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Psicologia da Educação

Print version ISSN 1414-6975On-line version ISSN 2175-3520

Psicol. educ.  no.52 São Paulo Jan./June 2021

http://dx.doi.org/10.23925/2175-3520.2021i52p108-119 

ARTIGOS

 

Representações sociais do professor pelo gestor

 

Social representations of the teacher by the manager

 

Representaciones sociales del profesor por el gestor

 

 

Sílvia Fernandes do ValeI; Regina Heloisa MacielII

IUniversidade de Fortaleza - UNIFOR - Fortaleza - CE - Brasil; sfvale@hotmail.com
IIUniversidade de Fortaleza - UNIFOR - Fortaleza - CE - Brasil; reginaheloisamaciel@gmail.com

 

 


RESUMO

Os gestores convivem diariamente com inúmeras demandas dentro da escola que, na maioria das vezes, estão relacionadas ao professor. o objetivo deste estudo foi identificar as representações sociais construídas pelos gestores em relação ao professor. participaram da pesquisa 5 gestores educacionais da rede de ensino municipal da cidade de mossoró/rn, os quais responderam uma entrevista aplicada individualmente. a frase estímulo foi "ser professor na atualidade". o conteúdo transcrito foi analisado com o auxílio do programa iramuteq. foi realizada a análise hierárquica descendente, que originou quatro classes: desvalorização profissional, demandas socioeducacionais, relação professor x aluno x família e competências pedagógicas. ser professor na atualidade é vivenciar um contexto com inúmeras demandas, exigindo do profissional uma formação ampla e condições de trabalho favoráveis. o professor é relacionado ao "ar que a sociedade respira", tendo em vista o complexo papel que tem a desempenhar no seu trabalho. a representação do professor afasta-se cada vez mais do paradigma tradicional, aproximando-o do paradigma emergente que propõe um profissional em constante formação para atender as políticas educacionais vigentes.

palavras-chaves: gestor; professor; representação social; profissionalismo.


ABSTRACT

The educational managers deal with several demands inside the schools on a daily basis, demands that, in most cases, are related to the teachers. the aim of this study was identify the social representations built by these managers in what concerns the teachers. 5 educational managers of public schools of mossoró (rn/brazil) took part in this study, answering an interview carried out with each one of them individually. the stimulus-phrase was being a teacher nowadays. the transcribed content was analyzed with the help of the program iramuteq. a hierarchical descending analysis was carried out, what resulted in four classes: lack of prestige, socio-educational demands, relationship teacher x student x family and pedagogical competences. being a teacher nowadays is to experience a context with several demands, demanding a professional with a broad education and favourable working conditions. the teacher is related to the "air that society breathes", when we think about the complex role they have to perform. the representation of the teacher moves away from the traditional paradigm, approximating them to the emerging paradigm that suggests a new professional, in permanent education to meet the current educational policies.

keywords: manager; teacher; social representation; professionalism.


RESUMEN

Los gestores educativos conviven diariamente con innumerables demandas dentro de la escuela que, en la mayoría de las veces, están relacionadas al profesor. el objetivo de este estudio fue identificar las representaciones sociales construidas por los gestores en relación al profesor. participaron de la investigación 5 gestores educativos de la red de enseñanza municipal de mossoró / rn, los cuales respondieron una entrevista aplicada individualmente. la frase estímulo fue ser profesor en la actualidad. el contenido transcrito fue analizado con la ayuda del programa iramuteq. se realizó el análisis jerárquico descendente, que originó cuatro clases: desvalorización profesional, demandas socioeducativas, relación profesor x alumno x familia y competencias pedagógicas. ser profesora en la actualidad es vivenciar un contexto con innumerables demandas, exigiendo del profesional una formación amplia y condiciones de trabajo favorables. el profesor está relacionado con el "aire que la sociedad respira", teniendo en cuenta el complejo papel que tiene que desempeñar en su trabajo. la representación del profesor se aleja cada vez más del paradigma tradicional, acercándolo al paradigma emergente que propone un profesional en constante formación para atender a las políticas educativas vigentes.

palabras claves: gestor; profesor; representación social; profesionalismo.


 

 

Introdução

Historicamente a docência tem sido uma das profissões mais expostas ao julgamento público. Fruto das constantes mudanças que a sociedade vive nas últimas décadas e das reformas educacionais que, direta ou indiretamente, têm colocado em questão a validade do conhecimento e atitudes do professor. Além das acentuadas transformações, o papel do professor também é questionado pelos índices de reprovação e evasão escolar que ainda lideram os altos percentuais que caracterizam a limitação do aproveitamento escolar. Gomes, Ferreira, Pereira e Batista (2013) consideram que, independentemente das transformações que ocorreram no sistema educacional, o professor tem sido e continuará sendo um elemento central na sociedade.

