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Psicologia: ciência e profissão

versão impressa ISSN 1414-9893

Psicol. cienc. prof. v.29 n.2 Brasília jun. 2009

 

EDITORIAL

 

Há muito lamentamos a baixa visibilidade da produção científica brasileira, comparada à produção científica mundial. Contudo, recentemente foram divulgados dados impactantes de que o número de revistas científicas nacionais indexadas na base de dados internacional Web of Science-ISI (WoS) aumentou 205% entre os anos 2002 e 2008.

Muitos dos especialistas em cienciometria se pronunciaram a respeito, explicando que o aumento da presença brasileira na base WoS não significa que a produção científica nacional tenha crescido nessa proporção, discordando, assim, da explicação oficial de que em apenas um ano (2007 para 2008) teria havido 50% de aumento no número de artigos publicados. Independentemente do desacordo sobre as cifras, há consenso da comunidade internacional quanto ao reconhecimento da excelência da produção científica brasileira especialmente nas áreas de energia alternativa, ciências agrárias e ciências sociais.

Também deve ser destacado o fato de que nos últimos anos a presença da América Latina nas bases de dados tornou-se mais expressiva, estando o Brasil na liderança desse processo de crescimento. Há polêmica sobre as possíveis explicações das causas desse aumento. Enquanto o governo o atribui ao investimento na área de ciência e tecnologias, muitos pesquisadores alertam que o fenômeno se deve à nova orientação das grandes bases de dados para englobar os países em desenvolvimento.

Alertam os estudiosos da cienciometria que mais investimentos públicos nas revistas científicas brasileiras poderiam aumentar ainda mais a visibilidade da ciência nacional. Com isso, um número maior de revistas nacionais alcançaria os critérios mínimos exigidos, a saber, periodicidade regular, processo editorial dentro de padrões internacionais; artigos com resumos e palavras-chave também em inglês e conselho editorial com diversidade e representatividade. A publicação do texto em inglês é recomendável por facilitar ainda mais a inclusão nas bases internacionais.

Vale considerar que questões econômicas envolvendo a disputa por mercado da norte-americana ISI com a Scopus (base de dados holandesa que tem uma política muito mais inclusiva em relação às revistas latino-americanas) forçaram a abertura. De qualquer forma, esse foi um movimento importante que fez com que a ciência brasileira adquirisse maior visibilidade no mundo.

Nós temos que nos perguntar, entretanto, a quem queremos servir! Por quem queremos ser lidos? Que impacto causaremos? Que ciência divulgaremos? Quem serão os beneficiados? Não resta dúvida de que pouco adiantará termos leitores dos países norte-hemisferiais se não formos lidos pelos brasileiros e pelos colegas da América Latina.

Sob essa perspectiva, a Psicologia: Ciência e Profissão se solidariza com aqueles que lutam pela ampliação das bases de acesso aberto. A produção da ciência tem que ser consultada sem custo por pessoas do mundo todo. Nesse sentido, no Brasil, parabenizamos os idealizadores da SciELO (Abel Parker e Rogério Meneghini), que divulga os textos completos de revistas relacionadas à área da saúde. Na Psicologia, em especial, temos sempre que congratular aqueles que conceberam o PePSIC (Marcos Ferreira, Ana Bock, Silvia Koller e Imaculada Sampaio) por nos ajudarem a levar a Psicologia brasileira aos pesquisadores e profissionais de todos os lugares do mundo que tenham possibilidade de entrar na internet.

A revista Psicologia: Ciência e Profissão seguirá acompanhando os debates e os esforços para que a produção brasileira, em especial a da Psicologia, possa ter seus espaços de divulgação e sua circulação aumentados. Além disso, buscará contribuir para o desenvolvimento da Psicologia na América Latina, o que exige que as trocas e os debates no campo sejam ampliados. A cada número publicado, reafirmamos nosso compromisso com essa meta.