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Psicologia da Educação

Print version ISSN 1414-6975On-line version ISSN 2175-3520

Psicol. educ.  no.46 São Paulo Jan./June 2018

 

10.5935/2175-3520.20180005 ARTIGOS

 

Projeções de si no futuro de universitários e egressos surdos

 

Self- projections in the future of deaf college and graduates

 

Proyecciones de sí mismos en el futuro de universitarios y egresos surdos

 

 

Alline Nunes AndradeI; Heloisa Moulin de AlencarII; Andréia Mansk Boone SallesIII

IORCID 0000-0002-4785-4519. Pesquisadora-tecnologista em Informações e Avaliações Educacionais (INEP) Laboratório de Psicologia da Moralidade (LAPSIM) Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP)
IIORCID 0000-0001-8164-3849; Professora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Laboratório de Psicologia da Moralidade (LAPSIM) Departamento de Psicologia Social e do Desenvolvimento. Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)
IIIORCID 0000-0001-5049-3745. Laboratório de Psicologia da Moralidade (LAPSIM) Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) lineandrade@gmail.com

 

 


RESUMO

Esse estudo teve como objetivo investigar os projetos de vida em uma perspectiva ética de dezesseis pessoas surdas que haviam se matriculado no ensino superior. Perguntou-se, por meio do método clínico piagetiano, em língua de sinais, seus projetos de futuro. Os participantes apresentaram diferentes projetos de vida, com destaque para 'atividade profissional', 'formação acadêmica' e 'relacionamento afetivo'. Os projetos foram, principalmente, do tipo 'autocentrado com reconhecimento de si' e 'conectado', implicando a reflexão sobre o valor do reconhecimento de si, necessário ao reconhecimento mútuo e a conexão com o outro, a sociedade e a comunidade surda. Esta comunidade apareceu como protagonista nos projetos de formação acadêmica e de atuação profissional, voltados à inclusão educacional específica aos surdos. Concluiu-se que os projetos de vida dos adultos surdos desta pesquisa foram em sua maioria de perspectiva moral e ética, com conteúdo de autorrespeito e valores morais relacionados à boa convivência em sociedade. Os resultados podem ser úteis à reflexão sobre as políticas públicas voltadas à promoção de acessibilidade na educação aos surdos.

Palavras-chave: ética, moral, projeto de vida, futuro, universitários surdos.


ABSTRACT

This study aimed at investigating life projects in an ethical perspective in sixteen deaf people who had enrolled in higher education. It was asked, through the Piagetian clinical method in sign language, about their future projects. The participants presented different projects of life, especially for 'professional activity, 'academic' and 'loving relationship'. The projects were mainly of type 'self-centered with self-recognition' and 'connected', implying a reflection on the value of self-recognition, mutual recognition needed and connection with the others, society and the deaf community. This community appeared as the protagonist in the projects of academic and professional activities, focused on educational inclusion specific to deaf people. It was concluded that the life projects of deaf adults of this research were mostly from a moral and ethical perspective, since they presented content of self-respect and moral values related to the good coexistence in society. The results may be useful to reflect on public policies aimed at promoting accessibility in education to deaf people.

Keywords: ethics, moral, life project, future, deaf college students.


RESUMEN

Este estudio tuvo como objetivo investigar los proyectos de vida en una perspectiva ética en dieciséis personas sordas que se habían matriculado en la educación superior. Se preguntó, a través del método clínico de Piaget, sus proyectos futuros. Los participantes presentaron diferentes proyectos de vida, destacando 'actividad profesional', 'formácion académica' y 'relación afectiva'. Los proyectos fueron principalmente de tipo "auto-centrado con reconocimiento de sí mísmo" y "conectado", implicando en la reflexión sobre el valor del auto-reconocimiento, necesaria para el reconocimiento mutuo y la conexión con los demás, la sociedad y la comunidad sorda. Esta comunidad apareció como protagonista en proyectos de formación académicas y de actuación profesional, focados en la inclusión educativa específica para sordos. Se concluyó que los proyectos de vida de los adultos sordos de este estudio fueron en su mayoría de la perspectiva moral y ética, con contenidos de respeto a sí mismos y valores morales relacionados con la buena convivencia en la sociedad. Los resultados pueden ser útiles para reflexionar sobre las políticas públicas dirigidas a promover la accesibilidad en la educación a las personas sordas.

Palabras clave: ética, moral, proyecto de vida, futuro, universitarios sordos.


