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Construção psicopedagógica

versão impressa ISSN 1415-6954versão On-line ISSN 2175-3474

Constr. psicopedag. vol.31 no.32 São Paulo jan./jun. 2022

http://dx.doi.org/10.37388/CP2022/v031v032a09 

EDITORIAL

 

Editorial

 

 

"A pandemia não nos dá opção; põe-nos perante um dilema: ou mudamos o modo como vemos a natureza, ou ela começará a redigir o longo e doloroso epitáfio da vida humana no planeta" (SANTOS, 2021, p. 17).

Começamos este editorial reforçando mais uma vez o que já trouxemos em números anteriores. O que escrevemos na revista anterior ainda é muito atual, pois o isolamento revelou as desigualdades que já existiam, mas que cresceram numa grande proporção: aumento da pobreza, diminuição de empregos, dificuldade de acesso ao ensino, aumento das dificuldades de aprendizagem, entre outras.

Felizmente estamos retomando a rotina e as atividades presenciais, sejam elas educacionais ou de vida em sociedade. A sensação de que o pior já passou toma conta de todos, embora o inimigo invisível continue nos rondando. Ainda há casos, mas graças às vacinas tudo está mais fácil. No entanto, concordamos com Boaventura: não temos opção ou mudamos nosso modo de ver a natureza ou ela se voltará contra nós.

Por isso, destacamos que a revista mostra mais uma vez que não houve paralisia, mas uma busca rumo ao conhecimento e às diversas possibilidades de acolhimento e intervenção. Traremos aqui algumas experiências muito interessantes sobre a questão da pandemia e dividimos o número em duas partes, para dar destaque a estas questões tão importantes. Os artigos trazem uma variedade de assuntos que nos provocam, nos desfiam a pensar e querer conhecer mais.

Destacamos que dentre os articulistas, temos alguns autores estrangeiros e autores brasileiros de diversas partes do Brasil, ampliando cada vez abrangência de nossa revista e por isso, agradecemos a todos que colaboraram para o seu crescimento.

É com grande satisfação que convidamos, caro leitor, para dialogar com as diferentes possibilidades do trabalho psicopedagógico, nos seus diversos aspectos, principalmente neste número em que aspectos ligados à educação em várias instancias foram o foco das discussões. Boa leitura!

 

PRIMEIRA PARTE: ARTIGOS SOBRE A PANDEMIA

Na primeira parte trazemos três artigos. O primeiro ENSINO REMOTO EM TEMPOS DE COVID-19: UM ESTUDO ETNOGRÁFICO DIGITAL DO 'NOVO NORMAL' NO BRASIL, ITÁLIA, FRANÇA E PORTUGAL. Este artigo, escrito por Carmen Lucia Guimarães Mattos, do Prismas, Valentina Grion, da Università degli Studi di Padova, Itália e Vera Lucia Anselmi Melis Paolilo, da PUSSP, é um recorte de uma pesquisa mais ampla realizada também no Reino Unido e na India. Ele nos traz uma importante análise sobre os problemas do Ensino Remoto durante a pandemia. O artigo começa fazendo a diferenciação entre termos que por vezes se confundem: EAD, Homeschooling ou ensino domiciliar, e Ensino Remoto. Este último, foco deste estudo, é uma forma diferenciada de atividade pedagógica que tem por base a interação professor/aluno onde um está distante do outro. Utiliza a tecnologia para promover o processo de ensino/aprendizagem. No caso desta pesquisa isso ocorreu via internet.

Os sujeitos primários da pesquisa foram crianças e jovens em isolamento social e submetidos ao Ensino Remoto. Eles cursavam o ensino fundamental e médio no Brasil, Itália, França e Portugal. Os jovens explicaram que o Ensino Remoto era uma grande fonte de ansiedade e angústia, em especial entre aqueles que entendiam serem os exames de final de curso e a entrada na universidade definidores do futuro acadêmico e profissional deles, visto que as incertezas quanto a realização deles foi unanimidade, tanto no Brasil como em outros países. Por outro lado, crianças e pais apontaram as dificuldades encontradas durante o período e os impactos oriundos da sobrecarga e o despreparo para ajudar seus filhos. Segundo as autoras:

Tudo é novo para sua família e escola; ela tem que estudar para ensinar seus filhos; ela não entende de pedagogia para ajudar com as tarefas impostas pela escola; ela continua a pagar as taxas escolares, embora, inesperadamente, ela assume o papel de professora de três séries diferentes; ela define essa situação como nova e complicada, mesmo com o marido e a sogra para ajudar.

