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Psicologia: ciência e profissão

versão impressa ISSN 1414-9893

Psicol. cienc. prof. v.28 n.3 Brasília set. 2008

 

ARTIGOS

 

A adolescência como ideal cultural contemporânio

 

Adolescence as a contemporary cultural ideal

 

La adolescencia como ideal cultural contemporãneo

 

 

Ana Paula Rongel RochaI,*; Cláudia Amorim GarciaII,**

I Universidade Federal do Rio de Janeiro
II Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Este trabalho visa a discutir a adolescência enquanto ideal cultural contemporâneo, tendo como referência o olhar idealizado que nossa sociedade dirige hoje à adolescência. Partindo de uma ótica sociocultural, argumentamos que a idealização da adolescência na contemporaneidade vem sendo facilitada pela cultura de consumo e pelo culto à liberdade. Assim, hoje a adolescência representaria não apenas o ideal de liberdade ressignificado e valorizado mas também um estilo de vida. Através do referencial psicanalítico, discutimos, a seguir, a função do ideal na constituição dos laços sociais e seu aspecto de proteção contra o desamparo e o mal-estar na cultura, exacerbados pela fragmentação dos ideais modernos que presenciamos hoje. concluímos, então, questionando se a adolescência como ideal estaria sendo eficaz na sua função protetora bem como em seu potencial de promover laços sociais.

Palavras-chave: Adolescência, Ideal cultural, Consumo, Desamparo.


ABSTRACT

The objective of this paper is to discuss adolescence as a contemporary cultural ideal considering the idealization of adolescence that takes place in our society. Starting from a social and cultural view, we argue that the idealization of adolescence in contemporary society has been facilitated by consumer culture and the cult of freedom in such a way that today adolescence represents not only the ideal of freedom but also a style of life. Next we discuss, from a psychoanalytic point of view, the function of ideals in the building up of social bonds and its protective role against helplessness and cultural discontent, overwhelming as they became as a result of the fragmentation of modern ideals in today’s society. We conclude the paper by asking whether adolescence as a cultural ideal has been effective in its protective function against helplessness as well as in its ability to develop social bonds in contemporary society.

Keywords: Adolescence, Cultural ideal, Consumption, Helplessness.


RESUMEN

Este trabajo pretende discutir la adolescencia como ideal cultural contemporáneo, teniendo como referencia el enfoque idealizado que nuestra sociedad dirige hoy a la adolescencia. Partiendo de una óptica sociocultural, argumentamos que la idealización de la adolescencia en la contemporaneidad viene siendo facilitada por la cultura de consumo y por el culto a la libertad. Así, hoy la adolescencia representaría no apenas el ideal de libertad significado y valorado sino también un estilo de vida. A través del referencial psicoanalítico, discutimos, a continuación, la función del ideal en la constitución de los lazos sociales y su aspecto de protección contra el desamparo y el malestar en la cultura, exacerbados por la fragmentación de los ideales modernos que presenciamos hoy. concluimos, entonces, cuestionando si la adolescencia como ideal estaría siendo eficaz en su función protectora así como en su potencial de promover lazos sociales.

Palabras-clave: Adolescencia, Ideal cultural, Consumo, Desamparo.


 

 

Inventado na última década do século XX pela mídia inglesa, atenta à importância adquirida pela adolescência no ideário social da contemporaneidade, o neologismo adultescente designa um adulto que não abriu mão da adolescência, ou melhor, condensa as palavras adulto e adolescente, caracterizando uma pessoa que reuniu em si o melhor dos dois mundos. O termo aparece no Glossary for the Nineties, e é definido como “pessoa imbuída de cultura jovem, com idade suficiente para não o ser. Geralmente entre os 35 e os 45 anos, os adultecentes não conseguem aceitar o fato de estarem deixando de ser jovens” (Rowan, citado por Calligaris, 1998, Folha de S. Paulo).

Mais recentemente, surgiu o termo grups (Cezimbra, 2006, O Globo), neologismo que condensa a expressão grown up, que, em inglês, quer dizer crescidos ou adultos. Esse termo foi cunhado pelos americanos para designar o fenômeno da unificação das gerações no estilo, no comportamento e no “gosto pela vida” (Cezimbra, 2006, O Globo), colocando na mesma geração adultos dos 20 aos 70 anos. Os grups, que vestem as mesmas roupas e fazem os mesmos programas, são objetos de análise nos EUA por formarem um único segmento de mercado, diferente apenas das crianças e dos idosos. Segundo a reportagem, que apresenta uma visão positiva desse fenômeno, os grups não são mais um sintoma daquilo que os psicanalistas apontam como a recusa de amadurecer, mas representam uma nova forma de viver essa etapa da vida. Gostam de crianças e prezam a juventude, são pais responsáveis e cuidadosos, mas afirmam que não vão se aniquilar para criar os filhos, como fizeram seus pais e avós, defendendo, portanto, seu direito de levar vidas independentes e livres das exigências que a função parental tradicionalmente têm acarretado.

