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Boletim - Academia Paulista de Psicologia

versão impressa ISSN 1415-711X

Bol. - Acad. Paul. Psicol. v.28 n.2 São Paulo dez. 2008

 

TEORIAS, PESQUISAS E ESTUDOS DE CASOS

 

A pesquisa na formação de psicólogos brasileiros e suas políticas públicas1

 

Research in the formation of the Brazilian psychologists and its public politics

 

 

Alacir Villa Valle Cruces2

Centro Universitário de Santo André

 

 


RESUMO

O artigo aborda a importância da pesquisa na formação de psicólogos no Brasil. Resgata as primeiras preocupações com o preparo de profissionais, que datam do final do século XIX, e mostra que os modelos de formação de psicólogos propostos no século passado já se baseavam na indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. Laboratórios são montados para o estudo científico e sistemático de teorias, métodos e técnicas e para fundamentar aplicações em diversas áreas. Porém, com a regulamentação da profissão a situação modifica-se. A expansão de cursos de Psicologia, em instituições que nem sempre tinham interesse pela pesquisa ou que não contavam com profissionais preparados para desenvolvê-las, provoca distanciamento entre pesquisa e ensino. A dificuldade de inserção profissional, intensificada a partir da década de oitenta, é associada à baixa qualidade da formação profissional, assim como à dificuldade de ampliação do mercado de trabalho e à imagem pública que se tem da profissão. Os avanços em direção a melhor qualificação profissional, contidos nas Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Psicologia, envolvendo a avaliação de cursos e das condições de ensino, têm estimulado a realização de pesquisas e propiciado a formação continuada de docentes, e, conseqüentemente, também têm conseguido fornecer melhor formação aos seus alunos.

Palavras-chaves: História da psicologia; Psicólogo brasileiro: ciência e profissão.


ABSTRACT

This article focuses on the importance of the research in the formation of psychologists in Brazil. it rescues the first concerns with the preparation of professionals, which date back to the end of the XIXth. century, and show that the models for the formation of psychologists proposed in the last century were already based on the indissociability between teaching, research and extension. Laboratories are set up for the scientific and systematic study of theories, methods and techniques, and to fundament applications in several areas. However, with the regulation of the profession, the situation changes. The expansion of courses in Psychology, in institutions that were not necessarily interested in the research or that did not have professionals prepared to develop them, provoked a detachment between research and teaching. The difficulty of professional insertion, intensified as from the decade of the 80s, is associated to the low quality of the professional’s formation, as well as with the difficulty in the enlargening of the working market and to the public image of that profession. The advances toward a better professional qualification, contained in the National Curriculum Guidelines for the graduation courses in Psychology, involving the evaluation of courses and the teaching conditions, has stimulated the performance of researches and the continued formation of professors and, consequently, has also been able to provide a better formation to their pupils.

Keywords: History of psychology; Brazilian psychologist: science and profession.


 

 

1. Introdução

Preocupações com a formação de psicólogos vêm gerando discussões em toda a América Latina. Elas parecem ter surgido em função de críticas a atuações profissionais nem sempre eficazes e coerentes com a realidade atual, atribuídas ao inadequado preparo em seus cursos de graduação. Essas preocupações impulsionaram a criação de um grupo de trabalho na Sociedade Interamericana de Psicologia que organizou estudos e propôs a realização de pesquisas sobre a profissão de psicólogo e seus problemas nos países participantes (Alonso & Eagly, 1999; Toro & Villegas, 2001; Villegas, Marassi & Toro, 2003).

Os principais problemas detectados por esses estudos compreendem a expansão desenfreada de cursos na área; e a sua precária qualidade, pois muitos deles priorizam a teoria e o preparo técnico, dando pouca possibilidade de estágio e pouca ênfase à investigação; além do enfoque na clínica curativa e individualizada, centrada quase sempre na psicanálise, uma das fontes teóricas predominantes no treinamento dos futuros profissionais. As dificuldades de inserção no mercado de trabalho, freqüentemente apontadas, estão, em geral, relacionadas a essas características dos cursos.

