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Psicologia: ciência e profissão

Print version ISSN 1414-9893

Psicol. cienc. prof. vol.22 no.1 Brasília Mar. 2002

 

ARTIGOS

 

Pulsações contemporâneas do desejo: paixão e libido nas salas de bate-papo virtual1

 

 

Maria Vittoria Pardal CivilettiI, *; Ray Pereira**

I Universidade Federal Fluminense

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Esta pesquisa teve como objetivo analisar as relações afetivo-sexuais mediadas pelo computador nas salas de bate-papo virtual (chats). Utiliza, como referencial teórico, autores que analisam a contemporaneidade. Investiga o pressuposto de que os internautas podem considerar os chats como um prolongamento da vida “real”, da identidade de um sujeito unificado ou múltiplo, ou como uma configuração interativa distinta da “real”. Hipotetiza que os internautas desejarão com maior freqüência levar seus relacionamentos do “virtual” para o “real”, quando considerarem essas configurações interativas equivalentes. Foram analisados 140 questionários respondidos por freqüentadores de chats. A análise dos dados corroborou tanto o pressuposto inicial quanto a hipótese levantada. Conclui-se que a ambigüidade existente entre os usuários sobre a percepção das características interacionais do chat vem causando problemas de relacionamento, sobretudo por ocasião de sua passagem do ambiente ‘virtual’ para o ‘real’.

Palavras-chave: Contemporaneidade, Identidade, Relações afetivo-sexuais, Internet.


ABSTRACT

This study aimed to analyze new social interactions (affectionated/sexual) mediated by computer in Internet chat-rooms. The adopted theoretical perspective includes authors that study contemporaneous social conjuncture. It intends to analyze the presupposed idea that the “internauts” may consider the chat–rooms as an extension of their real “life” or a completely different environment. Its hypothesis is that the desire to turn “virtual” relationships to “real” is more frequent when computer users consider the two interactions as equivalent. A hundred and forty questionnaires answered by chat-room users were studied. The analysis of the data confirmed the presupposed idea as well as the hypothesis explained above. Therefore we were able to conclude that the existent ambiguity among the users about their perception of chat aspects has caused relationship problems, especially during the transference from the “virtual” to the “real” environment.

Keywords: Contemporaneity, Identity, Affectionated/sexual relationships, Internet.


 

 

Segundo dados da última pesquisa Cadê?/IBOPE de fevereiro de 2000, num universo de 25.000 respostas, 78% consideraram questões de sexualidade na Internet de “interessante” a “muito interessante” (http://www.ibope.com.br). Na mídia, presenciamos com freqüência os encantos e desencantos dos amores virtuais. Poucas são, entretanto, as pesquisas acadêmicas sobre o tema abordando o comportamento de usuários brasileiros.

O presente trabalho teve como objetivo investigar as novas formas de relacionamentos afetivo-sexuais mediadas pelo computador, identificando como os usuários dos chats percebem essa nova configuração interativa e quais os efeitos desta percepção sobre o desejo de passagem dos relacionamentos afetivo-sexuais do “virtual” para o “real”.

Analistas da chamada pós-modernidade (Hall, 1997; Harvey, 1998; Lyotard, 1989 e Santos, 1999), supermodernidade (Augé, 1994) ou modernidade radicalizada (Giddens, 1991) apontam para uma crise de identidade gerada por alguns fatores próprios da contemporaneidade tais como a globalização, o avanço tecnológico e as revoluções sociais. Apesar das diferentes terminologias, todos assinalam as características da efemeridade, da transitoriedade e da volatilidade como marcas do momento atual.

Alguns autores vêem com otimismo as transformações em andamento, vislumbrando a possibilidade da geração de uma “inteligência coletiva” (Lévy, 1998), uma “tecnodemocracia” (Lévy, 1995) ou ainda celebrando as vantagens que uma vida digital pode nos trazer (Negroponte, 1995).

Outros, menos otimistas, apontam os riscos do predomínio de modelos imagéticos nos quais impera a simulação (Baudrillard, 1997) e do efeito estonteante que a velocidade imprime à vida, tornando tudo fugidio, sem consistência, criando uma grande sensação de vertigem na sociedade (Virilio, 1996) .

No que concerne à relação com o saber, metáforas mais adequadas à mobilidade passam a ser empregadas, como “navegar” em “redes”, e substituem a fixidez subjacente às metáforas anteriores — “galgar a pirâmide do saber” e organizá-lo em “grades” curriculares (Lévy, 1999). Em face da quantidade de informação disponível, torna-se mais importante criar conhecimentos para novos problemas a partir da informação existente do que simplesmente saber absorvê-la com precisão. É o que Lyotard chama de criar um novo ‘’lance” (Lyotard, 1989).

