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Construção psicopedagógica

Print version ISSN 1415-6954

Constr. psicopedag. vol.24 no.25 São Paulo  2016

 

Narrativas de si em interface com o proceso de confecção de uma "colcha de retalhos": relato de experiência

 

Self-narratives on interface with the process of making an "patchwork": experience report

 

 

Profª Drª Norinês P. Bahia*

UMESP - Universidade Metodista de São Paulo

 

 


RESUMO

Este relato apresenta a experiência da proposição, pressupostos e desenvolvimento da disciplina "Formação de professores: memórias e identidade", para mestrandos e doutorandos do PPGE - Programa de Pós-Graduação em Educação, da UMESP - Universidade Metodista de São Paulo. A proposta da disciplina tem como foco analisar e discutir o contexto sócio-histórico sobre os processos de formação de professores e a constituição do ser professor, em interface com as trajetórias formativa e profissional (as narrativas de si), frente aos desafios, as contradições, as exigências e as influências na construção da identidade profissional que perpassam pelo cotidiano escolar e pelos modos de ser e de estar na profissão. Os procedimentos para o desenvolvimento da disciplina ocorrem a partir de leituras e discussões sobre vários textos acerca da formação de professores, histórias de vida, memórias e (auto)biografias; pela realização de um exercício, elaborado por cada aluno, de construção de narrativas de si para a recuperação das trajetórias formativa e profissional; e pela realização de um workshop intitulado "Colcha de Retalhos: nossas memórias, nossas histórias...".

Palavras-chave: Formação de professores, Narrativas de si, Trajetórias formativa e profissional.


ABSTRACT

This paper reports the proposal, assumptions and development of the course "Teachers training: memories and identity", offered to master's and doctoral students at the PPGE (Programa de Pós-Graduação em Educação - Graduate Studies Program in Education), at UMESP (Methodist University of São Paulo). The aims and objectives of the course focus on analyzing and discussing the social-historical context of teachers training processes as well as of the teaching profession in interaction with teachers' educational background and teaching practice (the so-called self-narratives), in the presence of challenges, contradictions, demands and influences in constructing professional identity within school daily life and teaching. Besides, during the course, participants are expected to read and discuss several texts about teachers training, life stories, memories and (auto)biographies, resulting in an exercise based on all participants' self-narratives in order to retrieve their educational and professional experience. This will culminate in a workshop entitled "Patchwork: our memories, our stories".

Keywords: Teachers training, Self-narratives, Educational and professional background


 

 

Introdução

A ideia de propor e ministrar a disciplina "Formação de professores: memórias e identidade", no contexto do PPGE - Programa de Pós-Graduação em Educação, da UMESP - Universidade Metodista de São Paulo, surgiu pela necessidade e importância de aprofundarmos as reflexões e discussões sobre o tema formação de professores, considerando as pesquisas e estudos sobre histórias de vida, memórias e (auto)biografias como uma forma de aproximar os mestrandos e doutorandos do PPGE com a metodologia das narrativas de si, entendendo-a como um processo profícuo enquanto prática de pesquisa e de formação.

O resgate da memória das trajetórias formativa e profissional comporta uma importância peculiar para os docentes, porque é através desta recuperação que o sujeito desvela-se a partir da sua profissionalidade - termo que buscamos em Libâneo (2008) a definição:

O professor é um profissional cuja atividade principal é o ensino. Sua formação inicial visa a propiciar os conhecimentos, as habilidades e as atitudes requeridas para levar adiante o processo de ensino e aprendizagem nas escolas. Esse conjunto de requisitos profissionais que tornam alguém um professor, uma professora, é denominado profissionalidade. A conquista da profissionalidade supõe a profissionalização e o profissionalismo. (p. 75)

Apenas para complementar, sobre profissionalização e profissionalismo, Libâneo (2008) explicita que a profissionalização se refere às condições propícias que levam um sujeito a executar seu trabalho com qualidade, e que dependem da formação inicial e continuada, da remuneração adequada e das condições de trabalho. Em relação ao profissionalismo, esse se relaciona ao desempenho competente e ao compromisso com as tarefas próprias da docência, além da responsabilidade de um comportamento ético e político da prática profissional. São processos distintos, mas que possuem uma unidade.