A defasagem entre a formação teórica, prática e em pesquisa, apontada na maioria das investigações sobre os problemas da formação em Psicologia, parece dificultar a busca de soluções criativas, críticas e eficazes para enfrentar os problemas com os quais os psicólogos deparam-se.

 

2. A pesquisa na preparação dos psicólogos

Estudos e pesquisas sobre os problemas da formação e da atuação em Psicologia (Barreto, 1999; Bastos, 1990; Carvalho, 1982 e 1989; Gomide, 1988; Maluf, 1996 e 2001) têm assinalado o valor da pesquisa nesse processo como fator que permitirá a ampliação do campo de atuação profissional e a construção de práticas mais críticas.

A importância da pesquisa para o preparo de profissionais competentes tem sido reconhecida nos últimos tempos. Ao longo do século passado, reuniões foram organizadas pela American Psychological Association (APA) com o intuito de delinear alguns padrões necessários à formação profissional de psicólogos nos Estados Unidos da América. Em 1949, na Boulder Conference on Graduate Education in Clinical Psychology, partindo-se do pressuposto de que o psicólogo deve ser tanto um pesquisador quanto um profissional, delineou o modelo científico-profissional (scientist-practitioner model) (Baker & Benjamin, 2000; Benjamin & Ludy, 2001).

Belar (2000), Peterson (2000) e Stricker (2000), analisando a formação de psicólogos nos Estados Unidos, assinalaram a necessidade de que esse profissional seja pesquisador, além de profissional, para que desenvolva a si mesmo e à ciência que defende. Eles constataram que, apesar de afirmar-se que práticas sustentáveis são as empiricamente testadas, grande parte dos psicólogos, principalmente os que trabalham na área clínica, não a vê como necessária, pois nas instituições formadoras ela não é tão enfatizada e ensinada como deveria. Belar (2000) e Peterson (2000) acrescentam, ainda, que poucas são as que se dedicam a desenvolver o tipo de questionamento que a ciência exige ou mostram preocupação com a pesquisa e a validação dos métodos e das técnicas utilizadas.

Conclusões semelhantes fazem parte de relatórios produzidos nos Estados Unidos, depois de visitas de avaliações realizadas nas instituições que preparavam psicólogos clínicos. Essas avaliações apoiavam-se no programa produzido por Shakow, psicólogo chefe do Worcester State Hospital, que enfatizava a necessidade do doutoramento e o preparo em diagnóstico, tratamento e pesquisa para uma formação sustentável e de caráter permanente (Baker & Benjamin Jr., 2000; Benjamin Jr. & Ludy, 2001).

Reuniões realizadas nos países Latino-Americanos com essa mesma finalidade culminaram com a Primera Conferencia Latinoamericana sobre entrenamiento en Psicologia, realizada em 1974, em Bogotá (Colômbia) e patrocinada pela União Internacional de Ciência Psicológica (IUPsyS). Nela todos os participantes concordaram que a Psicologia é uma ciência e uma profissão e que a formação deve levar em conta esses dois aspectos, delineando-se, a partir deles, o modelo de formação denominado de Bogotá ou Latino-americano. Esse modelo prevê a formação profissional, por meio dos estágios de caráter prático, e a formação científica, por meio da realização de trabalho de conclusão de curso, ou da Tese de Grau (Ardila, 2003).

Esses dados parecem ser suficientes para concluir que a pesquisa tem sido considerada matéria de fundamental importância para uma adequada formação em Psicologia. Acredita-se que, quando se preparam bons pesquisadores, também estão sendo formados profissionais capazes de avaliar, questionar, observar, levantar hipóteses sobre os possíveis motivadores dos comportamentos estudados e de planejar intervenções eficazes para as necessárias transformações.