A criação desses neologismos e sua propagação são mais um indício de que, na cultura atual, presenciamos a idealização de uma juventude adolescente, de modo que a adolescência hoje ocupa o lugar de ideal cultural, não só pelo fato de levar os sujeitos a quererem permanecer nela como também pelo fato de ditar tendências culturais, mercadológicas e de lazer. Assim, imagens e insígnias adolescentes são objetos mercadológicos vendidos como aquilo que é desejado por todos e são elevados à categoria de modelo identificatório para pessoas pertencentes a diferentes faixas etárias, configurando um estilo que influencia modos de vida e alternativas existenciais.

A “Teenagização da cultura Ocidental” (Kehl, 1998) tem como principal característica a propagação dos ideais teen pelo tecido social, que passam, então, a ser compartilhados por jovens, adultos e crianças e transformam a adolescência em uma categoria desvinculada das limitações de idade. Segundo a autora, esse processo se dá desde a década de 60, e já promoveu uma inversão de valores que afetou tanto os adolescentes quanto os adultos, pois se, no início do século XX, os adolescentes queriam ser reconhecidos como adultos e muitas vezes os imitavam, atualmente são os adultos que querem ser reconhecidos como adolescentes e muitas vezes os imitam. Se, até a década de 60, o ideal era a idade adulta, “há 30 anos somos todos jovens”, diz Kehl (1998).

Corso (1999) também aponta esse fato ao afirmar que vivemos em um admirável mundo teen, uma época pós-conflito de gerações. com isso, o autor pretende dizer que, diferentemente da geração de 60, que entrou num sério conflito de gerações com os pais, opondo-se a eles em termos de valores, visões de mundo e posturas éticas em relação ao sexo e às tradições, a geração atual de jovens vive sob a égide dos mesmos valores que seus pais. Os símbolos sociais cultuados são os mesmos, não havendo com isso uma real disputa de valores entre as gerações, já que pais e filhos estão juntos na desorientação e na multiplicidade de experiências que caracterizam nossa vida contemporânea. Em vez de um conflito de gerações, o que há, na verdade, é “uma acomodação de espaço entre as gerações” (p. 109), de modo que os produtos culturais são dirigidos igualmente a adultos e adolescentes.

Esse fato é corroborado pela reportagem do jornal O Globo citada acima, em que várias personalidades relatam suas experiências enquanto grupies, principalmente no que se refere à amizade entre mãe e filhas: elas freqüentam as mesmas festas, viajam juntas, têm os mesmos amigos e, fundamentalmente, cultivam uma relação de amizade que ultrapassa a relação mãe e filha. Outra reportagem (Soler, 2006, O Globo) mostra mães e pais solteiros freqüentando os mesmos ambientes que os filhos, sejam boates ou raves, em busca de diversão ou mesmo de relacionamentos afetivos.

A partir dessas reflexões, este trabalho visa a discutir a adolescência como ideal cultural sob uma ótica sociocultural e também psicanalítica, tendo como referência o olhar idealizado que hoje nossa sociedade dirige à adolescência. Vale ressaltar que nossa sociedade vem subvertendo o conceito de adolescência tal como concebido na modernidade, ou seja, como uma etapa intermediária de amadurecimento e desenvolvimento, que envolve uma preparação para a entrada no mundo adulto. Além disso, a propagação dos valores concernentes à cultura do consumo favorece os processos de desinstitucionalização do curso da vida e de idealização da adolescência nas relações sociais, de forma que adotamos aqui a hipótese de calligaris (2000), segundo a qual a adolescência hoje se tornou o corolário atual do ideal moderno de liberdade, encarnando, no imaginário social, o estilo de vida que mais se aproxima desse ideal.

 

Da mitificação da juventude à idealização da adolescência

Embora juventude e adolescência tenham origens discursivas diversas e derivem das ciências sociais e humanas, respectivamente (cf. Groppo, 2000), os dois termos são usados indiscriminadamente na literatura contemporânea para referir-se às experiências concernentes a essa categoria ao mesmo tempo social e psicológica. Nesta seção, focaremos o movimento de institucionalização das fases da vida, visando às condições de emergência do conceito de adolescência – substrato subjetivo da experiência social da juventude – e a compreensão de sua função na sociedade moderna e atual, onde foi ganhando um lugar cada vez mais de destaque.