Nunes e Oliveira (2017) sinalizam para a ineficiência das instituições formadoras de professores que não conseguem fornecer uma formação inicial mais articulada com as transformações da sociedade. Para os autores, o setor educacional não consegue acompanhar o ritmo acelerado de mudanças que alguns setores da sociedade vivenciam, refletindo-se na prática do professor. Além disso, o professor tem de enfrentar várias dificuldades que atrapalham seu trabalho, especialmente o professor em início de carreira (OECD, 2014; Oliveira & Vieira, 2010; Gatti & Barreto, 2009).

Nesse contexto de transformações, Esteve (2009) elenca algumas mudanças que ocorreram na educação nos últimos anos: aumento das exigências em relação ao professor, inibição educativa de outros agentes de socialização, desenvolvimento de fontes de informação alternativas à escola, ruptura do consenso social sobre a educação, aumento das contradições no exercício da docência, mudanças de expectativa em relação ao sistema educativo, menor valorização social do professor, mudanças nos conteúdos curriculares, falta de autoridade e disciplina na relação educativa, escassez de recursos materiais e deficientes condições de trabalho. Com certeza, essas mudanças interferem no trabalho do professor e na qualidade da educação.

Diante desse cenário, parte-se do pressuposto de que essas mudanças influenciam as representações sociais acerca do professor, especialmente por parte da gestão, porque os gestores são, de certa forma, os "agentes hierárquicos" tanto do controle quanto da implementação das mudanças nas escolas. São os elementos cruciais na prestação de contas das metas e planos traçados pelas secretarias de educação.

Menin, Shimizu e Lima (2009) chamam atenção para o crescente número de pesquisas sobre representação social na área de educação. Destacam os autores a necessidade de pesquisas com rigor metodológico e mais profundidade mediante a diversidade de objetos de estudo. Aborda desde a questão da formação do professor (Bahia & Duran, 2013; Chamon, 2014), identidade docente (Gomes, Ferreira, Pereira & Batista, 2013) e trabalho docente (Domingos & Castro, 2017). No entanto, são poucos os estudos que discutem a representação do gestor acerca do professor.

Nesta pesquisa optou-se pela teoria das representações sociais formulada por Serge Moscovici, visto que ela retrata a natureza social e coletiva da compreensão que as pessoas têm delas mesmas, dos outros e de seu mundo (Moscovici, 2013). Através das representações sociais pode-se compreender como um grupo se apropria de um objeto social e recria coletivamente seu significado, gerando, a priori, uma orientação para sua prática e, a posteriori, uma justificativa para suas ações (Chamon, 2014). Elas se constituem em uma forma de conhecimento prático utilizada para indicar e resolver problemas do senso comum, como também, uma forma de nomear e definir os aspectos da realidade e conhecimento elaborado a um objeto e compartilhado a um conjunto social comum (Jodelet, 2001, 2009).

Tardif (2011) justifica que as práticas educativas são guiadas e estruturadas pelas representações sociais, confirmando a importância de analisar as representações sociais acerca do professor. Com base nesse aporte teórico, discute-se a representação social do ser professor construídas por gestores do ensino público da educação básica.

 

Método

Participantes

Participaram do estudo 5 gestores educacionais municipais da cidade de Mossoró (4 mulheres e 1 homem), casados e todos com 2 filhos. Como critério de inclusão, os gestores deveriam exercerem uma atividade na direção do ensino público municipal. Quanto às funções que desenvolviam, havia um prefeito, um secretário de educação, um gestor do sindicato dos professores, um gestor de uma escola e um gestor pedagógico. A idade dos participantes variou de 38 a 57 (M= 46,4; DP= 7,30). A maioria (80%) tem experiência em docência no ensino fundamental. A média de tempo de gestão foi de 8 anos (DP= 4,3). Os participantes possuem pós-graduação (3 mestres e 2 especialistas).

Instrumento

As informações foram obtidas por meio de entrevistas, agendadas e realizadas nos locais de trabalho dos gestores, com duração média de uma hora. A construção das questões levou em consideração aspectos conceituais de pesquisas com representações sociais (Moscovici, 2013; Jodelet, 2001). A questão norteadora versava sobre ser professor (representação) nos dias atuais, finalizando com exposição oralmente de sentimentos relacionados à imagem do professor. Foram solicitadas, também, informações de natureza sociodemográfica e profissional, como, por exemplo, sexo, escolaridade, idade, estado civil e o tempo que desenvolvia a função de gestão.

Os participantes foram convidados individualmente em seus locais de trabalho e, após terem acesso às principais informações sobre o estudo, declararam anuência por meio do Termo de Consentimento Livre Esclarecido - TCLE. O presente estudo se deu em conformidade com as exigências éticas e aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (Parecer nº 1.444.016), com base nos preceitos instituídos pela Resolução nº 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde (CNS). Todos os participantes foram informados sobre os objetivos e procedimentos do estudo. Para garantir o anonimato dos participantes, foram identificados por categoria profissional (Gestor) e por números (1, 2, 3, 4 e 5).