A crise de identidade de que trataremos pode ser melhor compreendida desde uma visão histórica acerca de sua construção. Conforme Hall (1997), historicamente é possível identificarem-se três concepções básicas de identidade, a saber: o Sujeito Cartesiano, o Sujeito Sociológico e o Sujeito Pós-moderno.

A identidade cartesiana, para Hall (op.cit.), diz respeito a um sujeito unificado, com características inatas, permanecendo rígidas em relação a seu desenvolvimento. Esse sujeito apresenta um único centro ou núcleo interior. Também chamado de sujeito da razão ou sujeito do conhecimento, esse sujeito emerge no contexto social em decorrência de movimentos marcantes tais como a Reforma, o Protestantismo, a Renascença, as revoluções científicas e, de forma especial, o Iluminismo.

O sujeito sociológico, ou sujeito moderno, começou a se construir num momento de grandes transformações econômicas e sociais. Com o advento da indústria e o surgimento das cidades, a interação social tornou-se mais intensa. Mudaram as relações sociais e familiares e também a relação do homem com o trabalho. Enquanto o sujeito cartesiano tinha no conhecimento e na razão a sua base mais sólida, o sujeito sociológico, por sua vez, se estrutura na interação social. Naquele momento, a vida e a sociedade ganharam complexidade devido especialmente à Revolução Industrial. O sujeito cartesiano, individualista e rígido, deixa de ser o centro do mundo, passando a ser apenas parte de uma sociedade cujo controle lhe escapa.

Ainda conforme Hall (op.cit.), a terceira concepção de sujeito é construída num contexto onde tudo é efêmero. O sujeito pós-moderno possui a flexibilidade necessária em um ambiente social e tecnológico essencialmente dinâmico e veloz. Na contemporaneidade, quanto mais estável e rígida é a identidade, mais passível de fragmentação. O sujeito pós-moderno, ao contrário das concepções anteriores, não possui uma identidade única, fixa, essencial ou permanente. Ao contrário, possui ‘identidades’ editadas conforme a necessidade do contexto.

Esta última concepção de identidade encontra nas salas de bate-papo virtuais um ambiente propício, onde o sujeito pode ser aquilo que desejar, inclusive ele próprio,desde que o contexto seja conveniente. Para Hall (op. cit.), a contemporaneidade avança sem eliminar as formas de identidade anteriores. Esse fenômeno pode ser constatado na presente pesquisa, em que os bate-papos virtuais constituem território livre, onde as diferentes concepções de sujeito transitam e interagem conforme o desejo de cada um.

Para Rolnick (1995, 1997), atualmente o sujeito está exposto tanto a uma desestabilização exacerbada quanto a um apelo pela manutenção das antigas referências identitárias. Diante desse quadro, o sujeito deve produzir um perfil maleável que lhe permita transitar entre os diferentes apelos contemporâneos. Conforme essa autora, a subjetividade tenta a todo custo manter-se intacta, preservando sua configuração fixa a despeito das forças externas que a desestabilizam a todo tempo, buscando novas formas e resoluções. De um lado, o sujeito está exposto a um fluxo de mudanças e, de outro, à persistência da referência identitária. Esse quadro leva à sensação de ameaça de fracasso, despersonalização, desordem psíquica e física, o que induz o sujeito a lançar mão de um variado mercado de drogas, que produz e sustenta uma demanda de ilusão.

O sujeito, agora um “toxicômano de identidade”, usa e abusa das personalidades glamurizadas pela mídia, consumidas como próteses de identidade de efeito efêmero, mas que produzem a ilusão de estar gravitando em alguma órbita segura. A lista de drogas que sustentam a toxicomania de identidade oferece, segundo Rolnick (1997), uma lista de livros de auto-ajuda e outros tantos esotéricos, terapias milagrosas, seitas religiosas emergentes e toda uma tecnologia diet-light com suas fórmulas purificadoras, que transformam o corpo num clone de beleza impecável.

A emersão de novas identidades no ambiente virtual é ricamente explorada por Turkle (1997), para quem a Internet tem contribuído para a idéia da identidade como sendo uma multiplicidade. Para essa autora, os bate-papos virtuais permitem ao sujeito desmembrar sua identidade em várias, de forma a permitir-lhe vivenciar uma nova identidade, ou outras novas identidades de acordo com sua fantasia e desejo.

A contribuição de Turkle (1997) foi de suma importância no sentido de transpor a discussão sobre o sujeito e as identidades múltiplas para o âmbito da Internet. Rolnick (1995, 1997) e Hall (1997) descrevem o contexto social e sua influência na subjetividade, mas é Turkle quem melhor pontua as possibilidades encontradas pelo sujeito contemporâneo num contexto digital. Para essa autora, “real” e “virtual” possuem potenciais característicos, podendo um se expandir e se enriquecer com o outro e vice-versa. Dessa forma, no chat, “real” e “virtual” se encontram, fazendo emergir um laboratório de subjetividade.

