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Psicologia: ciência e profissão

versão impressa ISSN 1414-9893

Psicol. cienc. prof. v.12 n.1 Brasília  1992

 

EDITORIAL

 

Dos 100 anos dos pioneiros: Helena e Ulisses

 

 

Psicologia, Ciência e Profissão inicia o ano com uma reflexão sobre dois dos mais notáveis pioneiros da Psicologia Aplicada no Brasil: Helena Antipoff e Ulisses Pernambucano. Vivos fossem, estariam ambos completando em 1992 seu primeiro centenário de nascimento: Helena, em 25 de março; Ulisses, em 6 de fevereiro. Ambos profundamente éticos como profissionais, criativos, estimuladores da produção e crescimento de seus colaboradores.

Helena Antipoff, de origem russa, ex-assistente de Edouard Claparède, integrou a equipe do Instituto Jean Jacques Rousseau, sob o comando de Th. Simon e Léon Walther. Ela chegou a Belo Horizonte, em 1929, para implantar o Laboratório de Psicologia da Escola de Aperfeiçoamento Pedagógico de Minas Gerais. "Dona Helena" não deixou mais o Brasil: Minas, Rio, sobretudo Minas.

Psicóloga e educadora, fez da criança o foco de sua preocupação intelectual e afetiva. Particularmente, voltou-se para a criança "diferente", a deficiente mental, a superdotada, a portadora de problemas emocionais, a criança do meio rural. Para elas, criou - ou ajudou a criar - a Sociedade Pestalozzi, aFazendado Rosário, o Centro de Orientação Juvenil, a Casa do Pequeno Jornaleiro...

Construiu testes - entre os quais Minhas Mãos - e adaptou e padronizou muitos outros, entre os que nos anos 30 e 40 eram aplicados nos centros mais avançados.

Dedicou parte considerável de sua vida à formação de psicólogos e de professores.

Ulisses Pernambucano, médico de formação, imprimiu à sua prática psiquiátrica uma característica social, instituindo no Recife de 1930 o hospital aberto, a laborterapia, a preparação e acompanhamento da família para auxiliarem o tratamento dos pacientes.

Psicólogo, criou, em 1925, o Instituto de Psicologia de Pernambuco, o qual passou a se denominar, a partir de 1929, Instituto de Seleção e Orientação Profissional. Aliou - e fez com que seus colaboradores também aliassem - à atividade aplicada a de pesquisa. Sob sua direção, os Arquivos Brasileiros de Higiene Mental e os Arquivos da Assistência a Psicopatas de Pernambuco divulgaram estudos pioneiros, seus e de seus auxiliares, compreendendo adaptações e padronizações de testes, estudos de casos de portadores de deficiência mental - tema de um livro seu publicado em 1918 - superdotados, crianças com problemas de conduta. Estudos, ainda, de seus colaboradores médicos, entre os quais J. Lucena (sobre o comportamento dos fumadores de maconha, 1934), L. Fernandes (relações entre o surrealismo e a esquizofrenia, 1933), René Ribeiro, vários outros.

Também Ulisses Pernambucano dedicou parte considerável de sua vida à formação de professores e psicólogos.

Intercâmbio e afinidades caracterizaram em grande parte o relacionamento entre Helena Antipoff e Ulisses Pernambucano.

Psicologia, Ciência e Profissão registra o centenário dos pioneiros, entrevistando o professor Pedro Parafita Bessa e publicando o artigo de Regina Helena de Freitas Campos, sobre Helena Antipoff e de Anita Paes Barretto sobre Ulisses Pernambucano como educador.

Este número apresenta ainda trabalhos enfocando questões relacionadas a preocupações dos dois profissionais: superdotados e criatividade.