 

 

Ao estudar o raciocínio moral infantil, Piaget (1932/1994) enuncia a relevância de duas tendências: heteronomia e autonomia. A heteronomia verifica-se quando a criança, coagida progressivamente pelo social, passa a submeter-se a uma moral da coação na qual normas são impostas pelas figuras de respeito, desencadeando o sentimento de deveres nas crianças. Essas relações desiguais suscitam na criança sentimentos de medo da punição e de perder o amor da figura de autoridade. À medida que as crianças experimentam relações de cooperação com seus pares, um novo sistema de valores vai sendo criado e a vontade da criança passa a ter importância em suas reflexões. A cooperação resulta em autonomia, um construto que envolve uma coletividade a quem a criança atribui valor, mas também nutre o medo de perder a consideração social; e possibilita o aparecimento da igualdade e da livre discussão entre os indivíduos.

Ao apresentar os tipos de raciocínio moral infantil, Piaget verifica a possibilidade de uma pessoa legitimar regras morais sob influência do sentimento de obrigatoriedade presente na heteronomia, como também legitimar regras em decorrência da emergência da autonomia moral, associada à reflexão e à compreensão sobre as regras para futura aplicação. Trata-se de dois movimentos qualitativamente diferentes, o que possibilita reservar à moral e à ética definições distintas, mas complementares.

Para La Taille (2006), a pergunta moral diz respeito a como se deve agir, enquanto a reflexão ética procura responder que a vida vale a pena ser vivida. Diante da variedade de sistemas morais, é possível identificar formas invariantes por meio das quais seria possível descrever o plano moral e o plano ético. No plano moral, o sentimento de obrigatoriedade é invariante, pois, para obedecermos a um conjunto de regras, é necessário experimentarmos suficientemente esse sentimento, o que é universal em todas as culturas. O plano ético ocupa-se com "avaliações pessoais a respeito de se estar vivendo, ou não, uma 'vida boa'" (p. 37, grifos do autor). Acrescenta-se, ao plano ético, a transcendência necessária à percepção de uma vida feliz, pois o sujeito configura-se como um todo e não como momentos dissociados um do outro.

Falar em avaliações subjetivas sobre a própria existência e escolhas sobre o próprio futuro resulta na menção ao sentido existencial, sem o qual não saberíamos "quais são as formas de vida que valem a pena ser vividas" (La Taille, 2009, p. 86). Esse elemento existencial deve permitir ao sujeito a experiência subjetiva de expansão de si próprio, mas isso não estaria dissociado do agir moral, pois "respeita a moral quem, ao fazê-lo, respeita a si próprio" (La Taille, 2006, p. 56). O autorrespeito é, para o autor, o elo entre os planos moral e ético, expressa a expansão de si próprio e é motivação para a ação moral. La Taille (2006) ressalta que o sujeito toma primeiramente consciência de si, das próprias características, mas também se constrói como identidade nas situações concretas da vida, conforme a práxis resultante das tomadas progressivas de consciência sobre seu estar no mundo e suas relações com outrem.

Nesse sentido, algumas investigações procuraram entender os projetos de vida de adolescentes e adultos, analisando se tais projeções vinculavam-se às perspectivas moral e ética. La Taille e Madeira (2004) verificaram que 63% dos seus participantes adolescentes não incluíram outrem nas suas respostas, apresentando projetos autocentrados. Por sua vez,Miranda e Alencar (2015) constataram que das 87 justificativas para os projetos de vida listados pelos adolescentes participantes de seu estudo, 52% eram conectadas (com a sociedade, com um grupo e com uma pessoa) e 48% eram desconectadas (da sociedade, de um grupo, de uma pessoa). No estudo de D'Áurea-Tardeli (2011) sobre a solidariedade e os projetos de vida de adolescentes, foi registrado alto percentual (82,32%) de projeções em que o outro é incluído de alguma forma. Porém, os projetos de vida que envolviam participação social e atuação solidária apareceram em apenas 23,29% das projeções.

Ainda dentro dessa temática, Abreu e Alencar (2013) pesquisaram os projetos de vida profissional de estudantes universitários da área de saúde. Verificaram que, dos 206 argumentos, apenas 13 (6,3%) apresentavam um conteúdo solidário. Os projetos de vida de 40 adolescentes com comportamentos de superdotação foram analisados por Salles e Alencar (2018). As justificativas para as projeções de si foram em grande parte do tipo 'autocentrado', com cunho individualista, que não apontaram para a expansão de si próprio no mundo e a conexão com o outro semelhante, de forma a favorecer a reciprocidade/cooperação. Esses dados parecem apontar para o fato de ser comum o processo de reconhecimento de si, das próprias capacidades e interesses, mas o reconhecimento mútuo aparece timidamente nesses estudos.