Procedimentos de análises de dados

O material textual das entrevistas foi agrupado em um corpus e, posteriormente, submetido à análise no programa de análise textual IRAMUTEQ (Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires). O programa auxilia na apreensão do objeto de pesquisa a partir de materiais textuais, promovendo maior agilidade na organização de um grande volume de dados (Camargo & Justo, 2013). Utilizou-se para análise do corpus a técnica lexicográfica de Classificação Hierárquica Descendente (CHD), que possibilita a obtenção de classes. As classes são geradas pelo programa a partir da análise de segmentos de textos em função da frequência das palavras utilizadas, com vocabulários semelhantes entre si, mas ao mesmo tempo diferentes dos segmentos de texto das outras classes (Sousa et al., 2016).

Vale ressaltar que a interpretação do significado das classes ocorre a partir da análise do pesquisador e da recuperação dos textos pertencentes a cada uma delas. Para isso, a interface do programa permite que o pesquisador recupere os textos constituintes de cada classe no corpus original, facilitando as análises subsequentes, como a exploração das associações encontradas e interpretação do conteúdo simbólico (Macêdo, Bendassolli, & Torres, 2017).

Como critérios de inclusão de elementos no dendrograma, utilizou-se como ponto de corte: o dobro da frequência média (3,5) das palavras (sete), Qui-quadrado (X2> 3,84) e nível de significância (p<0,05). Em seguida, procedeu-se à identificação de expressões-chave retiradas dos discursos dos entrevistados, que complementaram os achados da CHD e permitiram a delimitação dos discursos em categorias temáticas.

 

Resultados

A análise estatística inicial dos cinco textos (entrevistas) mostrou 554 segmentos de textos (ST, divisão padrão do programa em segmentos de 40 palavras), com aproveitamento de 77,98% do corpus total. Emergiram 19.510 ocorrências (palavras, formas ou vocábulos), sendo 2.421 palavras distintas e 1.241 com uma única ocorrência (hapax). A CHD resultou em quatro classes: Classe 1, com 130 ST (30,09%); Classe 2, com 140 ST (32,41%); Classe 3, com 76 ST (17,59%) e Classe 4, com 86 ST (19,91%). Assim, à luz das classes formadas, com base nos conteúdos das entrevistas e nos léxicos mais frequentes e mais característicos extraídos de cada classe, procedeu-se às interpretações que geraram as denominações para cada classe.

 


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Classe 4: desvalorização profissional

Esta classe representa 19,9% dos dados textuais analisados. A palavra mais significativa da classe é o termo autoridade que apresenta o maior Qui-Quadrado de pertencimento. As palavras mais frequentes são: autoridade, educação, perda, crise e reconhecer. A partir dos discursos dos gestores, foi possível compreender suas percepções acerca do professor, especialmente do que representa de fato a desvalorização e a falta de respeito relatado nos discursos. Observa-se a perda de autonomia ou de controle sobre o trabalho entre as dificuldades enfrentadas pelo professor, como ilustra o recorte da fala de um dos gestores:

Todos acham que podem dizer o que o professor deve fazer, interferindo no trabalho do professor. interferem os gestores, os órgãos públicos, ditando normas de cima para baixo e as outras instancias que deveriam dar apoio só chegam na hora da punição, de criticar o trabalho do professor (Gestor 3).

É essencial à atividade docente a autonomia e o respeito. Mas, o que se percebe bastante presente nas representações construídas em relação ao professor é uma crise de autoridade e de respeito por parte da sociedade. Relata um dos gestores (Gestor 3) que, infelizmente, existe "uma perda de sentido da autonomia, do respeito e da autoridade do professor", que acaba se refletindo no trabalho docente. Outro gestor procura justificar a causa do problema nas mudanças sociais que afetaram a dinâmica familiar: "A crise de autoridade que hoje o professor enfrenta é muito mais em razão da desestruturação familiar. Porque, quando se tinha um lar, estilo aquela família tradicional, o aluno respeitava o professor, (...) havia uma formação de valor" (Gestor 4).

Os discursos dos participantes são carregados de sentimentos, emoções e sofrimentos vivenciados nas escolas. Assim, de acordo com os participantes, as perdas ocorridas na educação, como as "salariais, de autoridade, autonomia e respeito" (Gestor 2, 3 e 4) causam danos à saúde do professor. Fato que pode promover também a falta de atratividade na carreira docente e a desistência da docência de muitos profissionais.

O trabalho do professor é muito mais do que lhe é pago. (...) Ele não tem mais o reconhecer da autoridade por parte dos alunos e da família. A gente vê muitas situações de agressão presente na escola, de alunos contra professor e de família contra professor, isso tem tirado da educação bons profissionais. É uma situação preocupante em nosso país (Gestor 3).

