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Psicologia: ciência e profissão

Print version ISSN 1414-9893

Psicol. cienc. prof. vol.7 no.1 Brasília  1987

 

EDITORIAL

 

Nossa revista pode parar!!!

 

 

Aqui estamos com o n° 1/87 da Psicologia, Ciência e Profissão, que entra em seu sétimo ano de existência. Durante todo este tempo, nossa revista tem se firmado como um canal para o debate das grandes questões que afetam a prática profissional dos psicólogos, o que vem se confirmando pelo constante apoio e respeito demonstrado pela categoria.

Infelizmente, nossa revista pode parar, devido a uma grave crise que o Conselho Federal e toda autarquia vêm enfrentando, cuja causa principal pode ser resumida em poucas palavras: falta de recursos financeiros, motivada pela situação econômica que atinge toda a nação.

O quadro pode ser delineado da seguinte forma: das anuidades recebidas dos psicólogos, cada Conselho Regional repassa para o Conselho Federal cerca de 25%, em média. É com esta verba que o CFP conta para fazer frente a todas suas despesas fixas e serviços, incluindo a revista e o jornal. Por sua vez, o valor das anuidades é estipulado em Assembléias regionais, convocadas pelos respectivos CRPs, os quais submetem esse valor para aprovação do CFP.

Como é de conhecimento de todos os psicólogos, as anuidades de 87 foram fixadas em um momento de congelamento geral de preços e seu pagamento começou a ser feito em janeiro, quando o valor do Menor Valor de Referência (MVR) era o mesmo de março de 86. Com o descongelamento de preços e a volta da espiral inflacionária, ocorreu a conseqüente quebra total de previsão entre receita e despesa, de tal forma que, hoje, o CFP encontra-se absolutamente sem recursos para financiar os seus serviços, incluindo as publicações.

Para se ter uma idéia do problema, só o custo do papel usado nas publicações sofreu, no período de janeiro a abril de 87, um incrível aumento de 400%, sem contar as despesas de impressão, profissionais, porte-pago do correio etc. Analisando esta situação, que pode provocar a curto prazo a suspensão das nossas publicações, a Plenária do CFP, reunida em abril último, decidiu concentrar todos os esforços visando à manutenção de seus planos, principalmente os canais de comunicação direta com a categoria: a revista e o jornal. E para isto, só há uma saída: aumentar a receita. Neste sentido, três medidas foram aprovadas, cuja consecução, entretanto, dependerá do nível de compreensão e envolvimento dos psicólogos:

1)  veicular anúncios publicitários nos próximos números da revista;

2)  implementar a venda de assinaturas para estudantes universitários e profissionais de outras áreas (vide cupom na última página desta edição), para o que solicitamos também a colaboração dos colegas;

3)  solicitar uma taxa de contribuição extra para os psicólogos.

Das previsões feitas, mesmo que as duas primeiras medidas sejam desenvolvidas com relativo sucesso, os recursos não chegarão a cobrir a terça parte das despesas previstas para o plano existente de publicações, o qual já é bastante limitado para uma categoria como a dos psicólogos. Assim, pensou-se na terceira proposta (a contribuição extra) que parece ser a única que poderá garantir efetivamente o plano de publicações do CFP, até que no final deste ano as Assembléias regionais dos psicólogos reestudem as anuidades para 1988.

Em termos práticos, o colega encontrará na página central desta edição um cupom de depósito bancário e as respectivas instruções. Definiu-se a quantia de Cz$ 100,00 (cem cruzados), certamente modesta para os profissionais, mas de importância fundamental para a categoria.

Finalmente, deve-se ressaltar que, ao assumir tal medida, a Plenária do CFP está pressupondo que suas publicações são, em última instância, instrumentos dos psicólogos e cabe a eles também a responsabilidade de mantê-las. Acredita-se que já somos uma categoria politicamente madura para entender que não podemos prescindir de nossos canais de comunicação, principalmente num ano de Constituinte, quando as dificuldades econômicas que enfrentamos hoje não são Je nossa responsabilidade, mas sim conseqüências dos desvarios de uma classe política pouco sensível aos grandes problemas que afetam a população brasileira.

Neste momento, mais do que nunca, precisamos nos manter unidos para nos fazermos ouvir, enfrentando de forma clara e objetiva os problemas que se nos apresentam.