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Psicologia: ciência e profissão

versão impressa ISSN 1414-9893

Psicol. cienc. prof. v.22 n.1 Brasília mar. 2002

 

ARTIGOS

 

Especializações em psicologia: subsídios para uma discussão necessária

 

 

Roosevelt R. Starling*

Departamento de Psicologia da FUNREI

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O presente trabalho discute criticamente a proposição de áreas de especialização profissional para a psicologia. Com o propósito de oferecer um quadro conceitual que possa orientar a discussão subseqüente, algumas categorias heurísticas de análise são tentativamente propostas e algumas das propostas formais e/ou informais de especialização são discutidas à luz dessas categorias. O autor considera que a ausência de uma demonstração inequívoca e epistemologicamente sólida do caráter específico e da utilidade daquelas especializações, aliada aos riscos que uma fragmentação prematura pode trazer para a profissão, indica a conveniência de se adiar o reconhecimento formal e oficial dessas propostas.

Palavras-chave: Psicologia, Práticas profissionais em psicologia, Especializações em psicologia, Epistemologia.


ABSTRACT

This paper discusses the proposition of professional specialization areas in psychological practices. With the aim of establishing a conceptual frame of reference for the ensuing discussion, some heuristic, analytical categories are tentatively proposed and a critical analysis of a few formal and/or informal specializations, currently under consideration within the professional milieu, are offered. The author considers that the lack of an unequivocal and epistemologically solid demonstration of the distinctiveness and utility of the proposed specializations and some undesirable effects that a premature breakup could have in the profession advise the postponement of these proposals.

Keywords: Psychology, Professional practice psychology, Psychology specializations, Epistemology.


 

 

Um dos temas que tem ocupado o espaço de discussão em nossa profissão é o das especializações em psicologia. Na ausência de um quadro referencial que possa oferecer alguma orientação, o tratamento do tema corre o risco de se diluir na pluralidade das visões particulares e dos interesses individuais ou de grupos. Assim, este trabalho pretende juntar-se à discussão trazendo a contribuição de propor algumas categorias tentativas de análise, através do exame de alguns conjuntos particulares de circunstâncias (contingências) que possam influenciar a formação de especializações para os diversos grupos profissionais. A desejável pluralidade dessa discussão poderá ser mais produtiva, parece-me, se conseguirmos referi-la a um conjunto de critérios que possa oferecer-nos um fundo comum, sob o qual posamos examiná-las e buscar uma medida de integração.

Uma posição pluralista não implica em neutralidade e, assim, parece-me ser igualmente adequada e oportuna uma análise crítica dessa problemática. Nesse sentido, e lançando mão das categorias propostas, este trabalho oferece também, a título de exemplos, a análise crítica de algumas destas propostas de especialização, formal ou informalmente presentes no meio profissional.