Após a liberação do uso comercial da rede no Brasil, a mídia especializada surgiu e cresceu rapidamente. Vários artigos abordavam a questão dos relacionamentos afetivo-sexuais virtuais, o que influenciou significativamente a opinião pública. Nessa linha editorial, Mageste (1997) mostra que a Internet é uma trilha confortável para quem quer conhecer alguém sem se expor. Fajardo (1997) apresenta cinco histórias de pessoas ligadas à Internet, sendo uma delas a de um casal que se conheceu num chat, casando-se posteriormente. Vieira (1999), por sua vez, mostra como os relacionamentos amorosos se estabelecem nos chats, ilustrando com histórias reais que enfocam de flertes a casamentos. Pedrosa (1997) mostra um depoimento de um casal de namorados que se conheceu na rede. O autor busca um aprofundamento incluindo a opinião de psicólogos, jornalistas e usuários sobre o assunto. Mello (1998) apresenta um material mais rico, com depoimentos positivos e negativos de relacionamentos virtuais. É um dos poucos a abordar a questão do limite, o que coloca a responsabilidade nas mãos do usuário.

A matéria de maior repercussão nacional foi a de Varella (1997) sobre a história de ‘Coelhinha e Lobo’, que começou com um bate-papo virtual, evoluiu para uma louca aventura romântica, uma viagem, promessas e, finalmente, uma acusação criminal para ele e um prejuízo de cerca de 10 mil reais para ela.

A academia vem também começando a explorar o assunto (Nicolaci-da-Costa, 1998; Civiletti, 1998; Civiletti e Santos, 1997; Civiletti, Santos, Pereira e Ramos Júnior, 1998; Civiletti, 1999; Civiletti e Pereira, 1999; Pereira, 1999), embora ainda existam poucas pesquisas na área.

Esse novo espaço interativo, em sua plasticidade, constitui tanto num local de encontro, criador de “tribos virtuais” (Manta e Sena, 1997), quanto num “’não-lugar” (Augé, 1994).

Para Augé (op.cit.), se o lugar antropológico pode ser definido como identitário, relacional e histórico, criando um social orgânico, um espaço que não possua essas características poderá ser compreendido como um “não-lugar”. Nas salas de bate-papo, assim como nos aeroportos, shopping centers e estações ferroviárias, sujeitos se esbarram sem história, saboreando a alegria da desidentificação e o prazer da interpretação de um papel.

Ambígua por definição, a sala de bate-papo virtual ou chat abriga diferentes usos e interpretações. Por esse motivo, procuramos investigar as seguintes questões:

• Os usuários dos chats consideram que este ambiente interativo possui características próprias ou constitui apenas um outro meio de comunicação com as mesmas características interativas das relações não mediadas pelo computador?

• Considerar que o ambiente interativo dos chats difere ou equivale aos ambientes interativos não mediados pelo computador influencia no desejo de que a relação afetivo-sexual passe do “virtual” para o “real” ?

Partimos de um pressuposto inicial, baseado em observações realizadas nas salas de bate-papo por um dos integrantes do grupo, de que a percepção dos internautas varia ao considerar que:

• Os chats possuem uma configuração interativa igual à presencial, sendo um prolongamento da vida real, da identidade de um sujeito unificado (tipo a);

• Os chats possuem uma configuração interativa igual à presencial, sendo um prolongamento da vida real, da identidade de um sujeito múltiplo (tipo b);

• Os chats possuem uma configuração interativa distinta da presencial, estanque, sem possibilidade de contaminação pela configuração interativa considerada real e vice-versa (tipo c).

Após a confirmação empírica dessa suposição, hipotetizamos que os internautas desejarão com maior freqüência que os relacionamentos afetivo-sexuais passem do ambiente “virtual’’ para o “real” quando consideram os chats como sendo uma configuração interativa igual à presencial, um prolongamento da vida real, da identidade de um sujeito “unificado” (do tipo a) ou “múltiplo” (do tipo b) e que os internautas desejarão com menor freqüência que os relacionamentos afetivo-sexuais passem do ambiente “virtual’’ para o “real” quando consideram os chats como sendo uma configuração interativa distinta da presencial, estanque, sem possibilidade de contaminação pela configuração interativa considerada real e vice-versa (tipo c).

Como definição dos termos configuração interativa “real” e “virtual” consideramos:

Configuração Interativa “Real” — Presença de corpos físicos, contiguidade espacial e complementação da comunicação lingüística por todos os sentidos, e não apenas visão e audição. Configuração Interativa “Virtual” — Presença de equivalentes textuais digitais de “corpos físicos” e “contiguidade espacial” e equivalentes textuais digitais dos complementos sensoriais da comunicação lingüística “real”.