 

3. Contribuições científicas para a formação do psicólogo no Brasil

Na História da Psicologia no Brasil, constatam-se, de modo diverso, que houve preocupação com a pesquisa desde que os conhecimentos psicológicos começaram a desenvolver-se, porém, a proposta de formação delineada com a regulamentação da profissão e dos cursos não seguiu essa mesma tendência.

Gomes (2003), ao dissertar sobre a História da Psicologia em nosso país, no que se refere às relações dessa ciência com a pesquisa, divide-a em períodos. O primeiro está associado à criação das Faculdades de Medicina da Bahia e do Rio de Janeiro, período no qual há preocupação com a pesquisa. Nas teses de doutorado defendidas nessas faculdades, começaram a ser desenvolvidos temas psicológicos, de mensuração e de avaliação de comportamentos humanos e de suas relações com as patologias.

O segundo período dessa história ocorreu entre os anos de 1906 a 1931. Com a instalação dos primeiros laboratórios de Psicologia no Brasil, sob orientação de estrangeiros, com equipamentos estrangeiros e nos quais se reproduziam experimentos e adaptavam testes desenvolvidos nesses países, percebe-se a intenção de fazer pesquisa.

O terceiro período ocorreu entre os anos de 1932 a 1962, anos em que as aplicações práticas da Psicologia em escolas, clínicas e indústrias atraíram mais o interesse dos profissionais. Os que haviam estudado em países europeus haviam voltado seus conhecimentos a nosso país e aqui os aplicavam ou os replicavam.

O quarto período inicia-se com a regulamentação da profissão, em 1962. É o período da história em que a ênfase recai sobre o ensino, em função da necessidade de divulgar o conhecimento psicológico e de preparar profissionais para o exercício da profissão recém-regulamentada. A preocupação com a difusão dos conhecimentos, teorias e técnicas já construídos foi priorizado, em detrimento da pesquisa de nossa realidade e da construção de novos conhecimentos.

O quinto período ocorre com a expansão da oferta de cursos e a falta de professores titulados, que se dá na década de setenta. Esse período marca a expansão da profissionalização em Psicologia no Brasil, é um período em que se fez ensino pelo ensino, em que houve maior preocupação com o preparo técnico dos profissionais, do que com o seu preparo científico. É a fase na qual houve grande demanda de professores para lecionar nos cursos de graduação instalados e administrados principalmente pela rede particular de ensino, realizando-se a sua contratação sem o rigor necessário e sem que houvesse nesses centros possibilidades de realização de pesquisas compatíveis com a que havia na rede pública.

Apenas no sexto período dessa história é que se começa a detectar os problemas da formação decorrentes da falta de professores titulados e de infraestrutura para ensino, pesquisa e prática. A constatação desses problemas gera estudos e discussões, a partir das quais se buscam soluções. Uma das evidências é a de que os conhecimentos e as técnicas utilizadas em geral eram inadequados à nossa realidade.

Finalmente surge o sétimo período, em que há o retorno da pesquisa na formação profissional. A criação de programas de pós-graduação, submetidos a avaliações criteriosas e constantes, permitiu a realização de pesquisas e a formação de novos pesquisadores. Esse novo grupo de profissionais e pesquisadores, mais preparados para atuar nos cursos de graduação, vem incentivando a realização de investigação também nos ambientes de formação inicial.

Acredita-se, assim como Matos (2000), que a graduação em Psicologia deve garantir formação científica sólida, a fim de propiciar uma prática profissional crítica. O psicólogo deve ser capaz de compreender sua atividade profissional como um campo permanente de pesquisa e de produção de conhecimento.

Pretende-se que o psicólogo seja mais que um mero técnico e “aplicador” (Matos, 2000, p.14) de conhecimentos disponíveis, que, além de conhecer e utilizar os saberes já produzidos seja capaz de articular teoria e prática com implicações éticas e sociais delas advindas. Para isso, ele deve ter formação ampla em pesquisa básica e aplicada.