Projetar-se implica considerar o outro de algum modo. Savater (1993/2004) atribui um papel importante ao outro a quem nos vinculamos e de quem recebemos a ajuda para nos humanizarmos. E, para haver humanidade, a aprendizagem cultural de uma linguagem propiciada nos contatos humanos baseados em reciprocidade é essencial. Assim, "para que os outros possam fazer-me humano, tenho de os fazer humanos" (p. 75). Condena-se, portanto, o uso instrumental do outro, pois "dar-se uma vida boa não pode ser muito diferente, afinal, de dar uma vida boa" (p. 75).

Notadamente, a linguagem exerce função primordial na perspectiva ética e sua aquisição propicia à criança uma modificação profunda das condutas intelectuais e afetivas (Piaget, 1964/2014). No âmbito intelectual, a linguagem permite ao sujeito reconstituir as ações passadas por meio de um relato e antecipar as ações futuras por meio da representação verbal, bem como favorece os intercâmbios sociais, a aparição do pensamento propriamente dito via interiorização do signo linguístico, e a internalização da ação como experiências mentais. No âmbito afetivo, o autor considera que as consequências associadas ao desenvolvimento da linguagem ocorrem paralelamente com a constituição dos sentimentos interindividuais e uma organização mais estável da afetividade interior.

Uma vez que a linguagem ocupa lugar primordial nas perspectivas moral e ética para os sujeitos que ainda não tiveram a possibilidade de a constituírem, o desenvolvimento da capacidade de narrar-se e de projetar-se é adiado. Laborit (1994/2000), atriz francesa surda, revela que a criança surda que ainda não adquiriu uma língua estruturada sente-se só no mundo, "sem pensamento construído e sem futuro" (p. 30). O acesso à língua viabiliza a que este sujeito se torne "um ser humano comunicante, capaz de se construir" (p. 33).

O contato com pares surdos costuma ocorrer tardiamente,o que também foi constatado por Gonçalves (2017). Em seu estudo, foram analisados relatos de pessoas surdas sobre suas histórias de vida, constatando-se que o problema da falta de comunicação se inicia em casa, gerando isolamento desse ente surdo no seio familiar e impulsionando-o ao contato com seus pares surdos em espaços externos, em associações ou instituições nas quais se compartilha a língua de sinais. Conforme verificado pela autora em tais relatos, "a Libras é concebida como uma língua menor para a família que desconhece a Língua de Sinais, e isso reflete a posteriori, no desenvolvimento do próprio sujeito surdo" (p. 215).

A desigualdade nas relações entre surdos e ouvintes tem sido relatada por Andrade e Alencar (2008, 2010) em estudos que investigam a experiência de humilhação na vida de jovens e adultos surdos. As autoras apresentaram, como principal exemplo de humilhação, situações de exclusão do processo educacional, do mercado de trabalho, bem como injúrias, calúnia e difamação. Referente ao processo educacional, Martins (2016) ressalta que a partir do momento em que os surdos expõem a sua diferença linguística surge a necessidade de que estratégias pedagógicas sejam desenvolvidas de forma diferenciada, constituindo outra escola, em que se ofereça "espaço de aprendizagem e construção na diferença, por meio da visualidade que a língua de sinais marca no corpo surdo" (p. 5).

Tal escola cujos cenários pedagógicos se convertem em uma proposta diferenciada de atendimento aos estudantes surdos converge com a reivindicação da comunidade surda pelo direito a uma educação bilíngue, na qual a língua de sinais seja a língua de aprendizagem dos surdos, o que está intimamente relacionado à oficialização da língua de sinais como língua de instrução.

Com a oficialização da língua de sinais, a comunidade surda passou a reivindicar o direito por uma educação bilíngue, na qual a língua de sinais seja a língua de aprendizagem dos surdos. No entanto, considerar a especificidade surda não requer apenas a adoção da Libras no espaço escolar. De acordo com Martins, Albres e Sousa (2015), é fundamental que as classes bilíngues tenham, como central, a atuação de docentes surdos, professores bilíngues no caso de serem ouvintes, bem como pares surdos para trocas linguísticas em um processo dialógico, natural e interativo de aquisição da língua. Vale, contudo, ressaltar que esses atores devem fazer parte de uma profunda mudança educacional que pressupõe "um projeto educacional fundamentado na diferença linguística e cultural desses alunos [cujas especificidades exigirão] uma estruturação própria no seu processo educacional" (Rodrigues, 2015, pp. 133-134).

