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versão impressa ISSN 1415-1138

Psyche (Sao Paulo) v.10 n.19 São Paulo dez. 2006

 

ARTIGOS

 

Psicanálise e hermenêutica: aproximações a partir da obra de Fabio Herrmann1

 

Psychoanalysis and hermeneutic: an approach to the work of Fabio Herrmann

 

 

José Carlos G. MohallemI

Pontifícia Universidade Católical de São Paulo

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Este artigo almeja aproximar a Psicanálise e a Hermenêutica por meio de alguns conceitos extraídos da obra de Fabio Herrmann. Para tanto, critica a concepção da psicanálise como uma ciência positiva, advogando sua proximidade com a arte, particularmente no que concerne à interpretação. Com essa aproximação, acredita-se que a disciplina iniciada por Freud recuperará seu potencial crítico-heurístico, perdido por visões rígidas tanto da teoria quanto da prática.

Palavras-chave: Psicanálise, Hermenêutica, Fabio Herrmann, Ciência positiva, Interpretação.


ABSTRACT

This article aims at approximating Psychoanalysis and Hermeneutic trough some concepts from the work of Fabio Hermann. For that, it critics views that conceive Psychoanalysis as a positive science, defending, on the other hand, its relationship to the arts, in particular to what concerns the interpretative work. Through this approach it makes sure that the discipline initiated by Freud recuperates its critical-heuristic potential, lost by some more rigid visions of analytic theory and practice.

Keywords: Psychoanalysis, Hermeneutic, Fabio Herrmann, Positive science, Interpretation.


 

 

I

Em um ensaio famoso intitulado Kafka e seus precursores, J.L. Borges busca recensear ao longo da história os predecessores do escritor tcheco. Após algum exame, reconhece “seus hábitos, nos textos de diversas literaturas e de diversas épocas” (1999, p. 96). Do paradoxo de Zenão contra o movimento, Borges intui a forma do Castelo e o “móvel, a flecha e Aquiles os primeiros personagens Kafkianos da literatura” (p. 96). De um apólogo chinês do século IX é o tom sobrenatural da obra Misterioso e tranqüilo (p. 96) que se destaca, pois como em Kafka, as situações mais inverossímeis e absurdas são narradas trivialmente. Em Kierkegaard, Borges encontra a semelhança das parábolas religiosas “de tema contemporâneo e burguês” (p. 96). Esses autores se parecem com Kafka; no entanto, não se parecem entre si. Só percebemos a idiossincrasia kafkiana encontrada nos autores e textos devido a nossa leitura de Kafka; só existe porque os autores e seus textos foram reconfigurados por nossas lentes kafkianas. O grande autor, o gênio, cria seus precursores, e seu trabalho rearranja o passado, bem como modifica o futuro.

Esse texto de Borges levou-me a pensar no estatuto da Psicanálise. Se é inegável a ascendência que ela tem tido desde seu surgimento, influenciando não apenas o tratamento das doenças nervosas com o surgimento de diversas psicoterapias dela derivadas, como também as outras disciplinas humanas, sua posição frente às demais ciências é ainda escorregadia. A questão premente é: o que a singulariza? Foucault, por exemplo, ao fazer uma arqueologia da psicanálise, busca retirar seu poder disruptivo, mostrando-a como fazendo parte de um grande arcabouço formado pelo dispositivo da sexualidade, que pode ser encontrado em linha direta das práticas confessionais2. Lévi-Strauss3 procura estabelecer uma equivalência entre a cura xamanística e a cura psicanalítica. No entanto, tal como os precursores de Kafka, é a presença soberana de Freud que lança luz para as práticas confessionais, como em Foucault, ou a cura xamanística de Lévi-Strauss. Evidentemente, a psicanálise não deve gozar de privilégios de extraterritorialidade, o que a tornaria uma disciplina solipsista, ao contrário do espírito desbravador de Freud. No entanto, interessa-me neste artigo buscar sua singularidade para, posteriormente, estabelecermos as ligações a que ela está sujeita.