A partir da reconstituição da história da Psicologia em nosso país e das relações que se estabeleceram entre a pesquisa e a prática ao longo de seu desenvolvimento, Gomes (2003) levantou características específicas que marcaram essa profissão. Esses dados, de acordo com a análise realizada por Adair (2003), contribuem para compreender-se, ao menos parcialmente, os problemas já mencionados.

Adair (2003) considera que uma disciplina desenvolve-se em várias etapas: na primeira, ela é introduzida em um país por meio de estudantes enviados ao exterior para serem treinados nessa nova área do conhecimento que passa a fazer parte dos currículos dos cursos, mas vai sendo, em geral, explorada repetitivamente, sem que se realizem novas pesquisas no meio em que será introduzida; na segunda, as pessoas treinadas retornam aos seus países e disseminam os conhecimentos adquiridos, inserindo-os nas suas pesquisas, nas suas práticas e na docência; na terceira, questionam-se si esses conhecimentos são aplicáveis àquelas condições e àquelas pessoas, movimento que gera investigações sobre as características da região na qual o conhecimento será aplicado; na quarta, a disciplina passa a desenvolver-se de modo independente, por terem sido formados pesquisadores em seu próprio contexto e nas suas próprias condições.

Os conhecimentos psicológicos, as teorias e as técnicas desenvolvidas em países europeus começaram a ser difundidos nos institutos e nas faculdades que foram sendo criados em nosso país ao longo do século XX. Laboratórios anexos a hospitais psiquiátricos e a escolas preparatórias de professores “normalistas” foram montados sob a orientação e supervisão de renomados profissionais da área, difundindo esses conhecimentos a praticamente todas as atividades profissionais nas quais pessoas estivessem envolvidas (Cruces, 2006).

Além de fazer parte da formação desses professores, a disciplina Psicologia passou a ser incluída nos currículos de vários cursos do ensino superior, como matéria necessária para a atuação de qualidade dos futuros profissionais.

Assim como em muitos outros países latino-americanos, a disciplina Psicologia, com suas diferentes áreas, foi introduzida nos cursos de Filosofia, Ciências Sociais e Pedagogia, quando foi criada a Universidade de São Paulo, em 1934, passando, gradualmente, a fazer parte de outros cursos e de outras universidades do País (Cruces, 2006).

A Universidade de São Paulo (USP) tornou-se um grande centro irradiador e de preparação em Psicologia. Em São Paulo concentraram-se as maiores forças propulsoras do desenvolvimento dessa ciência e dessa profissão nas décadas seguintes. Laboratórios criados desde o início do século, especialmente aquele fundado por Clemente Quaglio, na Escola Normal da Praça da República, reativado por Lourenço Filho e depois incorporado à Cátedra de Psicologia Educacional da então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL) da USP, permitiu que, além dos tradicionais trabalhos na área da psicofisiologia, passassem a ser realizados estudos e investigações de maior interesse para a educação, como a aferição de testes de inteligência e a organização de provas de rendimento escolar, especificamente para a cultura brasileira. Tanto as aplicações da Psicologia, como alguns esforços de investigação na área, eram realizados, portanto, principalmente em instituições educacionais e predominantemente em São Paulo (Angelini, 2006).

Além de Clemente Quaglio e Lourenço Filho, a maioria dos Patronos da Academia Paulista de Psicologia preocupou-se com o rigor e com a cientificidade dos trabalhos realizados e divulgados, seja aos alunos, seja ao público que se utilizava de seus serviços, como se pode constatar pela vida e obra desses pioneiros, na seção de subsídios para o ensino de Psicologia, da Biblioteca Virtual em Saúde (http://www.bvs-psi.org.br/tabvidaeobra.htm).