Em relação à escola, as autoras concluem que:

Ao tentar impor as mesmas regras da escola para a Ensino Remoto, a escola se perdeu. Em vez de se adaptar a uma nova realidade, manteve uma estrutura fixa como a única possível. Com isso, perdeu um espaço potencial de conduzir conhecimentos, buscar, dialogar, debater, ser prazerosa e colaboradora, provocar desafios, descobertas de diferentes possibilidades de expressões e de linguagens.

Apesar disso, o artigo nos traz uma importante reflexão para a educação e para a psicopedagogia quando afirma que

O que vemos em 2022 é o retorno do fracasso escolar na pauta das discussões acadêmicas e com ele chega ainda o fantasma da evasão e da exclusão escolar. O Ensino Remoto pode reverter esse quadro de modo mais rápido e eficaz, mas as políticas públicas necessárias para que isso aconteça estão longe de entrar na pauta dos governos.

O segundo artigo, BEM-ESTAR E PRÁTICA DE MANUALIDADES COM FIOS DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19, escrito por Barbara Frigini De Marchi e Claudia Broetto Rossetti, da Universidade Federal do Espírito Santo. objetivou investigar a prática de manualidades com fios e seus possíveis efeitos no bem-estar de adultos brasileiros durante a atual pandemia de COVID-19, sob o enfoque da Psicologia Positiva.

Foi realizado um levantamento online com 408 pessoas que praticam tais atividades, demonstrando que a prática regular de tais manualidades mostrou exercer significativa influência positiva sobre a saúde mental dos participantes, especialmente em relação a aspectos afetivos, tais como ansiedade e estresse.

Neste sentido, Sennet (2020) defende que é possível aprender sobre si próprio através do ato de fazer algo manualmente. Tal habilidade oferece recompensas emocionais a quem as exerce, fazendo com que se orgulhem do produto de seu trabalho. No Brasil, as manualidades com fios mais comuns são o crochê, o bordado, o tricô e o macramê (LIMA, 2019).

Essa pesquisa pode contribuir para o avanço da formulação de conhecimentos sobre estratégias pessoais de enfrentamento às consequências de crises, sugerindo, inclusive a abertura de espaços para a implantação de projetos e atividades que favoreçam o aprimoramento de qualidades positivas das pessoas e que potencializem seu bem-estar e sua qualidade de vida.

As manualidades com fios, apesar de compreendidas como atividades simples e predominantemente femininas, apresentaram-se complexas e diretamente relacionadas a aspectos de saúde mental. Desse modo, a ocupação das mãos, na atualidade, pode ser ressignificada, deixando de ser instrumento de aprisionamento, como no passado, e tornando-se promotora de saúde, tanto a mulheres quanto a homens.

Esse é um tema novo e promissor, pois abre espaço para a exteriorização de sentimentos retidos e o escoamento das emoções através da escolha de linhas, cores, tecidos, pontos e tramas.

Em seguida temos a resenha do livro O FUTURO COMEÇA AGORA: DA PANDEMIA UTOPIA, Boaventura de Sousa de Santos, escrita por Paulo Sergio de Oliveira Junior, do Instituto Sedes Sapientiae. O autor do livro nos alerta que, com a pandemia, há a necessidade de repensarmos nosso modelo civilizacional, em voga desde o século XVI, em prol de um novo modelo, o qual considera o ser humano como pertencente à natureza, e não o oposto, refletindo acerca dos três pilares que sustentam essa era já ultrapassada: o capitalismo, o colonialismo e o patriarcado. Como consequência, a humanidade sofre com a concentração de riqueza e a desigualdade social, ao mesmo tempo que a natureza é destruída, em prol de uma exploração irrestrita de recursos naturais. "A natureza não nos pertence, nós é que pertencemos à natureza."

(...) A humanidade, para o autor, deve ser vista como um todo infinitamente diverso, reconhecendo a diferença. Ela é parte de toda forma de vida existente no planeta, adotando uma postura holística.(...)

(...) Os episódios históricos e fatos atuais citados no livro mostram um olhar com muita profundidade, abordando a pandemia de forma complexa. A presença de metáforas dá um tom poético à obra, ao mesmo tempo em que cada capítulo está estruturado de forma a, no final, haver uma pequena conclusão. A linguagem aproxima a obra do leitor brasileiro. Tal como toda visualização, a configuração utópica de uma nova civilização cosmopolita e diversificada é um importante exercício de imaginação e de criatividade. (...)

 

SEGUNDA PARTE: ASSUNTOS GERAIS

Inaugurando a segunda parte de nossa revista, temos um texto muito importante e atual. Marandia Pavanello da Rosa, Fabiane Romano de Souza Bridi, Cesar Augusto Nunes Bridi Filho, de Santa Maria, Rio Grande do Sul nos trazem o artigo CRIANÇAS EM SITUAÇÃO DE INSTITUCIONALIZAÇÃO E O ROMPIMENTO DOS VÍNCULOS AFETIVOS: REPERCUSSÕES PARA A APRENDIZAGEM. O artigo tem como objetivo principal conhecer as possíveis relações entre a vivência de institucionalização e as dificuldades de aprendizagem, analisando os fatores que podem vir a interferir no processo de aprender de alunos que vivenciam tal experiência. Foi incluído na categoria de artigo original por se tratar de um tem muito relevante e pouco explorado.

