EDITORIAL

Gostaríamos de dividir com os leitores o imenso prazer que é para nós estarmos escrevendo o Editorial deste primeiro número da Revista da ABOP. A Revista é o resultado de um sonho de há muito tempo. Um sonho e uma construção esmerada persistente.

A ABOP foi criada a partir de um grupo de orientadores reunidos no I Simpósio Brasileiro de Orientação Vocacional & Ocupacional, realizado em Porto Alegre. Foi desejo e realização coletivos. Naquele momento nos identificávamos, travamos contato com os trabalhos uns de outros e dividíamos a sensação de trabalharmos, cada um de nós, sós. A partir daí, percebíamo-nos como pertencentes a um grupo de pessoas interessadas nos mesmos temas, com preocupações sociais semelhantes, com as mesmas ansiedades e, principalmente, com a mesma dificuldade de encontrar uma literatura atual e diversificada que munisse o nosso trabalho dando a ele possibilidade de se desenvolver para além dos limites estabelecidos por nossos achados isolados.

Nossos contatos têm estreitado-se nos diversos eventos realizados e através do Boletim da ABOP, pelo qual, dentro do possível, mantemos nossos associados informados acerca das atividades de nossa área em termos de eventos, literatura, artigos.

Num primeiro momento, nossas inquietações giravam em torno de nosso próprio trabalho, isto é, as questões básicas centravam-se nas dúvidas sobre aspectos envolvidos na escolha, perspectivas teóricas e práticas de trabalho, se estávamos no caminho certo, como trabalhavam os colegas ... Passado este primeiro momento de "mapeamento" da OP no Brasil, já no 11 Simpósio Brasileiro de Orientação Vocacional & Ocupacional, realizado em São Paulo, nossas questões centrais passaram a girar em torno das diversas práticas de OP, serviços de orientação, instrumentos utilizados mas já com uma preocupação maior em situar nosso papel na sociedade como um todo. A partir deste momento, começamos a contextualizar a OP dentro das práticas sociais, o que, para nós, representa grande avanço teórico e técnico. A OP toma corpo e é chamada a se posicionar e a enfrentar os mais diferentes campos de trabalho. Novas frentes estão surgindo, como a realização da OP com o contingente marginalizado socialmente, a inserção de programas de OP / Planejamento de Carreira dentro de empresas, preparação para aposentadoria, propostas de trabalho no caso de programas de demissão voluntária ou re-engenharia, programas de gestão de Qualidade Total, programas de atualização para profissionais cujas tarefas mudem radicalmente com a introdução dos sistemas de informática etc. Nossa tarefa, que parecia restringir-se a uma orientação para a escolha de um curso universitário ampliou-se de tal modo que nós mesmos, orientadores profissionais, necessitamos urgentemente de reciclagem e readaptação constante de nosso conhecimento.

Esta Revista pretende ser o veículo destas discussões e, conseqüentemente, dos marcos de desenvolvimento de nossa área.

Mas a Revista da ABOP só agora torna-se realidade presente graças à confiança em nós depositada pelos autores dos trabalhos que nos foram enviados, cuja publicação honra este primeiro número por sua qualidade e seriedade científica, apresentando novas perspectivas teóricas e práticas que virão em muito enriquecer a Orientação Profissional. A cada um deles estamos profundamente gratos.

Com a Revista, a ABOP acredita dar um passo importante na direção, da concretização de seu maior objetivo que é o desenvolvimento com qualidade de nossa área. Para tanto, contamos com a apropriação deste veículo pelos associados e por todos os profissionais da área que possam contribuir com seu conhecimento às nossas discussões.

Dulce Helena Lucchiari
Editora

Maria Célia Pacheco Lassance
Presidente da ABOP