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Psicologia: ciência e profissão

versão impressa ISSN 1414-9893

Psicol. cienc. prof. v.24 n.1 Brasília mar. 2004

 

EDITORIAL

 

 

Nos últimos dias do mês de julho p.p., o Conselho Federal de Psicologia se fez representar na terceira Edição do Fórum Mundial de Educação, realizada na cidade de Porto Alegre. O que pudemos observar da participação em mesas redondas, conferências temáticas, oficinas e exposição de pôsteres é a presença de um movimento da sociedade brasileira, ou de parte dela, que se dispõe a discutir as temáticas da diversidade e da inclusão sociais.

Esse movimento, embora modalizado por diversas concepções do que seja diversidade cultural e social ou inclusão social e educacional, aponta para a existência de um caminho que questiona as tendências mais conservadoras em nossa sociedade, centradas nos conceitos de normalidade, padronização e classificação. Ou seja, minimamente educadores e psicólogos se permitem pensar coletivamente em um outro mundo possível, no qual o enfrentamento das contradições é inevitável, e no qual a necessidade de superação das mazelas sociais e educacionais é sempre urgente.

A esse movimento, devemos e podemos somar todos os questionamentos que a Psicologia, juntamente com outras áreas das Ciências Sociais, vêm fazendo, na direção de recuperar a história das formas institucionais que conformam determinadas subjetividades em todos os campos sociais, incluindo a educação. “Uma escola mundo, onde caibam todos os mundos” não pode ser manter tão somente enquanto um lema da Campanha de Direitos Humanos deste ano, mas sim poderá se transformar em uma finalidade social pela qual lutaremos se nos comprometermos com a nossa profissão nesta direção.

Em Psicologia, muitos autores expõem o processo perverso de criação da identidade social do deficiente, do interno por ato infracional, do preso, do doente mental. Analisam, que embora em instituições distintas, em diferentes momentos históricos e por motivos diversos, todas essas formas de nomear pessoas que, por alguma condição social foram consideradas diferentes ou deficientes, participam de uma mesma lógica de compreensão da realidade social, marcada pela segregação, pela intolerância, pela discriminação. Como romper com esta lógica? Como construir práticas sociais e psicológicas que contribuam para a constituição de outros processos subjetivos? Parte dessas preocupações é apresentada por nossos colegas, autores dos artigos deste número 24.1 da Revista Psicologia Ciência e Profissão , revelando alguns dos grandes desafios que precisamos enfrentar coletivamente.