Assim, partindo de uma perspectiva genealógica sobre a adolescência (cf. Ariès, 1981; Foucault, 1997; Groppo, 2000), vemos que ela é uma construção recente em nossa cultura ocidental e que tem relação direta com o ideário social individualista e cientificista da modernidade, responsável pela reordenação dos laços sociais até então vigentes. Tal ideário se expressou através do que Foucault teorizou como mecanismos de poder disciplinar (Foucault, 1997), que, fundamentado por uma produção discursiva científica, promoveu controle social através da categorização e da institucionalização dos espaços sociais e de fases da vida. No que concerne à construção da adolescência, as ciências humanas tiveram muito a contribuir, com as noções de subjetividade e desenvolvimento psicológico. Dessa forma, a adolescência foi objeto de estudo da Pedagogia e da Psicologia, e passou a ser considerada uma etapa evolutiva dentro de um processo de amadurecimento do indivíduo, processo pelo qual a escola deveria se responsabilizar através da coação, vigilância e prolongamento da infância. Assim, essa nova idéia de evolução – que veio nortear igualmente a percepção de homem e realidade social – trouxe como conseqüência a segregação da infância e da adolescência do mundo dos adultos, que passou a confiná-las a espaços adequados aos seus graus de maturidade e a vigiá-las contra desvios que comprometessem seu desenvolvimento, como os desvios da sexualidade, outra preocupação do discurso científico. Ariès (1981) e Caron (1996) também chamam a atenção para a correlação íntima entre a ascensão das classes burguesas e o sentimento de classes de idades acarretado pelo prolongamento e pela separação da infância e da adolescência. Nesse sentido, a modernidade categorizou e compartimentou tanto a realidade social quanto o curso da vida individual em torno de classes sociais e em função de faixas etárias. A infância e a adolescência se viram, então, “racionalizadas” em suas trajetórias individuais, e o desenvolvimento humano, teorizado pela ciência, especificamente pela Psicologia do desenvolvimento, passou a ser um processo ordenável, seqüencial e universal rumo à maturidade (Castro, 1999).

Esse processo de ordenação gerou, ao longo do século XX, a formação de identidades e grupos juvenis mais ou menos autônomos em relação ao mundo dos adultos, mais ou menos desviantes, múltiplos e diferenciados, frutos da reinterpretação dos próprios jovens das intervenções sofridas por eles (cf. Groppo, 2000). Passerini (1996), ao trabalhar com a construção do teenager nos Estados Unidos da década de 50, nos mostra o quanto esse processo de formação de identidades juvenis se deveu a toda uma produção discursiva sobre a adolescência. Nesse sentido, a cultura teen, tendo se desenvolvido a princípio nos centros americanos, a partir da década de 60, alastrou-se pelas classes urbanas de outros países.

A década de 50 marcou um período de intervenções estatais sobre a juventude e a adolescência nos EUA, muitas vezes baseadas no debate que aproximava adolescência e delinqüência (Passerini, 1996). Num primeiro momento, portanto, a problematização da adolescência centralizou-se em torno da preocupação com a delinqüência, e apenas num segundo momento o teenager pôde aparecer como representante de uma subcultura adolescente independente, com formas de sociabilidade e identidades próprias, além de bastante consciente de sua identidade de grupo (Passerini, 1996). Eram urbanos, identificados com os estudantes da high school, cujo modo de sociabilidade se dava muito mais através de trocas entre pares do que com o mundo adulto. Nos discursos socialmente produzidos, a adolescência ganhou um caráter de alteridade: “...foi adotada para os adolescentes uma terminologia que acentuava a sua estranheza em relação à sociedade existente: ‘casta’, ‘tribo’, ‘subcultura’, expressões derivadas dos estudos etnográficos sobre povos ‘diferentes’ do sujeito considerado central nas sociedades ocidentais” (Passerini, 1996, p. 355).

O cinema também contribuiu bastante para a produção de discursos sobre a juventude. Nessa época, algumas produções cinematográficas americanas apresentaram histórias e dramas protagonizados por adolescentes, e James Dean tornou-se o ícone da juventude em Vidas Amargas e Juventude Transviada. Outras produções cinematográficas já eram dirigidas especificamente para o público adolescente, os chamados teenpics, abreviatura para teenpicture, entre os quais os filmes protagonizados por Elvis Presley constituem um bom exemplo.

