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Psicologia: ciência e profissão

versão impressa ISSN 1414-9893

Psicol. cienc. prof. v.18 n.3 Brasília  1998

 

EDITORIAL

 

 

Psicologia - Ciência e Profissão apresenta neste número um conjunto de artigos que se complementam, em sua diversidade. Instigantes, provocativos alguns, nos desafiam a pensar. Podem ser reunidos em três blocos.

O primeiro trata questões relacionadas ao projeto teórico-científico da Psicologia, diante de solicitações da prática terapêutica cotidiana. A começar pela discussão que Ana Aparecida Martinelli Braga suscita, com apoio em considerações de Freud e Lacan, em torno da duração do tratamento e de cada sessão terapêutica: "O tempo em análise!!!"

Fernando Megale ("Notas sobre a subjetividade em nossos tempos") e Roberto H. Amorim de Medeiros ("A psicanálise não é uma ciência - mas, quem se importa?") tocam em temas polêmicos. Apesar de ser a objetividade um dos pilares das construções cientificas contemporâneas, até que ponto a psicologia - como ciência e profissão - pode abrir mão da subjetividade?Até que ponto a psicanálise pode renunciar à busca de algum projeto cientifico que lhe seja adequado?

A este primeiro bloco reúne-se, ainda, a inserção de Martin Heidegger na compreensão da psicopatologia, proposta por Márcio F. Barbosa: "A noção de ser no mundo em Heidegger e sua aplicação na psicopatologia ". Sem ser uma obra recente -data de 1927-Sein und Zeit, referência principal discutida por Márcio Barbosa, foi objeto de numerosas reflexões no Brasil, nos anos 50 a 70: inclusive entre psicólogos de formação filosófica. José Gaos, em trabalho introdutório à tradução espanhola de Sein und Zeit - "El Ser y el Tiempo"-, já alude (1951)a implicações do pensamento de Heidegger em relação "à angústia e à cura ". A recente tradução brasileira - Ser e Tempo, Editora Vozes, 1995 - reacende oportunamente o debote.

O segundo bloco inclui dois trabalhos atinentes à criança. Laura dos Santos Gomes expõe "Um estudo de caso de encoprese em ludoterapia comportamental". Fabiana Wanderley de S. Moreira afasta-se do convencional: articula a simbologia de Procusto à análise da normalização do Plano Estadual de Educação de Pernambuco (1988-1991), no tangente à instituição de políticas concernentes à educação especial. O artigo em tela ("A simbologia de Procusto e a Normalização do Plano Estadual de Educação - PE - 1988-1991 ") é originado de estudo realizado pela autora, em curso de mestrado: "Expressões e silêncios do discurso Cidadania-Defíciência Mental".

Finalmente, um terceiro bloco compreende artigos que retomam a sempre oportuna discussão sobre a formação do psicólogo. Maria Teresa Castelo Branco ("Que profissional queremos formar?") estimula-nos a pensar sobre o desafio de formar o psicólogo para atua rem um mundo em mudança, quando "paradigmas científicos são rompidos, o desemprego aumenta, as pessoas adoecem no trabalho, mudam de carreira..." Maria Benedita Lima Pardo & Colaboradoras tratam a matéria de outro ângulo: a "Construção de um modelo para análise da formação profissional do psicólogo".