Antes de abordarmos a questão, poderá ser útil tentar estabelecer o que, exatamente, estamos discutindo quando usamos a palavra especialização neste contexto (e doravante, neste texto, estarei usando a palavra especialização entre aspas sempre que a atividade considerada não estiver ainda regulamentada e legalmente amparada). Em primeiro lugar, vejamos o que não estamos discutindo: não estamos discutindo se tal ou qual “especialização” deveria ou não ser criada; essa discussão foi atropelada pelos fatos. “Especializações” autoproclamadas já existem às dezenas. O que podemos discutir agora é o seu reconhecimento legal, a sua regulamentação e, talvez, a possibilidade de alguma ordenação dessa situação. Estivemos inativos por bastante tempo e resta-nos, agora, correr atrás do prejuízo. Em segundo lugar e já pelo positivo, podemos estar discutindo uma acepção dessa palavra que já tem lugar firmado na academia, embora o seu status legal ainda careça, a meu ver, de melhor definição: a “especialização” numa das grandes áreas em que se subdivide a psicologia, tais como a clínica, a organizacional ou do trabalho, a social e a escolar. Em terceiro, podemos estar nos referindo à “especialização” numa das grandes orientações teóricas da psicologia, como por exemplo, a comportamental, as psicodinâmicas e as fenomenológico-existenciais. Tanto num caso quanto no outro, trata-se de campos especializados (conforme argumento mais adiante) e assim determinam, senão a necessidade, certamente a desejabilidade da especialização formal dos seus praticantes (na situação atual, um “psicanalista” ou um “comportamentalista” - ou um “psicólogo organizacional” ou ainda um “clínico” – é quem assim se proclamar, por vezes confundindo-se preferências pessoais com competência). Podemos ainda estar empregando essa palavra considerando os cursos de especialização regulamentados pelo MEC e que conferem aos seus alunos o título de especialistas, constituindo um estudo pós-graduado. Também chamados de pós-graduação lato sensu, esses cursos são amplamente oferecidos, principalmente pelas universidades e escolas particulares, com as mais diversas orientações, metodologias e proposições de particularização do objeto de estudo, algumas das quais bem podem ser consideradas como modismos ou aproveitamento de oportunidades de mercado: rendem dinheiro, e bom dinheiro, aos que as oferecem. De fato, existe uma ativa indústria especializada em explorar o mercado de jovens psicólogos por formar e recém-formados os quais, por não terem ainda perguntas bem definidas, aceitam respostas indefinidas. Podemos ainda ter em vista “especializações” tais como psicólogo hospitalar ou psiconcologista que freqüentam a academia através de uma aceitação tácita ou de uma certa inércia crítica desta última que, se não as assume de vez, também não as questiona. Um outro caso de possíveis “especializações” é o das “terapias” que se constituem com base na exploração intensiva das possibilidades terapêuticas de um estímulo e/ou contextos específicos (como, por exemplo, a arte-terapia ou a musicoterapia), mas que um exame mais acurado indica carecerem de uma articulação teórica mais abrangente que pudesse lhes dar solidez epistemológica e um caráter distintivo próprio, permitido-lhes ultrapassar o status de simples técnicas, se bem conduzidas (Bunge, 1985). Finalmente temos o fertilíssimo terreno do maravilhoso, nas “terapias” luminosas, energéticas, zoológicas, vegetais, aromáticas, minerais, musicais, dançantes, espirituais e (pasme-se!) post ante mortem, dentre uma legião de outras, cada uma delas sendo uma “especialização” em potencial.

A existência desse mosaico questionável de possíveis “especializações”, que é oferecido ao público sob a chancela geral de “práticas de saúde mental”, não é privilégio da psicologia e nem poderia ser atribuído de maneira simplista, penso, a uma ou duas variáveis explicativas, tais como à má formação profissional ou à ausência de fiscalização e coibição das instituições responsáveis. Variáveis históricas, econômicas, culturais e políticas precisariam ser consideradas para uma análise exaustiva desse fenômeno, a qual foge ao escopo deste trabalho e às qualificações deste autor. Mas enquanto essa análise não vem, é minha opinião que este quadro, longe de representar uma saudável pluralidade de visões e práticas, representa melhor uma desorientação e uma certa inconseqüência profissional que vicejam, principalmente, graças às recompensas materiais que provêm (recusemos a ingenuidade ou a hipocrisia) e, mais finamente, a um entendimento equivocado da liberdade de pesquisa e da extensão ao infinito do conceito de práticas democráticas, sobretudo no que toca as práticas ditas alternativas. Todos e cada um podem falar, estudar e defender o que quiserem, mas não podem fazer o que quiserem. Os limites situam-se, bem clara e concretamente, na possibilidade de dano a uma população leiga indefesa, como discutirei mais adiante. É perante essa população, entendo, que somos terminal e inequivocamente, pessoal e coletivamen-te,responsáveis e responsabilizáveis. Tanto quanto saiba, as instâncias que têm que se haver com o delicado problema de estabelecer esses limites são a academia e as instituições profissionais, como os Conselhos Federais e Regionais das diversas profissões. Tarefa que, no melhor, reconheça-se, não é fácil e nem isenta de zonas ambíguas, mas nem por isso negligenciável ou passível de continuas postergações ou, ainda, de ações paliativas.

