têm demonstrado interesse por diferentes aspectos do Ideb. Um levantamento da literatura encontrou 53 estudos sobre o índice que foram classificados em seis tipos: Textos conceituais (dois textos), IDEB como variável independente para resultados eleitorais (uma pesquisa), IDEB como critério de seleção de escola ou município para análise de outros elementos da realidade escolar (14 estudos), IDEB como resultado da pesquisa (dois trabalhos), IDEB como medida para outros níveis da educação (três pesquisas) e IDEB como variável dependente (31 trabalhos). Nestes últimos, buscam-se variáveis potencialmente explicativas para os resultados do Ideb, dentro e fora do sistema educacional. O presente trabalho teve como objetivo identificar fatores que afetam o Ideb e utilizou um modelo estatístico CHAID (Chi-squared Automatic Interaction Detector, detecção automática de interação mediante testes de qui-quadrado). As variáveis dependentes foram o Ideb 2011 municipal dos anos iniciais e finais do ensino fundamental; as variáveis independentes foram: região do país, UF, resultados do Ideb anteriores, índice de desenvolvimento humano do município, região de influência e dados da execução orçamentária municipal. Os resultados indicam que o desempenho no Ideb anterior é a variável mais significativa tanto para os anos iniciais quanto finais, a UF e região; a execução orçamentária é significativa apenas para parte dos casos. A análise vem sendo conduzida de modo a auxiliar na definição de prioridades para a política educacional.

Palavras-chave: ideb, chaid, estatística, avaliação da educação.

 


 

A constituição identitária do professor de educação básica frente a aspectos específicos da educação inclusiva

Luciane Helena Mendes de Miranda

Vera Maria Nigro de Souza Placco

Atualmente, tanto a academia quanto a legislação têm mostrado aos professores que, para trabalhar e se manter no meio educacional, é preciso empenhar-se diante dos desafios e lidar com a diversidade. O objetivo deste estudo qualitativo é analisar a formação e a constituição identitária docente frente à inclusão de alunos com deficiências, transtorno global do desenvolvimento e altas habilidade/superdotação, a fim de perceber como o professor atua e se sente em relação a esses aspectos específicos da inclusão. Os sujeitos desta pesquisa serão no total, oito professores com 1 a 10 anos de exercício na profissão, inseridos no ensino regular particular ou público da Grande São Paulo, que trabalham ou trabalharam com alunos deficientes, e/ou transtornos global do desenvolvimento e/ou altas habilidade/superdotação em suas salas de aula. As entrevistas semiestruturadas serão utilizadas como instrumento de coleta de dados, que serão tratados observando questões da formação do professor e sua trajetória até o momento atual, para compreender como se dá a constituição identitária deste educador. Os resultados parciais indicam que o professor tem uma tarefa complexa nas mãos, que é lidar com a diversidade de alunos e que envolve um processo de construção e reconstrução da identidade docente.

Palavras-chave: constituição identitária, formação de professores, inclusão, educação especial.

 


 

Concepção de infância no caderno de "Orientação Curriculares de Educação Infantil" na Prefeitura de São Paulo no período de 2008-2012

GeorginaLopes da Mota

Ana Mercês Bahia Bock

A concepção de infância, enquanto construção social, tem conduzido alguns questionamentos sobre a interpretação dos anos iniciais da vida humana. A educação para crianças de zero a quatro anos é constituída de uma estrutura em que o adulto centraliza sua prática baseada em ações paternalistas descrevendo a criança como um ser indefeso. Se a criança é um ser de direitos, ativa, como considerar essa prática adultocêntrica nas relações que são construídas a partir de políticas para a educação infantil? O presente trabalho tem como objetivo analisar as diferentes concepções de infância presentes no caderno de orientações curriculares de educação Infantil da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, considerando as propostas dos programas de formação continuada desenvolvidas na política de educação infantil. A metodologia que norteará o presente trabalho será analise de documentos produzidos na Secretaria de Educação, Diário oficial, Legislação, Projetos pedagógicos e outros materiais publicados pela Diretoria de Orientação Técnica da Secretaria de Educação Infantil.

Palavras-chave: infância, educação infantil, política.