 

Metodologia

Sujeitos

Responderam ao questionário 140 sujeitos (internautas ou ‘sujeitos virtuais’), com mais de 18 anos, de ambos os sexos, com situação afetiva diversificada (sem relacionamento naquele momento; solteiros com parceiro fixo; casados ou vivendo maritalmente)

Os sujeitos foram contatados através de e.mails de listas públicas de endereço eletrônico de provedores que possuem salas de chat ou convidados a participar da pesquisa durante sessões de bate-papo virtual. Mediante a aceitação, o questionário era então enviado para o e.mail indicado. O plano de amostragem foi não-casual por quotas equivalentes quanto ao sexo (Levin, 1987).

Instrumento

O desenvolvimento do instrumento iniciou-se com a realização de um pré-teste visando obter a melhor forma e conteúdo do instrumento. Para esse procedimento, foram contatados via Internet alguns freqüentadores de salas de bate-papo virtual, solicitando que respondessem à primeira versão do questionário elaborado. O número almejado para a amostra do pré-teste era de 20 sujeitos, o que foi obtido. Após esse procedimento, o instrumento foi analisado a fim de verificar a sua adequabilidade ao que se desejava investigar, sendo então reestruturado posteriormente naquilo que se fez necessário.

A versão final do questionário compôs-se de 28 perguntas abertas e fechadas: cinco perguntas abordavam as características dos relacionamentos afetivo-sexuais fora da rede; cinco, as características dos relacionamentos afetivo-sexuais na rede; uma abordava a diferença das características entre os relacionamentos afetivo-sexuais na rede e fora dela; quatro investigavam a passagem dos relacionamentos afetivo-sexuais na rede para fora dela; duas tratavam das diferenças de identidade na rede e fora dela. As demais perguntas tinham como objetivo realizar uma descrição da amostra em termos de sexo, idade, escolaridade, profissão, cidade e país de moradia, tempo, freqüência e horário de acesso à Internet e situação afetiva do sujeito (sem relacionamento no momento, solteiro com parceiro fixo, casado ou vivendo maritalmente). Sete das perguntas abertas correspondiam a justificativas solicitadas para a resposta a perguntas fechadas oferecidas.

Procedimento

A abordagem aconteceu de duas formas, a saber: 1. On line – entre os freqüentadores da Estação de Bate-Papo do Universo OnLine (http://www.uol.com.br/batepapo/) e do ZAZ (http://www.zaz.com.br/chat – Atualmente, www.terra.com.br/chat) e 2. Via e.mail.

No primeiro caso o internauta estava conectado numa das estações de bate-papo, virtualmente presente numa determinada sala, conversando – teclando – com uma ou mais pessoas; foram feitas incursões em diferentes salas de bate-papo, em horários variados, objetivando assim alcançar uma amostra diversificada. Visando a não expor os possíveis candidatos, foi digitada uma mensagem e enviada reservadamente a cada pessoa da sala; nessa mensagem, curta e objetiva, o internauta tomava conhecimento da natureza da pesquisa e do endereço onde deveria solicitar o questionário, caso se interessasse pela pesquisa. Foi oferecida também a opção de receber o questionário logo em seguida à abordagem, bastando para isto que o interessado disponibilizasse naquele momento o seu e.mail.

Na abordagem via e.mail, os sujeitos receberam o questionário sem nenhuma abordagem prévia, uma vez que os endereços utilizados na pesquisa estavam disponibilizados numa lista pública, no site do Universo OnLine (/www.uol.com.br). Foram capturados cerca de 1.500 endereços para onde os questionários foram enviados gradativamente, até que se obtivesse a amostra desejada. Esse processo foi concomitante à abordagem on line.

Ao receberem o instrumento, tanto os internautas contatados on line nos chats quanto os da lista pública de e.mails receberam também um pequeno texto de abertura do mesmo, contendo informações sobre a natureza e os objetivos da pesquisa, a garantia do sigilo, a instituição acadêmica à qual os autores da pesquisa estavam vinculados e o instrumento propriamente dito. Esse texto informativo assegurava ainda o envio dos resultados da pesquisa a todos aqueles que colaborassem com a mesma.

O processo de contato, envio e retorno do instrumento respondido durou cerca de três meses.

 

Resultados

Descrevendo a amostra: A pesquisa investigou uma amostra composta de 140 sujeitos, sendo 50,7% do sexo feminino e 49,3% do sexo masculino. A escolaridade dos sujeitos se distribuiu entre nível superior (77,2%) e médio (22,1%). Com faixa de renda familiar acima de 11 salários mínimos situaram-se 79,3% da amostra. A informática e profissões correlatas corresponderam a 15,7% das atividades profissionais. A faixa etária mais numerosa, com 44,3% dos sujeitos, situou-se entre 26 e 40 anos. Metade da amostra reside nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo. Foram respondidos questionários também por internautas residentes em outros países, embora em pequeno número.