Tendo em vista os impactos que a falta de respeito e de autoridade causam ao professor e à sociedade, expressa o gestor com tristeza, "(...) lamento as perdas, e elas chegam a me dar certa angústia, porque a gente sabe o quanto o respeito e a autoridade são importantes na educação para formação de valores do cidadão" (Gestor 3).

Evidencia-se nas falas dos gestores o discurso antagônico disseminado na sociedade. Por um lado, reconhece a importância do professor para efetivação das políticas educacionais e, por outro lado, a perda da autoridade e baixo status social são determinantes que afetam o contexto de trabalho do professor. Conforme explicam os gestores: "Ao mesmo tempo em que a sociedade reconhece a educação como importante, um processo sério, que tem que ser muito bem pensado porque sem educação não tem saúde, sem educação não tem dignidade" (Gestor 3 e 4), por outro lado é evidenciada "(...) uma perda de respeito do professor" (Gestor 4), fruto também da imagem que a família repassa para os alunos, porque "a representação que a família tem do professor reflete no aluno, e influencia a relação do aluno com o professor (Gestor 1). Ressalta-se que muito se tem discutido quanto à centralidade do professor como agente fundamental para efetivação e sucesso das reformas educacionais.

A maioria dos gestores (4) expressa que o professor atualmente ganha bem. Eles utilizam-se como parâmetro de comparação o salário do professor da escola particular ou de um funcionário do comércio. Justificam os gestores que "o salário do professor não é tão mal assim, (...), mal remunerado é o professor da escola particular" (Gestores 4 e 5). Percebe-se certa contradição no discurso, ao reconhecer que "o professor merecia ganhar bem mais pelo que ele faz dentro da escola" (Gestor 5). Explicam que a melhoria salarial se deu em virtude da lei do piso, com isso, eles acreditam que "atualmente o professor teve avanços na valorização salarial, pois tem o piso salarial garantido" (Gestor 2). Em contrapartida, um gestor relaciona a imagem do professor à "extenuante luta para que a lei do piso seja efetivada na prática" (Gestor 3), visto que a maioria dos municípios não paga o piso salarial determinado.

Classe 1: demandas socioeducacionais

A classe 1 reteve o maior número de palavras e representa a segunda classe mais representativa (30,1%) do total do corpus analisado. Destacaram-se as palavras: profissional, papel, trabalho, formação e conhecimento.

Essa classe evidencia a representação do professor enquanto profissional, requisitado a atender uma complexidade de demandas provenientes de um contexto educacional comprometido com as mudanças e transformações sociais. Os gestores fazem referência a alguns requisitos necessários: "O professor do século XXI é um profissional bem mais consciente da necessidade de uma formação permanente para acompanhar o desenvolvimento da sociedade porque não é aquela coisa, que antes o professor ensinava o conteúdo e acabou" (Gestor 4). Mas, solicita-se desse profissional uma nova prática que se adeque às dinâmicas sociais; diante disso, é necessário "(...) um profissional que além de ensinar, eduque, que seja capaz de desenvolver diversos papéis que antes não eram exigidos para formar a criança e o jovem" (Gestor 5).

A partir dos discursos dos gestores percebe-se que a representação do professor está ancorada em várias demandas. Do ponto de vista social, o professor é convocado a se envolver com os interesses e problemas dos alunos e das famílias. Não resta dúvida que os problemas sociais se refletem na escola, às vezes em forma de agressão e indisciplina. Com isso, o professor precisa intervir, "escutando o seu aluno" (Gestor 2) para compreender a situação com a qual o aluno está envolvido e poder ajudá-lo. Reconhece a falta de habilidade do professor para lidar com o problema, explicando que "(...) às vezes, falta a sensibilidade no professor para perceber que tem alguma coisa diferente acontecendo com o jovem e só reclama do comportamento do aluno" (Gestor 5). Nesse sentido, o gestor esclarece a importância da escuta para compreender a situação.

Quando a gente vai falar com os alunos, percebe a quantidade de coisas que fazem parte do universo deles, às vezes problemas relacionados à marginalidade, às drogas, aos problemas de abuso sexual que eles vivenciam na família, e o professor precisa dar conta e trabalhar essas questões (Gestor 1).

Os gestores parecem ter uma representação de um profissional com competências que vão além do seu verdadeiro papel ou do que realmente o professor é preparado para fazer. Um profissional responsável "pela formação humana, psicológica e social da criança para suprir muitas vezes as lacunas da família e da sociedade" (Gestor 4).

No campo institucional é solicitado ao professor a participação ativa nas definições quanto aos rumos pedagógicos e políticos da escola; ele deve definir recortes adequados no universo de conhecimentos a serem trabalhados em suas aulas, participar em conselhos escolares, elaborar e gerir projetos. Como ilustra as falas dos gestores: "(...) o professor precisa atender às demandas da secretaria e da escola" (Gestor 4). Além de ações que possam garantir a aprendizagem do aluno expressada por meio "(...) da cobrança excessiva por resultados para garantir o ranking das escolas nas avaliações externas" (Gestor 3).