Os principais motivos para a institucionalização de crianças e adolescentes são o abandono e os maus tratos no contexto familiar. As instituições de acolhimento, apesar de se tornarem um lugar mais seguro, podem apresentar limitações no desenvolvimento de atenção e cuidados que interferem no desenvolvimento saudável de crianças e adolescentes, das quais destacam a carência quantitativa e qualitativa de cuidadores ou monitores e a circulação destes entre os turnos e dias, dificultando o estabelecimento de uma figura de referência necessária à formação de vínculos.

Segundo Cuneo (2009), crianças que permanecem em instituições de acolhimento por mais de um ano costumam ter alterações psicossomáticas, apresentando doenças físicas recorrentes, onde os métodos de cura comuns se mostram ineficazes. Também apresentam enorme carência afetiva, medo exagerado, baixa autoestima, sentimento de rejeição, inferioridade, insegurança e falta de confiança no outro. No que se refere ao comportamento, podem apresentar agressividade, oposição às regras de convívio social, rebeldia e rejeição à escola (...)

Por todas estas questões, a demanda por atendimento psicológico é presente na vida de crianças e adolescentes institucionalizados. Também, observa-se um grande número de crianças com dificuldade de aprendizagem, pois

A aprendizagem está intrinsicamente relacionada às relações e vínculos que se estabelecem neste processo, vínculo este que é muito influenciado pelas experiências vinculares que o bebê/criança experienciou ao longo da vida, ou seja, os vínculos que a criança consegue estabelecer no presente são consequências de vínculos iniciais na vida do sujeito.(...)

Fernández (1991) ressalta a importância da família no processo de identificação das dificuldades de aprendizagem, já que leva em consideração o modo de circulação do conhecimento e do saber dentro da mesma, bem como o papel que é atribuído à criança dentro do grupo familiar. Quando a família é desfeita e a criança passa a morar em uma instituição pode haver uma confusão sobre o seu lugar em um possível contexto familiar, além da confusão em relação ao seu futuro.

Nosso próximo artigo, EDUCAÇÃO INTEGRAL, TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO INCLUSIVA, foi escrito por Marcos Venicio Esper, da Université de Limoges/USP, Patricia Bessaoud Alonso, da Université de Limoges - França e Lucila Nascimento Castanheira, da USP/EE. O enfoque deste artigo tem como objetivo enfatizar a escola integral e a escola especial na perspectiva da educação inclusiva e o uso das TICs, trazendo reflexões sobre formas de incluir os alunos com deficiência no processo de ensino-aprendizagem na educação regular e integral, para que desta maneira não se sintam excluídos nas dinâmicas impostas em sala de aula e nas propostas da educação integral. Segundo os autores,

Na trajetória histórica e política da educação especial e inclusiva, transformações importantes aconteceram não focadas somente nas nomenclaturas e nos termos, mas também nos posicionamentos, posturas e ideologias acerca do tema, proporcionando reflexões sobre o que foi conquistado e o que ainda se almeja enquanto políticas públicas, novas práticas pedagógicas, melhores estruturas arquitetônicas, para que se possa garantir uma educação inclusiva e de qualidade para todos, além da permanência de todo e qualquer indivíduo nas escolas.

Destacam também que atualmente houve um crescimento das TICs, fazendo, hoje, parte do cotidiano das pessoas, favorecendo a interação entre os indivíduos e proporcionando maiores facilidades relacionadas a todos os aspectos. Elas vêm colaborando muito com as pessoas com deficiência, pois elas são usadas a fim de proporcionar maior independência e autonomia. No entanto, trazem uma reflexão junto com Mantoan, (2011):

[...] para se tornarem inclusivas, acessíveis a todos os seus alunos, as escolas precisam se organizar como sistemas abertos, em função das trocas entre seus elementos e com aqueles que lhe são externos. Os professores precisam dotar as salas de aula e os demais espaços pedagógicos de recursos variados, propiciando atividades flexíveis, abrangentes em seus objetivos e conteúdos, nas quais os alunos se encaixam, segundo seus interesses, inclinações e habilidades (MANTOAN, 2011, p. 22).

Assim, apesar dos avanços, ainda há vários obstáculos para a inserção das TICs no ambiente escolar, o que merece ser mais bem estudado para a realidade possa ser mudada garantindo aos alunos de inclusão uma real participação nos projetos de educação integral e a utilização das tecnologias da informação e comunicação no processo de sociabilização, ensino e aprendizagem.