A amostra apresenta 40% de sujeitos sem relacionamento afetivo-sexual no momento. Os solteiros com parceiro fixo somam 32,9% e os casados ou vivendo maritalmente, 27,1%. O cruzamento da situação afetiva com o sexo apontou uma predominância de mulheres sem relacionamento afetivo-sexual no momento (25,7%) e de homens casados ou vivendo maritalmente (20,7%). A terceira freqüência mais expressiva foi a de mulheres solteiras com parceiros fixos.

Verificou-se que 61,5% da amostra não buscam relacionamentos afetivo-sexuais na rede, enquanto 37,1% dela procuram tais relacionamentos. O desejo de relações afetivo-sexuais na rede pelas pessoas sem relacionamento alcança um índice de 18,6%. Os casados ou vivendo maritalmente são 10,7%, constituindo-se no segundo valor mais freqüente, e para os solteiros com parceiro fixo o índice da busca é de 7,9%.

Constatou-se que 58,6% da amostra, com relação afetivo-sexual estável, tiveram outras relações fora da rede nos últimos 12 meses. Todavia, em outra questão, 53,6% dos sujeitos afirmaram que não gostariam de ter tido outras relações fora da rede no mesmo período.

Dentre os sujeitos entrevistados, 62,9% têm parceiro único fora da rede. Verificou-se serem as mulheres mais monogâmicas, com 35,7% contra 27,1% dos homens com parceira única fora da rede. Considerando a faixa etária, os mais jovens são menos monogâmicos: entre 18 a 25 anos 23% têm parceiro único e entre 26 a 40 anos, 30%.

Na rede, o ideal de monogamia encontra-se menos presente. Apesar disto, mesmo na rede, a mulher apresenta tendências mais monogâmicas que o homem (13,6% de mulheres com parceiro único e 4,3% de homens com parceiro único na rede).

Observou-se que 80% da amostra gostariam que seus parceiros fora da rede fossem únicos. Esse é o desejo de 34,3% dos homens e 45,7% das mulheres. O dado indica que tanto homens como mulheres gostariam de ser mais monogâmicos do que de fato são.

O sexo virtual já foi praticado por 45,7% da amostra, sendo que 16,4% dela já atingiram o orgasmo. Numa comparação entre os relacionamentos que ocorrem na rede e os que ocorrem fora dela, 67,1% dos sujeitos consideram-nos diferentes e 19,3% iguais.

Analisando os depoimentos: A análise qualitativa dos depoimentos registrados nas perguntas abertas demonstrou que muitos sujeitos associam a configuração interativa virtual a outras configurações interativas desmaterializadas, como o sonho e a ficção. Aparece a analogia com os contos de fada, e o desencanto de quem começou considerando as configurações interativas do virtual e do real iguais e acabou, por experiência pessoal, reconhecendo-as como diferentes:

Transformar o virtual em real é o sonho do internauta, mas a fantasia acaba e não gosto mais desta fantasia falsa, desse príncipe que vira sapo.

No início, havia sempre muita ilusão, hoje já é diferente, não deixo mais acontecer a brincadeirinha de Cinderela e príncipe encantado.

Há também quem saliente o caráter lúdico desta diferença e se divirta com ela:

É gostoso dar vazão à fantasia e interpretar vários personagens.

A pessoa que está do outro lado não sabe quem você é e tudo que você disser não vai trazer maiores conseqüências a sua vida. Em outras épocas tínhamos os bailes de máscaras em que as pessoas podiam se soltar, se beijar e até transar com quem quisessem e não ser identificadas; hoje temos a Internet; com a vantagem de ser ainda mais seguro.

A metade da amostra, que vê o ambiente virtual como equivalente ao real, percebe-o como mais uma possibilidade de conhecer pessoas e continuar posteriormente esse relacionamento fora da rede. Muitos apontam a distância como um dificultador, e alguns adotam alguns procedimentos como regra de segurança.

Na rede nem sempre estamos perto das pessoas com que conversamos o que torna inviável o relacionamento.

Só vou realmente me envolver com alguém depois de muitos meses de conversa. Posteriormente passamos ao telefone. Depois nos encontramos em lugares públicos e tento me certificar, caso realmente me interesse pela pessoa, sobre a veracidade de sua vida. Somente depois disso me envolvo fisicamente falando. Portanto para que isto ocorra é necessário muito tempo.

Embora 73.6% dos sujeitos afirmem que sempre assumem na rede as mesmas características que possuem fora dela, muitos, quando perguntados sobre que características costumam mudar, admitem que alternam entre permanecerem ‘idênticos’ ou se apresentarem múltiplos. A invisibilidade possível na configuração interativa virtual permite essa alternância.