Quanto ao campo pessoal, o professor é o principal responsável pela sua formação profissional. Afirma um gestor que "ele é consciente que tem que estudar, se capacitar, porque sabe que é um profissional que trabalha com o cognitivo, como também ele tem que estar trabalhando com outras questões que demandam a criança e o jovem" (Gestor 4). A representação de um profissional preparado para dar conta das complexas demandas, tendo em vista que para desenvolver a docência "é necessário a mobilização de muitos saberes: os conhecimentos didáticos, sociológicos e psicológicos" (Gestor 1).

A falta da formação ou capacitação profissional é destacada como prejudicial para o trabalho do professor em função da necessidade de constatar e solucionar diariamente os problemas que afetam os alunos. Nesse sentido, um gestor afirma que "a falta de conhecimento é, na maioria das vezes, o grande empecilho para que o professor detecte o que está acontecendo de errado e ajude seu aluno (Gestor 5). Problema bastante evidenciado nas falas dos gestores, tendo em vista, que a secretaria de educação oferece formação continuada no decorrer do ano.

Classe 2: relação professor x aluno x família

A classe 2 representa 32,4% do corpus analisado, sendo a classe mais expressiva do conteúdo das entrevistas. Ela revela as relações que permeiam o trabalho docente: a relação do professor com o aluno e a família. As palavras: ficar, vir, dizer, dia, mundo, menino, querer, chegar e filho são as mais frequentes, todas associadas com significância à concepção lexical da classe (p<0,0001). Denota-se uma visão negativa, pautada em conflitos entre o professor e a família. A família exige que o professor ofereça uma boa educação, mas não compreende que para isso é necessário que o professor tome medidas mais fortes com o aluno em termos disciplinares e éticos. "Muitas vezes eu fico impressionada, quando o professor age com firmeza em sala de aula; no outro dia, a mãe já chega falando que procurou o conselho tutelar, está lá dentro da escola questionando as atitudes do professor" (Gestor 4).

Considere-se importante uma relação positiva entre professor e família no contexto escolar, tendo em vista a influência que as representações elaboradas e propagadas pelas famílias sobre o professor influenciam a relação do aluno com o professor. Explica o gestor que "(...) A gente percebe quando a família apoia o professor, ajuda na aprendizagem, porque a criança age de um jeito, respeita, mas a família que não respeita o professor, a criança apresenta a mesma postura" (Gestor 1).

Também se constata nos discursos dos gestores uma representação do professor tradicionalmente atribuída ao cuidar, orientar, educar como atividades que competem à família (pai e mãe). As palavras: turma, pai, meta, mãe, falar e sala de aula também estão associadas com significância à classe (p<0,0002) e revelam uma imagem tradicional da docência. Explica o gestor que, "o professor é pai, é mãe, é amigo, ele junta um pouco de tudo, porque é uma pessoa muito importante para sociedade, para as pessoas com as quais eles lidam" (Gestor 1). São representações que ultrapassam a relação profissional do professor, exigindo-lhes novos papéis para os quais não são formados. Nesse sentido, explica o Gestor 2 que "O país infelizmente vem enfrentando a questão da droga, que vem destruindo as famílias, e vejo o professor como um segundo pai ou mãe, como se fosse um membro da família para ajudar, porque ele quer o melhor para o menino".

Mediante os discursos dos gestores, verifica-se a existência de uma relação tensa e conflituosa entre professor, aluno e família e essa representação é disseminada pela sociedade. Por outro lado, nessa classe também se encontra uma representação mais positiva que se sobrepõe aos conflitos e falta de diálogo entre pais, alunos e professor. Uma imagem ancorada em uma relação saudável, positiva, amorosa e necessária, que transcende o papel de um profissional para um amigo, aquele que acompanha seu aluno nas horas de dificuldade, que conhece a vida do seu aluno, que está disposto a orientar o aluno a qualquer hora, a ponto de nunca ser esquecido pelo aluno. "Pode passar anos, por onde o aluno andar, sempre vai lembrar aquele professor" (Gestor 5).

Classe 3: competência pedagógica

Por fim, a classe 3 englobou 17,59% do corpus analisado. As palavras mais representativas da classe, a partir do critério de inclusão descrito anteriormente, foram os vocábulos: aprender, ano, trabalhar, profissão, pessoa e conseguir, revelando, portanto, elementos relacionados às habilidades e competências que o professor necessita para desenvolver seu trabalho.

