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Psicologia da Educação

Print version ISSN 1414-6975On-line version ISSN 2175-3520

Psicol. educ.  no.40 São Paulo June 2015

 

COMPARTILHANDO

 

Arte e criatividade na docência em psicologia: uma obra inacabada

 

Art and creativity in psychology teaching: an unfinished work

 

Arte y creatividad en la enseñanza de la psicología: una obra inacabada

 

 

Idonézia Collodel BenettiI; João Paulo Roberti JuniorII; Fernanda Ax WilhelmIII; Ana Paula da Rosa DeonIV

IDoutoranda em Saúde Coletiva da Universidade Federal de Santa Catarina. idonezia@hotmail.com
IIMestrando em Antropologia Social da Universidade Federal de Santa Catarina. junior@unidavi.edu.br
IIIProfessora do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Roraima. fernandaax@gmail.com
IVProfessora do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Roraima. ap.deon@uol.com.br

 

 


RESUMO

O presente trabalho consiste em um relato de experiência em docência, com uma turma de alunos do curso de Administração, na disciplina de psicologia Organizacional e do Trabalho. As aulas, envolvendo arte, tinham como objetivo contemplar um dos itens do programa que incluía o tema "Criatividade", que foi abordado através da utilização, via Power Point, de 12 obras - pinturas em tela que apresentavam pessoas trabalhando. Estiveram expostos 12 artistas diferentes, de 12 países diferentes - incluindo o Brasil - em diferentes épocas. O passo a passo dessa abordagem, as reflexões e a avaliação dessa experiência são aqui delineados e comentados para que o leitor se sinta incentivado pelo uso da arte como recurso para motivar os alunos para a complexa, porém prazerosa, tarefa do encontro com os acadêmicos no cotidiano da sala de aula.

Palavras-chave: arte; psicologia; criatividade; docência.


ABSTRACT

The present work reports an experience in teaching, with a group of students in Management, in the discipline of Organizational Psychology. Classes involving Art included the theme "Creativity". The task was addressed by the use, via Power Point, of twelve works - paintings on canvas that had people working. Twelve different artists, from twelve different countries - including Brazil - at different times, were exposed and worked on. The step by step of this approach, the reflections and evaluation of that experience are outlined here and discussed, so the reader be encouraged to use the Art as a tool to motivate students to the complex, but pleasurable, task of meeting with academics in everyday classroom.

Keywords: art; psychology; creativity; teaching.


RESUMEN

El presente trabajo es un relato de experiencia en la enseñanza, con un grupo de estudiantes de Administración, en la disciplina de la Psicología Laboral y Organizacional. Las clases de arte fueran destinadas a contemplar uno de los temas del programa que incluía el tema "Creatividad". Esa tarea fue abordada por el uso, a través de Power Point, de doce obras - pinturas sobre lienzo que había gente trabajando. Doce artistas diferentes, procedentes de doce países diferentes - entre ellos Brasil - en diferentes momentos, fueron expuestas y trabajadas. El paso a paso de este enfoque, la reflexión y la evaluación de la experiencia se describen aquí y se discuten, para que el lector se sienta estimulado por el uso del enfoque similar como una herramienta para motivar a los estudiantes en el compleja, pero agradable, tarea de encontrar con los académicos en el aula todos los días.

Palabras clave: arte; psicología; creatividad; enseñanza.


 

 

A lição de pintura

Quadro nenhum está acabado,

disse certo pintor;

se pode sem fim continuá-lo,

primeiro, ao além de outro quadro

que, feito a partir de tal forma,

tem na tela, oculta, uma porta

que dá a um corredor

que leva a outra e a muitas outras.

João Cabral de Melo Neto

A dinâmica da prática docente constitui-se em um tema complexo e repleto de ambiguidades, já que envolve os desafios de (re)inventar o cotidiano e a sala de aula comolocus de trabalho. Nessa tarefa estão implícitas a (re)invenção das práticas educativas, a problematização e reflexão de atitudes, concepções, métodos e conhecimentos sobre o processo ensino/ aprendizagem. Ao mesmo tempo, é imprescindível que o educador se reinvente a si mesmo como pessoa e como profissional, sem perder de vista a educação, como processo construtor/contribuinte/produtor para a formação do aluno/cidadão consciente de seu papel na sociedade contemporânea.

