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Boletim - Academia Paulista de Psicologia

Print version ISSN 1415-711X

Bol. - Acad. Paul. Psicol. vol.27 no.2 São Paulo Dec. 2007

 

RESENHA DE LIVROS

 

 

Geraldina Porto Witter

UNICASTELO

Endereço para correspondência

 

 

ROG, L. J. (2006) Marvelous minilessons for teaching beginning writing, K-3. Newark, IRA, xi + 180 p.

As miniaulas ou minilições surgiram nos anos 60 do século XX e foram objeto de estudo nas décadas seguintes, mostrando-se eficientes nos vários níveis de ensino, para as mais diversas matérias. Trata-se de tecnologia de ensino pouco difundida no Brasil, mas pelas suas facilidades, baixo custo e evidências de eficiência deveriam merecer melhor atenção dos educadores.

Lori Jamison Rog é especialista canadense que trabalha e pesquisa a referida tecnologia. Inclui, na obra aqui resenhada, farta experiência prática e de pesquisas com a miniaula como recurso para o ensino da escrita para iniciantes (pré-escola). O livro compreende prefácio, cinco capítulos, índice de conteúdo e autores. As referências são divididas em dois blocos: as técnico-científicas usadas como referencial teórico e as relativas à literatura infantil citadas como exemplo no corpo do trabalho e aos exercícios que permeiam todos os capítulos. A bibliografia de apoio é de qualidade, havendo equilíbrio entre artigos, capítulos e livros. Predominam os textos de 1995 a 2005. É de leitura agradável, claro e enriquecido com muitos exemplos.

O prefácio foi redigido por Rog, que inicia narrando como começou sua carreira no que diz respeito ao ensinar a escrita para criança, seu propósito ao escrever o livro, repassando sua experiência de modo prático e útil, o que realmente concretiza. No primeiro Capítulo, trata do ensino da escrita no grau três da pré-escola. Descreve sucintamente a evolução desta competência, as características seqüenciais das fases e qual deve ser o foco, em cada uma das atividades instrucionais: linguagem oral (vocabulário e contar história) como contar histórias a partir de figuras e de palavras, letras do alfabeto e seus sons, aprender e usar a linguagem escrita. Devem ser consideradas as características individuais. Quando já se conta com escritores fluentes, o foco da instrução muda para: aumentar o controle na conversação; sofisticar o vocabulário e as orações; selecionar precisamente substantivos e verbos; usar a linguagem figurativa; utilizar variedade de formas textuais, audiência e perspectivas; capacitar a revisão independente e editoração, bem como dar atenção ao estilo. Os traços indicativos de que o estudante alcançou eficiência na escrita incluem: idéias e conteúdo, organização, voz, escolha das palavras, fluência frasal e atendimento às convenções da escrita. Quadros, exemplos de escrita, propostas de atividades ilustram o presente e os demais capítulos.

Em seqüência (Capítulo 2), são detalhados os tópicos a considerar no começo da escrita, usando-se miniaulas. É apresentado um quadro detalhado de várias aulas com especificação de tema, o que faz o professor, para que nível de escritor aplica-se, que aspecto ou traço de competência pretende-se alcançar. Planos de minilições são ilustrativos e abrangem todas as características e competências do jovem escritor. Exemplos de estratégias e formas de registro são também apresentados como sugestões e auxílio aos professores.

O Capítulo 3 trata da substância e estilo, da engenhosidade do escritor, entendida a última como a capacidade na condução da estrutura textual de um começo até o final, do estabelecimento da estrutura em relação ao foco, do propósito do texto e da sua relação com sua provável audiência. Considera que, além dos conhecimentos técnico-científcos, é preciso lembrar que "uma escrita poderosa é uma obra de arte" (p. 72). Apresenta exemplos de minilições, trabalhando procedimentos e habilidades que tornam os escritores mais eficazes e engenhosos, roteiros para alunos e professores, jogos e outras estratégias para uso em sala de aula. É de se destacar a ênfase no cuidado com registros e observações que viabilizam, posteriormente, a pesquisa e o seu desenvolvimento num futuro. Atitudes científicas estão subjacentes.

As convenções e regras a serem seguidas na escrita são o foco do Capítulo 4 em que detalhes práticos precisam ser aprendidos, requerendo do escritor exame minucioso do texto para poder aperfeiçoá-lo. Apresenta um quadro com minilições que enfocam vários detalhes práticos, o que faz o professor, a que nível de desenvolvimento atende, que traço da escrita atinge. São miniaulas que vão desde o contar palavras e seu conceito até a editoração final do texto pelo aluno. Vale lembrar que são técnicas e procedimentos de eficiência comprovada e que se adaptam facilmente para vários níveis de escolaridade, até mesmo para universitários.

O último capítulo tem por título Revisão: fazendo a boa escrita ainda melhor. Destaca a importância de serem feitas muitas revisões do texto e o capítulo apresenta minilições para ensinar os escritores iniciantes a revisarem seus textos quanto à clareza, estilo, efetividade etc. A revisão faz parte do processo e envolve acrescentar, deletar, mudar, tornar o texto mais interessante ou poderoso, rever a correção das palavras e da pontuação e a editoração final do texto. Nas miniaulas que ilustram o capítulo, são enfocados esses vários aspectos.

Muitas teorias podem subsidiar explicações das razões da eficiência das miniaulas, a qual tem sido demonstrada ao longo do tempo com evidências resultantes de pesquisa. O livro é um grande apoio para mudar em uma direção mais produtiva o que ocorre na sala de aula. É uma tecnologia barata e de alta produtividade que está a merecer mais a atenção de pesquisadores, de professores e de formadores de docentes. São formas criativas, procedimentos ágeis e que podem libertar professores e alunos. É uma lástima o preconceito em relação às tecnologias de ensino existentes no Brasil, especialmente dos anos 70 para cá. Criaram-se barreiras ao desenvolvimento e ao conhecimento de tecnologias que podem fazer a diferença real entre o saber-fazer e uma realidade cheia de discursos, saberes supostos, não testados cientificamente em sua eficiência na realidade da sala de aula. As miniaulas são usadas por pessoas que trabalham em enfoques diferentes. É necessário abrir um espaço para testar como funciona nas várias realidades socioculturais e educacionais do Brasil.

 

 

Endereço para correspondência
Av. Pedroso de Morais, 144, apto. 302, Pinheiros
05420-000 – São Paulo, SP- Brasil
Tel.: (11) 3032-1968
E- mail: gwitter@uol.com.br

Enviado em: 20/06/2007
Aceito em: 10/07/2007

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