Para Groppo (2000), a proliferação de símbolos relativos à adolescência não apenas correspondeu a uma proliferação de identidades juvenis como também ofereceu terreno propício para a mitificação da juventude, tal como ocorreu na década de 60, e que culminou na Revolução Juvenil de 68. Os acontecimentos de 68 representaram a resolução de uma dialética que permeou a construção dos conceitos de adolescência e juventude na modernidade: por um lado, discussões científicas, debates, intervenções, etc., por outro, formação de identidades juvenis. A juventude de 68 se apropriou dos limites que separavam os dois lados da dialética e realizou o mito da juventude como entidade autônoma e em busca de uma cultura própria, independentemente do sistema capitalista dominante e do mundo dos adultos – uma entidade que, a exemplo dos demais mitos da modernidade, se constituiu em um “ser próprio, definida por ela mesma e para ela mesma” (Lefebvre, citado por Groppo, 2000, p. 282) e fundou e impôs um mundo a partir de si própria.

No entanto, tal mitificação política e social da juventude não se sustentou, se pensarmos que, a partir dessas mesmas décadas, a sociedade se tornou mais complexa e as mudanças nos padrões socio-culturais e a emergência da lógica do consumo a tornaram anacrônica. Vivemos em uma sociedade em que a multiplicidade de referências e opções proporcionadas pelo consumo permite que o que era próprio da subcultura juvenil seja apropriado e ressignificado pelo tecido social como traços idealizados de estilos de vida. Assim, a mitificação da juventude de 60 deu lugar à idealização da juventude e, mais especificamente, da adolescência, à medida que suas diversas representações tenham sido apropriadas pela lógica de consumo. Atualmente, é cada vez mais difícil concebermos a juventude adolescente como uma fase de amadurecimento, como um momento transitório e evolutivo, e cada vez mais fácil perscrutar a partir dela os ideais que regem a vida social.

 

Adolescência hoje: estetização e consumo

Se a construção da adolescência veio no bojo de um projeto de institucionalização do curso da vida, o processo de teenagização da cultura estaria promovendo sua desinstitucionalização, tornando a adolescência cada vez mais estilizada e menos vinculada às limitações de idade. Nossa hipótese é que essa idealização da adolescência na experiência subjetiva contemporânea estaria sendo facilitada por um cenário cultural pósmoderno, regido pela lógica do consumo e pelo culto à liberdade.

Sabemos que muitos dos ideais que regulavam o modo de vida moderno sofreram alterações ao se tornarem mais complexos e ao se fragmentarem, o que acarretou uma perda do cenário de confiabilidade e de estabilidade alcançado na modernidade. Segundo Featherstone (1995), o termo pós-modernidade vem sendo utilizado pelas ciências sociais principalmente a partir de década de 80 para descrever as mudanças socioculturais promovidas pelo capitalismo tardio e a emergência da lógica de consumo. Essas mudanças englobam desde os campos artísticos, intelectuais e acadêmicos até as práticas e as experiências cotidianas relativas aos diferentes grupos sociais, alterando modos de subjetivação e até mesmo a configuração dos laços sociais.

Assim, um cenário de fragmentação e relativização afeta os ideais modernos que constituíam os referenciais simbólicos que nos orientavam em nosso comportamento social. categorias como efemeridade, transitoriedade e mobilidade são freqüentemente utilizadas para caracterizar a contemporaneidade, a sociedade de consumo e seu mal-estar, destacando a crise de identidade sofrida pelos sujeitos contemporâneos. Desse modo, os sujeitos hoje dificilmente conseguem manter uma identidade estável e durável, o que dificulta a construção de um projeto de vida. A transitoriedade identitária, em conjunto com a mobilidade, parece estar de acordo com o ideal de liberdade propagado como um de nossos valores mais preciosos, uma vez que manter o fluxo de identidades múltiplas significa liberdade de escolha para mover-se, decidir com quem se relacionar e adotar diferentes estilos concernentes às diversas possibilidades de consumo.

Hoje as identidades se formam pela adoção de estilos e de imagens que adquiriram na nossa sociedade grande valor simbólico, de forma que Featherstone (1997) propõe a estetização da vida cotidiana como uma das experiências pós-modernas mais importantes concernentes à lógica de consumo, que encontra raízes em vários movimentos artísticos desde o século XIX e que pode ser considerada em três vertentes. Em primeiro lugar, ela se articula com os movimentos artísticos da década de 20 que propuseram a destruição de fronteiras entre a arte e a vida cotidiana. Em segundo lugar, ela designa um desejo de transformar a vida em obra de arte, movimento de estilização da vida, que deveu muito às contraculturas juvenis e artísticas, desde o bohème até o rock dos anos 60. Em terceiro lugar, designa a propagação de tais características pelo tecido social como um todo graças à emergência de uma cultura de consumo que promove uma busca incessante por novos gostos, estilos e sensações através da identificação com os objetos e as imagens.