Assim, o profissional da educação deve estar disposto a se envolver, se inquietar, crescer, evoluir, aprender, transformar. Esse relato de experiência objetiva descrever os procedimentos usados para captar o interesse dos acadêmicos do curso de Administração para os conteúdos do semestre na disciplina de psicologia Organizacional e do Trabalho, focando um dos itens da ementa que demanda "Criatividade".

Psicologia e docência

O profissional de psicologia, que se dedica à docência, deve estar em constante compromisso com o coletivo da vida humana e com a arte de educar, mediando e sinalizando possibilidades nas quais ele também esteja envolvido, colocando-se como um dos exemplos das contradições e da capacidade de superação que todos temos. Cabe ao docente a difícil - mas não impossível - tarefa de quebrar os paradigmas da passividade, em que a criatividade, muitas vezes, tem dificuldade de manifestar-se devido a uma trajetória escolar pautada em um modelo passivo-reprodutivo que, infelizmente, ainda vigora na esfera educativa.

Ao contrário do que se costuma ouvir do senso comum, quando popularmente a criatividade adquire uma conotação mágica, esse fenômeno não se constitui em um dom divino, uma qualidade de pessoas privilegiadas, sendo poucos os agraciados por ela. A criatividade se constitui no oposto da imitação, da simples cópia, superando a mera reprodução daquilo que já está posto (Vygotsky, 1990). Assim, todos os indivíduos são portadores de criatividade, diferindo na forma de representá-la: alguns farão de forma genial, maravilhosa, outros de maneira mais discreta. Porém, é importante destacar que, em maior ou menor volume, com mais ou menos genialidade e brilho, todos os indivíduos são capazes de produzir, (re)construir, (re) criar, (re)inventar.

A criatividade no ensino superior pode ser melhorada (ou impedida) por situações situacionais e ambientais e institucionais específicas, bem como por fatores culturais. Condições favoráveis incluem o trabalho em equipe, transculturalidade fundamentada na diversidade sociocultural, trans e interdisciplinaridade, tempo e recursos e uma cultura de risco que tolera e até mesmo incentiva falhas e deslizes (Landry, 2000). Isso tem levado à hipótese de que as instituições de ensino superior podem influenciar seu nível de criatividade, reforçando essas condições através de processos e estruturas específicas em diferentes níveis e em diferentes esferas (Barnett e Coat, 2005; Kleiman, 2008).

Então, como centros de criação de conhecimento, as universidades deveriam fornecer um ambiente que favorecesse a criatividade do potencial humano, que por sua vez precisa receber o apoio adequado dos governos e outras partes interessadas. Abordagens puramente mecanicistas voltadas para atingir metas pré-definidas dificilmente permitem que as instituições de ensino superior contribuam para um objetivo mais ambicioso nesse sentido.

Neste cenário, a criatividade presente nos alunos pode ser provocada, estimulada, incentivada, impulsionada ou inibida, dificultada, tolhida, bloqueada, destruída, dependendo do ambiente em que os acadêmicos estão inseridos e das práticas que vivenciam. Portanto, fomentar os processos de criação deve constar da agenda dos docentes, não importando em que estágio os discentes se encontram. A universidade tem a missão de oferecer a oportunidade de desvelar o mundo fantástico da arte e proporcionar condições para que os alunos conheçam, apreciem e se deleitem com diferentes linguagens artísticas, para que o mundo não tenha que se confrontar com profissionais - economistas, engenheiros, advogados, médicos - "[...] que nunca vibraram com a leitura de um romance, nunca umedeceram os olhos com um soneto, nem se enlevaram ao ouvir uma sinfonia" (Araújo, 2001, p. 26).

É importante enfatizar que o conhecimento da arte, trazido para o cenário da sala de aula, evidencia a promoção e o fortalecimento da possibilidade de escolher, criticamente, valores e princípios, conhecer-se a si mesmo e perceber-se como sujeito histórico de cultura, capaz de manter conexões entre o presente e o passado, sendo, também, capaz de intervir modificando o futuro, transformando a sociedade da qual faz parte (Catterall, 2009). É fundamental salientar que o conhecimento da arte, colabora para um melhor entendimento dos conteúdos relacionados a outras áreas do conhecimento, tais como matemática, línguas, história, geografia, etc. (Brown, Benedett e Armistead, 2010). O aproveitamento de obras de arte como provocação ao aprendizado incide em amplos benefícios que envolvem a pesquisa da própria emoção, ampliando a capacidade de ver, persistir, aprender com o erro, ajustar-se, vislumbrar novos horizontes, formar hábitos, libertar-se de tensões (Duncan, 2011). Mais que isso, ter senso de ludicidade, organizar pensamentos, sensações e sentimentos, afetar e ser afetado e, finalmente, educar-se.