Apesar da tentativa de organizar as escolas sob a perspectiva educacional bilíngue, os professores bilíngues ouvintes, maioria em comparação com os surdos, carecem de formação linguística adequada em Libras (Finger & Flores, 2014). Os autores ressaltam que atribuir ao intérprete de Libras "o papel de único elo entre o professor ouvinte e o aluno surdo no espaço escolar" (p. 283) pode impactar o sucesso escolar dos alunos, uma vez que cabe ao docente a mediação do conhecimento a qual requer competência linguística.

Em tal contexto educacional,outros aspectos são desafiadores. Peixoto (2015, p. 155) observa que, sendo a Libras uma língua viva e em expansão, determinadas áreas do conhecimento, como a Matemática, carecem de sinais específicos, o que demanda "negociação de significados, nas trocas discursivas, dos sinais já existentes, ou a criação de outros, momentaneamente, com o objetivo de expressar e compreender conceitos" matemáticos. Carência semelhante para o ensino da Física foi relatada por Pereira e Mattos (2017). O registro escrito da língua de sinais é outro conteúdo que se propõe na educação dos surdos, por meio do sistema SignWriting que, para Breda (2016, p. 303), "pode se tornar uma ferramenta de tradução dos conteúdos necessários ao ensino-aprendizagem", funcionando como um canal de comunicação no processo educativo e como estímulo para subsequente aquisição da língua portuguesa.

Moura, Leite e Martins (2017, p. 543) constataram as expectativas de pessoas surdas concluintes do ensino médio quanto a cursarem o ensino superior, sendo esse nível educacional vinculado "à visibilidade positiva de uma carreira profissional com melhores condições de trabalho, salários mais elevados e, ainda, como alternativa de conquista financeira para auxiliar os familiares". Projetar-se na educação superior não é tarefa simples quando se trata do estudante surdo, cujas necessidades educacionais e formação prévia não são suficientes para acesso e permanência. Contudo, consideram-se caminhos alternativos para a profissionalização dos surdos, como a participação em cursos técnicos profissionalizantes. Os autores observam que "no caso dos estudantes surdos, a oferta de vagas em cursos de Letras-Libras e Pedagogia bilíngue, no Brasil, parece alargar as possibilidades da busca pela sonhada formação universitária" (p. 541).

A comunicação pode ser viabilizada com a atuação do intérprete de língua de sinais, todavia as demandas em prol da formação dos intérpretes não subtraem as tensões vivenciadas por esses profissionais para realizar traduções linguísticas. O processo de formação dos intérpretes está em franca discussão. Para Martins (2016, p. 152), tal discussão é necessária, pois compreender a atuação do intérprete de modo instrumental "além de não ajudar nas questões educacionais de surdos, mascara a subjetividade do profissional que atua em sala de aula".

Tendo apresentado aspectos relacionados às perspectivas moral e ética e questões relativas aos surdos e levando em consideração que, na literatura, estudos sobre o juízo moral e investigações sobre projetos de vida foram realizadas com participantes ouvintes, visto que não há estudos a respeito de surdos, foram investigados os projetos de vida de pessoas surdas que haviam se matriculado no ensino superior com o objetivo de identificar as perspectivas moral e ética em tais projeções.

 

MÉTODO

Participantes

Participaram 16 surdos, usuários de língua de sinais, residentes na Grande Vitória (ES) e no interior do estado, igualmente divididos quanto ao sexo e com idades entre 21 e 40 anos. Nove surdos cursavam a primeira graduação; sete haviam concluído o curso. Participaram apenas sujeitos que demonstraram competência linguística para empreender o diálogo em língua de sinais. Todos consentiram sua participação por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Foram-lhes atribuídos nomes fictícios.

Materiais

Como instrumento de coleta dos dados, empregou-se a entrevista a partir da questão norteadora "Como é você no futuro do jeito que você gostaria que fosse?", complementada por solicitação de justificativa. Utilizou-se filmadora para o registro, na íntegra, das entrevistas que ocorreram em sala isenta de qualquer tipo de interferência.

Procedimento

Por meio do método clínico piagetiano, em língua de sinais fez-se a questão norteadora e, para cada projeto listado, solicitou-se a justificativa. Foi esclarecido aos participantes que, caso não compreendessem as perguntas, deveriam sentir-se à vontade para interromper a entrevista ou solicitar novas explicações sobre as questões propostas. Com o método clínico piagetiano, foi possível ajustar a forma de perguntar para obtenção dos juízos espontâneos e desencadeados dos participantes.