A diversidade na formação básica dos pioneiros na difusão da Psicologia em nosso país (Medicina, Educação, Filosofia, Direito, Engenharia, Sociologia, História, Etnologia, Psicologia, Odontologia e Farmácia – veja figura 1) e o importante papel que lhes fora atribuído na construção dessa profissão e dessa ciência em nosso país, motivou a sua eleição como Patronos da Academia Paulista de Psicologia. O incansável trabalho na produção do conhecimento através dos estudos e das pesquisas que realizaram, os cuidados técnicos e éticos que demonstraram na difusão e na aplicação dos conhecimentos e a preocupação em vincular-se a associações e em participar de eventos e congressos como forma de contribuir para a consolidação da Psicologia levou à expansão e à diversidade de estudos na área, assim como a inserção profissional em diversas atividades profissionais.

 

 

Muitas áreas da Psicologia beneficiaram-se dos ensinamentos desses pioneiros, prioritariamente a educação. As investigações, os estudos e as práticas que desenvolviam sempre estiveram envoltos da necessária cientificidade que deve embasar todos os trabalhos, além da preocupação de que, com eles, novas políticas públicas fossem instaladas. É possível conhecer as preocupações e o incontestável papel que Lourenço Filho e Dante Moreira Leite tiveram na educação em nosso país; que Francisco Franco da Rocha teve na saúde mental; que Geraldo Horácio Paula Souza teve para a saúde pública; que Pedro de Alcântara Machado teve para a saúde e para os cuidados com a infância; que Roberto Mange teve na área empresarial e organizacional; e que os demais Patronos dessa Academia deixaram-nos como legado. Cabe ainda notar, na Figura 2, que muitos deles, assim como João Carvalhaes, desenvolviam, já na primeira metade do século passado, atividades na área do esporte, Paul Siwek, na Psicologia da Religião e outros que desenvolviam atividades que, ainda em nossos dias, são pouco conhecidas e contam com poucos representantes.

 

 

No Brasil, as aplicações da Psicologia nas diversas áreas de atuação começaram a disseminar-se e entre as décadas de quarenta e cinqüenta do século passado, profissionais denominados naquele momento de “psicologistas” ou de “psicotécnicos”, já faziam parte dos quadros do funcionalismo público e dos serviços particulares de seleção e orientação profissional de empresas, além de atuarem em serviços de saúde escolares e hospitalares (Cruces, 2006).

A criação do Instituto de Psicologia, na Universidade de São Paulo, na década de setenta, facilitou o desenvolvimento de atividades profissionais específicas, que prestassem serviços psicológicos à comunidade e realizassem pesquisas na área, o que ampliou ainda mais o status e a difusão da profissão e orientou a formação de profissionais.

O Brasil regulamentou a profissão de psicólogo em 27 de agosto de 1962, porém o fez em período de alterações em seus rumos. Muitos cursos de graduação em Psicologia começaram a funcionar sob a regência de um currículo mínimo estabelecido para a formação de profissionais – bacharéis ou licenciados em Psicologia – que priorizavam a profissionalização e o ensino de técnicas de avaliação e de intervenção psicológicas, o desenvolvimento de pesquisas ou a busca de soluções para os problemas e necessidades de nossa população.

A partir da década de oitenta e mais enfaticamente na década de noventa, começaram a ser discutidas sistematicamente e avaliadas as condições e os problemas da profissão. Assim como assinalou Adair (2003), a profissão se revê. Percebem-se problemas na atuação profissional e na baixa inserção de profissionais formados no mercado de trabalho, e avaliam-se os cursos de formação existentes. A precária formação em pesquisa é constatada e um dos fatores apontados como explicativos para os problemas detectados. Procedimentos para autorização e reconhecimento de cursos de graduação em Psicologia são regulamentados e suas avaliações começam a ser realizadas pelos órgãos competentes. Em todos os documentos, insiste-se na ênfase a ser dada ao preparo em pesquisa e no sentido de estimular a realização contínua de estudos científicos e de investigações como componentes da formação profissional do psicólogo (Maluf, 1999 e 2001; Maluf, Cruces, Linard & Salazar, s/d; Cruces, 2006).