O desvelar-se a partir da profissionalidade, requer um exercício de resgate e análise das memórias de tempos passados, e também presentes - memórias que são imbricadas por vários episódios que denotam os caminhos percorridos.

Logo, o exercício de "narrar-se" expõe as nossas experiências que se constituem enquanto trajetória de vida - muito particular e amalgamada pelas relações estabelecidas com diferentes sujeitos, de muitos lugares e em variados tempos - uma trajetória marcada por nossas decisões/opções, por conflitos e contradições, por erros e acertos, por alegrias e tristezas:

Trabalhar com a memória, seja a memória institucional ou a do sujeito, faz emergir a necessidade de se construir um olhar retrospectivo e prospectivo no tempo e sobre o tempo reconstituído como possibilidade de investigação e de formação de professores. A memória é escrita num tempo, um tempo que permite deslocamento sobre as experiências. Tempo e memória que possibilitam conexões com as lembranças e os esquecimentos de si, dos lugares, das pessoas, da família, da escola e das dimensões existenciais do sujeito narrador. (SOUZA, 2007, p. 63-64)

As narrativas de si, enquanto metodologia que possibilita a recuperação das memórias, destas histórias únicas, compreende procedimentos de um processo que promove um encontro "consigo mesmo" e que busca o desvelamento sobre "como me tornei no que sou" e "como tenho eu as ideias que tenho" (JOSSO, 1988, p. 41).

Construir uma narrativa requer um movimento de "voltar-se para si mesmo", analisando/refletindo sobre as experiências e, também, sobre as relações que foram estabelecidas, e/ou são estabelecidas, com outros sujeitos - na formação ou mesmo na atividade profissional - em busca de significados, e que Josso (2004) intitula como "recordações-referências:

Falar de recordações-referências é dizer, de imediato, que elas são simbólicas do que o autor compreende como elementos constitutivos da sua formação. A recordação-referência significa, ao mesmo tempo, uma dimensão concreta ou visível, que apela para as nossas percepções ou para as imagens sociais, e uma dimensão invisível, que apela para emoções, sentimentos, sentido ou valores. A recordação-referência pode ser qualificada de experiência formadora, porque o que foi aprendido (saber-fazer e conhecimentos) serve, daí para a frente, quer de referência a numerosíssimas situações do gênero, que de acontecimento existencial único e decisivo na simbólica orientadora de uma vida. São as experiências que podemos utilizar como ilustração numa história para descrever uma transformação, um estado de coisas, um complexo afetivo, uma ideia, como também uma situação, um acontecimento, uma atividade ou um encontro. E essa história me apresenta ao outro em formas sócio-culturais, e representações, conhecimentos e valorizações, que são diferentes formas de falar de mim, das minhas identidades e da minha subjetividade (p. 40-41)

Assim, consideramos ser este um processo muito rico, formador e conscientizador, especialmente por evidenciar vozes, emoções, experiências e representações que, compartilhadas, contribuem para compreendermos melhor os jeitos de ser e de estar na profissão.

A partir deste preâmbulo inicial, passamos agora à explicação sobre a ideia de atrelarmos, à elaboração de narrativas de si, o processo de confecção de uma colcha de retalhos.

Narrativas de si e "colcha de retalhos" - uma metáfora possível

"Para fazer uma colcha é preciso escolher

as combinações com cuidado.

Se escolher bem, realçará a obra.

Se escolher mal, as cores vão parecer

mortas e esconder a beleza.

Não há regras a seguir.

Tem que seguir o instinto e ser corajosa..."

(do filme "Colcha de Retalhos")

De onde veio esta ideia? Por quê "colcha de retalhos"?

Esta é uma ideia que surgiu há muito tempo1, e que a tenho utilizado para a construção dos meus memoriais, e creio ser preciso situar os leitores em relação a isto.

