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versão impressa ISSN 1415-1138

Psyche (Sao Paulo) v.12 n.22 São Paulo jun. 2008

 

ARTIGOS

 

O caso metapsicológico: o papel da construção e da ficção em psicanálise1

 

The metapsychological case: the role of “construction” and “fiction” in psychoanalysis

 

 

Luís Fernando Barnetche Barth*

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

No presente artigo, o autor examina o conceito de construção utilizado por Freud na análise de alguns de seus casos mais conhecidos, distinguindo-o da interpretação, assim como as possibilidades de utilização do conceito de ficção pela psicanálise. A partir do estudo da memória em psicanálise, o autor articula os conceitos de construção e ficção como ferramentas para a escritura de casos metapsicológicos a serem oferecidos à comunidade psicanalítica. A transmissão do saber psicanalítico é realizada por meio da transfiguração dos traços reveladores de uma estrutura coletados pelo pesquisador psicanalítico em uma imagem teórica.

Palavras-chave: Caso metapsicológico; Construção; Memória; Ficção; Transfiguração.


ABSTRACT

In this paper, the author examines the concept of “construction” used by Freud in the analysis of some of his most known cases and distinguishes it from interpretation as well as from the possibilities of utilization of the concept of “fiction” by psychoanalysis. Parting from the study of memory in psychoanalysis, the author articulates the concepts of construction and fiction as tools for writing metapsychological cases offered to the psychoanalytic community. The transmission of the psychoanalytical knowledge is made through the transfiguration of the revealing traits of a structure collected by the psychoanalytic researcher in a theoretical image.

Keywords: Metapsychological case; Construction; Memory; Fiction; Transfiguration.


 

 

Desde 1900, com a publicação da obra freudiana A interpretação dos sonhos, a interpretação tem papel preponderante na técnica psicanalítica. Todavia, Freud acaba enfatizando o conceito de “construção” no final de sua vida. À medida que a construção é empregada em um âmbito mais amplo, e mesmo mais profundo do que a interpretação – isso em uma época na qual grande parte de sua pesquisa já estava desenvolvida –, tem-se o indício de que justamente nesse ponto Freud encontrara apoio para o trabalho metapsicológico. Por metapsicologia entende-se o conjunto de modelos conceituais elaborados por Freud e por seus seguidores para definir e explicar o campo de investigação por ele fundado.

Podemos encontrar exemplos de construções em alguns casos clínicos de Freud, especificamente na análise dos casos conhecidos como “Homem dos Ratos” (1909), “Homem dos Lobos” (1918) e também na história clínica da jovem homossexual (1920). Porém, é no artigo Construções em análise (1937) que ele apresenta considerações mais profundas e organizadas sobre o tema.

No referido artigo, Freud (1937) inicia sua exposição defendendo a psicanálise da acusação de que a interpretação dada ao paciente está sempre correta – expressa no princípio “Cara, eu ganho; coroa, você perde”. É verdade que o “sim” e o “não” dados pelo paciente como resposta a uma interpretação não garantem necessariamente sua natureza correta ou incorreta. A partir daí, o autor explica rapidamente a técnica psicanalítica.

As inibições e os sintomas do paciente são formados em conseqüência do recalcamento de experiências e dos impulsos afetivos a elas ligados e que foram esquecidos. Os sonhos, ainda que de maneira distorcida, mostram os fragmentos dessas lembranças pela técnica da associação livre a partir de alusões feitas às experiências reprimidas. A transferência é o dispositivo utilizado pela técnica psicanalítica para favorecer o retorno dessas conexões.

Para o analista, não está em jogo a tarefa de recordar algo que foi esquecido, uma vez que nada experimentou e nada reprimiu. Sua tarefa consiste em completar o que foi esquecido, em construir, a partir de traços deixados pela experiência. O trabalho de construção assemelha-se, segundo Freud (1937), ao trabalho do arqueólogo. Ambos, psicanalista e arqueólogo, encontram dificuldades em reconstruir, por meio da suplementação e da combinação, os restos que sobreviveram, embora no caso de uma análise, o material a ser tratado não está destruído, mas ainda vivo. Outras diferenças ficam por conta de que os objetos psíquicos são muito mais complexos e que o analista possui um conhecimento insuficiente do que pode encontrar. Concluindo essa analogia, Freud diz que na arqueologia, a reconstrução é o objetivo e o final dos esforços do escavador, enquanto na psicanálise, a construção é apenas um trabalho preliminar. O trabalho analítico dá-se pela comunicação de um fragmento da construção, para que este aja no paciente; então um novo fragmento é comunicado.