Como se pode ver pelo acima, tudo indica que antes de discutirmos se uma ou outra proposição deveria ser oficializada como uma área de especialização profissional, seria urgente uma discussão anterior que nos pudesse proporcionar critérios racionais para definir o que caracterizaria uma “especialidade” e, com eles, investigar a solidez das inúmeras candidaturas em potencial. Tendo em mente que “especialização” tem como raiz especial, adjetivo dicionarizado pelo Dicionário Aurélio (1999) com as seguintes acepções: “(1) relativo a uma espécie; próprio, peculiar, específico, particular; (2) fora do comum; distinto, excelente e (3) exclusivo, reservado.“, vemos que seria um caráter exclusivo, particular, a principal característica que definiria uma especialização. É essa condição de especial a linha de corte que estarei tentando identificar nas diversas proposições aqui examinadas. Voltemos, então, a nossa questão principal: num dado campo profissional, que circunstâncias ou conjunto de circunstâncias poderiam influenciar a criação de uma nova especialização ou subespecialização? Que critérios de diferenciação, de exclusividade, tal análise permitiria estabelecer? Sem pretender uma análise exaustiva, consideremos algumas possibilidades:

• Por suas características, o fenômeno estudado (ou a sua particularização) estabelece contingências únicas e/ou muito complexas para o seu melhor manejo.

• A quantidade de informações e/ou habilidades exigidas para a intervenção eficaz no fenômeno atingiu tal monta que exige do profissional dedicação integral para a aquisição de um repertório eficaz para a intervenção.

• Os conjuntos deliberativos e/ou tecnológicos desenvolvidos para a intervenção no fenômeno são exclusivos para aquele fenômeno.

• Através de uma solução de continuidade no tratamento anteriormente dado ao estudo do fenômeno, um novo conjunto declarativo e/ou um novo conjunto tecnológico apresentam ou indicam apresentar melhores resultados para o seu manejo (Kuhn, 1987).

• O desenvolvimento – acidental ou deliberado - de um vocabulário particular, um novo campo semântico, para descrever um determinado fenômeno (comunidades verbais constituídas com base nos reforços proporcionados por tais conjuntos declarativos podem vir a seguir os caminhos tradicionais que a cultura oferece para garantir uma continuidade dos reforços: a sua formalização em grupos profissionais ou de especialidade).

• O controle exclusivo e excludente, por um dado profissional ou grupo profissional, de um conjunto tecnológico cujo produto seja necessário ou desejável ao grupo maior (a exemplo das guildas e associações de artes e ofícios que proliferaram na idade média).

• A organização de grupos profissionais sob controle de contingências especiais (como, por exemplo, numa “oportunidade de mercado”).

As três últimas categorias sugeridas, 5, 6 e 7, podem estar sob controle predominante de outras variáveis que não as contingências estabelecidas pelo fenômeno em si mesmo. Se assim for e nesse caso, as relações entre o fenômeno sob estudo e a formação dos grupos de especialidade podem ser acidentais, parciais ou acessórias. Parece-me também, em conformidade com a observação dos fatos ,a indicação de que essas categorias não seriam, por necessidade, mutuamente excludentes.

Aceitando essas categorias de análise, ainda que precariamente, podemos com elas conduzir uma análise preliminar e exemplificativa da questão. Além da divisão em escolas e/ou matrizes conceituais, que provavelmente estão sob a influência predominante das quarta e quinta categorias sugeridas, temos também as grandes áreas de “especialização” já tradicionais na psicologia (clínica, escolar, organizacional e social), cuja constituição atende a quase todas as categorias acima propostas, como se pode depreender de um exame da história da psicologia (Herrnstein e Boring, 1971; Schultz, 1987; Fiqueiredo, 1991).

Subespecializações já estabelecidas, como a neuropsicologia (a especialidade é, ou deveria ser, psicologia clínica), pode ser fundamentada com base na primeira e segunda categorias ainda que, nesse caso, duas observações possam ser feitas: ao aplicar teorizações e conjuntos técnicos às conseqüências psicológicas das rupturas e disfunções do sistema nervoso humano, de maneira alguma o profissional psicólogo estará fazendo uma psicologia “dos nervos”. Aqui a palavra “neuro” estaria sendo usada como simples metáfora, por afinidade com a especialidade médica maior, a neurologia. A segunda é que esse trabalho, o do “neuropsicólogo”, não é subordinado, suplementar ou adjuvante ao trabalho médico são dois trabalhos diferentes, que ocorrem em diferentes dimensões, atendem determinantes diferentes e mantêm pressupostos teóricos, técnicas e critérios de validade diferentes (McHugh e Vallis, 1985; Barbizet e Duizabo, 1985; Lettner, 1995; Donner, 1997; Kandel, Schwartz e Jessel, 1997, Starling, 2001).

