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Psicologia: ciência e profissão

versão impressa ISSN 1414-9893

Psicol. cienc. prof.  n.0 Brasília dez. 1979

 

Prólogo

 

 

Já em franco desenvolvimento de suas atividades, o Primeiro Conselho Federal de Psicologia me encomendava a elaboração de urna HISTÓRIA DO CONSELHO. Era o ano de 1975.

Por acreditar ainda muito cedo para se fazer história com os caracteres de isenção de ânimo, frieza de análise e objetividade absoluta de informação, fui deixando para mais tarde o início da empreitada, na certeza de que só os pósteros é que poderiam emitir parecer sobre homens e obras que, sem dúvida, merecem a admiração de todos e o aplauso da classe inteira, por quanto realizaram em favor da Profissão e da Ciência psicológicas.

Ademais, o Conselho Federal desponta dentro de um contexto histórico e numa moldura cultural, dos quais é o resultado necessário e a necessária síntese. Sua história, por consequência, resultará de urna profunda e intensa pesquisa de documentos que, no Brasil já trazem as marcas dos séculos, pois, têm raizes nas primeiras atividades acadêmicas das Faculdades de Medicina da Bahia e do Rio de Janeiro, onde, em se filosofando, se haveria de deparar com a vetusta Psicologia Racional, berço primeiro e seio gerador da Psicologia Científica. Através dela, de fato, impulsionada pelas contribuições das ciências de experiência e afins, é que, em 1879, dava seus primeiros passos a Psicologia Científica.

Em 1978, quando da reunião do Conselho Federal de Psicologia, em Belo Horizonte, urna preocupação tomava corpo na mente dos Senhores Conselheiros pelo avizinhar-se da sua última etapa de atividades, como Segundo Conselho: comemorar condignamente o Centenário da Psicologia, como ciência. Foi nesse momento que, urna vez mais, fui incumbido de escrever algo de natureza histórica sobre a nossa Autarquia.

Entendendo que caberia à solicitação e á comemoração da efeméride, pelo menos, urna crônica (que mais não poderia ser feito) sobre a curta vida do Conselho, aceitei o pedido dos meus pares.

Ao começar a escrever, logo percebi, em meio á riqueza de documentos manuscritos e impressos, em meio ao produto de natureza acadêmica e de provimento de cátedra, em meio aos documentos oficiais e às notas históricas e, mais tarde, em meios ao acervo de pesquisas e de achados, que já se poderia, e mesmo se deveria, envidar esforços para publicar urna obra de fôlego sobre o passado e o presente da Psicologia no Brasil.

Nomes, obras, feitos estão, na verdade, á espera do historiador que os ressuscite e os faca acessíveis a alunos, professores de Psicologia e grande público, pondo a claro a evolução de urna Ciência e sua necessidade, sobretudo, em meio à nossa sociedade em franca mutação.

Fica o desafio lançado para todos. A história merece mais páginas para enriquecer de Psicologia seus juízos e suas informações. A Psicologia merece mais urna história, com mais fatos e mais valores, para favorecer a iluminação de sua gestação, através do tempo, entre nós.

O presente trabalho, pela sua dimensão e simplicidade, não quer ser mais que um Ensaio de Psicologia, no Brasil, com todas as lacunas de que temos consciência, quer quanto a nomes de mérito, quer quanto a obras publicadas, quer quanto a institutos, ainda hoje, em franca atividade científica. Essas lacunas se assoberbam, quando nos encontramos em meio ao acervo das Faculdades de Medicina, cujas produções mereceriam ou urna tese ou um volume sobre as Contribuições Psicológicas das suas dissertações, tamanho o seu número e significado.

Temos ciência, portanto, das carências destas páginas. Mas só as escrevemos movidos pelo interesse de informar nossos colegas de Profissão de como nasceu e se impôs, entre nós, a Psicologia e seu Conselho Profissional.

Esperamos que, em atendendo a quanto nos solicitou o Conselho Federal de Psicologia, estas páginas sirvam, modestamente, de consagração e louvor a quantos, antes de nós, fizeram ciência e a quantos, antes de nós, plantaram as raizes de urna Classe, cuja imagem e valor e unidade e privaticidade de direitos específicos precisamos entregar às gerações que, amanhã, nos sucederão.

 

Antonio Rodrigues Soares
Conselheiro Federal