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Construção psicopedagógica

versão impressa ISSN 1415-6954

Constr. psicopedag. vol.21 no.22 São Paulo  2013

 

Editorial

 

 

O presente volume da Revista Construção Psicopedagógica destaca dois aspectos que se relacionam: diferentes estilos cognitivo-afetivos e os diversos estilos de mediação.

Começamos com a entrevista com dois reconhecidos professores, o Prof. Carlos Yoba, Doutor em Ciências Pedagógicas, Mestre em Educação. Licenciado em Psicologia. Pró-Reitor para Cooperação da Universidade Lueji A´Nkondede, Angola, com inquietantes questões frente  a realidade educacional de seu país, principalmente no que se refere a formação do educador e/ou da psicopedagogia e a entrevista de Janicce Martinez Richard, licenciada em Psicologia da Universidade Simón Bolívar, na Venezuela, que traz reflexões sobre a formação acadêmica nos contextos sociais em que ela ocorre, com desafios quantitativos e qualitativos, e consequentemente, grandes desafios educacionais e psicopedagógica.

O artigo Atendimento na clínica-escola de psicopedagogia: percepção dos pais, de Carolina Santos Veiga e Márcia Siqueira de Andrade, nos aponta um caminho importante dentro da Psicopedagogia: a criação de uma clínica-escola, através da qual pode-se acompanhar a percepção dos pais sobre o atendimento dos filhos na clínica-escola:

"...A percepção positiva dos pais sobre o atendimento psicopedagógico dos filhos está diretamente associada à melhora do desempenho acadêmico das crianças. Essa posição favorável dos responsáveis acaba contribuindo ainda mais para o desenvolvimento dos filhos, na medida em que parece aumentar a adesão de todos ao tratamento, tornando-os colaboradores do terapeuta." (CAROLINA SANTOS VEIGA, C.S. e ANDRADE, M. S.)

Os próximos artigos trazem diferentes olhares sobre os contos dentro de um enfoque psicopedagógico e arteterapêutico.

O primeiro deles nos traz Alessandra Giordano, refletindo sobre A arte de contar histórias e o conto de tradição oral em práticas educativas: "Trabalhar com os contos deve ser facilitador de encontros e de relações interpessoais, para isso é preciso o máximo de conforto pois trata-se de uma atividade que pretende despertar o desejo e o prazer nas pessoas." (GIORDANO, A)

O artigo escrito por Eloisa Fagali e Lidia Lacava nos traz a questão da Identificação dos estilos cognitivo-afetivos de heróis dos contos e de sujeitos, em situações de aprendizagem, sob o enfoque sob o enfoque psicopedagógico-arteterapêutico. Dele ressaltamos:

"O estudo dos recursos simbólicos que permeiam os contos, aliado à análise dos tipos de heróis que neles habitam, pode contribuir de maneira significativa para um trabalho psicopedagógico diferenciado que servirá de suporte para a ampliação da consciência e avanços positivos no processo de aprendizagem." (FAGALI, E. e LACAVA, L.)

Dessa maneira, o olhar e o fazer psicopedagógicos ganham suportes interventivos de grande valia ao buscar estimular, através dos contos todas as qualidades de aprendizagem necessárias, buscando resgatar não só o aspecto cognitivo, mas também o afetivo que o ato de aprender suscita.

Neste sentido, o artigo de Débora Evans, Estilos cognitivo-afetivos e mediações através das narrativas nos instiga a:

"...dialogar com as possibilidades e desafios dos heróis dos contos constitui-se recurso valioso para os aprendizes poderem se identificar em relação às próprias capacidades na superação de possíveis dificuldades rumo ao desenvolvimento psíquico facilitado pela autoconfiança, autoestima e a conquista de autonomia na aprendizagem e construção do conhecimento. (EVANS, D.)

Os próximos artigos ampliam as abordagens psicopedagógicas e arteterapeuticas no que se refere ao diagnóstico e intervenção, criando pontes entre o processo de aprender que resgata a subjetividade do aluno em sala de aula ou em outras condições de aprendizagem.