Não vejo propósito em discutir aqui o maravilhoso mundo das práticas alternativas, embora me pareça oportuno um breve comentário. A hipótese de um mundo mágico desde sempre fascinou os espíritos mais simples e românticos de cada época – e também uns poucos mais espertos e pragmáticos - e nada indica que isso vá mudar. Ainda que boa parte delas possa responder às necessidades emocionais de uma pessoa, existe uma notável diferença entre o atendimento às necessidades emocionais e o atendimento às necessidades psicológicas (Penna, 1992). Para a primeira, empatia e sensibilidade podem ser suficientes. Já a segunda demanda conhecimentos e técnicas de trabalhosa aquisição e validação. Algumas vezes apresentadas sob uma roupagem moderna, a maior parte dessas práticas repete conjuntos declarativos milenares e historicamente ineficazes. Quanto à remota possibilidade do surgimento de um campo semântico verdadeiramente novo e válido a partir desse cipoal, conforme contemplado na quarta categoria proposta, precisamos de tempo, e de muito tempo, para separar com segurança delírios, espertezas, ingenuidades e simples boas intenções de conhecimentos e práticas úteis e eficazes. Além disso, entendo que cabe aos seus propositores a árdua tarefa de comprová-lo, contra a nossa firme resistência. Isso porque somos talvez a única linha de defesa que tem uma população leiga, confiante na delegação de responsabilidades que nos fez (ainda que tacitamente), quanto à produção e oferta de respostas efetivas para os seus problemas de saúde. As proposições e práticas ditas alternativas, quer seja pelos potenciais efeitos nocivos a elas inerentes, quer seja pelo fato de elas, se inócuas, no mínimo adiarem o recebimento de cuidados já comprovadamente eficazes para o tratamento das enfermidades ou para a manutenção da saúde, não podem ser confortavelmente classificadas como inofensivas. Nem, acredito, seriam aquiescentes com uma análise político-econômica linear: práticas alternativas não indicam ser o resultado direto da pobreza material; seus maiores propositores e praticantes estão no chamado primeiro mundo.

Mas o que se pode dizer de “especializações” como, por exemplo, psiconcologia e assemelhadas? Podemos iniciar nosso exame com um conjunto de perguntas: que contingências específicas o câncer estabelece que não sejam comuns a outras doenças crônicas e de terminação letal? Que conjuntos técnicos especiais são utilizados nesse caso, à exclusão dos utilizados nas demais apresentações clínicas de curso e terminação semelhantes? Aprofundando um pouco mais, quais as características singulares dessas técnicas – para não dizer de marcos teóricos específicos - que possam distingui-las das do fundo comum da psicologia clínica? O que faz um “psiconcologista” que possa distingui-lo de um “psicoendocrinologista” ou “psiconefrologista” ou, ao que valha, de um simples psicoterapeuta bem formado e, idealmente, formalmente especializado, sem aspas, em psicologia clínica? Tanto quanto posso discernir, a partir do estudo da ampla e eclética literatura que trata desses temas e seus correlatos, a resposta a todas essas perguntas caminha para o negativo: nenhuma diferença significativa (veja-se, por exemplo, Kastenbaum e Aisenberg, 1983; Matthwes-Simonton, Simonton e Creightron, 1983; Holland e Jacobs, 1986; Heller e Kornfield, 1986; Levy, 1986; Campos, 1992; Queiroz, 1992; Uryn, MB. 1992; Carvalho, 1994; Lipp e Rocha, 1994; McDaniel, Hepworth e Doherty, 1994; Romano, 1994; Paiva e Da Silva, 1994; Brannon e Feist, 1996; Araújo e Arraes, 1998; Carvalho, 1999; Löhr, 1999; Ogden, 2000; Stoudemire, 2000).