No caso específico do curso ora evidenciado, a inclusão do assunto "criatividade" no seu ementário está relacionada à promoção de autonomia para autoexpressão, explicitamente reconhecendo e valorizando esse fenômeno. O objetivo é fomentar a criatividade dos acadêmicos, desenhando situações que exigem imaginação, avaliação, integração, síntese, resolução de problemas, experiências colaborativas, compartilhamento de ideias, perspectivas e soluções.

 

CONTEXTO E PERCURSO METODOLÓGICO

Neste relato de experiência, estão as primeiras aulas do segundo semestre de 2012, na disciplina de psicologia Organizacional para a terceira fase do curso de Administração, ministrada aos acadêmicos de um centro universitário, localizado na Grande Florianópolis - SC. Doze obras de arte de diferentes artistas de épocas distintas foram projetadas em data show, com o objetivo de mergulhar os alunos no assunto que envolve organizações e trabalho, do ponto de vista da psicologia, aproveitando o ensejo do tema "Criatividade", presente na ementa da disciplina. A finalidade principal dessa empreitada foi provocar os acadêmicos para criarem seus próprios trabalhos artísticos, na tentativa de traduzir, ilustrar e exemplificar, através das mesmas, o significado do "Trabalho" para cada um deles1.

Vale enfatizar que, nessa etapa da matriz curricular, esse grupo já teve conteúdos relativos à Teoria Geral da Administração (TGA), que aborda, dentre outras coisas, os modos de produção e relações de trabalho. O primeiro slide da aula introdutória apresenta uma mulher desenhando em uma folha de papel sobre sua escrivaninha. Duas perguntas alavancam a provocação: 1) O que é trabalho? 2) Como o trabalhador é retratado? Então, uma a uma as obras vão sendo apresentadas e as mesmas perguntas servem de comando para que cada aluno registre suas impressões ao visualizá-las.

Para essa atividade, foram escolhidas obras de arte que apresentavam trabalhadores em exercício e, para cada criação artística contemplada, os acadêmicos, tiveram alguns minutos para observá-las e apreciá-las. Então, individualmente, escreviam o nome de cada obra e faziam suas próprias anotações em resposta às perguntas lançadas no primeiro slide.

Ao final dos 12 slides, os alunos, em pares, socializavam com um/a colega suas anotações. O passo seguinte demandou que os discentes se reunissem em grupos, com o objetivo de ampliar o quadro de impressões, a partir das anotações dos demais colegas. Então, todos voltaram aos seus lugares, e os slides foram apresentados mais uma vez, com a finalidade de promover a socialização e a discussão em grande grupo.

Durante os debates foram realizadas, no quadro para pincel, anotações referentes ao que tinha sido observado e estava sendo levantado pelos alunos do grande grupo. Esse momento deu oportunidade para que aflorassem as associações com os conteúdos vistos na disciplina de TGA, e esse procedimento enriqueceu ainda mais a discussão e o conteúdo do assunto em pauta.

O trabalho "Work", de Ford Madox Brown, foi explorado com os acadêmicos, com a intenção de provocar observações e reflexões, bem como convidá-los a fazer associações com as demais obras apresentadas. A seguir, está o passo a passo que envolveu a exploração dessa obra.

Passo 1

Apresentação da obra com tempo para observação cuidadosa de detalhes tais como: espaço público, onde algumas pessoas trabalham em serviços pesados (homens), outras pessoas passeiam (a cavalo), outras passeiam a pé. A cena apresenta pessoas bem vestidas, com chapéus ora simples, ora elegantes, outras em farrapos, outras descalças, cães misturados às pessoas, etc. Esses detalhes são analisados e discutidos pelos acadêmicos.

Passo 2

Exploração dos diversos tipos de pessoas e a atividade (trabalho) de cada uma delas.

Passo 3

Aprofundamento das nuances presentes na obra. Para isso, a criação de Madox Brown foi fragmentada/ desdobrada em sete partes distintas, que apontam para a estratificação social presente em seu trabalho.