De fato, na cultura de consumo, a imagem e a estética ditam as relações, e sua valorização revela a importância concedida nos dias de hoje ao estilo – também concebido como estilo de vida –, “dimensão que abrange o corpo, a escolha das roupas, os esportes e as atividades de lazer” (Castro, 1999, p. 130). O interessante é observar que tal estetização dos laços sociais foi primeiramente atribuída à sociabilidade juvenil, uma vez que os jovens supostamente assumem uma postura mais ativa em relação à estilização da vida ao se preocupar com a moda, com a apresentação do eu e com o look, codificando-os em seus relacionamentos e corpos. A estetização da vida implica considerar os objetos e bens culturais oferecidos pela indústria do consumo e do lazer – cabe aqui considerar também a indústria de consumo de lazer (Featherstone, 1995) – como dotados de valor simbólico, de código social, e não mais apenas de valor de uso. Segundo Castro (1999), o que se consome, a maneira como os objetos de consumo servem para adornar o corpo e estabelecer imagens e estilos se transforma em signos de reconhecimento ou de pertencimento a um determinado grupo social, modos de ser ou maneiras de pensar:

Os jovens mostram-se atentos à imagem que têm, não tratam a roupa e o corpo de uma forma ingênua e desavisada. Têm consciência de que esta pode permitir o trânsito pelos espaços que querem freqüentar, ou impedir a circulação. O jovem da atualidade não absorve um estilo por tradição, mas faz uma escolha de estilos. (Castro, 1999, p. 131)

Soma-se a isso a importância do mercado na imposição da idéia da adolescência como tudo que é bom, belo e revolucionário. Segundo Kehl (1998), em nossa sociedade, ao mesmo tempo em que os adolescentes constituíram um poderoso mercado consumidor, a adolescência passou a ser um poderoso argumento de marketing a serviço da indústria cultural e de lazer, um verdadeiro imperativo categórico. Calligaris (2000), por sua vez, afirma que os estilos e looks que caracterizam os grupos adolescentes, suas marcas identitárias (dark, punk, clubber, etc.), são rapidamente transformadas em mercadorias e comercializados. Há um interesse de marketing em definir e cristalizar tais grupos em tribos de forma que “cada grupo, e a adolescência em geral, se transformam em uma espécie de franchising que pode ser proposta à idealização e ao investimento de todo o mundo, em qualquer faixa etária” (Calligaris, 2000, p. 58). Articulando as práticas sociais da cultura de consumo e a transformação da adolescência em bem de consumo e estilo de vida, fica fácil concluir que a adolescência foi elevada a ideal cultural. Tentaremos analisar na próxima seção a quais propósitos simbólicos estariam servindo esse ideal, uma vez que um ideal é sempre uma maneira de lidar com o mal-estar.

 

A adolescência como ideal cultural: defesa contra o desamparo?

Para a psicanálise, o ideal, em sua face cultural, tem uma função protetora contra o desamparo, que, para Freud, é condição estruturante do humano. Essa função protetora se exerce no laço social, de forma que os ideais culturais oferecem não só consolo para o conflito insolúvel entre o sujeito e a civilização mas também recursos para o manejo, pelo sujeito, da castração e dos destinos pulsionais (cf. Freud, 1930/1989). Isso ocorre porque os ideais culturais constituem elementos norteadores de uma cultura e oferecem referências para o que deve ser almejado por seus membros, mediando as relações entre os sujeitos e possibilitando coesão dentro de uma unidade cultural (Freud, 1921/1989, 1927/1989). Nossa discussão defende, portanto, o argumento de que os ideais culturais apresentam um caráter protetor e oferecem um contraponto ao desamparo. Resta saber se, de fato, sua função vem sendo satisfatoriamente realizada pela adolescência enquanto ideal cultural contemporâneo.

Em 1914, ao discutir os destinos do narcisismo, Freud afirma que o ideal do eu que ele acabara de conceituar seria o herdeiro do narcisismo da infância. O confronto inevitável com os limites e as proibições que regem a existência humana teria como uma de suas conseqüências o dilaceramento do universo narcísico original e a constituição do ideal, seu herdeiro, e instância protetora frente ao desamparo e à dependência. Do mesmo modo, em 1921, quando a discussão é retomada, dessa vez em relação ao lugar central que o ideal do eu ocupa na constituição grupal, o aspecto protetor é novamente marcado. Assim, é a crença no amor do líder, enquanto ideal, que se contrapõe ao caráter essencialmente narcísico e hostil dos indivíduos na massa e possibilita o vínculo identificatório entre eles, sustentáculo indispensável à estruturação dos grupos humanos.