Entenda-se que não se pretende aqui desqualificar - ou qualificar - esse ou qualquer outro estudo particularizado como uma área legítima de interesse; isso não teria cabimento e nem é tarefa à qual possa arrogar-se, isoladamente, qualquer profissional. Nem se nega valor ao saber produzido por esses estudos. Muito ao contrário, é a expectativa e o desejo deste autor que esses estudiosos continuem firmes nesse trabalho. Mas daí a aceitar esses estudos como “especializações” (ou até mesmo subespecializações) vai um longo caminho. No melhor, neste momento do “estado-da-arte”, digamos, essa aceitação seria no mínimo prematura. Naquilo em que a profissão se precipitar agora, poderá pagar em credibilidade mais tarde. Para os interessados nessa e em outras particularizações semelhantes, entendo que o trabalho está somente começando e que muito precisará ainda ser feito para que tais especializações, desta vez sem aspas, possam ser legitimadas.

Duas outras objeções podem também ser levantadas no que diz respeito a essas “especializações”. Numa primeira, argumento que a psicologia, em qualquer dos seus alinhamentos teóricos, não tem as mesmas possibilidades de divisão funcional que tem a biomedicina. De fato, as descontinuidades anatômicas e as características diferenciadas das funções e disfunções biológicas, facilitam à biomedicina particularizar o seu estudo e intervenções por sistemas orgânicos - unidades funcionais razoavelmente delimitadas - tais como o sistema cardio-circulatório, o gastrintestinal, as disfunções celulares e as alterações metabólicas características de um câncer, a disfunção supra-renal de um diabetes, etc. No estudo do comportamento humano ainda não temos – se é que algum dia viremos a ter – um amparo tão físico. Não vejo, portanto, bases para definir um campo de estudos psicológicos pela especialização médica que se ocupa de um dado território biológico. As respostas psicológicas não se subordinam à anatomia ou às funções biológicas e uma infecção renal não produz um análogo “psico-renal”. Numa segunda objeção, parece-me de todo inconveniente subordinar e deixar-se absorver o estudo das disfunções comportamentais (ou mentais, ou ainda psíquicas, conforme se oriente o leitor) a uma lógica médica, incluída numa especialidade médica. Isso, parece-me, é exatamente o que o modelo biopsicossocial denuncia e procura prevenir (McHugh e Vallis, 1985; Starling, 2001). Talvez a única vantagem numa subordinação e absorção desse tipo possa ser a abertura de novos campos de trabalho, uma espécie de infiltração ou cabeça-de-ponte num território já ocupado, tendo em vista o virtual monopólio biomédico das intervenções na saúde. Se for esse o caso, francamente, parece-me não valer o risco; sobretudo se considerarmos as implicações de longo prazo e os eventuais desdobramentos éticos dessa hipótese.

Nos últimos anos, temos também assistido ao surgimento de “especializações” que indicam ter como único atributo distintivo o lugar físico onde se processam as intervenções. Este parece ser o caso da psicologia hospitalar e da psicologia forense, sendo estas as que estão agora em maior evidência mas, se tudo continuar como está, somente por enquanto, pois ambas estão fartamente gerando, por deliberação ou momento inercial, cursos, livros, congressos e outros reforçadores. De fato, o exame de uma considerável amostra da literatura da primeira mostra-nos que, dependendo da orientação teórica e dos matizes ideológicos do praticante, encontraremos, em maior ou menor grau, teorizações e práticas dos mais diversos referenciais teóricos, procedentes da psicologia clínica, da psicologia social, da análise institucional e até mesmo de conjuntos declarativos e práticas sugestivos de campos estranhos aos estudos psicológicos (Angerami-Camon, 1984, 1988; Angerami-Camon, Chiattone e Nicoletti, 1992; Angerami-Camon, Trucharte, Knijnik, e Sebastiani, 1994; Romano, 1994; Campos, 1995; Oliveira e Ismael, 1995; Muylaert, 1995; Moura, 1996; Silva, 1998; Almeida, 2000).

