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Boletim - Academia Paulista de Psicologia

Print version ISSN 1415-711X

Bol. - Acad. Paul. Psicol. vol.28 no.1 São Paulo June 2008

 

RESENHA DE LIVROS

 

 

Sara Teresa Pérez Morais1

Faculdade de Psicologia da FAFIBE de Bebedouro-SP
Faculdade de José Bonifácio – SP

 

 

SAKAMOTO, C. K. (Org.) (2007) um olhar criativo sobre a prática em psicologia. Proposições teóricas e técnicas. São Paulo: Mackenzie.

A autora parte do pressuposto de que a prática do exercício profissional em Psicologia requer criatividade na utilização de seus instrumentos, na interpretação e na análise de seus dados, seja no trato com o paciente, ao suscitar-lhe também recursos que requerem criatividade, seja no produzir material útil ao diagnóstico e ao tratamento.

Quanto à responsabilidade pela organização da obra é de Cleusa Kazue Sakamoto, que assina quase todos os capítulos. O primeiro, o segundo e o quarto propõem-se a uma análise bibliográfica, enquanto o terceiro e o quinto tratam da prática psicoterapêutica. O primeiro, de autoria da organizadora, pondera como o tema criatividade vem sendo tratado até o momento e destaca as seguintes perspectivas: da pessoa, dos processos mentais, dos produtos criativos e da influência do meio, bem como dos fatores que incidem como variáveis nesse processo. Após essas considerações quanto ao desenvolvimento dos estudos e pesquisas sobre o tema, a criatividade passa a ser definida a partir da experiência. As perspectivas em destaque podem ser integradas ao considerar-se a experiência, que também é privilegiada na definição de Winnicott.

Ao considerar a perspectiva da pessoa, ilustra-a com a análise do personagem Aladim e os resultados de estudos de Gardner, obtidos por meio de biografias, quanto à personalidade. As conclusões de Dilts aparecem como um exemplo de perspectiva de processos mentais e a partir de Gelb surge uma formulação de fatores principais que influenciam o processo criativo, referente à última perspectiva.

O segundo, que a organizadora divide com Juliana Milanov Nahas e Marcelo Miranda Bichir, trata da mudança psíquica do paciente em psicoterapia. Uma tímida sugestão de elo entre criatividade e elaboração pode-se entrever, o que infelizmente não foi estabelecido.

O terceiro, partilhado entre a organizadora e Luis Fernando Bacchereti, trata da técnica de recorte-colagem e sua aplicação vem ilustrada na apresentação de um caso. O quarto, de autoria de Isabel Orestes Silveira, analisa a expressão infantil, o desenho, no decorrer das fases de desenvolvimento. Podese verificar uma tentativa tênue de estabelecer relação entre psicologia do desenvolvimento e educação artística, apenas esboçada. No último capítulo, a organizadora e Adriana Farkas acrescentam uma inovação ao tradicional Desenho da Figura Humana, já que incluem uma progressão temporal. Estes últimos procedimentos, assim como a análise decorrente, foram comprovados pela apresentação de um estudo de caso.

Quanto aos objetivos da obra, tem-se a proposta de documentar idéias, organizar teorias, expor projetos e apresentar estudos de caso. Com isso, deixam claro que não se trata de nenhum tratado para exaurir o assunto, mas também não se limita às raias da superficialidade. Pode-se dizer que atinge muito bem os objetivos a que se propõem de documentar idéias e apresentar estudos de caso, principalmente nos terceiro e último capítulos, que são recomendáveis aos interessados pelo tema, assim como para a formação dos psicólogos. Visto serem capítulos elaborados com bastante cuidado e que descrevem práticas, o
que lhes confere um caráter didático.

Quanto a organizar teorias e a expor propostas, o trabalho deixa um pouco a desejar, inclusive o primeiro capítulo que poderia ter sido dividido em dois: um para mostrar o estado da arte do tema e o outro para uma análise mais aprofundada de Aladim. O segundo capítulo poderia ter começado a partir da conclusão, que seria uma oportuna proposta a ser desenvolvida, de referir-se como a criatividade permeia a relação psicoterapêutica. E, por fim, o quarto capítulo trata de uma proposta válida de relacionar a psicologia do desenvolvimento com a educação artística. No campo da psicologia do desenvolvimento, o desenho pode ser considerado como um assunto clássico, mas a produção científica na área de educação artística parece ser um ponto de vista pouco conhecido, pelo menos no meio psicológico. Seria oportuno evidenciar o conhecimento da área de educação artística e depois relacioná-lo com a produção científica da psicologia, o que no capítulo não ficou muito claro.

Apesar das ressalvas, o livro oferece uma fluidez que leva a uma apreciação de assunto tão importante, mantendo o ritmo e o interesse. Sua leitura é aconselhável ao psicólogo e, sobretudo, àqueles em formação psicoterapêutica.

 

 

Recebido em: 13/11/2007
Aceito em: 28/04/2008

 

 

1Professora de Psicologia – Contato: Rua Benjamim Constant, 4286/31 – CEP 15015-600 – São José do Rio Preto, SP. Tel. (17) 33531914. E-mail: perezmorais@yahoo.com.br

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