A criação de cursos de pós-graduação nos quais se formam pesquisadores, que se dedicam à formação de novos cientistas e de profissionais qualificados deu-se mais especificamente em nosso país na década de setenta, sendo, um dos primeiros instalados na Universidade de São Paulo, que mais uma vez demonstrou seu pioneirismo na área. Esses cursos, avaliados positivamente, garantem a qualidade da formação dos pesquisadores que por ali passam, impulsionam o desenvolvimento de pesquisas que explicitam subjetividades construídas sob determinadas características específicas de nossa cultura e formam profissionais mais aptos a prepararem outros novos que virão atuar com maior eficiência, a partir da investigação e do estudo de suas especificidades. Maluf (2005), ao analisar essas características e apoiandose nas etapas de desenvolvimento de ciência assinaladas por Adair (2003), conclui que se atinge a etapa autóctone de desenvolvimento da Psicologia em nosso país, pois além de estar formando pesquisadores, de os cursos de graduação beneficiarem-se das pesquisas que vêm sendo realizadas em nosso país, de publicarem-se e divulgarem-se esses trabalhos em nosso território nacional e para outros países do mundo, a formação para a pesquisa no Brasil pode ser considerada de certo modo amadurecida, quando comparada aos demais países latino-americanos e do norte ocidental (Maluf, 2005).

 

4. As políticas públicas para o ensino da Psicologia

Na década de oitenta do século passado, com a redemocratização de nosso país, os problemas com a formação e com a atuação dos psicólogos, já detectados, puderam ser discutidos. As soluções começaram a ser buscadas.

O Conselho Federal de Psicologia, o Conselho Regional de Psicologia de São Paulo, o Sindicato dos psicólogos no Estado de São Paulo e muitas outras associações e entidades científicas organizaram e patrocinaram estudos que permitiram detectar com maior precisão as características e os problemas da profissão (Sindicato dos Psicólogos no Estado de São Paulo & CRP-06, 1984; Carvalho, 1984 e 1989; CFP, 1988, 1992 e 1994; Bastos, 1990; CRP-06, 1995). Uma das principais conclusões a que chegaram esses estudos é a de que os cursos de graduação em Psicologia deveriam passar por mudanças que garantissem a formação de profissionais melhor preparados para divulgar e desenvolver essa ciência e essa profissão em nosso meio. Para isso, um novo modelo de formação começou a ser discutido.

O artigo 10 do Decreto-lei nº 53.464, de 21 de janeiro de 1964 (Brasil, 1964), regulamentou a Lei 4119, de 27 de agosto de 1962, que havia oficializado a profissão de psicólogo. Esse artigo previa que os cursos deveriam obedecer ao currículo mínimo, do qual faziam parte algumas disciplinas obrigatórias e algumas outras, opcionais, escolhidas pelas próprias faculdades, não sendo, nenhuma delas, direcionada especificamente para o preparo em pesquisa.

Durante as décadas iniciais de formação de psicólogos, como se pode depreender das exigências contidas na legislação em vigor, os profissionais tinham um preparo muito mais técnico e em atendimentos clínicos, do que em pesquisa ou no desenvolvimento de métodos e técnicas de intervenção sobre comportamentos, individuais, grupais ou institucionais. Eram menos freqüentes matérias ou estágios nos quais se discutissem questões relativas à prevenção e à qualidade de vida, sendo sempre priorizados procedimentos e técnicas de avaliação e de tratamento de desajustes, problemas ou distúrbios já instalados.

Dados como os citados levam Gomes (2003, p. 44) a afirmar que a tradição do modelo de escola profissional tornou-se dominante e a pesquisa foi desaparecendo não somente do currículo, mas da sala de aula. Ele observou, também, que a grande expansão dos cursos fez com que alunos precariamente preparados substituíssem seus professores ou passassem a integrar o corpo docente de faculdades que montavam novos cursos de graduação em Psicologia. Na consolidação do ensino, prevaleceu a preocupação teórica, associada à prática, porém, as relações entre ensino e pesquisa distanciaram-se nos cursos de graduação.