Ora, por maiores que possam ser as especificidades que o contexto imponha, o exercício de quaisquer modalidades da psicologia clínica ou social que se possam utilizar para uma intervenção num convento, por exemplo, certamente não viria a constituir uma “psicologia eclesiástica” e nem a sua aplicação a eventuais problemas numa empresa de aviação daria origem a uma “psicologia aeronáutica”. Até o presente momento, nada existe na literatura que estabeleça, de maneira inequívoca, o hospital (ou um fórum, ou uma prisão) como locus gerador de fenômenos psicológicos únicos, demandando, portanto, conjuntos declarativos ou técnicos igualmente únicos, embora seja certo que os fenômenos psicológicos lá se manifestem sob as contingências específicas daquele ambiente. De fato, se mantivermos a nossa atenção no que o profissional da psicologia efetivamente faz naqueles contextos veremos que, ao intervir num hospital ou numa prisão, o psicólogo estará lançando mão de teorias e técnicas pertencentes ao fundo comum da psicologia clínica ou de outra grande área de especialização, instrumentado pela orientação teórica que favorece, cada uma da quais já devidamente delimitada e denominada (para a proposta de uma “psicologia forense”, verifique-se, dentre outros, Fromm, 1979; Caneghem, 1980; Lagache, 1982; Carvalho, 1986; Goffman, 1987; Sidman, 1995; Capelari e Fazzio, 1999; Amorin, 1999; Namo e Banaco, 1999; Marinho, 1999; Bussab, 2000).

Uma crítica análoga poderia ser apresentada a “especializações” tais como “psicologia do esporte” ou “psicologia política”, embora aqui não seja mais o lugar físico, mas sim o substantivo abstrato que designa o conjunto daquelas práticas sociais o principal, senão o único, atributo distintivo da “especialização”. Mais uma vez e ainda que se possa afirmar o contrário (Epiphanio, 1999), ao estudar e intervir em fenômenos psicológicos contingenciados por aquelas práticas – e portanto singulares em sua expressão mas de maneira alguma em seus determinantes - o psicólogo estará lançando mão de conceitos e técnicas comuns às grandes áreas da psicologia, no geral, e comuns a sua orientação teórica, no particular, como se depreende do exame da produção na área (comprove-se, por exemplo, no já clássico Weinberg, 1984, mas também em Samulski, 1992; Rubio, 1999; Fiqueiredo, 2000; Martin, 2000). Quanto à “psicologia política”, o seu campo de interesse indica estar integralmente contido no da psicologia social e dificilmente se poderia justificar uma duplicação, exceto se ela vier a se constituir como área de interesse filosófico e/ou político-ideológico, caso em que já não mais seria um problema da psicologia.

Dois casos parecem-me merecer um destaque nesta análise: um é o da proposta de “especialização” em um dado conjunto de disfunções, como “sexólogo”, a qual tomo como exemplo e modelo para esta discussão, e o outro, o caso da “psicopedagogia”, que na verdade tem sido proposta como uma nova profissão.

Quanto ao primeiro, que poderia ser uma subespecialização (novamente, a especialidade é, ou deveria ser, psicologia clínica, se desejamos dar uma melhor ordem e inteligibilidade ao nosso universo profissional), para a maioria das grandes orientações teóricas da psicologia e no que se refere ao comportamento sexual considerado em si mesmo, não é fácil encontrar uma justificativa, teórica ou técnica, para essa “especialização”. Os conjuntos declarativos e os conjuntos técnicos aplicados no manejo dessas disfunções não se distinguem de maneira exclusiva e nem são ainda tão volumosos que não possam ser dominados no bojo de uma grande área já estabelecida, como a clínica, por exemplo. Por essa razão e mudando o que precisa ser mudado, abordaria essa proposta com as mesmas perguntas que pude colocar para a “psiconcologia” e assemelhados. É razoável supor que a exposição repetida aos transtornos e disfunções sexuais possa conduzir o profissional a um desempenho otimizado nessa classe de perturbações, o mesmo resultado provavelmente ocorrendo com o manejo repetido e exclusivo de quaisquer outras disfunções. Mas, nesse caso, estaríamos frente a um “profissional perito” e não a uma possível área de especialização. Numa analogia, um engenheiro civil pode, por exemplo, dedicar-se de maneira exclusiva à construção de hospitais. Isso fará dele um perito nesse tipo de construção mas, ao executá-las, ele estará valendo-se do fundo comum teórico/técnico da engenharia civil. Se aceitarmos a analogia acima como pertinente, talvez um título de perito (subespecialização) pudesse ser apropriado, embora acredite que dada a virtual inexistência de apresentações “puras” nas perturbações da sexualidade (isto é, onde se manifeste uma e somente uma disfunção relacionada a um e somente um determinante), tal perícia ou subespecialização, se exclusiva, seria de utilidade duvidosa, além de possivelmente limitadora para o próprio profissional (Becker e Kavoussi, 1992).