Homens jovens, trabalhando na escavação para a construção da rede de suprimento de água de Londres. Musculosos, cavando, sob sol quente, essa classe de trabalhadores está no centro da obra e é considerada pelo autor como uma classe de heróis.2

Também no centro inferior da obra aparecem crianças malvestidas. Uma menina de 10 anos está cuidando dos irmãos menores e representa a classe proletária.

Representando a classe social menos privilegiada está na extrema esquerda um vendedor de flores, descalço, com vestimenta em farrapos.

Fazendo contraste, senhoras bem vestidas estão logo atrás do florista. Com chapéus e vestidos elegantes, elas são consideradas as damas da sociedade vigente.

Ao fundo, fazendeiros cavalgam sob a sombra, indicando que têm tempo e dinheiro - latifundiários.

Na extrema direita, dois cavalheiros conversam. O que está de chapéu e bengala é escritor. O outro é do partido cristão socialista. Eles são os protagonistas de reformas sociais tais como carga horária de trabalho de 10 horas/dia e leis para regulamentar o trabalho infantil. São os intelectuais.

Na parte inferior da tela, os cães também revelam o contraste existente entre as classes sociais da Inglaterra de 1852: os cachorros de rua que acompanham as crianças órfãs e o cachorro de raça que representa a classe mais favorecida.

Passo 4

Os acadêmicos elaboraram uma criação que envolvesse uma das seguintes modalidades de arte: desenho/pintura, poema, paródia (escolhendo uma melodia de sua preferência) e colagem. Foi permitido que formassem duplas de trabalho, se desejassem. Para a elaboração da criação artística foram disponibilizados materiais tais como: lápis coloridos, folhas, cola, tesoura, revista com figuras para recortar, papel A4, papel pardo, etc.

Todos os estágios, que envolveram os procedimentos metodológicos dessa tarefa, revelam atos de intervenção, reflexão, movimento e trabalho, além de questões que envolveram práticas cotidianas e que levaram ao estudo e ao debate. A labuta da transformação, a relação prazerosa com o trabalho e a autorrealização, proporcionada pelo ato de criar, foram coroadas com uma exposição3 das criações elaboradas pelos acadêmicos: seis poemas, quatro paródias, cinco colagens e 18 desenhos; alguns alunos trabalharam em mais de uma modalidade de criação artística. O produto final foi avaliado levando-se em consideração o interesse do aluno em participar da aula, seu envolvimento e esforço em produzir algo que traduzisse, ilustrasse e/ ou exemplificasse, o significado do "Trabalho" para cada um deles.

 

AVALIANDO A EXPERIÊNCIA

Estar maestrando, e ao mesmo tempo tocando na orquestra da sala de aula, é uma performance que requer múltiplos desafios, uma vez que se deve ter em consideração todos os elementos constitutivos desse cenário, os quais albergam desde o ambiente físico até os recursos humanos envolvidos na ópera da docência. Nesse palco, ficou evidente que uma empreitada dessa envergadura demanda, além da aceitação da tarefa, a vontade e a habilidade de todos os atores.

Como a subjetividade perpassa a aprendizagem, todos não aprendem igualmente. Dessa forma, apareceram durante os trabalhos as diferenças na dinâmica da criatividade entre os alunos. Alguns tiveram bastante fluidez e facilidade para gerar um número elevado de ideias a respeito do tema determinado. Outros se queixaram que não conseguiriam produzir. Enquanto uns foram bastante originais, outros reproduziram algo já posto, como por exemplo, desenhar a foice e martelo como símbolos do trabalho, copiando o símbolo comunista. Há os que foram detalhistas, elaborando seus trabalhos de maneira muito cuidadosa. Em outras palavras, durante o exercício, ficaram reveladas as atitudes dos acadêmicos diante do desafio proposto, em que foram demonstradas capacidades e qualidades de caráter intelectual, emocional e social.

Alguns se sobressaíram pela percepção, intuição, imaginação e capacidade crítica. Muitos que, inicialmente, tiveram dificuldades para ficar à vontade e conseguir liberdade, com esse tipo de procedimento, mostraram audácia e trabalharam em mais de uma modalidade dentre as propostas - por exemplo, desenharam e fizeram uma paródia; ou elaboraram um poema e fizeram colagens. Muitos cresceram em vontade e energia para criar e desejar criar, demonstrando aumento de autoestima naquela situação e espaço.