As entrevistas foram realizadas, individualmente, por uma das pesquisadoras, sem o intermédio de um intérprete de língua de sinais, já que possuía experiência na comunicação em língua de sinais, embora não tivesse experiência profissional como intérprete ou tradutora de língua de sinais, nem certificado de proficiência em Libras. Essa característica pessoal foi identificada, durante estudo piloto, como informação importante para que os surdos se sentissem à vontade com a pesquisa, uma vez que demonstraram entender que a pesquisadora não tinha qualquer envolvimento com as questões próprias da comunidade surda de que faziam parte.

Esclareceu-seque as filmagens seriam transcritas e o conteúdo das entrevistas seria analisado para o estabelecimento de categorias, todavia não foi apresentado detalhamento sobre a proposta de análise, para evitar que essas informações influenciassem as respostas que seriam obtidas durante a coleta de dados.

Procedimento de análise

Primeiramente, realizaram-se leituras dos protocolos de entrevista, com intuito de identificar os juízos espontâneos e desencadeados dos entrevistados, considerando o valor da mensagem comunicada. Depois disso, foram propostas categorias de análise para as respostas e as justificativas. A resposta referente a um projeto de vida específico foi estabelecida em uma categoria de projeto de vida; por sua vez, ao serem analisadas as justificativas de cada projeto, identificou-se que elas foram em maior número em comparação com o número de projetos citados. Logo, para um projeto de vida, o participante pode ter apresentado mais de um motivo, cada qual referente a uma categoria distinta de justificativa.

A proposta de análise partiu da interpretação das justificativas sob a premissa da conexão com outrem,da desconexão de outrem e da consideração por si. Após a transcrição das entrevistas e primeira proposta de análise pela pesquisadora responsável pela coleta dos dados, as categorias foram submetidas a dois pares para avaliação. As categorias referentes à 'conexão com outrem' foram: 'autocentrado' (argumentos utilizados pelos participantes para afirmar suas características e necessidades pessoais, sem qualquer menção ao outro); 'conectado' (justificativas que apresentam relacionamento recíproco/cooperativo com o outro, sociedade ou grupo social); 'desconectado de pessoas próximas' (referência ao outro que tem proximidade com o participante como meio para conseguir a realização de um projeto, promovendo o benefício próprio em detrimento do alheio), e 'sociedade desconectada dos surdos' (alusão à sociedade como única protagonista no cenário social em detrimento dos anseios do participante surdo).

 

RESULTADOS

Em relação às projeções de si no futuro, verificou-se, dentre os participantes, uma diversidade de projetos (n=100), sendo os mais citados os de 'atividade profissional' (n=29; 29%), 'formação acadêmica' (n=26; 26%) e 'relacionamento afetivo' (n=20; 20%). Os demais dizem respeito ao acesso a 'bens materiais' (n=11; 11%), ao 'conhecimento cultural' (n=8; 8%) e à 'inclusão social dos surdos' (n=6; 6%).Para compreender de que maneira os projetos de vida dos surdos incluem o outro, é preciso analisar a Tabela 1 com as respectivas justificativas.

Na Tabela 1, verifica-se que em torno da metade das justificativas recaiu na categoria 'autocentrado', com presença de argumentos de dois tipos: 1) 'autocentrado com perspectiva hedonista', e; 2) 'autocentrado com reconhecimento de si'. As justificativas do tipo 'autocentrado com perspectiva hedonista' tinham como foco a necessidade de garantir a própria subsistência, o desejo de obter conforto e a própria satisfação pessoal através da aquisição de bens de natureza material, tais como casa, carro e dinheiro, bem como estudar determinado curso devido à duração ou ao prazer pessoal pelo conhecimento. Os argumentos denominados 'autocentrado com reconhecimento de si' estavam relacionados à capacidade de ação sobre o mundo. Trata-se, por exemplo, das explicações dos participantes sobre o interesse em se desenvolver social, cultural e cognitivamente, o que é possível por meio dos projetos de 'atividade profissional', 'formação acadêmica' e 'relacionamento afetivo'.