Muitos, à primeira vista, costumam associar a expressão "colcha de retalhos" como algo sem pé, nem cabeça, desarticulado ou de qualquer jeito - e é muito pelo contrário, se considerarmos a história2 que existe sobre isso e que vem de uma tradição popular, ligada às trajetórias familiares e que significa a organização de partes (os retalhos), num todo articulado e harmonioso (a confecção da colcha), que conta a história de uma família.

A tradição que foi se formando em torno disto é muito bem expressada no filme "Colcha de Retalhos" ("How to Make an American Quilt", EUA, 1995). Este filme é narrado pela protagonista, que está noiva, fazendo mestrado e que vai passar um tempo na casa de uma tia-avó para concluir a sua dissertação. A trama se desenrola a partir da relação dela com um grupo de sete mulheres (sua avó, sua tia-avó e mais 5 amigas) que formam um "clube da costura" e que realizam reuniões diárias para a confecção de colchas. Este grupo define um tema para a criação de uma colcha que será dada como presente de casamento para a protagonista - o tema é: "onde vive o amor". As bordadeiras têm como missão desenvolver, cada uma, um retalho, que represente a sua compreensão sobre o tema. A partir da confecção de cada retalho, o filme apresenta o passado das vidas destas bordadeiras - o que significa que, cada retalho, estampa este passado - as alegrias e decepções, os desejos e frustrações, as escolhas de cada uma em suas vidas. O grande desafio, para a confecção da colcha, está nas mãos de uma bordadeira mestra - uma negra idosa, empregada da tia-avó da protagonista - que tem como missão juntar as peças/retalhos diferentes numa composição harmoniosa, com equilíbrio, para representar o tema definido. Segundo esta bordadeira mestra, estas colchas (na tradição de algumas famílias negras), possuem sempre um tema ligado ao passado das famílias. As colchas, então, passadas de geração em geração, contam uma história que precisa ser lida por meio de seus desenhos e composição - numa espécie de tradição oral, a história das famílias, bem como a arte da confecção das colchas, é transmitida assim.

Por considerar muito interessante esta tradição, me apropriei desta ideia como uma metáfora possível para a descrição de trajetórias formativa e profissional de professores - em que cada retalho pode ser representado pelos períodos, ou processos vividos, com as marcas peculiares de experiências significativas - retalhos que vão compondo/construindo uma história de vida.

Assim, a primeira vez que expressei isso como uma ideia possível, foi em 2004, quando participava de um grupo de pesquisa3, em um momento em que estávamos pesquisando sobre trajetórias formativa e profissional de alunas do curso de pedagogia da Metodista - mas que não foi aceita, e ficou mesmo só no plano das minhas ideias.

Não desanimei em relação a isso e, em 2007, a mesma foi utilizada - não para análises de trajetórias formativa e profissional - mas adaptada para a organização de uma atividade avaliativa de um módulo do Curso de Pedagogia a Distância da Metodista, que coordenei de 2006 a 2010, onde os alunos confeccionaram "colchas de retalhos" para apresentarem sínteses sobre os temas trabalhados, por cada polo do curso.

Somente em 2009 é que concretizei, efetivamente, a ideia de escrever sobre a minha trajetória formativa e profissional, metaforizando-a com o processo de confecção de uma "colcha de retalhos".

No artigo intitulado "Ser professora: do baú de retalhos à confecção da colcha" (BAHIA, 2009), expresso, a partir de cada "retalho", um período de minha vida, desde a opção por ser professora até a inserção no PPGE da Metodista, como docente pesquisadora. Uma recuperação de memórias de um período de mais de 30 anos da minha história de vida.

E, em 2013, por ocasião da apresentação do meu memorial no projeto de pesquisa para a realização do estágio pós-doutoral na UNESP (finalizado em 2015), retomei o artigo escrito em 2009, ampliando-o e complementando-o com outras experiências vivenciadas, e que fazem parte da minha trajetória, como num "continuum" e em permanente construção.

Esta é a explicação da inspiração para a utilização desta metáfora na proposição e desenvolvimento de um procedimento no interior de uma disciplina.

 

A proposta da disciplina e os procedimentos para a realização do workshop

A disciplina Formação de professores: memórias e identidade tem como um dos objetivos discutir sobre a importância do resgate da memória educativa, através das trajetórias formativa e profissional (as narrativas de si), para a compreensão da constituição da identidade profissional.