 


 

A inclusão de deficientes intelectuais e o processo de representatividade numa EMEF de São Paulo: um estudo fenomenológico

Flavio Kenji Murahara

Heloisa Szymanski

O presente trabalho consiste num estudo fenomenológico sobre o processo de representação de alunos com deficiência intelectual em uma escola de educação fundamental do município de São Paulo. Este projeto encontra-se integrado num projeto maior desenvolvido pelo grupo de pesquisa em Práticas Educativas e Atenção Psicoeducacional na Família, Escola e Comunidade (ECOFAM) do programa de Psicologia da Educação da PUC-SP. Identificar como o processo da constituição de um ambiente de representatividade é compreendido pelos diferentes atores envolvidos na inclusão da criança com deficiência intelectual. No referencial teórico apresentaremos o conceito de deficiência intelectual a partir de uma ótica da fenomenologia existencial; e discutiremos a noção de educação inclusiva e práticas inclusivas nas escolas. Trata-se de uma pesquisa qualitativa que utilizou como procedimentos, encontros grupais e entrevista reflexiva. Pretende-se entrevistar os representantes e os familiares dos alunos com deficiência intelectual. Com relação aos procedimentos de análise, será utilizado o método de Amadeo Giorgi. Foram acompanhadas três reuniões do projeto maior nas quais discutiu-se entre a pauta, a representação dos alunos com deficiência. Após a indicação de alunos com deficiência intelectual para representar o segmento dos alunos com deficiência da escola, foi realizada a primeira entrevista com a professora da Sala de Apoio e Acompanhamento à Inclusão. Podemos concluir que a representatividade pode ser estabelecida somente a partir de uma relação de cuidado entre os sujeitos envolvidos no processo. Um segundo sentido se refere a representação como a construção de um canal de comunicação entre as diferentes partes da escola.

Palavras-chave: fenomenologia, representatividade, deficiência intelectual.

 


 

O professor do Ensino Técnico no Brasil: de suas raízes à expansão

Carolina Pereira Nunes

Mitsuko Aparecida Makino Antunes

Este estudo tem como finalidade investigar o processo constitutivo de professores que atuam no âmbito do ensino técnico. Entretanto, para dar concretude ao objeto de pesquisa, faz-se necessário tratar da história da educação em nosso país, exigindo muito mais do que a mera descrição de fatos passados e presentes. Para a digressão sobre tal assunto é essencial conhecer a realidade social da qual o objeto de estudo é parte, sempre dependente das relações estabelecidas com o modelo econômico adotado em um determinado momento histórico. Sempre que pensamos em educação devemos considerar que os fatores externos ao processo ensino-aprendizagem constituem-se em um dos determinantes das práticas desenvolvidas no interior das escolas. Segundo Romanelli (2014), a economia exerce influência preponderante, mas não se deve desconsiderar o peso da herança cultural e do sistema político. A influência da economia se dá a partir do momento em que a organização do sistema produtivo indica que tipo de recursos humanos se necessita, definindo assim o trabalho da escola, com vistas a formar a mão-de-obra esperada. O ensino técnico ou profissionalizante é parte dessa realidade e sua criação no início do século XX e expansão ocorrida a partir dos anos 2000 exemplificam isso. Todavia, para compreendermos o quadro no qual este se encontra na contemporaneidade, se faz necessário um resgate histórico do percurso da educação no Brasil de modo geral, especialmente a partir das mudanças políticas e sociais ocorridas a partir dos anos 1930 do século passado.

Palavras-chave: história, educação, ensino técnico.