Em relação aos projetos de 'atividade profissional', as novas oportunidades no mercado de trabalho voltadas ao atendimento a pessoas surdas foram consideradas. A ênfase para a escolha de tais projetos estava pautada na inexistência desses ramos de atuação (professor de matemática, apresentador de TV, produtor de teatro) significando tanto oportunidades profissionais para o próprio entrevistado, quanto restrições em suas possibilidades atuais. A comunicação por meio da língua de sinais como característica pessoal influenciou um projeto de ser professor de Libras para ouvintes, e outro de tornar-se professora na faculdade de Letras-Libras.

Aprender português, conhecer outras culturas, desenvolver habilidades cognitivas para se comunicar em uma situação inesperada e provar que domina um conhecimento foram considerados nos argumentos para os projetos de 'formação acadêmica'.Projetos de relacionamento afetivo foram justificados com base na necessidade de relacionamento interpessoal, desejo de evitar a solidão e ser amado. Exemplo disto é o relato de Betina (29 anos) que pretende formar uma família "para ficar junto, feliz. Ficar sozinha é muito ruim. Eu quero conversar, bater papo, brincar, passear, estar ao lado, morar junto". Outro participante tem como projeto casar-se, pois ele deseja experimentar a sensação de ser amado por alguém, mas também ser confiável a essa pessoa.

Outra categoria evidenciada a partir das justificativas dos participantes foi 'conectado' em que a conexão com o outro foi mencionada em níveis diferentes de relação, sendo a maior parte dos argumentos do tipo 'conectado com a comunidade surda'. Em tais justificativas, alguns entrevistados ressaltaram a importância da formação dos profissionais para atuarem na educação de surdos e o aumento da oferta desses profissionais no mercado de trabalho, em resposta à escassez de professores surdos. Quando questionado sobre o motivo de cursar Física, Eduardo (26 anos) argumentou que a falta do professor surdo nessa área impossibilita o acesso dos surdos ao conhecimento; alegou, ainda, a necessidade de criar sinais suficientes para o ensino de Física em Libras, favorecendo o desenvolvimento de um raciocínio acadêmico, o acesso a qualquer escola e a formação em qualquer profissão. Também houve destaque para o aprofundamento do conhecimento da escrita de língua de sinais, conhecida como SignWriting, e assim poder transmitir esse conhecimento aos surdos.

Dentre os motivos que indicam conexão com a comunidade surda está a referência à ascensão social, à melhoria da vida dos surdos e ao desenvolvimento, sendo esta palavra constantemente utilizada. Algumas justificativas dizem respeito à experiência de sofrimento na história pessoal de educação, desejando-se, portanto, evitar que o mesmo ocorra com os surdos da geração atual e das futuras. Um participante deseja formar-se em Letras-Libras para abrir caminhos de desenvolvimento para os surdos, deixar uma marca positiva e sentir-se feliz por ter deixado uma contribuição.

Os demais argumentos qualificam os projetos de vida como 'conectado com a sociedade' e' conectado com pessoas próximas'. Projetos do tipo 'conectado com a sociedade' são aqueles por meio dos quais ouvintes e surdos são beneficiados. A conexão com a sociedade foi justificada principalmente pela necessidade de comunicação e relacionamento dos surdos com as pessoas ouvintes, de uma forma positiva, propiciando o crescimento dos ouvintes por meio do acesso à informação sobre os surdos, ao aprendizado de Libras e à formação acadêmica de futuros profissionais ouvintes que atuarão na área da surdez. Quanto à inclusão educacional, houve destaque para tornar-se professor surdo em uma escola inclusiva, para possibilitar o contato com uma sociedade plural.

Por fim, as justificativas do tipo 'conectado com pessoas próximas' abordam pessoas do convívio íntimo dos participantes com um papel de protagonismo. Das 24 justificativas mencionadas, 18 eram relacionadas ao filho já existente ou ao filho projetado. Foi predominante, para quem tem filho, a preocupação com a questão financeira e material, com o desenvolvimento cognitivo infantil, com o bem-estar e a valorização social do filho, com o vínculo afetivo e comunicativo estabelecido com o filho, mas também dele com outras pessoas, conteúdos que também foram considerados em relação aos projetos de ter filhos no futuro, todavia o aspecto financeiro foi o último considerado. As demais justificativas são relacionadas ao cuidado com os pais doentes, à influência positiva do pai nas projeções de si no futuro e à possibilidade de um casamento no futuro.