O trabalho cotidiano do professor é um ato que engloba vários aspectos: prática pedagógica, estrutura organizacional, valores, métodos, organização, entre outras. Essa classe mostra uma representação do professor como alguém que se preocupa com todas as etapas do processo ensino-aprendizagem, aquele profissional que planeja, pensa e repensa a estrutura da sua aula para que os alunos aprendam de forma adequada. Para isso, explicam os gestores que o professor tem que "planejar, tem que fazer seu plano, tem que preparar seu material para entrar em sala de aula, sabendo o que vai ensinar" (Gestor 1). O planejamento é algo fundamental para que o professor "(...) chegue ao final do ano e consiga atingir seus objetivos" (Gestor 5).

É um profissional responsável em formar pessoas críticas e reflexivas, promovendo atividades para que o aluno compreenda efetivamente os conceitos e se aproprie de conhecimentos que possibilitem a criação de relações sociais: "Para que o aluno não aprenda apenas a vomitar o conteúdo que é passado para ele, ou só ensinar o que ele tem que fazer nas provas (Gestor 3), nem tampouco "só ensinar a escrever e a ler as palavras" (Gestor 1), mas desenvolver um trabalho reflexivo, com base no diálogo, no questionamento.

As competências necessárias para desenvolver um bom trabalho pedagógico não são tão simples. Percebe-se que a formação inicial ainda deixa muitas lacunas e quando o professor se depara com a sala de aula, sente as consequências. Esclarece o gestor que:

Por muitas vezes tenho recebido pessoas concursadas para trabalhar, assim fresquinhas, que saíram da universidade há pouco tempo, aí entram na sala de aula e sofrem muito quando se deparam com a dinâmica da escola. (...) Ser professor dá muito trabalho porque é necessário ter vários conhecimentos, vários saberes e competências (Gestor 1).

Por fim, foi solicitado aos gestores que encerrassem seu discurso com apenas uma frase que representasse o professor. O conteúdo representacional está ancorado em um contexto de demandas e grandes expectativas relacionadas ao docente. Os gestores atribuem ao professor a responsabilidade de propagar esperança de melhorias para sociedade, visto que "é um instrumento que transmite perspectiva de futuro, capaz de dar esperança à criança e ao adolescente" (Gestor 3), comparando o professor a um "salvador da pátria", capaz de "modificar a vida das crianças" (Gestor 5). Evidencia-se um discurso carregado de sentimentos de gratidão e reconhecimento pelo papel desempenhado, pelo qual os gestores veem o professor "como um mestre que tenho muito respeito, um dos principais profissionais que a prefeitura tem" (Gestor 2). Partindo para o extremo, o professor é "o ar que a sociedade precisa para sobreviver" (Gestor 4). Assim, verifica-se no discurso dos gestores uma representação do professor que ultrapassa as competências profissionais, representando-o como uma referência na vida das crianças, igualando sua conduta à função de "(...) pai, mãe, um pouco de tudo. O professor é essencial na vida das pessoas" (Gestor 1).

 

Discussão

Na percepção dos participantes deste estudo, falar sobre o professor e sua função foi algo fácil, uma vez que esses profissionais fazem parte de seu cotidiano e a maioria dos gestores entrevistados é professor por formação e já assumiu a docência em sala de aula. Diante disso, ao expressar a representação do professor, os gestores falam de si mesmos, de suas inquietações, de suas experiências, sentimentos e desafios.

Entre os desafios relacionados ao exercício da profissão, os gestores enfatizaram a perda de autonomia, falta de controle sobre o trabalho, a crise de autoridade e respeito. Situações que afetam negativamente a imagem pública do professor e levam à percepção de uma profissão desvalorizada (Alves-Mazzotti, 2011).

Dieb, Carvalho e Vasconcelos (2015) analisaram a representação do professor divulgada pelo Facebook e constataram que a docência não é vista como uma profissão, que o professor é símbolo de desprestigio social e de um trabalho exaustivo e estressante. Pode-se inferir que essa representação está ancorada na crise de autoridade, na violência e na indisciplina presentes nas instituições escolares. Merece ressaltar que essa crise não deve ser analisada isolada, mas interligada a outros problemas sociais que contribuem para as deficiências da educação.

A questão salarial aparece com duas conotações opostas. Por um lado, um grupo de gestores (minoria) enfatiza as perdas salariais como um processo inerente à profissão do professor, em contrapartida, outro grupo (maioria) afirma que o professor atualmente ganha bem. Vale ressaltar que esse último grupo compara o salário do professor com o de profissões que não exigem certo grau de escolaridade.

Não é objetivo deste estudo apresentar uma representação homogênea do objeto pesquisado. Até porque no ato de representar um objeto estão envolvidas experiências particulares da vida e inserções específicas da sociedade que são grandes influenciadores das representações (Silva, Dias, & Araújo, 2016). Dessa forma, as pessoas não agem, pensam e vivenciam um fato da mesma forma.

No cotidiano do seu trabalho, o gestor lida com as mediações de conflitos que surgem no contexto escolar entre professor, aluno e família, fator que parece levar a uma representação negativa do professor. Em suma, os gestores ancoram a imagem do professor ao contexto de desafios, relacionados à crise da autoridade, indisciplina, falta de respeito, entre outros, justificado pelo maior percentual de representatividade (32,4%) entre as quatro classes geradas a partir do discurso dos gestores.