Na maioria [as vezes] gosto de ser eu mesma. As poucas vezes que foi diferente, foi quando criei personagens para brincar, mas se começava a ficar envolvente, eu desmentia, ou então sumia e reaparecia sendo eu mesma.

Na maioria das vezes assumo as minhas características.....Só quando quero me divertir, ou apenas relaxar é que invento ser outra pessoa.

Em algumas relações me parece fundamental “sonhar” com a parceira e permitir que ela “sonhe” comigo como gostaria que eu fosse. Nessas condições, me esforço muito prá que a relação permaneça virtual. Em outras, acho fundamental ‘entregar a rapadura’ (e me parece recíproco)...Essas acabam virando reais.

Quando perguntados sobre que características costumam mudar, revelam a emergência de um novo sujeito:

É bem variável, pois quando assumo outras características é porque crio um personagem bem diferente de mim, ora mulher bem mais nova, ora uma solteira, (sou viúva), ora de outro estado, ora um homem,... depende do meu estado de espírito.

[mudo características] Tanto as físicas, quanto as de personalidade, quanto dos meus afazeres, enfim, tudo. Até meu comportamento muda e consequentemente minhas falas também. Isso é um bom treino prá ser ator!

Esse novo sujeito, múltiplo e fractal, é muitas vezes assustador.

Porque conheço muita gente pelo chat, não é possível para mim conhecer tanta gente de lugares tão variados em tão pouco tempo! Fico perdida, fora do meu “eixo”. É como se estivesse me forçando a ser algo que não sou. Ou pior, começa a parecer tudo sem formato.

São relacionamentos estranhos, você sente coisas que nunca tinha experimentado antes. É muito estranho ter orgasmo através do teclado. É bom mas é frustrante ao mesmo tempo...

Como se pode observar, os sujeitos encontram-se em diferentes momentos da passagem do sujeito cartesiano para o contemporâneo. A maior parte da amostra sem dúvida vive o ideal do sujeito unificado. Revolta-se com a mentira e não-manutenção da identidade dos outros, diz ser o mesmo dentro e fora da rede, independente da situação e do ambiente mediador. Outros percebem que existe algo diferente no ar, e assustam-se. Um único sujeito da amostra parece adotar uma atitude que estamos aqui chamando de múltipla ou fractal dentro e fora da rede.

As características pessoais na ou fora dela [rede], só podem ser estabelecidas em contexto. Dependendo do tipo de conversa que ‘rolar’, algumas características se atualizam e outras não.

Vê uma “diferença criativa e necessária entre relações virtualizadas e relações ‘corporeizadas’, e “embora goste de relações afetivo-sexuais virtuais na rede ocasionalmente, prefiro as relações não mediadas por outros suportes que não o corpo.” Reconhece que “as sensações que busco na rede são de outra ordem – jogo, sedução – que não ocorrem da mesma forma para o que convencionalmente se chama ‘real’.”

Criando Categorias: Após essas duas primeiras análises, uma leitura exaustiva das respostas ao instrumento possibilitou a criação de duas categorias, relativas ao pressuposto inicial, para exprimir como o sujeito transita entre as configurações interativas “real” e “virtual”:

Percepção das configurações interativas “real”/”virtual” como iguais – Nesta categoria, o sujeito se baseia na configuração interativa real para agir na virtual. O comportamento, as atitudes e a forma de perceber a si e ao outro no virtual são idênticas ou muito próximas do real. Nesse caso, o sujeito entra na configuração interativa virtual com os mesmos valores, crenças, padrões, conceitos e preconceitos vivenciados no real.

Percepção das configurações interativas “real”/”virtual” como diferentes – Nesta categoria, freqüentemente palavras ou expressões como “faz de conta”, “brincadeira”, “fantasia”, “sonhos” e “diversão” aparecem qualificando a configuração interativa virtual. Outras vezes, a diferença é demonstrada de forma mais explícita, como sendo um lugar favorável para se criar máscaras ou personagens, um lugar onde as pessoas mentem ou se disfarçam e se dissimulam. Alguns sujeitos elaboram a diferença com muita lucidez, conceituando eles próprios a diferença ou ainda manifestando a preferência por uma ou outra configuração interativa.

A percepção da igualdade ou da diferença entre as configurações interativas “real” e “virtual” se estabeleceu a partir da forma como o sujeito se organiza, ou se situa, em relação a essas configurações. Em outras palavras, a análise do instrumento demonstra o nível de diferenciação apontado pelo sujeito a respeito das configurações interativas real e virtual.