Quanto aos argumentos do tipo 'desconectado de pessoas próximas', destacam-se o desejo de casar-se com uma mulher que não contrariasse o participante e de ter filhos ouvintes que atuassem como intérpretes particulares dos pais surdos, no futuro. Conforme consta na Tabela 1, outro tipo de desconexão que apareceu nas justificativas foi a 'sociedade desconectada dos surdos', em que a desconexão parte da sociedade em relação aos surdos e também aos ouvintes. Trata-se do movimento inverso de desconexão; o participante apresenta um projeto conectado, por exemplo adotar crianças surdas, como tentativa de minimizar o impacto gerado pela desconexão da sociedade em relação ao indivíduo surdo que costuma ser preterido em situações de adoção.

 

DISCUSSÃO

Os projetos de vida de pessoas surdas que haviam se matriculado no ensino superior foram investigados com o objetivo de identificar as perspectivas moral e ética em tais projeções. Três foram os projetos mais presentes: os de 'atividade profissional', 'formação acadêmica' e 'relacionamento afetivo'.Como evidenciado, apareceram argumentos considerados como 'autocentrado com perspectiva hedonista', em relação aos quais os participantes apontaram também o prazer pelo conhecimento como forma de investimento financeiro e pessoal. No entanto, Miranda e Alencar (2015) verificaram que grande parte dos projetos de vida de seus participantes era vinculada aos 'bens materiais' e com base em argumentos que consideravam o desejo de posse material.

Se, de um lado, há projetos com argumentos puramente hedonistas, com o foco na própria satisfação, necessidade ou desejo pessoal, de outro, existem argumentos que reconhecem características pessoais necessárias à vivência do sentimento de expansão de si no mundo, como verificado nos argumentos para os projetos de 'atividade profissional', 'formação acadêmica' e 'relacionamento afetivo'. Argumentos autocentrados que extrapolam a perspectiva puramente hedonista são qualitativamente diferentes, embora ainda não se possa atribuir-lhes as características de inclusão do outro. O valor dos argumentos denominados 'autocentrado com reconhecimento de si' está relacionado à capacidade de ação sobre o mundo, o que de alguma maneira prenuncia a expectativa de emergência do outro (La Taille, 2006).

No que tange os projetos de 'atividade profissional', a inserção de pessoas surdas no mercado de trabalhos e dá prioritariamente no âmbito escolar. Para os participantes desta pesquisa que apresentaram projetos de docência em Libras, aprofundar o conhecimento e especializar-se profissionalmente parecem estar associados à ideia de tornar-se alguém que porta habilidades específicas e conquista respeito em virtude dessa característica. Tal dado também se verificou no estudo de Gonçalves (2017, p. 219) sobre o discurso de estudantes universitários surdos acerca de suas experiências na escola, família e comunidade. A autora, embora não explorasse diretamente a temática dos projetos de vida de surdos, constatou nas representações dos sujeitos surdos entrevistados "projetos de vida que compactuaram ou serviram de justificativa para apontar escolhas futuras, e a maior delas foi a docência".

Referente aos argumentos para os projetos de 'formação acadêmica', verificou-se que o investimento na própria formação se justifica pelo fato de os participantes perceberem que os surdos podem ascender academicamente. É possível que esse processo surja como resposta ao histórico de exclusão educacional no Brasil, em virtude de se ter adotado, prioritariamente, o enfoque oralista na história da educação dos surdos (Andrade & Alencar, 2008, 2010; Gonçalves, 2017).Nas justificativas para os projetos de relacionamento afetivo, em que a necessidade de vínculo com o outro foi apontada,observou-se que o outro não foi identificado como protagonista, mas também não apareceu de forma desconectada; apenas os participantes enfatizaram o sentimento pessoal de solidão e o desejo de ser amado. Os adolescentes da pesquisa de D'Áurea-Tardeli (2011) apresentaram projetos de vida de construir família, nos quais as manifestações estavam relacionadas à aspiração de construir um relacionamento feliz.

Em relação aos projetos do tipo conectado com a comunidade surda, há indicativos de que estes são uma forma de superar a si próprios, de promover o desenvolvimento dos surdos e de transformar a imagem que essas pessoas têm aos olhos da sociedade. Concernente ao anseio de cursar Física de um participante e seu alerta sobre a escassez de professores em tal área, constatou-se haver concordância com a literatura, já que a insuficiência de sinais específicos para o ensino de conceitos matemáticos foi identificada por Pereira e Mattos (2017). No que tange às explanações que apontam para a experiência de sofrimento pessoal de educação e a preocupação que o mesmo não ocorra com surdos na atualidade e no futuro, verificou-se que situação semelhante foi constatada por Andrade e Alencar (2008, 2010), e a exclusão educacional figurou entre os principais exemplos de rebaixamento. A justificativa de um participante para seu desejo em formar-se em Letras-Libras provoca uma reflexão sobre a maneira como esse participante relaciona passado, presente e futuro em sua vida, posto que ao mesmo tempo em que não relega ao esquecimento a história dos surdos, seu projeto de vida coloca em pauta a superação pessoal e coletiva. Conforme La Taille (2009), "para construir o futuro, não é prudente esquecer que terríveis erros foram cometidos" (p. 123).