É notória a presença do problema da autoridade docente nos discursos relacionados ao contexto educacional. Fato que merece destaque porque a indisciplina é um dos grandes males da escola contemporânea e tem relação direta com a questão da autoridade (Santos & Rosso, 2012; Salvi, Salvi, & Battini, 2017). Além de que atualmente percebe-se uma defesa incondicional do aluno, independente de qual seja o conflito ou o que o motivou. Como afirma Esteve (2009), "se tudo correr bem, os pais pensam que seus filhos são bons alunos, mas se algo der errado, eles acham que os professores são maus profissionais" (p. 25). Na prática, diante dos conflitos, os argumentos do professor na maioria das vezes são desconsiderados, refletindo diretamente sobre a autonomia e a violência contra o professor.

Soares e Machado (2014) consideram que a violência contra o professor envolve elementos comportamentais, psicológicos e afetivos. Para o professor da rede particular, a violência vincula-se às relações de assédio moral (humilhações e agressões verbais) sofridas tanto por parte dos alunos como das instituições de ensino. Enquanto o professor da rede pública enfatiza as agressões físicas e depredações. Ambos concordam que a violência contra o professor é decorrente de uma desestruturação social e econômica, reflexo de uma sociedade que vive uma crise de valores e, consequentemente, gera a violência física e a violência simbólica.

Ressalta-se que a família tem um importante papel na melhoria das condições de trabalho do professor e no processo de aprendizagem dos alunos. É evidente a importância da relação família x escola (professor) (Fantuzzo, McWayne, Perry, & Childs, 2004; Nokali, Bachman, & Votruba-Drzal, 2010), pois na medida em que pais e professores se envolvem positivamente, promovem um melhor desempenho do aluno, há uma redução de eventos relacionados ao mau comportamento dos alunos, além de influenciar os problemas de condutas sociais.

As imagens e os sentidos mencionados pelos gestores acerca do professor oscilam entre um modelo tradicional e um modelo contemporâneo. Essa confusão entre as imagens do professor origina-se nas representações que a sociedade construiu desse profissional. Ao mesmo tempo, é idealizado um profissional competente, que planeja, desenvolve aulas interativas e reflexivas para garantir os direitos de aprendizagem e melhorar a qualidade do ensino. Por outro lado, encontra-se uma imagem centrada no modelo tradicional, associados pelos gestores à própria experiência como pai e mãe, que cuida, ama, com uma conduta de suprir para os alunos as lacunas deixadas pela família, fato que vem reforçar as considerações apontadas por Moscovici (2013) de que as representações sociais se referem a construções simbólicas que reúnem experiências elaboradas em diversos contextos.

Outro ponto importante expressado pelos gestores é o impacto das mudanças políticas, científicas, sociais e educacionais sobre a escola. Em seus discursos evidencia-se a representação de um profissional consciente da necessidade de uma formação e capacitação permanente para dar conta das inúmeras demandas socioeducacionais presentes nas escolas. Para isso, requer do professor ações e conhecimentos polivalentes, competência social para assumir situações conflituosas provenientes das mudanças sociais (Esteve, 2009).

As pesquisas de Gatti e Barreto (2009) e Oliveira e Vieira (2010), bem como os estudos realizados pela OECD (2014) têm mostrado as dificuldades que os professores vivenciam em sala de aula, especialmente os que estão em início de carreira. Isso mostra a necessidade de se repensar a formação inicial do professor de modo a oferecer conhecimentos para um exercício melhor da profissão. Parece ser necessário propor estratégias (formação inicial e continuada) acerca das mudanças sociais de modo a preparar o professor para lidar com o amplo conjunto de experiências inerentes ao trabalho docente e às situações que o cotidiano lhe impõem, que contemple os diferentes saberes, oferecendo também subsídios para torná-lo capaz de compreender o contexto social contemporâneo e seu papel nessa realidade, assim como habilitar-se à prática pedagógica crítica e reflexiva (Leite, 2012; Silva, Dias, & Araújo, 2016).

Diante das demandas, desafios e responsabilidades (que às vezes não são de sua competência) assumidas pelo professor, justifica-se uma representação do professor elaborada pelo gestor ancorada na figura do herói, "salvador da pátria", capaz de mudar a atual conjuntura social, "o ar que a sociedade respira". Noções estas que podem ocasionar inúmeros problemas para a gestão, que acaba por exigir desse profissional o que ele não é capaz e nem está preparado para assumir. Essa representação parece se sustentar na crença de que os alunos da escola pública só contam com o professor para livrar-se da exclusão social ou da marginalidade. É importante enfatizar que em um contexto de inúmeras atribuições, o professor acaba por deixar de realizar adequadamente a essência do seu papel, o de agente favorecedor da construção do conhecimento pelo aluno, além de ser culpabilizado pelas falhas que acontecem na aprendizagem (Alves-Mazzotti, 2008; 2011).