Avanços advindos da promulgação de uma nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n.º 9.394/96, de 1996 (Brasil, 1996) contribuíram para que a mudança necessária se concretizasse. Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Psicologia, assinadas em 2004, contêm competências e habilidades profissionais a serem desenvolvidas nos graduandos, em substituição ao rol de disciplinas que ainda compunham grande parte dos cursos de Psicologia. Tais diretrizes propõem que a formação seja organizada em um núcleo comum, pelo qual todas as instituições de ensino superior devem garantir o domínio de conteúdos básicos e necessários à atuação na área e, em ênfases curriculares, pelas quais as instituições delinearão um projeto pedagógico que contemple suas especificidades e adaptem os cursos às suas realidades socioeconômicas e geográficas.

O documento em questão prevê que a formação seja abrangente e pluralista, que se fundamente em bases teóricas e epistemológicas que sustentem práticas profissionais comprometidas com a realidade sociocultural, que o aluno seja preparado para analisar seu campo de atuação profissional, identificar necessidades de natureza psicológica e intervir de acordo com referenciais éticos e teóricos que mantenham compromisso social; que seja preparado para formular questões de investigação científica e para tomar decisões metodológicas quanto à escolha, coleta e análise de dados em projetos de pesquisa. De acordo com as conclusões de Adair (2003), uma disciplina desenvolve-se quando possibilita a formação de pesquisadores, por meio de treinamento específico, que permitirá que produzam suas próprias investigações.

As mudanças nas políticas públicas para o ensino superior no Brasil contribuíram para que a pesquisa voltasse a fazer parte da formação dos psicólogos, incentivando, portanto, a busca de práticas, de intervenções e de estudos na e com a própria comunidade/realidade na qual estão funcionando os cursos. Documentos que regem atualmente a formação de psicólogos têm enfatizado a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, na tentativa de reafirmar a tese que esteve presente desde que o preparo de profissionais na área foi iniciado no Brasil, com ênfase no trinômio referido. Ao guiarem-se pelas Diretrizes Curriculares Nacionais, os coordenadores de curso e seus dirigentes vão, gradualmente, inserindo-se em uma nova maneira de preparar profissionais.

 

5. Considerações finais

Os avanços que essa proposta de formação contém são inegáveis. Além disso, ela instala desafios a serem enfrentados pelos formadores, tendo em vista que, atualmente, uma parte significativa dos futuros profissionais não recebe treino em pesquisa e, quando recebe, é insuficiente. Introduzir atividades práticas e de pesquisa, nas quais os alunos possam desenvolver habilidades necessárias a um bom profissional, vem sendo o desafio que se enfrenta nos cursos de formação, a fim de garantir qualidade e eficiência.

De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Graduação em Psicologia (2004), entre as competências consideradas necessárias ao psicólogo, encontram-se a de identificar, definir e formular questões de investigação científica no campo da Psicologia, vinculando-as a decisões metodológicas quanto à escolha, coleta, e características da população-alvo; escolher e utilizar instrumentos e procedimentos de coleta de dados em Psicologia, tendo em vista a sua pertinência; elaborar relatos científicos, pareceres técnicos, laudos e outras comunicações profissionais, inclusive materiais de divulgação; apresentar trabalhos e discutir idéias em públicos; saber buscar e usar o conhecimento científico necessário à atuação profissional, assim como gerar conhecimento a partir da prática profissional. (p. 8) Em todas elas percebe-se a importância do preparo em pesquisa, a necessidade de observação criteriosa da realidade que embase análise e fundamente atuação profissional coerente. Pesquisas recentes demonstram que não é o que vem acontecendo atualmente (Cruces, 2006).

