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Psychê

versão impressa ISSN 1415-1138

Psyche (Sao Paulo) v.10 n.18 São Paulo set. 2006

 

EDITORIAL

 

 

Kleber Duarte Barretto

É com satisfação que apresentamos esta edição especial dedicada ao Acompanhamento Terapêutico (AT), modalidade de atendimento estabelecida e usada em inúmeros países na atualidade. Este número é fruto de uma parceria entre o Centro de Estudos e Pesquisa em Psicanálise da Universidade São Marcos e os organizadores do I Congresso Internacional de AT, ocorrido em São Paulo nos dias 07, 08 e 09 de setembro de 2006, cujo tema foi “Singularidade, Multiplicidade e Ações de Cidadania”.

Os artigos aqui publicados foram selecionados dentre aqueles submetidos à Comissão Científica do evento por apresentarem o trabalho realizado em AT por diferentes perspectivas teóricas e em diferentes campos de atuação. Abrimos esta edição com um artigo de Gilberto Safra sobre placement: modalidade terapêutica winnicottiana que é apresentada pelo autor como um paradigma de trabalho para o AT. Rogério Lerner discute questões contra-transferenciais críticas do ponto de vista ético para o campo do AT, enquanto Suzana Maia ressalta o manejo do setting e o uso do AT como procedimento necessário para pacientes que não puderam se constituir em uma unidade. A partir da noção de eu-pele, Clarissa Metzger faz uma reflexão sobre uma adolescente psicótica atendida em AT, detendo-se nas questões relativas à unificação do eu. Por outro lado, Carlota Zilberleib discute um caso de paciente borderline a partir das contribuições de André Green, enfocando os problemas de relações objetais e dos mecanismos de negação. O artigo de Maíra Peixeiro centra-se no conceito freudiano de recusa, por meio de um acompanhamento que a autora realiza há um ano e meio. A seguir Regina Fiorati e Toyoko Saeki integram a visão de Winnicott sobre manejo com a de outros autores que estudaram a questão da reabilitação psicossocial de portadores de transtornos mentais e sua inclusão na sociedade. Hailton Yagiu propõe um ponto de vista a partir do qual se possa avaliar a regra de abstinência e o enquadre pertinente à prática do AT.

A questão da inclusão é também abordada em dois artigos. Carolina Fujihira defende a inclusão das pessoas com alguma deficiência como uma condição ética em contraposição à mera participação social, enquanto Deborah Sereno reflete sobre a educação inclusiva, com crianças psicóticas e autistas na escola junto às demais crianças. Partindo do referencial esquizoanalítico, Marília Muylaert aborda o AT como um dispositivo clínico para abertura de novos modos de existir, levando à transformação política dos modos de subjetivação. Analice Palombini explora os potenciais do AT como dispositivo clínico-político aberto à conflitualidade e ao imprevisto no espaço múltiplo da cidade. O artigo apresentado por Maria do Rosário Varella, Fernanda Lacerda e Michelângela Madeira fala-nos do estabelecimento de redes por meio do acompanhamento, permitindo a reorganização do sujeito. Dentro da visão reichiana de auto-regulação social, Ana Celeste Pitiá discute como o AT pode auxiliar nesse processo. Os profissionais Carlos Estellita-Lins, Verônica Miranda de Oliveira e Maria Fernanda Coutinho discutem a importância do AT na intervenção sobre a depressão e o suicídio.

Esperamos que o leitor possa, por meio desses textos, vislumbrar a riqueza e a fecundidade deste campo de intervenção clínica.

Kleber Duarte Barretto

Psicanalista; Acompanhante Terapêutico;
Coordenador da Comissão Científica do I Congresso Internacional de AT

E-mail: iamjoy@sobornost.com.br