SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.30 número1Construção de um projeto de cuidado em saúde mental na atenção básica índice de autoresíndice de assuntospesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Psicologia: ciência e profissão

versão impressa ISSN 1414-9893

Psicol. cienc. prof. v.30 n.1 Brasília mar. 2010

 

HOMENAGEADO

 

 

 

Rodolpho Azzi

Rodolpho Azzi (1927-1993), intelectual com relevantes contribuições para a Psicologia brasileira, teve sua carreira universitária interrompida pelo regime militar em decorrência de suas convicções e militância políticas. É ainda hoje lembrado por seu legado ao ensino da Psicologia e por sua atuação na formação de expressivos representantes da Psicologia experimental.

Em 1965, foi sumariamente demitido da UnB e posteriormente preso. Já no período da redemocratização do País, apesar de reiterados convites formais, não se reintegrou à universidade. Em uma dessas ocasiões, sua filha lhe entregou carta enviada pela UnB convidando-o a reintegrar-se ao corpo docente, e ele a rasgou sem abrir, exclamando que nada havia feito que requeresse anistia.

Azzi nasceu em Piracicaba (SP), no ano 1927, estudou no colégio Militar do Rio de Janeiro, no Instituto Mackenzie de São Paulo e na Faculdade de Filosofia, ciências e Letras da Universidade de São Paulo (USP), onde concluiu o curso de Filosofia antes do desdobramento que deu origem aos cursos de Sociologia e Psicologia. Iniciou sua carreira no magistério como professor de Filosofia e Sociologia no ensino público. Em 1955, quando se transferiu para a Universidade Nacional do Paraguai, passou a ensinar Psicologia.

Retornando ao Brasil, teve uma intensa atividade universitária lecionando na Faculdade de Filosofia, ciências e Letras de São José do Rio Preto (SP), na Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas (SP), na Faculdade de Filosofia, ciências e Letras da USP (SP) e no Instituto de Psicologia da UnB (DF).

Desenvolveu, também, atividades profissionais fora do campo universitário, como assessoria técnica para a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), entre 1962 e 1963, e assessoria para programas sobre Psicologia na TV cultura durante o ano 1962. Vivenciou diferentes inserções em pesquisa de mercado entre 1961 e 1963, campo de atividades para o qual regressou entre 1967 a 1973, quando foi sócio diretor da empresa de pesquisa e análise de mercado AZZI & MARcHI Ltda, em São Paulo.

Sua vida seguiu rumos de trabalho menos organizados após dois períodos de prisão ocorridos na década de 70, sob o regime militar.

Publicou inúmeros trabalhos, entre artigos, resenhas e notas em periódicos acadêmicos, parte deles em parceria com outros pesquisadores brasileiros, como os dois artigos publicados no Journal of the Experimental Analysis of Behavior (1963 e 1964). Foi um dos principais tradutores das obras de B. F. Skinner e de Fred Keller, o primeiro, propositor do behaviorismo radical, e o segundo, importante pesquisador e estudioso daquela abordagem. Na autobiografia de Skinner, encontra-se transcrito trecho de uma carta de Keller para Skinner, na qual o primeiro menciona que Rodolpho talvez fosse o pupilo mais brilhante que ele já teria tido.

Azzi esteve entre os precursores da análise do comportamento no Brasil. Foi assistente direto do professor Fred Keller desde 1961, quando de sua primeira estada no Brasil como professor na USP. Juntamente a Fred Keller, carolina Martustelli Bori e John Gilmour Sherman, ajudou a organizar o curso de Psicologia na Universidade de Brasília (UnB). No movimento destinado a implementar o novo curso, o grupo propôs o Sistema Personalizado de Ensino – PSI, como é conhecido no Brasil.

Foi um dos fundadores da Sociedade Brasileira de Filosofia e secretário-geral da Associação Brasileira de Psicólogos entre 1963 e 1965.

Rodolpho teve três filhos, Ricardo, Roberta e Diego, os dois primeiros com Mariza Antonia Gurgel Azzi e o terceiro com Maria Teresa Araujo Silva, sua companheira quando faleceu, em 1993.