Goulart (2021), mostra que a realidade atual exige um novo perfil dos professores, que abrace metodologias que atendam às necessidades da sala de aula, e que seja aberto a mudanças. Outros fatores que levam as escolas a permanecerem resistentes às inovações tecnológicas são a falta de infraestrutura, de recursos, materiais que não são fornecidos, como escolha dos professores e o despreparo da equipe escolar (MORAN, 2008).(...)

Leticia Lenzi, do Instituto Federal Catarinense, nos traz o artigo ENSINO MÉDIO, ADOLESCÊNCIA E O DIREITO À INDEFINIÇÃO PROFISSIONAL nos traz um assunto que precisa ser discutido. O artigo tem por objetivo contribuir com o debate estratégico no campo das políticas públicas para o ensino médio, pois por compreender três anos de uma fase fundamental para o desenvolvimento humano, o ensino médio possui especificidades pedagógicas que precisam ser discutidas à luz das necessidades formativas de seu público-alvo: os adolescentes.

De acordo com Bock (2007), as abordagens naturalizantes da fase da adolescência só puderam ser superadas com um referencial teórico sócio-histórico, no qual a adolescência passou a ser compreendida como uma construção social dentro de uma totalidade, portanto, um fenômeno que só poderia ser apreendido de forma contextual e histórica.

Baseando-se nos estudos de Vygotsky sobre a adolescência, "O desenvolvimento das funções psíquicas superiores na idade de transição" a autora destaca que

(...) a adolescência se apresenta como um momento ímpar na construção da personalidade humana, um momento rico em que desabrocha o valor da autonomia, do autocontrole, da autoconsciência e os interesses mais próprios de cada um. Além disso, é um momento de saltos qualitativos no pensamento, indispensáveis ao desenvolvimento da intelectualidade e da elevação cultural.

No entanto, isso não vem acontecendo em nosso país. A autora nos traz uma importante reflexão sobre as mudanças que historicamente tem ocorridas no Ensino Médio e alerta para a diferença existente entre o ensino médio para os filhos das famílias com capital econômico privilegiado, uma educação humanista de cultura geral para formar dirigentes, enquanto para os filhos dos trabalhadores, uma educação direcionada à formação de mão de obra para suprir as necessidades do mercado.

Defender o direito dos adolescentes das classes populares ao acesso a uma educação universal de elevada qualidade, por conseguinte, significa enfrentar a dualidade estrutural do ensino médio, criticando as iniciativas que intentam rebaixar os currículos, métodos, práticas e condições gerais de ensino para a juventude.

E por último, temos o artigo de revisão PROCRASTINAÇÃO ACADÊMICA E ANSIEDADE: UMA REVISÃO INTEGRATIVA, texto produzido por Luiz Guilherme Lima-Silva, Michelle de Farias Leite e André Faro, da Universidade Federal de Sergipe. O artigo discute a procrastinação acadêmica como o atraso voluntário e não estratégico em iniciar ou finalizar tarefas relacionadas ao âmbito acadêmico, tais como postergar a entrega e/ou execução de atividades, como estudar para provas, leitura de artigos e livros, dentre outras tarefas esperadas em um contexto universitário, bem como as consequências deste comportamento.

Os resultados mostraram que a procrastinação acadêmica se relacionou ao sofrimento mental, sobretudo se associando à ansiedade, ao desânimo, ao uso problemático de smartphone e a um menor nível de sucesso acadêmico.

Os autores destacam que o fenômeno demanda atenção dos diversos setores da universidade e da saúde, uma vez que procrastinadores têm mais sintomas relacionados a doenças físicas e ao estresse, buscando ajuda médica com frequência.

Os resultados dos estudos apontaram que mais da metade dos participantes procrastinavam as atividades acadêmicas, sobretudo o estudo diário, exercícios, trabalhos e provas, sendo que em torno de 65 a 75% gostariam de diminuir o comportamento. Em relação ao público, evidenciou-se que estudantes da pós graduação procrastinavam cerca de 3,5 vezes mais que os graduandos e que medo de falha e aversão à tarefa foram associados a esse comportamento

Finalizando este número da Revista Construção Psicopedagógica agradecemos aos autores que contribuíram com o presente número da revista Construção Psicopedagógica, enriquecendo o fazer psicopedagógico,

Além da gratidão pela companhia na leitura, convidamos para que nos ajude na divulgação de nossa revista e esperamos também que você leitor nos alegre com a sua contribuição para o próximo número. Seu artigo será muito bem-vindo! Ele é muito importante para nós!

Marlene Coelho Alexandroff

Editora Científica

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