No que diz respeito aos argumentos do tipo 'conectado com a sociedade', encontrou-se que, no estudo de Miranda e Alencar (2015), a conexão com a sociedade também apareceu nas justificativas, no entanto, os argumentos referiam-se à importância central da sociedade como um todo. A perspectiva ética que inclui o outro (La Taille, 2006) - no caso, o outro ouvinte para os participantes desta pesquisa - possibilita uma conexão de maior abrangência em que surdos e ouvintes têm papéis de protagonismo na sociedade, relacionando-se de forma construtiva.

Por fim, nas justificativas do tipo 'conectado com pessoas próximas', familiares e outras pessoas do convívio dos participantes foram considerados de forma central, com papel de protagonismo. Na pesquisa de D'Áurea-Tardeli (2011), sobre projetos de vida de adolescentes ouvintes, as justificativas de conexão com o outro eram em maior parte manifestações de interesse relacionadas principalmente a construir família (casar e ter filhos); em menor proporção apareceram menções relacionadas ao companheiro (a), amigos, pais e irmãos. A autora constatou que, embora a tendência humanista seja relevante nos planos de vida pesquisados, as conexões com o outro visam interesses particulares, restritos à esfera privada. No caso dos resultados da presente pesquisa, os dados parecem indicar que os participantes surdos consideram a importância da afetividade, com reconhecimento do outro num relacionamento pautado na reciprocidade, no amor, no conhecimento, no cuidado e na retribuição, elementos pertencentes às dimensões moral e ética (La Taille, 2006).

As justificativas desconectadas exibidas na presente investigação e em outros estudos (Abreu & Alencar, 2013; D'Áurea-Tardeli, 2011; La Taille & Madeira, 2004; Miranda & Alencar, 20115) consideram o outro como alguém próximo dos entrevistados que de forma instrumental possibilitará alcançar algo que beneficiará somente o participante. Já nas explanações do tipo 'sociedade desconectada dos surdos', que apareceram no presente estudo com participantes surdos, aponta-se para uma realidade social que ao longo de vários anos vem se mostrando desconectada de pessoas surdas. Tal desconexão configura-se como situações de rebaixamento, desfavorecendo o desenvolvimento cognitivo, a boa convivência em sociedade e a alteridade. Salles e Alencar (2018) também identificaram uma justificativa do tipo 'sociedade desconectada dos artistas', em que uma adolescente mencionou a não valorização do trabalho artístico pelo meio social.

Os resultados deste estudo indicam, como motivos para projetos de vida, forte presença de elementos autorreferenciais do tipo autocentrado com reconhecimento de si e argumentos de conexão com o outro, sociedade e comunidade surda. Este dado indica que as projeções de si dos adultos surdos, participantes desta pesquisa, são em sua maioria de perspectiva moral e ética, pois apresentam conteúdo de autorrespeito e valores morais que favorecem a boa convivência em sociedade.

No presente estudo, apresenta-se proposta de análise sobre o tipo e o quantitativo de projetos de vida e das respectivas justificativas de estudantes de graduação e egressos surdos, sem, no entanto, apresentar uma análise sobre os tipos de projeto por participante nem sobre a compatibilidade entre os projetos apresentados, temáticas que podem subsidiar estudos futuros. Igualmente, um estudo sobre as estratégias que os participantes pretendem empregar para a realização dos projetos faz-se necessário para verificar se um plano de ação está de fato estruturado ou se os projetos apenas figuram no campo dos possíveis.

Para uma vida ter sentido, é necessário que o sujeito participe diretamente das discussões que podem interferir no rumo da sua própria vida. Os surdos entrevistados apresentaram esse anseio, o que se verificou nos projetos de vida enumerados por eles, que foram respostas à situação que se deseja modificar, especialmente no âmbito da educação de surdos. Espera-se que esse estudo contribua com a inclusão dos surdos como protagonistas nessa discussão e que os resultados possam ser úteis à reflexão sobre as políticas públicas voltadas à promoção de acessibilidade na formação e inserção profissional dos surdos.

 

REFERÊNCIAS

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