Apesar de a discussão sobre o ideal estar presente no texto freudiano desde muito cedo, é somente em 1930 que a expressão ideal cultural (Freud, 1930/1989, p. 25) aparece para denominar as mais altas realizações humanas derivadas de antigas realizações culturais, fonte de orgulho e modelo a ser seguido. Novamente o caráter narcísico do ideal é enfatizado, e sua função de garantir a preservação dos laços sociais, reafirmada. A idéia aqui defendida é a de que os ideais não apenas se apresentam enquanto modelos mas também estabelecem exigências a serem respeitadas na busca de sua realização. Ambos, ideais e exigências, ao serem compartilhados pelos sujeitos, minimizam a hostilidade inevitável e sustentam os vínculos civilizatórios, representando, portanto, uma proteção contra o desamparo e a agressividade.

Segundo Birman (2005), a conceituação de Freud sobre o desamparo se introduz no bojo de sua discussão sobre os impasses subjetivos da modernidade, ou seja, seu mal-estar. O desamparo, portanto, seria tributário da ideologia do progresso e da crença na razão cientificista, que são elementos característicos da modernidade que promoveram um afastamento gradativo do homem em relação à natureza e à ética religiosa. Teria havido, portanto, um desencantamento do mundo (Weber, citado por Birman, 2005, p. 142) que teria exacerbado o desamparo dos sujeitos no social.

No plano da teoria, se, na primeira tópica, Freud ainda acreditava em uma harmonia possível para o conflito entre o sujeito e a civilização através da crença na ciência e no progresso como facilitadores da sublimação das pulsões sexuais (Freud, 1908/1989), na segunda tópica, essa harmonia não mais se sustentaria, como atesta sua concepção “mortalista e antivitalista” do psiquismo (Birman, 2005, p. 135), derivada do conceito de pulsão de morte. Assim, se, na primeira tópica, o desamparo poderia ser curado (Birman, 2005, p. 130) através da razão científica e da psicanálise, com a segunda tópica, o desamparo passou a ser originário e irredutível, ou seja, a única maneira de escapar da pulsão de morte originária e silenciosa seria o investimento e a erotização constante da vida, movimento possível apenas a partir da relação de dependência do sujeito ao outro. Dessa maneira, o autor introduz a idéia de gestão do desamparo (p. 132), segundo a qual, diante da impossibilidade de curá-lo, restaria a possibilidade de administrá-lo através da constituição de destinos para a pulsão, dentre os quais a sublimação, que, na segunda tópica, implicaria a horizontalização das ligações entre os sujeitos através da tessitura dos laços sociais (p. 132). Dessa forma, o sujeito teria que praticar permanentemente a ligação da pulsão de morte, transformando-a em pulsão de vida através da constituição de laços sociais (Birman, 2005). É nesse sentido que podemos pensar que os ideais culturais, cujo trabalho também é o de promover a ligação entre os sujeitos, estariam sempre em relação com o desamparo e o malestar, visão compartilhada por Assoun (1989) e Lajonquière (2000).

Para Assoun (1989), a sustentação dos ideais coletivos constitui uma prática ativa dos sujeitos implicados na idealização do pai morto. Sabemos que o mito freudiano do assassinato do pai em “Totem e Tabu” (Freud, 1913/1989) é o que funda a cultura, uma vez que, no lugar do pai tirânico assassinado, um pai simbólico e protetor é edificado e idealizado, assim como um contrato social é pactuado em torno da lei de interdição do incesto. Se o pai da horda era tirano e perseguidor, o pai agora internalizado e idealizado ama e protege cada um dos filhos igualmente. É, portanto, o anseio por um ideal protetor que torna possível o laço social e promove a identificação dos sujeitos entre si, tal como Freud coloca em “Psicologia das Massas e Análise do Eu” (1921/1989). Assim, Assoun (1989) nos indica que, se em 1913 o mito de “Totem e Tabu” instituía a proibição que dividia o sujeito e o inseria no social, o texto de 1921 nos mostra como essa divisão é posta em prática ao promover a identificação dos sujeitos entre si através do seu trabalho ativo em sustentar o ideal.