Já a “psicopedagogia” é um caso mais interessante. Tamanhas são as superposições históricas, culturais e de objeto de estudo entre a psicologia e a pedagogia que surpreendente seria não ocorrer o problema que ora defrontamos. Afastando deste exame os interesses econômicos e a sua contrapartida política, por obviedades que são, quando da regulamentação da profissão de psicólogo em nosso país, no início dos anos sessenta, foi facultado a profissionais que já trabalhavam em instituições e/ou afazeres que se sobreporiam aos afazeres da nova profissão, nela ingressarem, se assim o desejassem. Desses, parcela expressiva compunha-se de pedagogos. Justa providência, de vez que boa parte daqueles faziam o que hoje faz a psicologia, em especial na escola. De fato, é facultado ao pedagogo o uso de certos instrumentos com propriedades psicométricas o que, neste nosso país quase quer dizer, senão de direito mas certamente na prática, da maioria dos instrumentos psicométricos. Também, os pedagogos recebem rudimentos de psicologia em sua graduação e a sua prática profissional coloca-os em contato com contingências típicas do psicólogo. Se excluirmos desta análise formulações particulares, como a proposta filosófica e político-ideológica de um Freire, veremos que o pedagogo, para fundamentar-se e orientar-se na disposição das variáveis que possam facilitar a aprendizagem (ou a educação, se assim preferir o leitor), precisa de uma teoria psicológica: por que as pessoas agem como agem? Por que aprendem como aprendem? Toda didática pressupõe uma teoria da aprendizagem. Não por acaso, periodicamente vemos pedagogos e psicólogos compartilhando a mesma paixão como, por exemplo, na fase áurea do desenvolvimentismo piagetiano ou, ao que valha, na recente revivescência do construtivismo de Vigotsky. Ainda que pudéssemos distinguir com clareza a pedagogia do “normal”, digamos, e a manipulação do suporte material da aprendizagem como campo específico da pedagogia, ainda assim restaria uma notável superposição. Como a racionalidade insiste em ser estranha à história – felizmente, pois haveria de ser um mundo muito insosso aquele - não fizemos naquela época o que poderia nos ter poupado agora: transformado a pedagogia em especialização, sem aspas, da psicologia. Se a psicologia é imprescindível para a pedagogia, se além da pedagogia do “normal” a psicologia pode também dar conta da pedagogia dos casos especiais, se a psicologia gera os campos semânticos e os conjuntos tecnológicos da pedagogia, a proposição nada tem de absurda, exceto como uma proposição fática, pois aí seria inevitavelmente inviabilizada por outras variáveis (acalmem-se pois, ânimos eventualmente exaltados: não se propõe considerar esta hipótese como factível, prática ou mesmo desejável, sendo aqui discutida como um simples exercício de análise). Dessa forma e neste foco de análise, a proposição de uma “profissão” psicopedagógica não encontraria quaisquer suportes epistemológicos, científicos ou práticos e, mesmo como subespecialização (a especialização é, ou deveria ser, psicologia escolar), estaria melhor como uma subespecialização da psicologia e não da pedagogia, pelos mesmos argumentos apresentados acima.

Por último, embora não se possa negar que um interessante volume de dados e hipóteses tenha sido produzido através de algumas investigações especialmente bem conduzidas motivadas por essas “especializações”, a proliferação desenfreada de cursos, eventos e publicações de temas convergentes, mas apresentados sob os mais diversos títulos “especializados”, pulveriza e desarticula a produção e a disseminação do conhecimento. Por exemplo, torna difícil e oneroso para um estudioso ter acesso a dados e informações eventualmente relevantes para o seu trabalho, mas acidentalmente organizados sob um título “especializado” aparentemente afastado da sua linha de interesses. Esse, aliás, tem sido o resultado mais visível da explosão de “especializações” na maioria dos países: a pulverização e a desarticulação da formação e disseminação do conhecimento numa profissão ainda muito recente historicamente, trazendo ainda a implicação adicional do uso pouco eficaz dos recursos humanos e financeiros (sobretudo num país como o nosso, onde conseguir o tempo e os recursos necessários para comparecer a um congresso por ano já é um feito notável). Ao que tudo indica, muitas destas “especializações” têm também gerado bons ganhos materiais aos seus propositores e inegavelmente alimentado vaidades pessoais, fatos por si mesmos perfeitamente aceitáveis mas insuficientes, está claro, para fundamentar o seu reconhecimento formal pela comunidade profissional.