Fábio Herrmann4 – buscando investigar a originalidade da Psicanálise, seus fundamentos, o que faz com que autores com metapsicologias e formas de trabalho tão distintas como Klein, Lacan e Bion, ainda assim sejam psicanalistas – chegou a um redutor operacional, que consiste em analisar a essência das fontes clínicas: o que faz um analista no consultório? Todos os analistas, diz Herrmann, participam de uma “assimetria irremediável” com seu paciente (1992, p. 16). O analista não escuta e fala do mesmo que seu analisando. “Há um desencontro de campos, o analisando tratando de algum assunto, mas seu analista desrespeitando completamente os limites de tal assunto como nunca se faria na vida comum” (2001, p. 51-52). O silêncio, as sentenças interpretativas, a tradução do inconsciente ou o deslocamento do significante, as construções ou interpretações, não importa o dialeto utilizado pela escola, participam do mesmo desencontro fundamental: ouço meu paciente de um outro campo, possibilitando que um sentido novo possa surgir do material que o analisando traz.

A. Giddens, sociólogo inglês de grande importância para a Contemporaneidade devido a seus estudos sobre a intimidade e as relações amorosas, postula que a grande contribuição trazida pela psicanálise foi ter propiciado um espaço onde a auto-reflexão tem lugar: o sujeito em análise, com a ajuda do analista, construiria possibilidades novas de vida, sentidos novos para a existência, pois as representações que tinha de si passam a ser problematizadas5.

A leitura da psicanálise, como espaço auto-reflexivo em que a relação intersubjetiva do par analítico produz sentido, aproxima-a de uma hermenêutica narrativa, e a distancia de boa parte das leituras correntes, principalmente quando o enfoque são as descrições dos casos clínicos.

D. Spence relata o estudo feito por Burland, que de uma amostragem de quatrocentos e cinqüenta resumos de casos preparados por candidatos à qualificação, encontrou núcleos de concordâncias em que,

quase sem exceção, a vivência do analisando foi semelhante: uma regressão passo a passo para rever o passado, nas lembranças, na transferência, e na realidade quotidiana. (...) Os pacientes me impressionaram por compartilharem um repertório mais ou menos comum de afetos e por se debaterem com eles de maneiras semelhantes. (...) Ver isso descrito de maneira tão parecida, vezes seguidas, em 450 exemplos, ainda que com pacientes e analistas diferentes, causou um efeito cumulativo impressionante (Burland apud Spence, 2000, p. 35).

D. Spence argumenta sobre a improbabilidade dessas amostragens possuírem esse tipo de concordância, sendo mais plausível uma derivação da necessidade do candidato ficar dentro da norma do que fantasia ser o esperado pelos Institutos de Psicanálise. Essas ocorrências podem ser transcritas para as metapsicologias que advogamos, em que as derivações tautológicas em geral são a regra: o analista acaba acreditando que o paciente possui tais e tais mecanismos, como os descritos por sua teoria preferida. Desta forma, projeta em seu analisando aquilo que de antemão já espera encontrar. Provar que a intuição, a vivência emocional ou autoridade de um autor são os motores que provam uma asserção, é incorrer em uma petição de princípio – a premissa repetida na conclusão6 – facilmente reconhecido por qualquer estudante de filosofia minimamente instrumentado pela lógica. Então, como fugir da circularidade tautológica?

Herrmann propõe que fujamos das saturações de sentido, das explicações em sentenças interpretativas que explicam o sujeito para ele mesmo, e que

o processo interpretativo converta-se numa série de pequenos estímulos, de variações emocionais, de reversões de posição do sujeito ou de sentido do discurso, que provocam ruptura de campo dos pressupostos emocionais que determinam as representações dominantes do paciente (1992, p. 20-21).

O rompimento das auto-representações do analisando propiciaria o surgimento de outras não antevistas por ele, abrindo novas possibilidades narrativas.