Geralmente a interpretação é tida como a mais importante intervenção em um tratamento analítico, pois esteve presente desde cedo na obra freudiana. Por outro lado, Freud acredita ser a construção o dispositivo mais adequado à técnica analítica: “interpretação aplica-se ao que se faz com um elemento isolado do material, uma associação, um ato falho ou coisas semelhantes. Uma construção é quando se apresenta ao analisado um fragmento de sua esquecida pré-história” (1937, p. 398 – tradução nossa).

O espírito científico de Freud não se contentaria em esclarecer o papel de uma construção sem verificar as garantias de êxito logradas por uma construção na prática analítica cotidiana. A comunicação de uma construção errada ao paciente não chega a causar prejuízo. Nesse caso, o paciente não reage à comunicação com um “sim” ou com um “não”, permanecendo intocado pelo que foi dito. O perigo reside no fato de o analista, por meio da sugestão, impor sua própria crença ao paciente – o que está longe de ser adequado à técnica psicanalítica.

Um “sim” como resposta a uma construção não tem valor per se, necessitando da confirmação indireta de outros elementos – isso quando o paciente não trouxer novas lembranças que complementem ou ampliem a construção dada. A prática mostra que muitas vezes a resposta afirmativa pode favorecer o encobrimento da verdade. Um “não” tem menor valor ainda, pois muito freqüentemente é fruto da resistência despertada pelo tema contido na construção ou por algum outro fator em jogo no tratamento analítico. Freud (1937) lembra que na medida em que as construções são parciais, pode o analisante responder com um “não” justamente em função de a comunicação ser incompleta.

As elocuções do paciente fornecem poucas provas da correção ou não de uma construção, cabendo às formas indiretas a confirmação da comunicação do analista. Assim, as expressões do tipo “nunca pensei nisso antes” e suas variações são formas indiretas de confirmação. Outra maneira de confirmação muito bem-vinda é quando o paciente faz associação com algo de conteúdo semelhante ao da construção feita pelo analista.

Embora possamos imaginar que toda construção deva redundar na recordação da situação reprimida pelo paciente, nem sempre isso acontece. Uma convicção segura da verdade da construção expressa pelo analisante tem o mesmo efeito terapêutico de uma recordação. Em alguns casos, os pacientes referem recordações muito nítidas – ultraclaras (überdeutlich) – de pormenores relacionados ao tema da construção, embora nada lembrem com relação ao evento recalcado em si. Nesse caso, Freud (1937) garante haver uma nova conciliação na qual traços de memória que se tornariam conscientes foram deslocados pela resistência para outros objetos de menor significação.

Em Esboço de Psicanálise, Freud (1938) retoma o tema da construção sobre o aspecto da transferência de conhecimento entre analista e paciente. Baseado nas formações do inconsciente, o analista faz suas construções acerca do que ocorreu interna ou externamente e foi esquecido pelo paciente. Para que o nosso conhecimento também passe a ser o conhecimento dele – do analista e do paciente, respectivamente, nas palavras de Freud –, é preciso esperar pelo momento adequado, ou seja, quando o paciente tenha chegado suficientemente perto da construção que só reste um passo a ser dado.

O que é interessante ressaltar no artigo acima é que Freud faz clara menção ao fato de os acontecimentos sujeitos à construção por parte do analista serem tanto da ordem interna quanto da externa. Ao afirmar a possibilidade da construção de um acontecimento interno, Freud destaca a importância da vida psíquica na qualidade de realidade para o paciente. Ainda no mesmo artigo, podemos encontrar o uso da construção como o verdadeiro método da pesquisa psicanalítica, o que vale a pena ser destacado:

Toda ciência se baseia em observações e experiências a que se chegou através do veículo de nosso aparelho psíquico. Mas visto que a nossa ciência tem por assunto esse próprio aparelho, a analogia acaba aqui. Efetuamos nossas observações através do mesmo aparelho perceptivo, precisamente com o auxílio das rupturas na seqüência de ocorrências “psíquicas”: preenchemos o que é omitido fazendo deduções plausíveis e traduzindo-as em material consciente. Desta maneira construímos, por assim dizer, uma seqüência de ocorrências conscientes que é complementar aos processos psíquicos inconscientes. A relativa certeza de nossa ciência psíquica baseia-se na força aglutinante dessas deduções. Quem quer que se aprofunde em nosso trabalho descobrirá que nossa técnica tem fundamentos para defender-se contra qualquer crítica (1938, p. 184 – grifo nosso).

