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Psicologia: ciência e profissão

versão impressa ISSN 1414-9893

Psicol. cienc. prof. v.6 n.2 Brasília  1986

 

LEITURA

 

A Psicologia no 2.° grau

 

 

Regina Aparecida Loureiro Caroni

Membro da Equipe de Psicologia da Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas (CENP), órgão da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo

 

 

Psicologia no ensino de 2.º grau, coletânea organizada pelo CRP/06 e Sindicato de Psicólogos no Estado de São Paulo, Editora Edicon, 183 p. Endereço da editora: rua Itapeva, 85, CEP 01332. Sao Paulo.

Além de discutir aspectos importantes das mudanças curriculares ocorridas no ensino de 2.° grau do Estado de São Paulo, o livro Psicologia no ensino de 2. ° grau contribui para subsidiar o trabalho docente do professor de Psicologia e também registra o fruto de um trabalho conjunto realizado pela Comissão de Ensino do Conselho Regional de Psicologia / 6.ª região, Sindicato dos Psicólogos do Estado de São Paulo e a Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas, órgão da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. Pela primeira vez, envolvem-se num trabalho conjunto os especialistas de entidades de classe e de um órgão central e técnico da Secretaria da Educação, visando a um objetivo educacional.

A atuação conjunta destas três entidades vem ocorrendo de forma a estimular o processo de implantação da disciplina de Psicologia na Parte Diversificada dos currículos do ensino de 2.° grau. O Grupo de Trabalho, formado por especialistas destas três entidades, elaborou não só uma Sugestão de Conteúdo Programático, como também tem procurado — sempre que se faz necessário — sugerir e solicitar a adoção de medidas visando ao fortalecimento e à ampliação da Psicologia no 2,° grau, articulando-se com as Associações dos Filósofos e Sociólogos do Estado de São Paulo, que visam, também, à revitalização de suas respectivas disciplinas nesse nível de ensino.

O mérito de Psicologia no ensino de 2.° grau é justamente o de registrar um fato histórico-político ao ser retomada a importância das Ciências Humanas, nos currículos das Escolas de 2.° grau do Estado de São Paulo, para contribuir na formação geral de nossos jovens, além de ser um ponto de partida para uma discussão mais ampla e abrangente sobre o conteúdo que poderá ser desenvolvido junto aos educandos. Não se trata da conclusão de um trabalho, mas sim de um questionamento sobre o ensino da Psicologia no 2.° grau, sendo uma referência para a discussão da proposta curricular.

Para efeito de análise, o livro pode ser dividido, a meu ver, em três partes. A primeira delas faz a apresentação da Sugestão de Conteúdo Programático que se estrutura em torno de um tema central — o homem, enquanto ser total, que interage no mundo — composto por dez aspectos que se prestam ao desenvolvimento desse tema. Tais aspectos são: caracterização da psicologia, neutralidade científica, comportamentos aprendidos e herdados, conceito de normal e anormal, motivação humana, alienação, comunicação, emoção e afetividade, agressividade, trabalho e profissão.

A segunda parte do livro constitui-se no desenvolvimento de cada um dos aspectos da Sugestão de Conteúdo, por meio de textos elaborados pelos diferentes especialistas que proferiram palestras no Curso Psicólogo: docente no ensino de 2.° grau, realizado em outubro de 1985, em São Paulo.

Cada um dos autores discorre sobre um dos dez aspectos propostos no Conteúdo Programático, procurando fornecer uma visão geral sobre o assunto, bem como uma bibliografia para pesquisa e/ou aprofundamento do mesmo. Em um dos capítulos, sobre a necessidade de contribuições para a compreensão da adolescência, Fermino Fernandes Sisto faz uma análise crítica da literatura disponível no Brasil sobre adolescência, além de levantar questões importantes que são deixadas de lado em muitos dos estudos existentes. Apesar de este texto não se relacionar a nenhum dos aspectos inseridos no Conteúdo Programático, sua inserção é pertinente, pois é, em tese, com o adolescente que o professor irá atuar no ensino de 2.° grau.

Como o número de textos inseridos no livro é bastante grande, são deixados de ser citados a maioria deles, por absoluta falta de espaço numa resenha, mas todos trazem contribuições valiosas ao leitor e, em especial, ao professor de Psicologia.

A terceira parte do livro diz respeito ás mudanças curriculares ocorridas no Estado de São Paulo. Ao serem discutidas a problemática e a perspectiva da Psicologia no 2.° grau, colocam-se questões que devem ser enfrentadas por toda a categoria, tais como: a importância da docência no 2.° grau; a confusão de papéis entre o psicólogo que dá aula e o professor de Psicologia; e a necessidade de revisão dos cursos de licenciatura para a melhoria da qualidade do profissional que irá atuar no 2.° grau.

No último capítulo, são apresentados também os aspectos legais que envolvem a docência de Psicologia bem como suas áreas de aplicação. É válida essa colocação para que a categoria se conscientize de seus direitos, pois durante muitos anos o licenciado não se interessou ou, talvez, não lhe deram possibilidades para se interessar pela docência no grau. Ao decorrer de longos anos, esse fato acarretou distorções quanto às atribuições de aulas, nesse nível de ensino, ao licenciado de Psicologia. É hora de terse em mente que a atuação na docência é um passo decisivo para o engajamento do psicólogo no sistema educacional como um todo, tendo-se em vista que a ciência psicológica tem trazido grandes contribuições para mudanças pedagógicas.

O presente livro versa sobre uma variedade de assuntos com a finalidade de subsidiar o professor, tornando público o trabalho que vem sendo desenvolvido no Estado de São Paulo e dando conhecimento à categoria sobre a importância de lutar para que a Psicologia e suas áreas de aplicação sejam ministradas em escolas de 2.º grau pelo licenciado em Psicologia.