Os pacientes descritos por Burland são típicos dos analistas que vêem a psicanálise como uma ciência positiva, na qual a causalidade é a regra, aproximando-a de um quebra-cabeça em que as peças já estão dadas, facultando ao analista a função de apenas montá-las. Na acepção de Spence, são típicas da tradição de Sherlock Holmes:

apresenta um detetive (terapeuta) que se vê diante de uma série de acontecimentos estranhos e desconexos (sintomas) relatados por um cliente algo desesperado e desorganizado (paciente). O detetive ouve, olha e medita, nunca prejulgando, nunca perdendo a esperança, quase nunca surpreso, sempre confiante de que quando todos os fatos estiverem reunidos, o mistério desaparecerá e a verdade emergirá. Na aventura típica de Sherlock Holmes, o excêntrico cliente faz uma aparição teatral, com freqüência chegando em uma noite escura e de tempestade, e apresenta um relato que parece em parte fantástico e um tanto familiar. Os acontecimentos parecem não ter conexão lógica uns com os outros ou com elementos de seu passado; freqüentemente ele parece perto do desespero e pode ter ido a Holmes apenas como último recurso. Holmes, por oposição, ouve calma e desapaixonadamente, sereno no conhecimento de que a paciente averiguação de toda a evidência fornecerá a solução singular. E fornece. Quando a explicação é finalmente revelada, todas as pistas anteriormente desconcertantes se tornam óbvias e integradas em uma exposição contínua, que leva inevitavelmente a sua conclusão; o que era anteriormente desconexo e estranho se torna compreensível e quase lugar-comum (1992, p. 138).

O problema básico da tradição holmesiana é o engessamento interpretativo, a impossibilidade de explicações alternativas, pois a força da narrativa está no encaixe perfeito das peças, como nos relatos de Burland, que são regras entre os analistas que apresentam as explicações clínicas como as únicas possíveis, além de também não solucionar o problema da circularidade tautológica.

 

II

O primeiro grande livro de Freud, A interpretação dos sonhos (1900), coloca-nos frente à questão básica da psicanálise: a interpretação. O que vem a ser uma interpretação? Interpretação significa dizer que um conjunto de idéias, emoções e falas significam outra coisa além daquilo que manifestam; que há outros conteúdos, latentes, não acessíveis ao sujeito. Dizer que significam não é, entretanto, dizer o que significam; a interpretação propiciaria condições para que surjam os sentidos novos, pois se rompem os pressupostos que limitavam seu sentido. Interpretação e sentido: a conjugação destes dois conceitos é o cerne da reflexão hermenêutica.

Etimologicamente, a palavra hermenêutica advém do grego hermenèuein, que quer dizer exprimir, interpretar, significando originariamente a teoria ou a arte da interpretação. Inicialmente vinculada à interpretação dos textos, particularmente dos estudos bíblicos, seu escopo foi sendo alargado no século vinte para uma reflexão sobre o ser, adentrando no universo ontológico, cuja reflexão baseia-se, grosso modo, em duas premissas: ao falarmos do ser, falamos de realidades historicamente determinadas, que não são imutáveis, se desenvolvem, modificam-se e que se constituem naquilo que têm sido até então, e por aquilo que almejamos ser no futuro; e também das narrativas que estamos inseridos, da visão de mundo da qual pertencemos, pois

pensando em nós mesmos, nós pensamos naquilo que os outros pensam de nós, nos projetos que os nossos progenitores tinham sobre nós, nas opiniões que em geral os outros nos aconselham ou nos impõem a ter sobre nós mesmos (D’Agostini, 1997, p. 398).

A hermenêutica não busca explicar exaustivamente; não procura o fundamento último do ser, por visualizá-lo como pertencente ao horizonte histórico-lingüístico, ao qual todos pertencemos. Por isso, nosso interpretar não pode almejar uma explicação extenuante, pois como intérpretes estamos implicados no mesmo enredo que o interpretado. A interpretação é, assim, sempre incompleta, transitória e multiforme.

