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Psicologia: ciência e profissão

Print version ISSN 1414-9893

Psicol. cienc. prof. vol.25 no.4 Brasília Dec. 2005

 

HOMENAGEADO

 

 

Pierre Weil

 

 

Nascido na França, Pierre Gilles Weil estudou no Instituto de Estudos do Trabalho e de Orientação Profissional de Paris, dirigido por Henri Pierón, na Escola Prática de Psicologia e Pedagogia da Universidade de Lyon e na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação (Instituto Jean Jacques Rousseau), da Universidade de Genebra. Aluno de Jean Piaget e Léon Walther, Weil foi convidado, em 1948, para trabalhar, no Brasil, no treinamento das equipes que organizariam os serviços de psicotécnicas do recém-criado Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), no Rio de Janeiro. O modelo de serviço adotado inspirava-se na orientação do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), com adaptações ao trabalho comercial. Ali, Pierre foi chefe da Seção de Orientação e Seleção Profissional do Departamento Pessoal do Senac, entre 1948 e 1958. Ele também chefiou o Consultório Psicopedagógico do Instituto Pestalozzi do Rio de Janeiro. Weil desenvolveu estudos sobre profissões e psicodiagnóticos (1953), pesquisas sobre biotipologia de Sheldon aplicada a um grupo de vendedores balconistas e, juntamente com Nick, publicou resultados de um questionário aplicado a mais de 700 adolescentes sobre a tipologia de Sheldon e Stevens. Ele estendeu ainda seus trabalhos às relações sociais e, em 1954, divulgou a obra ABC das Relações Humanas, cuja versão modificada na segunda edição recebeu o título Relações Humanas na Família e no Trabalho. O livro alcançou centenas de edições, tornando-se uma referência na área. Em 1955, foi publicado o ABC da Psicotécnica, obra em que Weil aborda os fundamentos científicos da psicotécnica, da psicometria e da aplicação da Psicologia ao trabalho, à educação, à justiça, ao matrimônio, à propaganda a ao exército. No mesmo ano, Weil divulgou seu estudo sobre o Teste de inteligência não verbal, aplicado nacionalmente, cujos resultados apontavam nas classes ricas e médias, índices superiores aos das classes pobres e não mostravam diferenças significativas para a inteligência geral entre os sexos. O teste foi amplamente divulgado no país.

Em 1958, convidado pelo então Banco da Lavoura (hoje Banco Real), Pierre Weil mudou-se para Belo Horizonte. Na cidade mineira, ele foi chefe do Departamento de Orientação e Treinamento do Banco da Lavoura de Minas Gerais e professor na Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG. No Banco da Lavoura foram realizadas práticas em dinâmicas de grupo e psicodrama, em uma experiência singular desenvolvia no início da década de 60. Nessa época, Pierre Weil e alguns professores da UFMG, entre os quais Célio Garcia, adaptaram principalmente as técnicas de “Training Group”, criadas pelo National Training Labratory in Group Development, em Bethel – Estados Unidos, a partir dos estudos realizados por Lewin, Lippitt, Benne e Bradford, às demandas de aperfeiçoamento dos chefes do Banco da Lavoura. Com isso criaram uma técnica denominada Desenvolvimento das Relações Humanas – DRH.

Como professor da UFMG, Weil trabalhou em Psicoterapia de Grupo, Dinâmica de Grupo, Psicodrama e Psicologia Transpessoal. Em 1994, foi agraciado com o título de Professor Emérito da UFMG. Entre as suas obras publicadas nesse período, destacaram-se: Liderança, Tensões Evolução: Aspectos Psicossociológicos da Organização Moderna (1972), Dinâmica de Grupo e Desenvolvimento em Relações Humanas (1967), O Psicodrama (1979), O Corpo Fala: Uma Linguagem Silenciosa da Comunicação Não Verbal (1981) e A Revolução Silenciosa (1983).

Em 1987, Weil mudou-se para Brasília, tornou-se presidente da Fundação Cidade da Paz e reitor da Universidade Holística para a Paz de Brasília – Unipaz. Em 1998, ele foi agraciado com o título de Cidadão Honorário da Cidade de Brasília. Em uma visão holística e apostando na transdisciplinaridade do conhecimento, Weil passou a dedicar-se à educação e à paz, temas de suas conferências para a Unesco (1989), tendo sido agraciado com a menção honrosa do Prêmio de Educação para a Paz, ano 2000.