A partir disto propõe a leitura de artigos, de autores de renome4, e que vêm colaborando para os avanços das reflexões em torno de temas como: experiências de vida e formação de professores; pesquisa (auto)biográfica; histórias de vida; profissão e profissionalidade docente; identidade docente; narrativas de si; memórias das trajetórias formativa e profissional.

Além destas leituras, os alunos realizam discussões sobre as mesmas a partir de "folhas tarefas", por mim elaboradas, em torno da essência tratada nos textos, evidenciando-se, nesta folha tarefa, um ou mais aspectos para aprofundamento. Num primeiro momento, os alunos realizam as discussões em pequenos grupos e, posteriormente, apresentam as suas considerações para o coletivo.

Concomitantemente à realização destas leituras e discussões durante o semestre, os alunos vão elaborando as narrativas de si sobre as suas trajetórias formativa e profissional - orientação que recebem desde o primeiro dia de aula. Então, conforme vão se apropriando das leituras e reflexões sobre os estudos, relatos e pesquisas sobre histórias de vida, memórias e (auto)biografias, os mesmos conseguem transpor estes conhecimentos para a realização do exercício da escrita da sua própria história.

A proposição da escrita das narrativas possui um desdobramento para a realização do workshop intitulado "Colcha de Retalhos: nossas memórias, nossas histórias...", que é realizado ao final do semestre, como fechamento da disciplina.

No dia do Workshop, além da entrega, por escrito, da narrativa de si, cada aluno produz o "seu retalho" - um retalho que expressa um momento marcante e significativo da sua narrativa.

A produção/representação de cada retalho é a elaboração física do mesmo, e a discussão/decisão sobre os materiais que serão utilizados, ocorre antecipadamente, envolvendo todos: será utilizado tecido ou papel?; qual o tamanho que cada retalho terá?; qual o tipo de tecido ou papel que será utilizado?; quais materiais serão utilizados para a confecção dos retalhos? Isso é necessário para que todos providenciem e levem os materiais necessários, para o workshop.

Após a produção de cada retalho, todos fazem uma breve apresentação oral sobre os mesmos e, diante de todos os retalhos, montamos a colcha.

 

Para finalizar...

Esta experiência tem sido muito gratificante pois vem evidenciando o envolvimento e o entusiasmo dos alunos para a elaboração de suas narrativas, que dão origem a um "retalho", que irá compor uma "colcha", coletivamente.

As histórias narradas e que registram, muito particularmente, os caminhos percorridos pelos diferentes alunos em suas trajetórias, têm revelado uma riqueza de conhecimentos e saberes por eles construídos, e que desvelam as escolhas, os acertos, os erros, os conflitos, as seguranças, as inseguranças, as alegrias e as tristezas.

Acredito que esse envolvimento têm sido fruto da oportunidade de, não só lhes darmos "voz", mas de os "escutarmos" também, naquilo que é considerado como muito precioso: as suas histórias de vida, repletas de muitas e diferentes experiências, permeadas por amadurecimento.

Muitos talvez estejam pensando na estranheza de se propor, no interior de uma disciplina na pós-graduação stricto-sensu, um workshop para "pintar e/ou bordar" num pedaço de papel, ou num tecido.

Asseguro que a atividade tem sido prazerosa, envolvente, relaxante e, especialmente, significativa para os alunos porque, ao compartilharem as representações sobre os "seus retalhos", conseguem estabelecer relações entre as suas produções e a dos outros colegas, num movimento coletivo de descobertas e de reflexões sobre convergências e divergências a partir da especificidade e individualidade de cada produção.