Poder-se-ia objetar que se nos livramos do engessamento interpretativo, constituído pelas explicações monovalentes, de caráter holmesiano, caímos agora no relativismo radical, e se tomamos a experiência hermenêutica como protótipo para a psicanálise, corremos a risco de tomá-la por aquilo que a constituiu em sua pré-história hipnótica: um tipo de sugestão. Para responder a essa aparente aporia, temos que investigar qual tipo de experiência verdadeira a interpretação psicanalítica propicia a seu analisando.

F. Herrmann propõe que a interpretação psicanalítica é similar às interpretações musicais. Quando ouço uma execução de uma peça, por exemplo, as Variações de Goldberg por Glenn Gould, sou tomado por sensações agradáveis, por uma experiência estética que considero verdadeira. Ouvindo-a tocada por um bom estudante num conservatório musical, reconheço a melodia, as velocidades, as pausas, mesmo que palidamente, se comparada a Gould. Ouço, ainda, um segundo estudante que não passa dos prolegômenos, que embora eu acredite que esteja tentando executar a peça, não a reconheço mais. A interpretação psicanalítica, diz Herrmann, é semelhante:

(...) como na música, os sentidos possíveis do discurso têm uma existência apenas potencial, até que sejam interpretados(...) há interpretações musicais de igual verdade, contudo muito diversas entre si, porque a verdade, nesse sentido, não implica univocidade e adequação do intelecto a um objeto alheio e real, mas captação, melhor ou pior dos aspectos essenciais da composição. Se não se apanha quase nada desses aspectos, a execução é irreconhecível; se a captação é deficiente, tem-se a impressão de falsidade; se for plena, surge a verdade artística (Herrmann, 1991a, p. 82).

A experiência de verdade, propiciada pela psicanálise, não é a preconizada pela ciência positiva. É aberta, sendo interpretações distintas sobre o mesmo material, tendo igual possibilidade de serem verdadeiras, desde que se respeitem as possibilidades inerentes à partitura que o paciente está mostrando. Entre a intenção do autor-paciente e a do intérprete-analista, há que se respeitar a intenção do texto7, do discurso, das possibilidades geradas pelo enredamento da situação analítica, que só é dado pelos seus efeitos, a posteriori.

As ressignificações da história de vida do paciente narradas na sessão acabam sendo sempre reconstruções, possibilidades de sentido, mais próximas da arte, do criativo, do que da verdade histórica, daquilo que “realmente aconteceu”.

A metáfora arqueológica, tão cara a Freud, pertence a esse apego à verdade histórica8, à hipótese de que há sempre camadas superpostas, fragmentos passados conservados intactos, bastando ao psicanalista remover as resistências para que o sentido se apresente. Por outro lado, a verdade narrativa apresenta essa abertura de sentido, em que os episódios da vida do paciente, vividos ou fantasiados, os fragmentos, as cenas ouvidas, desconexas, narradas nesse turbilhão emocional que é o encontro analítico, abrem-se para uma história ainda não narrada, que será constituída na sessão, ou em seus desdobramentos. O passado modifica-se pelo horizonte que é encarado no presente, sendo a ruptura dos pressupostos que engessavam o sentido para o paciente a condição básica para a verificação da eficácia de uma interpretação.

A interpretação eficaz produz um rompimento das auto-representações do indivíduo. Esse rompimento só é possível pela propriedade essencial da psicanálise: a escuta descentrada, o não respeito (por parte do analista) do assunto proposto pelo paciente. Ao romper o campo9 em que as representações se assentavam, o paciente se vê privado do sentido que durante tanto tempo o acompanhou e experimenta uma sensação de irrepresentabilidade provisória, a que Herrmann chamou vórtice10, em que as emoções mais básicas, as representações antes proibidas de participar da consciência, vêm à tona. Esse processo de ruptura de campo, contudo, normalmente é longo e complexo.