Ao definir a realidade psíquica como a realidade para a psicanálise, isso pode levar a ciência freudiana a ser desacreditada por lidar com lembranças que sejam um misto de verdade e falsificação, ainda que as meras lembranças infantis isoladas, das quais as pessoas têm absoluta consciência, também estão sujeitas a adulterações ou a combinações com a verdade. O equívoco reside em se dar valores diferentes para a realidade e para a fantasia. Assim, no trabalho com o paciente em análise, o terapeuta não deve fazer distinção entre o material ligado a eventos reais da infância e os imaginários, pois estes também possuem certa realidade, a ponto de Freud concluir que: “as fantasias possuem realidade psíquica, em contraste com a realidade material, e gradualmente aprendemos a entender que no mundo das neuroses, a realidade psíquica é a realidade decisiva” (Freud, 1915-1917, p. 430 – grifos nossos).

 

A memória em psicanálise

Ao se falar em memória no contexto psicanalítico, deve-se destacar que esta é concebida de forma original por Freud. Destarte, a memória não deve ser confundida com a memória de acontecimentos passados, memória consciente, ou seja, não se trata da mesma memória estudada pela psicologia. Quando da formação do aparato anímico, a memória já está incluída, sendo pré-condição para a formação psíquica. Assim, o psíquico em Freud inclui a memória, e esta é inconsciente, não havendo psíquico sem memória.

No artigo Uma nota sobre o “Bloco Mágico”, Freud (1925) inicia sua exposição tratando de duas formas freqüentemente utilizadas como auxiliares no registro de dados de memória. Na primeira delas, uma folha de papel em branco é o recurso escolhido, a fim de que possamos preservar uma nota. Nesse recurso, a desvantagem fica por conta do limite receptivo da superfície da folha de papel. Outra forma de registro é o efetuado com giz em uma lousa. Nela, podemos fazer registros por tempo indeterminado, já que a superfície, ao ser apagada, renova sua capacidade receptiva, mas destrói os traços inscritos anteriormente. Utilizando-se de uma analogia com um pequeno dispositivo disponível em qualquer loja de brinquedos e chamado de “bloco mágico”, Freud concebe o sistema percepção-consciência, o qual mescla as vantagens dos recursos da folha de papel e da lousa.

O sistema percepção-consciência freudiano é capaz de receber as percepções sem reter traço permanente na qualidade de uma superfície sempre pronta a captar outras novas, enquanto os traços permanentes são mantidos em “sistemas de lembrança” por trás do sistema perceptual. Para Freud (1925), a consciência surge no sistema perceptual em lugar dos traços permanentes. A memória é a capacidade de reproduzir, de dentro do sistema, os registros feitos.

Para Garcia-Roza (1998), o aparelho de memória idealizado por Freud é concebido também como um aparelho que articula representação e linguagem. A memória que interessa a esse aparelho é a relativa ao traço (Spur) de uma impressão (Eindruck), assim como devemos conceber a memória como sendo relativa a um texto. A impressão (Eindruck) não constitui por si só uma lembrança, por isso ela não pode ser conservada na memória, a não ser como traço ou representação. Ao não se constituir uma lembrança, a impressão não pode ser evocada, mas construída. Dessa forma, ainda para Garcia-Roza, a impressão não se refere ao significante2 porque não se liga a outras impressões, podendo ser considerada apenas como um signo, como um sinal ou um índice.

Assim, podemos afirmar que os traços (Spuren) de memória, incapazes de serem recuperados, mas passíveis de serem construídos, são elementos constituintes do aparelho anímico. Por outro lado, como lembra Garcia-Roza (1998), na teoria freudiana, o traço (Spur) é traço de uma impressão. É por meio da inscrição dos traços que uma impressão mantém seus efeitos. A formação do traço, a seu turno, depende da intensidade da impressão e da repetição, os quais são fatores responsáveis pela memória.

Além da impressão (Eindruck) e do traço (Spur), Freud liga a memória em relação a algo que deve ser concebido como um texto na dimensão onírica. Na carta de número 52 a Fliess, datada de 06/12/1896, Freud concebe o sonho como um texto feito de imagens e estruturado como linguagem (Masson, 1986). É verdade que as imagens oníricas têm valor de signos que remetem a outros signos, mas não às coisas que as imagens representam, pois há um efeito de distorção produzido pela censura.

Os sonhos e as fantasias devem ser tomados como Bilderschrift (escritura em imagens), cuja leitura psicanalítica não se deve apoiar no Bildwert (valor de imagem), mas em seu valor significante. O sonho é, então, um texto enigmático remetido ao Outro3 pelo próprio sonhador, mas não como indivíduo, como um “Eu”, mas como sujeito do inconsciente, e que depende da ordem simbólica para ser decifrado.