Na medida em que os graduandos em Psicologia sejam colocados em situações práticas sobre as quais tenham que levantar questões, coletar dados que lhes permitam responder às questões formuladas e preparar intervenções adequadas, avaliando-as posteriormente, acredita-se que serão capazes de construir ciência de boa qualidade; que se baseie em elementos teóricos sustentáveis, mas recria-os, reorganiza-os de acordo com as reais necessidades, ao invés de conformar com a realidade das teorias já elaboradas.

Nesse movimento, que relaciona teoria, prática e pesquisa parece construirse um verdadeiro profissional, capaz de lidar com as demandas que lhes são impostas, baseando-se em uma formação sustentável e de alta qualidade, que lhe permita fazer “boas” perguntas, para obter “boas” respostas.

Pfromm Neto (2006), em análise sobre a profissão, refere-se a “pragas” que assolam a Psicologia no Brasil e considera, dentre elas, o descompasso entre o que está sendo ensinado, o que está sendo aprendido em grande número de cursos de graduação e o que corresponde ao real estado da arte. Assinala, também, a superficialidade, primarismo, abuso de jargões, de clichês, de fórmulas gastas, adoção de um simplismo estarrecedor perante essa incrível complexidade que é cada ser humano com seu comportamento e sua vida mental, concluindo que uma Psicologia madura, competente e responsável não pode tolerar certas psicologias de gibi que campeiam por aí (p. 50). Considerase, em acordo com suas colocações, que a qualidade de muitos cursos de Psicologia existentes no país está longe de ser satisfatória e que a imagem pública da Psicologia deixa a desejar. Com isso reafirma-se a necessidade de se delinear modelos de formação profissional que priorizem questões e desafios a serem enfrentados, que consigam efetivamente integrar ensino e pesquisa, pois apenas desse modo poder-se-á mudar esse estado de coisas, preparando psicólogos que ampliem seu campo de atuação, fazendo-se úteis; que disseminem todas as aplicações práticas que a ciência psicológica oferece, contribuindo para a valorização das pessoas e para seu bem-estar.

Se o ensino excelente é aquele que coloca dúvidas, que faz interrogações, que ensina a fazer perguntas e não as responde pronta e mecanicamente, é essa aprendizagem que permitirá a formação de melhores profissionais. A construção de uma sociedade mais saudável, em que pessoas busquem orientações e recursos advindos da ciência psicológica depende dessa formação profissional.

Predominantemente neste século, as publicações nacionais têm aumentado. A partir dessa informação pode-se verificar amadurecimento na produção brasileira, que tem apresentado pesquisas e estudos nos quais se desenvolvem métodos e técnicas mais condizentes com os objetivos a serem estudados e às necessidades de nossa sociedade (Maluf, 2005). Pode-se concluir, também, que a reinserção da pesquisa nos cursos de graduação, o estímulo à participação em congressos e a publicação, por meio das atuais políticas públicas, vêm trazendo benefícios a todos os envolvidos, sejam docentes, discentes e à comunidade em geral. Esses trabalhos são divulgados em veículos bem avaliados e reconhecidos pela comunidade científica nacional. A criação da Biblioteca Virtual em Saúde mostra-se como oportunidade de avanço nesse sentido.

 

Referências

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Recebido em: 18/08/2008
Aceito em: 10/09/2008

 

 

1 Uma versão resumida deste trabalho foi apresentada na XV Jornada de Investigación y Cuarto Encuentro de Investigadores en Psicología del MERCOSUR: Problemáticas actuales, em Buenos Aires, na Argentina, 2008.
2 Doutora pelo Depto. de Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano da Universidade de São Paulo. Laureada pela Academia Paulista de Psicologia, da qual recebeu Menção Honrosa pelo trabalho “Psicólogos brasileiros recém-formados: um retrato da profissão no Brasil”. Professora do Centro Universitário de Santo André. Psicóloga da Penitenciária Desembargador Adriano Marrey, Guarulhos. Contato: Rua Plutarco, 30, apto 111, Ed. Toulouse, Jardim Stella, Santo André, SP - CEP 09185-710 – E-mail: alacircruces@uol.com.br

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