Os questionários foram analisados por três juizes para a realização da categorização. Vinte e três questionários não forneceram elementos suficientes para análise por não terem tido as perguntas abertas respondidas. Dos sujeitos que forneceram elementos suficientes para análise, metade demonstrou encarar o ambiente virtual claramente ou como uma configuração interativa igual ou como diferente do real, o que resultou em um acordo perfeito entre os juízes em 50% dos casos. A outra metade foi suficientemente ambígua para necessitar do desempate entre os juízes.

Após o desempate, na contagem final, novamente a amostra se dividiu eqüitativamente. Metade dos usuários dos chats na amostra considerou as regras reguladoras das interações nas salas de bate-papo virtual como diferentes das regras existentes fora da rede, enquanto a outra metade via o ambiente virtual como uma mera continuação do “real”. Dessa forma, 59 sujeitos vivenciavam os relacionamentos na rede e fora dela como pertencentes a configurações interativas iguais e 58 como pertencentes a configurações interativas diferentes. Essa proporção pouco se alterou quando considerados o sexo, a faixa etária ou a situação afetiva do sujeito.

Comprovado, portanto, nosso pressuposto inicial de que não há acordo, na percepção dos internautas, sobre a existência de uma igualdade ou de uma diferença entre as configurações interativas “real” e “virtual”, realizamos, para investigar a hipótese levantada, um cruzamento das categorias “Percepção das configurações interativas “real” / “virtual” como iguais” e “Percepção das configurações interativas “real” / “virtual” como diferentes” com a pergunta 23: “Com que freqüência você desejaria que suas relações afetivo-sexuais na rede fossem para o “real”? “.

Para melhor visualização dos resultados, as opções “nunca” e “menos da metade das vezes” foram agrupadas, assim como as opções “em mais da metade das vezes” e “sempre”, obtendo-se uma tabela 2 x 2.

O Qui-quadrado encontrado foi de 17,256 com um nível de significância maior que 0,001 e gl =1, indicando que a distribuição não se deu ao acaso. A correlação entre as variáveis, segundo o coeficiente Phi, foi de 0,40 com um nível de significância maior que 0,001.

Podemos, portanto, considerar que a hipótese foi confirmada, havendo, de fato, um maior percentual de internautas que desejam a passagem dos relacionamentos do “virtual” para o “real” quando percebem essas configurações interativas como equivalentes.

 

Discussão

Conforme os dados levantados, 37,1% da amostra investigada procuram relacionamentos afetivo-sexuais nas salas de bate-papo virtual, sendo que nesse percentual estão incluídos sujeitos sem qualquer relacionamento afetivo (18,6%), solteiros com parceiro fixo (7,9%) e casados ou vivendo maritalmente (10,7%). Esses dados demonstraram que a Internet constitui um meio de aproximação para fins afetivo-sexuais entre as pessoas. O cruzamento da situação afetiva com o sexo aponta para a repetição de um padrão de comportamento também comum fora da rede. Dentre os freqüentadores dos chats, o grupo mais expressivo é o de mulheres sem relacionamento no momento (25,7%), seguido de homens casados ou vivendo maritalmente (20,7%).

Os dados indicam ainda um ideal monogâmico entre os sujeitos (53,6%), mais acentuado entre as mulheres e na faixa etária com mais de 26 anos. Esse ideal, entretanto nem sempre se confirma, uma vez que 58,6% dos respondentes que possuem uma relação afetiva estável teve outra relação fora da rede nos últimos 12 meses.

Os relacionamentos afetivo-sexuais virtuais trazem à tona a questão da identidade contemporânea. Conforme demonstrado na introdução, a identidade é afetada pelos processos e transformações sociais, a exemplo da influência do Iluminismo na produção do sujeito cartesiano e da Revolução Industrial na do sujeito moderno.

O pressuposto inicial investigado considera o processo de transformação do sujeito na contemporaneidade quando abre a possibilidade dos chats serem um prolongamento da vida real da identidade de um sujeito unificado (tipo a), ou múltiplo (tipo b), ou mesmo a possibilidade de eles serem apenas uma configuração interativa distinta (tipo c).

Essa suposição inicial, de que as salas de bate-papo virtual permitem a emergência de uma nova configuração do sujeito fractal, múltipla e pós-moderna, e de que essa nova configuração convive, de forma pouco explicitada, com o ideal de sujeito moderno, indivisível, foi amplamente confirmada.

O fato de haver diferentes formas de percepção, variando de sujeito para sujeito e, algumas vezes, flutuando num mesmo sujeito, demonstrou empiricamente o que o referencial teórico aqui exposto delineou.

Destacou-se na amostra um único sujeito cujo perfil se mostra múltiplo tanto na configuração interativa virtual quanto na real (tipo c). Seus depoimentos denotam uma percepção clara das duas configurações e das características contextuais que as compõem. Esse sujeito é fluente quando fala em “relações virtualizadas” e em “relações corporeizadas”, extraindo de cada uma prazeres distintos.