Retomando a questão específica da rememoração de situações passadas, as quais fazem parte do chamado material de análise, Lacan afirma explicitamente, em seu artigo Função e campo da fala e da linguagem em psicanálise, que a ambigüidade da revelação do passado de uma paciente histérica não é devida ao conteúdo vacilar entre o imaginário e o real, na medida em que se situa em ambos, assim como não se trata de uma mentira. Essa ambigüidade é própria do nascimento da verdade na fala, cuja realidade não é verdadeira nem falsa. Para o autor, a verdade está na fala presente. A verdade é, então, atestada por essa fala na realidade atual, fundando-a em nome dessa realidade. A partir daí, Lacan assim define a memória:

não se trata, para Freud, nem de memória biológica, nem de sua mistificação intuicionista, nem da paramnésia do sintoma, mas de rememoração, isto é, de história, fazendo assentar unicamente sobre a navalha das certezas da data a balança em que as conjeturas sobre o passado fazem oscilar as promessas do futuro. Sejamos categóricos: não se trata, na anamnese psicanalítica, de realidade, mas de verdade, porque o efeito de uma fala plena é reordenar as contingências passadas dando-lhes o sentido das necessidades por vir, tais como as constitui a escassa liberdade pela qual o sujeito as faz presentes (1956, p. 257).

Como confirmação disso, Lacan (1956) diz-se plenamente de acordo com as construções de Freud no caso de “O Homem dos Lobos”. Embora Freud busque uma objetivação quanto à cena primária, não deixa de considerar necessárias as ressubjetivações do acontecimento para a explicação de seus efeitos. Essas reestruturações operam-se a posteriori (nachträglich), decidindo o rumo do sentido a ser dado ao acontecimento original – ou seja, na visão de Lacan, Freud elide o intervalo de tempo no qual o acontecimento permanece latente no sujeito. Assim, o autor conclui que aquilo que serve de fundamento ao novo método que recebeu de Freud o nome de psicanálise é a assunção de sua história pelo próprio sujeito no que ela se constitui pela fala endereçada ao Outro.

 

A construção do caso

A utilização da construção na escritura de um caso foi idealizada por Fédida (1989, 1991a, 1991b), oferecendo-a como ferramenta própria ao método psicanalítico de pesquisa, a qual permitir o exame metapsicológico da dimensão inconsciente posta em jogo em um tratamento psicanalítico. A construção do caso é pensada pelo autor a partir do despertar clínico e crítico do infantil no processo de análise. Fédida afirma que:

A construção está diretamente relacionada com o que, no tratamento, tende a se repetir transferencialmente do infantil sob tal ou qual modalidade da comunicação. E se é verdade que o analista apreende rapidamente o infantil das modalidades de comunicação do paciente na transferência, ainda não dispõe do inédito das palavras que lhe permitiria a apresentação desta construção ao paciente. Tudo se dá como se somente o tempo de um tratamento tornasse possível a perlaboração desta primeira visão sobre o conteúdo da amnésia infantil e como se o tratamento fosse justamente o “lugar” deste tempo onde se recolocam em jogo ao se colocarem em jogo as modalidades de comunicação inerentes ao esclarecimento das construções (1989, p. 119-120).

Relacionando a construção do caso ao tema da supervisão, Fédida (1991a) trata o encontro dos dois analistas de maneira a não dispensar o entendimento metapsicológico aí envolvido. Diferentemente do que se observa no estudo de caso psicológico, o analista encontra-se mergulhado no caso que expõe, levando em consideração seus próprios processos psíquicos na concepção do caso a ser supervisionado. Assim, o relato trazido para a supervisão não está menos afeito às leis inconscientes do que o próprio relato do paciente; e Fédida utiliza-se do mesmo rigor metapsicológico que anima a prática analítica para o exame da memória do tratamento.

Nesse sentido, a memória evocada no relato das falas do paciente em sua face empirista de objetivação enfatiza aspectos como a observação, a atenção eletiva, a memorização e a síntese, os quais são elementos indispensáveis ao modelo médico-psicológico de estudo de caso. A obrigação de tomar notas na própria sessão, desaconselhada por Freud (1912), ou depois dela, com a finalidade de apreender o conteúdo verbal do paciente em sua dimensão representativa da fala a ser relatada a um terceiro – por ocasião da supervisão ou controle –, obstrui o fluxo da linguagem em favor de um pensamento retrospectivamente reflexivo.