Lajonquière (2000), por outro lado, aponta a dimensão ética concernente ao trabalho dos irmãos em torno do lugar vacante do pai simbólico. Essa ética está diretamente relacionada à percepção dos sujeitos de que o pai idealizado por eles não passa de uma invenção coletiva: “Em suma, a fraternidade apenas se mantém enquanto os filhos percebem que o Pai por eles inventado encobre um nada de fundamentos reais” (Lajonquière, 2000, p. 71). Tal ética implica a assunção da castração e do desamparo, uma vez que sua recusa destitui o ideal social de seu lugar simbólico e promove apenas sua vertente imaginária, sedutora. Na vertente puramente imaginária do ideal, os sujeitos tenderiam a aceitar a submissão a um pai/ideal tirânico, o que conduziria a uma prática social totalitária que se desarticula da ordem da castração, embora promova a fantasia de proteção. Essa ambigüidade não deixa de estar sempre presente na constituição dos ideais, e, como afirma Lajonquière (2000), o que denota a maior ou menor incidência do simbólico no social é o fato de o ideal ser mais ou menos encarnado, ou seja, de alguém ocupar esse lugar.

A cultura, portanto, é instável, e tem que ser sustentada a todo o momento pelos ideais e pela idealização que, de certa forma, denegam o mal-estar e o desamparo e camuflam a culpa e a violência do assassinato primordial. Assim, a ambivalência é inerente aos ideais culturais, que tem uma função pacificadora em relação ao mal-estar na cultura, sem conseguir, no entanto, apaziguá-lo, e a constante tensão a que estão submetidos os ideais produz sintomas sociais. Então, se consideramos que muitas vezes a tentativa de lidar com o desamparo implica uma idealização defensiva ou protetora, isso nos leva a refletir de que maneira a adolescência como ideal cultural estaria imbuída desse intuito.

Se a modernidade, em nome da liberdade, erigiu os ideais de cientificidade, progresso e categorização do curso da vida talvez como proteções contra o desamparo resultante da morte de Deus e do desencantamento do mundo, como considerar a articulação entre ideais e mal-estar hoje, quando a liberdade recebeu um novo significado? Podemos então sugerir que a adolescência enquanto ideal se apresenta como uma resposta ao mal-estar na cultura ao se tornar o representante do ideal de liberdade encarnado na mobilidade, na transitoriedade, na fluidez das identidades e na valorização narcísica do corpo e das relações enquanto requisitos exigidos pela nossa vida contemporânea. É nesse sentido que Calligaris (1998, 2000) afirma que a adolescência é hoje um ideal cultural pregnante em nossa sociedade, porque parece ter tomado para si a função de representar o ideal de liberdade moderno tantas vezes ressignificado ao longo da História:

Desse ponto de vista, pouco importa se a adolescência idealizada é a nossa mesma, a de nossas crianças ou a de nossos netos. Pouco importam os traços da cultura adolescente que podemos adotar, pois, por meio dessas preferências variadas, idealizar a adolescência é um gesto celebrador de nossa própria cultura, uma maneira de tecer o elogio da liberdade. (Calligaris, 1998, Folha de S. Paulo)

De fato, são justamente os adolescentes de hoje que – pelo menos no imaginário de uma parcela da sociedade – representam a tradição libertária que, associada à multiplicidade de experiências, informações e possibilidades de consumo, confunde-se hoje com a fantasia de um gozo sem limites. Assim, o que idealizamos na adolescência contemporânea é a liberdade de experimentar, a possibilidade de realizar novas escolhas, ainda sem as responsabilidades do mundo adulto, enfim, a ausência de restrições e limites que supomos ser própria da adolescência. Em nossa fantasia, quase tudo é permitido ao adolescente, desde múltiplas experiências sexuais, a exposição exagerada do corpo, a diversão ininterrupta, condutas por vezes consideradas de risco até a circulação por diferentes estilos estéticos, nos quais as imagens oferecidas pelo consumo são instrumentalizados com o objetivo de atingir diferentes níveis de pertencimento e participação social. Em suma, atualmente, os comportamentos juvenis denotam uma liberdade só imaginável a partir dos ideais libertários dos anos 60/70, e que esperamos ver mantidos pelo estilo de vida adolescente de hoje. com efeito, os adolescentes contemporâneos parecem haver herdado das gerações anteriores não só o direito de desfrutar as conquistas realizadas por elas mas também o dever de realizar os seus sonhos mediante a exigência de gozar a vida e toda a liberdade possível.