 

Considerações finais

Os indícios encontrados no corpus desta pesquisa sugerem que as representações dos gestores em relação ao professor transitam nas ideias ou crenças que cada gestor tem vivenciado durante o processo de sua formação, na sua prática, permeada por conflitos e diversidade de relações. Neste estudo, o contexto escolar tem grande influência, visto que é o espaço de convivência desses dois profissionais: o gestor e o professor, que trazem para seu convívio social e escolar suas peculiaridades e culturas. Levando em consideração a função que desenvolve, é competência também do gestor estar preparado para buscar alternativas que atendam o interesse de todos e principalmente compreender que o sucesso escolar depende da participação do professor e para isso é necessário oferecer condições para se desenvolver um bom trabalho.

A representação social elaborada pelos gestores acerca do professor ultrapassa a principal função docente: promover a aprendizagem. Os discursos sobre o professor adentram temáticas relacionadas aos impactos sobre a rotina docente promovidas pelas mudanças da legislação, a preocupação com as competências necessárias para atender às demandas socioeducativas e um contexto de tensões e desafios vivenciados pelos educadores. São representações respaldadas por imagens positivas e negativas. Do lado positivo aparece o profissional competente, preocupado com seus alunos e ocupando funções complementares à dos pais dos alunos. Do lado negativo aparece um profissional tenso e em conflito com pais e alunos.

Ser professor, portanto, é uma amálgama de três especificidades que parecem diferenciar a profissão docente das demais. A especificidade acadêmica, que trata dos saberes e do saber fazer, que remete à construção do conhecimento, à necessidade de competências para desenvolver seu ofício. Uma especificidade pedagógica/humanista, que remete à vocação, daquele que cuida, acolhe e orienta ou se refere à missão transcendente de salvar as crianças dos problemas sociais, formar cidadãos pensantes e transformadores de realidades. Por outro lado, o contexto atual impõe enormes desafios profissionais que, consequentemente, afetam o trabalho docente, como a desvalorização profissional e a conflituosa da relação professor, família e aluno. Nesse cenário, é possível classificar a docência como uma profissão complexa, caracterizada pela incerteza e pela ambiguidade das funções (Morin, 2011).

As representações sociais construídas sobre o professor expressam as inúmeras demandas e problemas que cerceiam o cotidiano desse profissional, solicitando dos docentes muitos esforços físicos e psicológicos, sem as devidas condições de trabalho. É um equívoco pensar que o professor possa sozinho assumir a responsabilidade de uma pedagogia de resultados, respaldada pelas mazelas sociais. Diante desse conteúdo representacional é possível compreender porque os gestores finalizam suas falas exaltando esse profissional como sendo "o ar que a sociedade precisa para sobreviver".

É necessário ressaltar que os participantes deste estudo diariamente sofrem pressões da Secretaria de Educação, especialmente por melhores resultados. Para isso, o gestor tende a sensibilizar o professor para atingir resultados, compartilhar experiências, inovar suas aulas e trabalhar em equipe, visto que as pressões são compartilhadas com o professor que, de certa forma, é responsabilizado pela qualidade do ensino.

Merece atenção o fato de que o professor é reconhecido como um profissional que requer ampla formação e um modo de atuação profissional que necessita o uso de vários recursos. Na maioria das vezes, seu processo de formação não consegue articular teoria e prática, ou seja, não dá conta das novas dimensões de atuação que se têm exigido do professor, como lidar com as demandas da sala de aula, além de que a formação que a instituição oferece (nesse caso, a Secretaria Municipal de Educação) não é a formação desejada pelo professor. Cabe ao docente apenas participar, como uma forma de pontuar em horas de capacitação para sua mudança de nível. Vale ressaltar a necessidade de um olhar para a implantação dos programas de formação continuada, na maioria das vezes sem considerar a percepção/voz do próprio professor.

Mediante as discussões, é necessário se pensar em novas ações ou políticas públicas que ofereçam um contexto de trabalho menos estressante e mais prazeroso, com formações que atendam as reais necessidades existentes no contexto escolar e possa dar conta da atual complexidade da prática docente, para que o professor possa experienciar o verdadeiro prazer da relação com o aluno e a família, e com os processos envolvidos no exercício da docência.

Esta pesquisa sinaliza para a necessidade de um aprofundamento com outros atores sociais que fazem parte do processo educacional, para uma melhor compreensão das representações sociais acerca do professor, buscando outras vozes e outros sentidos atribuídos ao objeto de estudo, pois, como afirma Sá (1998), as representações são difusas, fugidias e multifacetadas.

 

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Recebido em: 31 dez. 2017
Aprovado em: 26 jul. 2021

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