A advertência freudiana fala em favor da capacidade de esquecimento, uma vez que uma memória que tudo registra e nada esquece, segundo Fédida (1991a), conforma-se com o modelo paranóico de comunicação interpessoal. Um exemplo modelar encontra-se no Aufschreibesystem (sistema de transcrição) concebido no delírio de Schreber. Nele, observamos como o registro de todas as memórias impede o esquecimento e o conseqüente jogo significante.

Outra hipótese lançada pelo autor, a de um impressionismo subjetivo, refere-se à recusa de reter os dados na memória em nome da “memória inconsciente”, por ser esta alheia ao campo da análise. A rememoração em jogo em uma análise não é propriamente uma atividade da memória, uma vez que o infantil está fora do alcance da rememoração dos fatos ocorridos na infância. O infantil de que trata uma análise é uma tentativa de constituição da memória de si com a qual se evita o desaparecimento subjetivo.

O autor toma o sonho como modelo paradigmático, quando, por meio da transferência, o impronunciável do infantil insiste em se enunciar de forma repetitiva no presente. Para Fédida, a construção é “a teoria e a memória do infantil em estado de linguagem, ou seja, em sua condição de constituição metafórica à escuta do paciente” (1991a, p. 179). Assim, o autor chega a dizer que em uma sessão nada há para ser relatado a ninguém, na medida em que o relato transforma o tratamento em objeto de uma memória narrativa, na qual sobressai o registro dos acontecimentos em detrimento das palavras. O recurso da supervisão torna o analista mais disponível à construção, isto é, mais disponível às teorizações retiradas da memória do infantil.

Em A construção do caso, Fédida (1991b) toma como ponto de partida o trabalho de supervisão com uma analista, no qual demonstra como o relato de um caso de análise se transforma em uma construção do caso. No princípio do processo de supervisão, a analista supervisionada traz a história do caso em forma de relato dos acontecimentos da vida do paciente reiteradamente repetidos por ele. Aos poucos, novos dados vão surgindo nesse relato, e ainda que as hipóteses levantadas no trabalho de supervisão não permitam uma interpretação, por serem da ordem de uma fantasia, o “enigma do caso” vai se constituindo a partir dos pontos cegos da analista e de seu supervisor. Cabe salientar que o objetivo não é reconstituir a história do caso, mas construir o lugar psíquico singular da memória pessoal relativo à constituição de qualquer acontecimento a partir das possibilidades da linguagem.

Aqui cabe uma advertência. O enigma citado por Fédida (1991b) só pode ser entendido como enigma da vida psíquica do paciente estabelecido a partir da escuta oferecida por um analista, ou seja, o caso não está dado, pronto, antes do advento da relação transferencial. Destarte, o analista está implicado no caso levado à supervisão; de outra forma, poderíamos equiparar erroneamente a função do analista à de um detetive na busca do elemento faltante para a elucidação de uma questão, o que prenderia a concepção de caso ao relato histórico dos acontecimentos da vida do paciente, e a “peça faltante” independeria do processo analítico. Dito de outro modo, o enigma do caso só se apresenta como enigma no tratamento analítico, o que vai de encontro à visão popular de que Freud explica tudo e de que os analistas estão sempre analisando seus interlocutores.

Um aspecto trazido pelo autor refere-se à apresentação pública. Para Fédida (1991b), não é a originalidade psicopatológica ou a singularidade da história do paciente o que constitui o caso, levantando como primeiro ponto que o caso é redigido para ser publicado. Outro aspecto está no fato de que ainda que todas as falas e associações pudessem ser transcritas em estilo magistral, não trariam em suas informações o conhecimento que a psicanálise permite de um caso. Assim, Fédida conclui que “na psicanálise, o caso é uma teoria em gérmen, uma capacidade de transformação metapsicológica (...). Em outros termos, o caso é construído. Enquanto tal, ele não pode proceder de um relato. Não existe história de caso!” (p. 230 – grifos do autor). Mais especificamente, o caso é construído “a partir de sua capacidade ficcional de produzir modelos clinicamente deformáveis e transformáveis” (p. 234 – grifo do autor). A figurabilidade do texto teórico, possibilitando a legibilidade da clínica, é o que o caracteriza como metapsicológico.

Contudo, ainda que a formulação acima mostre sua face abstrata, não devemos menosprezar a importância da narratividade na qual se insere o relato psicanalítico de um caso e suas descrições de situações e sintomas. É por meio do relato que podemos chegar à produção da linguagem do figurável, a qual tem como material a tentativa de o paciente suspender a amnésia e a rememoração impossível de sua história pessoal e o trabalho do analista a partir de seu próprio recalque, a fim de possibilitar a construção dessa memória impossível.