Como um cartógrafo da mente, o analista deve estar atento às configurações representacionais de seu paciente, identificando seus limites, entraves, tensionando-o, isto é, encontrando representações que o campo é incapaz de abarcar sem contradições. A proteção contra a circularidade tautológica encontrase na atenção que o analista deve ter para perceber que o sentido advindo da interpretação é diverso da própria sentença que formulou. A execução que faz, com maior ou menor virtuosismo, ainda sim são as Variações de Goldberg, e não um arremedo qualquer; ou pior, uma mistura das Variações e Répons, Bach e Boulez, que nos diria muito mais sobre o intérprete e nada sobre as obras e seus compositores.

 

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Endereço para correspondência
José Carlos G. Mohallem
Rua D. Antônia de Queirós, 537 / 549 / cj605
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E-mail: jcmohallem@yahoo.com.br

Recebido em 08/06/05
Versão revisada recebida em 24/08/05
Aprovado em 30/08/05

 

 

Notas

I Psicólogo; Membro do Laboratório de Psicopatologia Fundamental (Universidade Presbiteriana Mackenzie, 1999-2001); Mestrando em Psicologia Clínica (PUC-SP).
1 Gostaria de agradecer a Leda e Fabio Herrmann pela generosidade com que me receberam em sua casa nas reuniões em torno da obra dele. Os acertos devem muito a esses encontros. Já os deslizes na aproximação com a hermenêutica são por minha conta.
2 As relações entre Foucault e a psicanálise são muito mais complexas e ambivalentes, podendose dizer, com Birman, que a Psicanálise tem um lugar central e permanente na reflexão filosófica foucaultiana. Para tanto ver, entre outros, Birman (2000, 2001) e Mezan (1987).
3 A importância de Lévi-Strauss para a psicanálise é extraordinária, e lugar-comum dentro do movimento lacaniano. Os ensaios que abordam a psicanálise e o xamanismo, O feiticeiro e sua magia e Eficácia Simbólica também enfocam algo de suma importância para a psicanálise: a relevância do universo simbólico, social, para a sobrevivência do indivíduo. De como a dissolução da personalidade social, dos vínculos que o sujeito estabelece com a comunidade a que pertence, podem acarretar em uma dissolvência de sua integridade física.
4 A obra de Herrmann é extensa – são doze livros e mais de cem artigos, tendo uma posição excepcional no panorama da psicanálise contemporânea. Neste artigo, apenas margearei seus conceitos metodológicos, deixando para próximos trabalhos uma análise mais extensa e necessária de sua obra.
5 Giddens, evidentemente, segue na esteira da reflexão de Habermas, que vê a psicanálise como uma “hermenêutica das profundezas”, reconstruindo a psicanálise como auto-reflexão.
6 Diz D. Spence: “a convicção de que a motivação inconsciente está em atuação pode ser considerada falha pelo menos a partir de dois pontos. Em primeiro lugar, se a forma da fantasia inconsciente não pode ser estabelecida independentemente de seu efeito presuntivo, podemos ter um exemplo de raciocínio circular. Em segundo lugar, se afirmamos que uma fantasia inconsciente previamente estabelecida pode ser usada para explicar um novo acontecimento clínico, podemos ter demonstrado não mais que uma superposição casual entre dois acontecimentos não relacionados” (1992, p. 41).
7 O conceito de intenção do texto é desenvolvido por U. Eco em várias obras, como: Interpretação e superinterpretação (1993).
8 Freud não ficou apenas apegado ao recurso da história pregressa do paciente, tendo também se utilizado desse recurso ao ficcional nas descrições clínicas, como por exemplo no caso do Homem dos lobos (cf. Kermode, 1993; Spence, 1982).
9 Campo, para Herrmann, são os “determinantes da conversa do paciente, acrescentando ainda que um campo existe sempre em toda e qualquer relação humana, mesmo que não se trate de conversa. O campo é tudo aquilo que determina uma relação e é inapreensível do interior dessa relação (1992, p. 16).
10 Fábio Herrmann explicita o conceito de vórtice, bem como dos conceitos básicos como método, campo, ruptura de campo, relação, em quase todos os seus livros – dentre eles, Andaimes do real: o método da psicanálise (1991), Clínica psicanalítica: a arte da interpretação (1991) e Introdução à Teoria dos Campos (2001).