De qualquer forma, e sobretudo considerando a orientação generalista dada aos nossos cursos de graduação, com a qual me alinho, parece-me muitíssimo mais grave a permissão legal dada aos nossos recém graduados para que intervenham na vida de outros seres humanos - seja na clínica, na indústria ou na escola - sem a exigência de uma residência ou especialização, definitivamente sem aspas, acompanhadas e avaliadas por profissionais e entidades para tanto qualificados. Aqui, um outro agravante é o caráter predominantemente teórico dos nossos cursos de graduação, quando o desempenho final requer habilidades e não só teorias, tudo isso num exercício profissional onde a maturidade e a experiência contam tanto ou mais do que a simples formação teórico/ técnica. Penso que esse estado do nosso exercício profissional, isoladamente, é, no longo prazo, mais danoso à profissão e coloca mais em risco a população do que todas as outras “especializações”, com aspas, reunidas. A maioria de nós, acredito, concordaria que a graduação é insuficiente para uma prática profissional competente, concordaria que uma residência e/ou uma especialização numa das grandes áreas da profissão é necessária e como ninguém pode ser culpado por ser jovem e inexperiente, essa conta deverá ser trazida à nossa porta e não à deles.

Finalizando, Sidman (1995), com base na experiência norte-americana, faz notar que observar os fenômenos que respondam exatamente ao interesse imediato do pesquisador pode produzir resultados interessantes e úteis no curto prazo, mas no longo prazo...

(...) limitará severamente nosso entendimento até mesmo de problemas práticos altamente específicos (...) por criar mini-ciências independentes. Encontramos especialistas em psicologia de todas as coisas, de xadrez a sexo, de programação de computadores a doença mental, e não podemos fazer generalizações além das fronteiras de cada área. Cursos universitários proliferam, matrículas e direitos autorais rolam. Os alunos, infelizmente, não obtêm uma descrição sistemática da conduta humana que pudessem aplicar a muitas de suas preocupações, seja diante do problema do manejo de um cavalo, seja diante do problema de manejar a si próprios. (p. 74).

Por todas essas razões, fundamentando-me nas categorias propositivas de análise acima desenvolvidas e considerando o estado ainda incipiente das investigações, argumento contra a formalização e aceitação institucional das “especialidades” menores aqui consideradas1 (a hipótese de considerá-las “subespecializações” deveria ser discutida somente após a formalização de especializações). Por outro lado e pelas mesmas razões, se for útil e necessário para o melhor exercício da profissão considerar a delimitação de áreas de especialização oficiais neste momento, argumento a favor de especializações formais nas grandes subdivisões históricas da psicologia (clínica, escolar, social e organizacional e, ainda reservadamente, da saúde) bem como estou convencido de que as entidades representativas das grandes orientações teóricas da psicologia teriam tudo a ganhar e nada a perder se estabelecessem critérios transparentes, públicos e formais para o reconhecimento oficial da competência de um dado profissional que delas se declare praticante.

 

Referências bibliográficas

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Endereço para correspondência
Roosevelt R. Starling
FUNREI/DPSIC Pça. Dom Helvécio, 74
36300-000 São João Del-Rei - MG
Tel.: +55-32-3379-2457
CRP 04/10205
E-mail: umuarama@funrei.br

Recebido em 21/10/00
Aprovado em 20/10/01

 

 

* Psicólogo.clínico e supervisor clínico. professor de Psicologia junto ao Departamento de Psicologia da FUNREI. mestre em psicologia pela UFMG.
1 Em virtude do tempo transcorrido entre o preparo deste trabalho e a sua publicação, essa questão já foi resolvida. O CFP já oficializou e regulamentou algumas das propostas de especialização aqui discutidas.