 

O caso clínico como ficção

A utilização da ficção como ferramenta do psicanalista pode a princípio ser alvo de críticas. De fato, esse parece ser um recurso clássico da literatura, e ainda que a ficção não chegue a ter propriamente um estatuto de conceito na psicanálise, isso não constitui um impedimento, na medida em que o fundamento conceitual psicanalítico é distinto dos encontrados nas demais disciplinas. Assim, é o efeito capaz de ser produzido que dará o caráter de bem fundado a um conceito psicanalítico, uma vez que antes da formulação teórica o psicanalista dá testemunho de sua escuta.

A idéia de que um caso clínico seja uma ficção nasce do fato de que o relato de um tratamento psicanalítico jamais consegue reproduzir o acontecimento concreto, mas sua história reformulada, a partir de uma reconstituição fictícia. Portanto, segundo Nasio, o caso é o relato elaborado pelo terapeuta como reconstrução da lembrança de uma experiência clínica. As leis que restringem a apresentação do caso e sua adaptação a uma teoria, somadas à recordação submetida ao desejo do analista como filtro da vivência, conferem-lhe um caráter ficcional. O autor acrescenta:

o caso clínico resulta sempre de uma distância inevitável entre o real de que provém o relato em que se materializa. De uma experiência verdadeira, extraímos uma ficção, e, através dessa ficção, induzimos efeitos reais no leitor. A partir do real, criamos a ficção, e com a ficção, recriamos o real (2001, p. 18).

Quanto às relações entre a ficção e o real, isto é, na ficção como ferramenta de acesso ao real, podemos encontrar essa preocupação também em Sousa (2000). Para o autor, o caso é uma ficção clínica, que resulta da exposição de uma hipótese teórica ao mesmo tempo em que tem a capacidade de revelar seu autor. Sousa acredita que o caso clínico psicanalítico pode ser considerado um novo gênero literário, residindo nesse aspecto a explicação para o fato de muitos lerem os casos de Freud como se fossem romances.

No “caso Dora”, por exemplo, o tratamento não durou mais do que três meses e se desenrolou em torno do trabalho com dois sonhos. As alterações feitas por Freud (1905) não são significativas e falam a favor de um ordenamento com o intuito de melhor apresentar o caso. Isso porque não se pode dispensar uma certa narratividade, uma apresentação fenomenológica do desencadeamento da doença e de seu tratamento. A questão da construção em relação à apresentação dos dados também está presente nessas notas preliminares, sem que ele utilize essa denominação:

Em face da imperfeição de meus resultados analíticos, não me restou senão seguir o exemplo daqueles descobridores cuja boa fortuna é trazer à luz do dia, após longo sepultamento, as inestimáveis embora mutiladas relíquias da Antigüidade. Restaurei o que faltava, valendo-me dos melhores modelos obtidos por mim de outras análises; mas, como um arqueólogo consciencioso, não deixei de mencionar em cada caso o ponto onde terminam as partes autênticas e começa meu trabalho de restauração (Freud, 1905, p.10).

Além da analogia do psicanalista com o arqueólogo, Freud comenta uma imperfeição de seu trabalho, ou seja, não reproduziu todo o processo de interpretação a que as associações da paciente foram submetidas, detendo-se apenas nos resultados desse processo. Também destaca que não se deve ter expectativas de que todas as questões relativas à histeria sejam respondidas com esse caso, pois não se pode esperar de um único caso mais do que ele efetivamente pode oferecer.

Em seu livro Metapsicologia freudiana: uma introdução, Assoun (1996) dedica um capítulo inteiro ao problema da ficção em psicanálise. Ele situa primeiramente a ficção no sentido de uma representação (Darstellung), ou seja, como um saber sobre a coisa. Admitindo, de saída, que o conceito metapsicológico é do gênero da ficção, pergunta-se sobre que gênero de racionalidade seria esse. Como resposta, situa a ficção exatamente como produto de um ficcionamento, qual seja, o Phantasieren metapsicológico. As modalidades que exigem sua produção e os fins que a legitimam demarcam a especificidade da ficção.

Ao buscar socorro no vocabulário de filosofia estabelecido por Lalande (1999), Assoun depara-se com uma primeira definição. A ficção “não é simplesmente o ‘não-verdadeiro’, semblante ou aparência, mas um constructo portador de virtualidades de conhecimentos” (Assoun, 1996, p. 57 – grifos do autor). Por saber que determinada construção não corresponde à realidade, espera-se tirar disso proveito pela estratégia epistêmica deliberada de uma indiferença metodológica pela realidade objetiva, sem a qual o efeito desejado seria impossível. Assim, a ficção é determinada, desde seu conteúdo, por certo grau de incerteza, o qual permite considerá-la como tendo valor de verdade.