Todos demonstraram capacidade de decisão, foram tenazes e tolerantes à frustração, percebendo suas limitações como não artistas; prevaleceu a vontade de dar luz a algo novo. Foi perceptível que o aproveitamento desses repertórios tenha provocado a organização de pensamentos, observação, percepção, imaginação, sensações, sentimentos, etc., ampliando horizontes e consolidando aprendizagens.

A realidade pré-existente (matéria ou língua) foi organizada em algo bonito, que harmonizou elementos díspares num todo formal. Houve o desejo não somente de produzir, mas também uma vontade concomitante de tornar o produto desse trabalho tão perfeito e tão embelezado quanto possível. Os alunos foram meticulosos, exigentes e trabalharam arduamente para produzir algo harmonioso e esteticamente satisfatório, na tentativa de dar significado à palavra "Trabalho", gerando novas possibilidades ou alternativas úteis para que cada um entendesse melhor o sentido dessa palavra.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir do poema que embeleza e enriquece a finalização desse relato de experiência, poderíamos parafraseá-lo afirmando que, como na arte, o verdadeiro processo de docência é uma criação/obra que está sempre inacabada e aberta a vários sentidos/significados. Mais que isso: o professor, apesar de viver em meio a um turbilhão de aparatos tecnológicos de última geração, pode - e deve - ser o criador/artífice da sua obra-prima - a aula - utilizando sua imaginação, sensibilidade, e experiência para provocar e autorizar seu aluno a incluir o que pensa e sente.

Como uma lição de pintura, a docência deve pautar-se, também, por estimular a conquista de novos saberes e o prazer pela autoria dos próprios pensamentos e a concretização deles. Deve, ainda, possibilitar aos alunos vivências emocionais que o fortaleçam e, dessa forma, contribuam para a construção de sentidos e significados, que sirvam de nutrientes para uma relação positiva com a aprendizagem - para satisfação, realização pessoal e vontade de seguir aprendendo.

Concluindo, as atividades envolvendo arte, apresentadas pela professora e trabalhadas pelos alunos, nesse relato de experiência, se constituem apenas como um tímido exemplo dentre as muitas possibilidades - e não a única - de estimular momentos criativos em sala de aula. Entretanto, é fato que o professor necessita empregar métodos e estratégias diversificados e espaços favoráveis à criatividade, se desejar promover a expressão criativa de seus alunos, e possibilitar a formação de um sujeito com posicionamento criativo diante da própria vida.

 

REFERÊNCIAS

Araújo, A. (2001). Quando a educação descobrir a cultura. In L. A. Aguiar e M. Sobral (Orgs.). Para entender o Brasil (pp. 33-48). São Paulo: Alegro.         [ Links ]

Brown, E. D.; Benedett, B. e Armistead, E. (2010). Arts Enrichment and School Readiness for Children at Risk. Early Childhood Research Quarterly, 25,112-124.         [ Links ]

Catterall, J. S. (2009). Doing well and doing good by doing Art: a 12-year longitudinal study of Arts Education - Effects on the achievements and values of young adults. Los Angeles: CreateSpace.         [ Links ]

Barnett, R. e Coat, K. (2005). Engaging the Curriculum in Higher Education. Buckingham: McGraw Hill Education.         [ Links ]

Duncan, A. (2011). Foreword to reinvesting in Arts Education: winning America's future through creative schools. Washington, DC: The President's Committee on the Arts and the Humanities.         [ Links ]

Kleiman, P. (2008). Towards transformation: conceptions of creativity in higher education. Innovations in Education and Teaching, 45,36-48.         [ Links ]

Landry, C. (2000). The creative city: a toolkit for urban innovators. Earthscan: Comedia.         [ Links ]

Vygotsky, L. S. (1990). La imaginación y el arte en la infancia. Madri: Akal. (Trabalho original publicado em 1930)         [ Links ]

 

 

1 É importante ressaltar que, em psicologia, há várias maneiras possíveis para se analisar desenhos e obras de arte. Porém, não é proposta desse relato, e foge ao foco e escopo pensados para essa tarefa, comentar a qualidade estética dos trabalhos realizados pelos acadêmicos ou utilizá-los como indicadores de desenvolvimento.
2 Comentários do próprio artista, retirados de"Work... a window on Victorian England". http://www.schoolsliaison.org.uk/Art_Gallery/work acessado em 10 de agosto de 2012.
3 A elaboração/organização da exposição, no campus da universidade, foi realizada como trabalho extraclasse num esforço colaborativo entre alunos e professora, e as horas dispensadas para essa tarefa foram computadas como atividade complementar.

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