Esse exemplo, embora único, aponta para a existência de um processo, uma transformação em curso envolvendo as identidades contemporâneas. Os sujeitos, nesse processo, encontram-se em diferentes momentos, que variam desde uma identidade cartesiana até as formas de identidade mais contemporâneas, como esse sujeito que se destacou na amostra. Certamente, o contexto contemporâneo ainda acomoda melhor as identidades mais rígidas, coerentes e previsíveis, embora essas mesmas formas de identidade já não se sustentem intactas num ambiente social em processo de transformação.

Manter uma identidade rígida num contexto em constantes mudanças torna-se um processo angustiante, que pode levar o “toxicômano de identidade” (Rolnick, 1997) a novas formas de patologia psíquica (Rolnick, 1995).

A questão da passagem dos relacionamentos afetivo-sexuais virtuais para o real foi exaustivamente investigada na pesquisa. Se a discussão sobre identidade é um tema que foge ao domínio público, por concentrar-se em periódicos científicos o que, conseqüentemente, afasta o grande público da questão, o mesmo não ocorre com a discussão sobre a passagem dos relacionamentos do “virtual” para o “real”.

O que marca essa diferença é o fato de a imprensa freqüentemente noticiar episódios de relacionamentos virtuais passando para o real. É o que pode ser visto nas matérias de Pedrosa (1997), Fajardo (1997), Mageste (1997), Mello (1998), Varella (1997), Vieira (1999), mencionadas na introdução.

A hipótese investigada foi de que haveria uma maior percentagem de desejo de passagem dos relacionamentos afetivos-sexuais do ambiente virtual para o real entre aqueles sujeitos que consideram os chats como sendo uma extensão da vida real, da identidade de um sujeito único (tipo a), ou múltiplo (tipo b), e que haveria uma menor percentagem de desejo de passagem entre os sujeitos que consideram os chats como uma configuração interativa distinta, estanque (tipo c).

Considerando-se que a amostra apresentou um único sujeito que considera o chat como sendo uma extensão da vida real, da identidade de um sujeito múltiplo (tipo b), a hipótese foi analisada para os tipos ‘a’ (os chats constituem um prolongamento da vida real, da identidade de um sujeito unificado) e ‘c’ (os chats são uma configuração interativa distinta).

A confirmação da hipótese indica que, de fato, os internautas desejam com maior freqüência levar seus relacionamentos “virtuais” para o “’real” quando percebem essas duas configurações interativas como equivalentes.

 

Conclusão

A convivência da percepção entre os internautas de que o ambiente interacional dos chats é tanto uma configuração interativa igual à do “real” (50% dos sujeitos) quanto uma configuração interativa diferente do mesmo (50% dos sujeitos) nos leva a algumas conclusões sobre possíveis causas dos sucessos e desencantos por ocasião da passagem dos relacionamentos “virtuais” para o “real”, que vemos freqüentemente na mídia.

Podemos considerar que as interações sociais humanas são regidas por normas e regras contextualizadas que necessitam ser partilhadas pelos indivíduos participantes do processo interacional.

A maior parte das interações sociais que ocorrem mediante a presença física possuem regras já consolidadas. Sabemos (ou pensamos que sabemos) o que esperar de uma interação num baile de Carnaval, num single bar ou numa reunião familiar.

Já nos chats, pelo que pudemos constatar, convivem normas e regras radicalmente opostas. As chances de encontrar no parceiro as mesmas expectativas sobre a interação são, como num jogo de cara ou coroa, de 50%.

Daí, possivelmente, a causa da igual ocorrência de casos bem sucedidos e de histórias desastrosas quando da passagem do “real” para o “virtual”. Embora um número significativo dos sujeitos aponte que deseje passar seus relacionamentos virtuais para o “real” quando considera estas duas configurações interativas iguais, nada garante que seu parceiro queira conhecê-lo pelas mesmas razões.

Como ambiente interacional novo que é, o chat abriga esta indefinição e sedução.

 

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Endereço para correspondência
Maria Vittoria Pardal Civiletti
Rua Júlio de Castilhos102/104
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Tel. / Fax.: +55-21-2287-1309
E-mail : mvittoria@bigfoot.com

Ray Pereira
http://www.psicosite.psc.br

Recebido em 05/07/00
Aprovado em 20/10/01

 

 

* Doutora pela UFRJ. Professora da Universidade Federal Fluminense.
** Mestre pela UGF. Psicólogo clínico.
1 Agradecemos ao CNPq pela bolsa concedida a Ray Pereira, e a professora Doutora Eveline Maria Leal Assmar pela cuidadosa revisão do presente artigo.