A utilização da ficção na escritura de um caso metapsicológico deve ser entendida como um procedimento que consiste em supor um fato ou uma situação diferente da realidade pela dedução das conseqüências. Pode-se ainda dizer que a ficção possibilita fazer existir um ser abstrato, e dessa forma permite certo número de operações, assim como, por exemplo, os números negativos e infinitos são ficções matemáticas. Também se observa o uso desse recurso em áreas como o Direito, em que a pessoa moral aparece como ficção jurídica, facilitando o estabelecimento de princípios.

Para Assoun (1996), Freud busca se emancipar dos debates epistêmicos formais pelas características singulares de seu objeto, fugindo tanto do positivismo, que exige um conhecimento fundado na experiência, quanto do pragmatismo, que busca a validação a partir dos efeitos produzidos. Sua postura acaba por ser, ao mesmo tempo, pragmática e rigorosa.

A primeira e mais importante ficção metapsicológica é a concepção tópica do aparelho psíquico como um instrumento composto de elementos (instâncias) e sistemas dispostos em uma espacialidade que seria a de um realismo funcional. Freud não se detém na materialidade do aparelho psíquico, pois essa materialidade é uma representação, ou melhor dizendo, de uma representação auxiliar (Hilfevorstellung). Para Assoun (1996), Freud rejeita a filosofia do “Als ob” (como se) de Vaihinger, por tentar sustentar sua metáfora espacial, no caso do aparelho psíquico, ainda que provisoriamente em um substrato que a adesão ao “Als ob” faz desaparecer, na medida em que ela é pensada para funcionar e ordenar.

No artigo Construções em análise, Freud (1937) reencontra-se com a questão da ficção. O analista mostra-se ativo no processo de construção, sendo possível considerar essa construção como uma forma adequada de ficção. Adequada porque esse trabalho é subordinado à lógica de seu objeto, o qual teria um estatuto de realidade em sua origem. Assoun conclui seu capítulo afirmando que:

Tudo se passa como se Freud reencontrasse, in fine, a questão mesma que se colocava, na origem da psicanálise, quanto à “cena originária”: “verdade” ou “ficção investida de afeto” (“die mit Affekt besetze Fiktion”)? A hesitação primitiva, todavia, encontrou aqui seu estatuto de ambigüidade, de certa forma estrutural, do saber metapsicológico: descoberta de que o próprio sujeito do sintoma é estruturado como um “como se”, que nada mais é que sua realidade psíquica (p. 71 – grifos do autor).

A partir daí, podemos dizer que a ficção surge como um recurso utilizado pelos analistas, e seguramente está presente desde Freud, apresentando-se como concurso necessário e talvez o único disponível capaz de revelar aspectos do objeto de estudo da psicanálise.

 

O caso metapsicológico

As expressões “estudo de caso” e “caso clínico” são de uso corrente para a apresentação escrita das observações clínicas dos tratamentos psicológicos, psiquiátricos e psicanalíticos. Tendo em vista a singularidade do objeto de estudo na psicanálise, opta-se pela expressão caso metapsicológico, o que também o restringe ao campo propriamente psicanalítico.

Diferentemente dos estudos de caso e casos clínicos, os casos metapsicológicos estão centrados nas contribuições do psicanalista de forma a se poder afirmar que o caso escrito e oferecido à comunidade científica, ainda que baseado em um tratamento empreendido, seja sempre do psicanalista. Um caso publicado não acrescenta nada ao tratamento empreendido no pacientealvo do estudo – a não ser para os demais casos similares. Assim, o que leva um analista a escrever um caso a partir da seleção das histórias ouvidas no consultório é, segundo Willemart (2005), a crença de que ele descobriu algo de novo, e de que assim pode contribuir para a reconstrução da teoria. A clínica, para o autor, denuncia a ruptura do saber por meio de espaços vazios no campo teórico, e são esses “restos” que impelem o analista a escrever, estendendo o significante “construção” para a escritura do caso.

Outro aspecto a ser destacado é que muitas vezes os casos não correspondem a um tratamento psicanalítico, e o “Presidente Schreber” é um bom exemplo de um caso esboçado a partir de um relato autobiográfico. Outros exemplos ficam por conta das contribuições que a história nos legou, as quais serviram para as especulações freudianas (Leonardo da Vinci, Moisés). Há ainda o exame de determinadas condições psíquicas retiradas de personagens da literatura, o que não deixa de oferecer avanços para a psicanálise.