 


 

Professores iniciantes de história nas séries finais do Ensino Fundamental II: saberes

Rosemeire dos Santos Cunha Oliveira

Laurizete Ferragut Passos

Este trabalho é um recorte de uma pesquisa de mestrado em andamento no curso de mestrado em Psicologia da Educação-Educação. Tem com foco a condição inicial da docência e qual o papel dos saberes docentes nos caminhos trilhados pelos professores iniciantes na disciplina História. Para auxiliar na compreensão destes saberes, foram elaborados os objetivos: conhecer a realidade enfrentada pelos professores iniciantes da disciplina de História (com até 03 anos de atuação), identificar quais os sentimentos e percepções presentes no início da carreira docente, investigar onde e como buscam apoio para a sua formação. A metodologia desse estudo consiste em uma abordagem qualitativa com entrevistas e observação. A pesquisa estará apoiada em teorizações que exploram os saberes docentes, em especial o professor iniciante, entre os autores estão, Marcelo Garcia, Tardif, Nóvoa, Huberman, Cunha, Monteiro. Como resultado parcial, constatou-se que as questões que povoam o universo do professor iniciante da disciplina História estão amplamente relacionadas com a sua a sua falta de experiência e também põe em questão a qualidade dos cursos de Licenciatura no que se refere à qualificação dos professores para uma atuação comprometida e que atenda ao mínimo da proposta curricular exigida para um bom preparo do professor. A expectativa é a de que ao concluirmos esta pesquisa possamos contribuir para a melhoria na qualidade da formação de professores e com isto, colaborar para o crescimento da nossa sociedade.

Palavras-chave: professores iniciantes de História, iniciação à docência, saberes necessários.

 


 

O desenvolvimento da linguagem e da teoria da mente: como as crianças explicam desejos, intenções e crenças

Rosimeire Aparecida Vicente Pellegrini

Maria Regina Maluf

A Teoria da Mente é a habilidade de prever e explicar ações tanto próprias quanto alheias. É durante os primeiros anos de vida que as crianças adquirem essa habilidade e compreendem que as outras pessoas possuem desejos, intenções, emoções e crenças que podem ser diferentes das suas e, também, da realidade. Esta pesquisa tem como objetivos verificar como as crianças entre 3 e 5 anos respondem, oralmente, a aplicações de tarefas de teoria da mente, bem como analisar as justificativas das respostas dadas por elas. Embora se saiba que a boa resposta nas tarefas de teoria da mente seja um bom indicador de que a criança adquiriu a compreensão sobre estados mentais. Este estudo trabalha com duas hipóteses: a de que as crianças tendem a acertar as tarefas que envolvam atribuição de desejos, antes mesmo de atribuírem crença falsa ao outro e a de que, o uso de verbos mentais (como saber, pensar, achar, acreditar) se daria na linguagem das crianças antes da compreensão de crença e crença falsa. Para a investigação dessas hipóteses, foram apresentadas as crianças, em situações lúdicas, com personagens, aos quais se espera que as crianças façam atribuições de estados mentais e justifiquem tais atribuições, de desejos, intenções e crenças. Espera-se que este estudo, possa validar que há uma relação entre a linguagem com o uso de verbos mentais e a habilidade de dar respostas corretas nas tarefas de teoria da mente.

Palavras-chave: teoria da mente, linguagem, crenças/crenças falsas.

 


 

Professores de matemática em início de carreira no Ensino Superior

Cibele A.Santos Rosa

Laurizete Ferragut Passos

A decisão de dedicar um estudo específico à inserção do professor de matemática no ensino superior justifica-se pela necessidade de salientar a sua importância e de reconhecer que, ainda se trata de um campo de estudo pouco explorado, se considerada a relevância do tema. Este estudo objetiva investigar as dificuldades que os professores de matemática enfrentam no início de sua prática docente no ensino superior e as alternativas que encontram para superá-las. Para a coleta de dados foram utilizados questionário e entrevista aplicados há quatro professores formados em matemática e com tempo de atuação, de até cinco anos no ensino superior. Para discussão dos resultados utilizamos como referêncial teórico as proposições de Carlos Marcelo e Valenzuela. Os resultados apontam como principais dificuldades e desafios enfrentadas no início da carreira docente a complexibilidade do trabalho em relação ao "saber fazer," devido a falta de experiência e o trabalho solitário. No estudo fica evidente que o apoio dos colegas de profissão e da coordenação podem ser fatores importantes para que o professor em início de carreira tenha um bom desempenho em seu trabalho. É preciso melhores práticas de contextualização para que a Matemática deixe de ser a vilã dentro do contexto escolar e se torne significativa como deveria ser para os alunos e professores.

Palavras-chave: ensino superior, início de carreira, professor de matemática.