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Construção psicopedagógica

Print version ISSN 1415-6954On-line version ISSN 2175-3474

Constr. psicopedag. vol.17 no.15 São Paulo Dec. 2009

 

RESENHAS

 

Encontros entre arteterapia e psicopedagogia: a relação dialógica terapeuta e cliente, educador e aprendiz

 

 

Elaborada por Dilaina Paula dos Santos1

UNESP

 

 

Resenha do capítulo: Fagali, Eloísa Quadros. Encontros entre arteterapia e psicopedagogia: a relação dialógica terapeuta e cliente, educador e aprendiz. In: Cionai, Selma (org.) Percursos em arteterapia, v.3. São Paulo: Summus, 2005.

 

A relação entre psicopedagogia e arteterapia é refletida, estudada e vivenciada por Eloísa Quadros Fagali desde muito tempo e ilustrada neste capítulo a partir dos encontros psicopedagógicos-arteterapeuticos que desenvolveu com seus alunos/educadores/terapeutas em cursos de psicopedagogia e arteterapia do Instituto Sedes Sapientiae, na PUC e no espaço Integração.

No decorrer do capítulo Encontros entre arteterapia e psicopedagogia: a relação dialógica terapeuta e cliente, educador e aprendiz, Eloísa vai entrelaçando experiências profissionais com teorias sobre gestalt-terapia, gestalt-pedagogia e abordagem junguiana, demonstrando a relação dialógica estabelecida entre profissionais e aprendizes na busca de um real sentido entre aprender e ensinar.

A relação dialógica é trazida com primor por Eloísa no transcorrer do texto, em que nos deparamos com diversas experiências encantadoras de educadoras, psicopedagogas e arteterapeutas.

Notamos a valorização da singularidade que nos fala Richard Hycner, a importância da relação eu-tu e eu-isso que nos aponta Martin Buber e a integração entre as funções intuição, sensação, sentimento e pensamento, trazida pela teoria junguiana em cada percurso transcorrido, em cada relato poeticamente apresentado.

A psicopedagogia é definida por Eloísa como uma área de conhecimento e de atuação profissional que busca a “integração do emocional e do cognitivo, na dinâmica relacional eu-outro” que acontece na situação de aprendizagem. Para tanto, o olhar, assim como a postura terapêutica são essenciais. O acolhimento ao outro, os espaços de criação em que os sujeitos se reconhecem como construtores de si próprios e de seus conhecimento, o contato entre mundo interno e externo, o desenvolvimento da auto-estima e auto confiança, são trazidas como condições de saúde, como processos transformadores, terapêuticos, proporcionados pela arteterapia.

Questionamentos referentes ao “endurecimento” encontrado na escola e a forma fragmentada que se olha o aprendiz em seus diferentes contextos são apontados por Eloísa através das inquietações de suas alunas. A experiência pessoal vivenciada por elas abre espaço para novos conhecimentos, de si, do outro, dos processos de ensinar e aprender e é reverberada em novas e significativas experiências.

Ao ler o texto nos sensibilizamos com as vivencias, reflexões e teorizações trazidas sobre as oficinas psicopedagógicas/artetepeuticas que ocorreram com os diversos públicos: crianças hospitalizadas, portadoras de limitações cognitivas, abrigadas, educadores de creche e de escolas, portadores de diabetes, pessoas com traços psicóticos. O trabalho com o fogo, fotografia, mandalas, recorte e colagem, impressão de pintura com tinta, com contos, mitos, viagem imaginária, poesia e intervenção em espaços físicos desvelam situações em que se abrem portas para novas possibilidades são abertas, possibilidades de refletir, de criar e de aprender.

O método de construir conhecimento pela vivencia, possibilitado pelas oficinas que utilizam linguagens expressivas promove a ampliação do olhar e assim, o sentimento de pertencimento em algo maior. Desta forma os aprendizes em seus vários contextos, e principalmente no de formação de profissionais educadores/terapeutas poderão vislumbrar uma abordagem “holográficaecossistêmica”, em que o todo é maior do que a soma das partes, em que as partes se encontram e se interseccionam, criando novos diálogos e rítmicos desenhos.

 

 

1 Psicopedagoga titular pela ABPp, arteterapeuta, Mestre em artes (UNESP), coordenadora de docente de pós graduação, E.mail: dilaina@terra.com.br

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