É importante lembrar que Freud (1914), ao explicar a dinâmica da transferência em Recordar, repetir e elaborar, usa a palavra Zwischenreich (reino intermediário) para descrever a condição artificial existente entre a doença e a vida real do paciente deflagrada pela transferência. É nesse campo diferenciado que o paciente oferece seu sofrimento à escuta psicanalítica, e somente aí as interpretações e construções feitas pelo analista ganham sentido. O Zwischenreich passa a ser, então, o palco onde a fala trazida pelo paciente – fala esta oferecida ao Outro – poderá revelar a outra cena.

Freud (1900) tomou emprestado de Fechner a expressão “uma outra cena” (ein anderer Schaupaltz), a qual indica que, em se tratando da formação onírica, a cena que aparece nos sonhos é sempre diferente da cena da vigília. A concepção de que aquilo que está em jogo na análise é uma outra cena aponta com precisão para a dimensão inconsciente, para seu funcionamento. O discurso do paciente remete sempre a outra coisa, e por meio do discurso, ele vai figurando em palavras sua fantasia, a qual só tem sentido em transferência, na qual pode ser interpretada ou construída, e posteriormente elaborada. É por isso que a reprodução das falas em uma análise freqüentemente suscita o estranhamento, a sensação de algo fora de lugar. A nomeação de um espaço específico, um intervalo, um contexto ou qualquer outra maneira de designarmos o Zwischenreich freudiano é extremamente precisa. Só então o psicanalista dará vazão às suas conjeturas metapsicológicas, transfigurando, isto é, construindo uma ficção capaz de representar os elementos teóricos em jogo.

Assim, essa operação implica o desfazimento de uma produção imagética – de uma figuração – oferecida pelo paciente à escuta analítica. Todavia, se o psicanalista estiver imbuído de oferecer à comunidade psicanalítica um caso metapsicológico, seu trabalho será o de uma construção ficcional, na qual os elementos em jogo ganharão uma nova imagem – transfigurada – em palavras, uma imagem teórica. Isso, admitindo-se de saída que falar e escrever são conceber imagens, ainda que contra a vontade consciente. Essa imagem pode ser apresentada pelas máximas teóricas retiradas de um caso ou de esquemas, como os concebidos por Freud, ou pela apresentação de um grafo, um matema, uma figura topológica ou um nó, como Lacan magistralmente propôs em seu ensino.

A transfiguração – quer em uma apresentação mais descritiva e imaginária como a freudiana, quer em uma apresentação mais próxima das fórmulas algébricas como a preconizada por Lacan – extrai dos traços coletados o que eles revelam de uma estrutura, na tentativa de transmitir o saber psicanalítico aproximando a psicanálise da ciência.

Os achados teóricos levantados pelo psicanalista não necessitam necessariamente do recurso de um caso para sua apresentação. Todavia, a história clínica ainda mostra sua importância quando se quer fazer ligações entre o padecimento de um paciente e os elementos em jogo. Destarte, o que se constrói é um caso metapsicológico, o qual terá efeitos sobre o fazer clínico da comunidade psicanalítica. Por isso, a ficção desempenha papel decisivo para a demonstração dos aspectos metapsicológicos estudados, ainda que quanto mais simbólica for sua apresentação transfigurada (matemas, esquemas, grafos), maior a chance de uma adequada transmissão do saber psicanalítico.

 

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Endereço para correspondência
Luís Fernando Barnetche Barth
Av. Plínio Brasil Milano, 2299 / 301 - Bairro Higienópolis
90520-003 - Porto Alegre/RS - Brasil
Tel.:+55 51 3341-5219
E-mail: luisfernandobarth@terra.com.br

Recebido em: 01.08.2007
Aprovado em: 19.09.2007

 

 

*Psicanalista e Psicólogo; Mestre em Psicologia do Desenvolvimento e Doutor em Psicologia (Universidade Federal do Rio Grande do Sul/UFRGS); Membro da Equipe de Saúde Mental do Município de Cachoeirinha/RS.
1 Artigo retirado da tese de doutorado Da figuração à transfiguração da fantasia na construção do caso: as ficções metapsicológicas, sob a orientação da professora Drª Maria Nestrovsky Folberg (Barth, 2006).
2 Todo elemento do discurso que representa e determina o sujeito.
3 Para Lacan, lugar dos significantes, lugar do inconsciente.