O artigo O vocabulário do criador - Os seis elementos das artes plásticas como ferramentas para terapeutas e educadores: qualidades e aplicações, de Luciana Betti de Oliveira e Souza, confronta a arte com diversas facetas de nosso íntimo que estão geralmente em conflito com nossas ideias e comportamento conscientes.

"... se a arte surge da vida, ao se entrar em contato com a criação artística, acessamos o processo de vida daquele que a criou. A arte tem uma linguagem própria e seus termos específicos, seus elementos básicos, são a chave para sua compreensão. Quando compreendemos a linguagem artística, abrimos a porta para a compreensão da alma do criador, sejam eles, os nossos pacientes ou alunos. Além disso, a arte e seus elementos ampliam e refinam nossa capacidade de percepção e permitem também a integração das observações externas com as internas, do mundo interno com o mundo externo, num trabalho verdadeiramente arteterapêutico a serviço da saúde e da educação." (OLIVEIRA E SOUZA, L. B.)

A mediação deve ser compreendida como uma intervenção que o auxilia a utilizar conhecimentos potenciais. Na intervenção psicopedagógica há necessidade de fazer uma "escuta" apurada que permita compreender o percurso do aprendiz. Além dos contos de fada, das narrativas orais e da arte enquanto linguagem expressiva e possivelmente catártica, temos também a possibilidade do uso da música como recurso terapêutico nas dificuldades de aprendizagem e desenvolvimento humano. No artigo Música e arteterapia como recurso terapêutico nas dificuldades de aprendizagem e desenvolvimento humano, Pedro Alves de Oliveira nos indica que:

"Compreendida como uma linguagem artística, a música também expressa o desenvolvimento psíquico e sociocultural, pois agrega em si valores e significados provenientes dos desejos e dos sentimentos que vão desde o desenvolvimento individual até o social. Dessa forma, a música é um dos únicos recursos linguísticos onde uma expressão pode estar instantaneamente representando tanto a subjetividade de um indivíduo quanto os sentimentos, valores, ideias individuais e coletivas..." (OLIVEIRA, P. A.)

O artigo Escuta dos desenhos, de Geórgia Vassimon, nos traz o desenho como possibilidade de conhecer melhor o aluno, pois o desenho propicia a objetivação do plano mais interno, profundo e oculto do pensamento:

"Os alunos trazem a história vivida nos anos de escolarização, que se atualiza no momento da elaboração do desenho, descrevendo o seu fazer cotidiano, representando a escola e as relações que estabelecem nesse espaço. Atualizam o cotidiano, as suas experiências escolares e individuais e grifam o que permanece ou que transforma; o que renova ou o que muda de cor." (VASSIMON, G.)

Para cada nova descoberta científica, nova invenção tecnológica, nova transformação cultural precisaremos repensar as possibilidades de intervenção psicopedagógicas. Desta forma, o artigo de Joelma Cristina Santos e Maria de Fatima Aranha de Queiroz e Melo, (Re)construindo aprendizagens através da mediação do computador: um relato de experiência arremata nossa revista ao trazer elementos para nos apropriarmos de um novo tipo de intervenção:

"A informática e as novas tecnologias têm desempenhado um papel relevante nas aprendizagens e, como ressalta Weiss (2010), têm se configurado como elementos importantes no desenvolvimento, no enriquecimento das funções cognitivas e, obviamente, das funções afetivas que estão articuladas com esses processos, apontando a necessidade de o psicopedagogo utilizar o computador como mais um meio capaz de possibilitar observações e intervenções na clínica psicopedagógica."

Desta forma, a Revista Construção Psicopedagógica convida você leitor para refletir sobre a mediação e intervenção psicopedagógica com diferentes olhares e possibilidades, afim de que o aprendiz se torne um protagonista não só de um espaço ou recurso educacional, mas na vida em geral.

 

Marlene Coelho Alexandroff
Editora Científica