 

Referências

BAHIA, Norinês P. Ser professora: do baú de retalhos à confecção da colcha. Educação & Linguagem, volume 12, nº 20, jul.-dez./2009, São Bernardo do Campo, SP: Metodista, p. 148-166.         [ Links ]

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* Pós-Doutora em Educação, docente pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Educação da UMESP - Universidade Metodista de São Paulo, coordenadora da linha de pesquisa Formação de Educadores, editora do periódico "Cadernos de Educação - reflexões e debates". E.mail: noribahia@gmail.com
1 Parte das explicações que apresento neste relato foram retiradas de um artigo que escrevi em 2009 (BAHIA, 2009) e no memorial que apresentei no meu projeto de pesquisa para o estágio pós-doutoral, que realizei no período 2013-2015, na UNESP.
2 No Anexo, apresento um breve histórico sobre o surgimento da confecção de colchas de retalhos, que derivam das técnicas patchwork e quilt.
3 O Grupo de Pesquisa que participei (de 2000 a 2011) era o Grupo FormAção, do PPGE da Metodista, que foi coordenado pela Profª Marília C. G. Duran, no período de 1998 a 2014.
4 As principais referências são: Nóvoa (1992, 1995); Nóvoa e Finger (1988); Josso (2004); Bueno (2002); Cunha (1997); Passeggi e Barbosa (2008); Bolívar (2012); Souza e Passeggi (2008); Souza e Bragança (2012); Passeggi e Abrahão (2012); Catani (2014), dentre outros.

 

 

Anexo

UM POUCO DA HISTÓRIA DO PATCHWORK E QUILT

(Fonte: http://www.ganhemaiscirculo.com.br/origens-do-patchwork-e-suas-principais-nomenclaturas/ )

O trabalho manual sempre esteve presente no dia-a-dia dos povos desde seus primórdios. Por meio do artesanato, verificamos as tradições e os costumes regionais de uma época e localidade.

A origem do patchwork e quilt é muito antiga. Existem registros desde 3400 a.C. Sua história nos mostra que a costura e os bordados já estavam presentes nas antigas civilizações do Egito, Pérsia, Índia e China, verificados, principalmente, nos acolchoados (quilts) encontrados nas tumbas de reis e rainhas dessa época, bem como nos desenhos registrados nas pirâmides com faraós usando uma vestimenta similar ao patchwork.

Mas, foi na Europa Ocidental (Inglaterra, Alemanha, França e Itália), durante o século XVI (Cruzadas), que o trabalho do patchwork se desenvolveu mais fortemente. As roupas utilizadas por soldados embaixo das armaduras de ferro eram feitas com restos de tecidos. Nessa época, verifica-se que o patchwork tinha um caráter somente utilitário: ou para se usar como roupa ou para se proteger do frio intenso (colchas ou cobertores).

Fugindo das perseguições religiosas que sofriam na Europa, em meados do século XVII, os peregrinos e imigrantes ingleses colonizaram e desbravaram a América do Norte, levando, nas malas, para o Novo Mundo, suas colchas (seus quilts) e a tradição familiar do patchwork.

Estes colonizadores eram extremamente rígidos com suas esposas. Eles somente lhes permitiam sair de casa em 2 situações: para irem à igreja ou para irem às reuniões de quilteiras, chamadas de quilting bees.

Os homens dessa época acreditavam que, se suas mulheres estivessem sempre com "as mãos ocupadas" fazendo colchas, não haveria espaço para maus pensamentos em suas cabeças.

Foi nesse momento da história que o patchwork foi difundido como uma técnica artesanal eminentemente feminina e de tradição familiar, pois as quilting bees eram a única forma de socialização dessas mulheres. Elas passavam horas e horas juntas, conversando, debatendo e transformando os encontros em momentos longos e duradouros de liberdade de expressão, já que a figura masculina não estava presente.

Como as quilteiras permaneciam muitas horas em reunião, a técnica do patchwork começou a ganhar aperfeiçoamentos. Cada vez que se encontravam, essas mulheres não queriam somente costurar uma simples colcha de retalhos, mas também começavam a estudar e a criar novas técnicas de desenhos e padronagens. Tudo isso para que os trabalhos demorassem mais tempo para finalizar, proporcionando mais horas de socialização das mulheres nas quilting bees.

Os quilts (as colchas) resultantes dessas reuniões expressavam todos os sentimentos mais íntimos, os desejos, as angústias e posições políticas dessas mulheres. Assim, aos poucos, o patchwork e o quilt passaram a ter, além do caráter utilitário que já possuíam, também o caráter decorativo e ornamental.

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