A tipificação do adolescente como aquele de quem se espera o exercício irrestrito da liberdade e um gozo sem limites não se dá sem conseqüências. Na verdade, a adolescência como ideal interfere intensamente na experiência do adolescente contemporâneo que, a despeito da idealização da qual é objeto, deve realizar todo um trabalho psíquico próprio à passagem por essa etapa da vida, que exige o luto do lugar idealizado de criança e de seu corpo infantil. Há um novo encontro com a castração e o sexual que implica uma reorganização narcísica e uma reelaboração dos ideais paternos até então não questionados. Para Freud (1905/1989), essa é uma das tarefas mais dolorosas dessa passagem. O que fazer, porém, quando os adultos acenam ao adolescente com a promessa de burlar a castração, projetando-o num gozar sem limites? Ao esperarmos que a adolescência, enquanto ideal cultural, cumpra a promessa de burlar a castração, colocamos para o adolescente um impasse a mais nesse momento crucial do processo de subjetivação.

Ao que tudo indica, portanto, hoje a adolescência como ideal parece intensificar o desamparo dos adolescentes num mundo em que as “as regras são feitas por eles e para eles” (Kehl, 1998), no qual os adultos não oferecem mais referências identificatórias nem consistência imaginária. Nesse sentido, Kehl (2001), assim como Calligaris (2001), observam, na sua clínica, que muitos jovens hoje apresentam intensos sentimentos de tédio e vazio que, além de serem indicativos de sofrimento psíquico, podem também se configurar em uma forma de oposição ou rebeldia frente aos prazeres sugeridos e praticados pelos adultos. Assim, muitos adolescentes de hoje estariam construindo uma saída depressiva face à dificuldade de gozar irrestritamente, sugerindo que ficar deprimido ou entediado seria uma maneira de resistir e desaprovar o gozo dos pais e se recusar a compartilhá-lo. A adolescência como ideal, porém, não se restringe às conseqüências dificultosas para o adolescente, haja vista o depoimento e a atitude dos jovens entrevistados para a reportagem de O Globo (Cezimbra, 2006; Soler, 2006), que parecem muito apreciar a possibilidade de compartilhar com os pais as maneiras de gozar a vida E mesmo que as reportagens indiquem alguns dos perigos que podem surgir dessa ausência de diferenças, parece haver uma disposição geral de ressaltar os aspectos positivos dessa prática social.

Além disto, segundo Castro (1999), a cultura de consumo que, de alguma forma, dá sustentação à idealização da adolescência garante um novo status de cidadania a crianças e jovens através da promoção de uma visibilidade social que antes não tinham. Em uma sociedade centrada nos meios de produção, a cidadania da criança e do jovem só era conquistada mediante o processo de socialização, através do qual os procedimentos pedagógicos se encarregavam de adaptar as novas gerações às exigências socialmente estabelecidas. A sociedade de consumo, por outro lado, a despeito da massificação da cultura, promoveu uma democratização com a demanda de participação de outros atores sociais como as crianças, os jovens e também as mulheres, o que possibilitou uma nova forma de cidadania assentada num novo sentido social de pertencimento (Castro,1999, p. 61). Assim, a desinstitucionalização da trajetória de vida que transformou a adolescência em um estilo de vida pelo qual todos anseiam parece garantir uma forma de pertencimento moldado à cultura do ter e da estética, que se articula às práticas sociais do consumo. Dessa maneira, diante das incertezas e inseguranças do mundo contemporâneo, a idealização da adolescência, sustentada numa cultura do consumo, parece ser uma das configurações possíveis do laço social.

Como psicanalistas, no entanto, preocupamo-nos com os impasses subjetivos decorrentes das novas formas de vínculo social, hoje essencialmente pautadas em relações instrumentais e na lógica do consumo, que interferem na dinâmica dos ideais, elemento fundamental na lida com o mal-estar. cabe, então a pergunta: a adolescência como ideal estaria sendo eficaz na gestão do desamparo para cada sujeito? Ou estaria a serviço da “arte de reduzir as cabeças” promovida pelo capitalismo tardio (cf. Dufour, 2005).

 

Referências

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Endereço para correspondência
Ana Paula Rongel Rocha
Av. Embaixador Abelardo Bueno, 2400, bl2, ap. 301 Barra da Tijuca
22775-040, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
E-mail: aprongel@wnetrj.com.br

Recebido 06/02/2008
Aprovado 16/07/2008

 

 

* Psicóloga, Mestre em Psicologia clínica pela PUC-Rio, pesquisador associado do Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa e Intercâmbio para a Infância e a Adolescência contemporâneas (Nipiac)/UFRJ
** Psicanalista, Doutora em Psicologia pelo Wright Institute, Berkeley, professora associada do Departamento de Psicologia da PUC-Rio Email: clauag@uol.com.br