RESENHAS

 

Cleusa Sakamoto¹

Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação - FAPCOM

 

 

NOVAES, M. H. (2008). Paradoxos Contemporâneos. Rio de Janeiro, Papers, 154p.

Quem conhece Maria Helena Novaes pode apreciar neste livro, sua singular sensibilidade e grande capacidade de traduzir em palavras a contemplação de temas complexos, profundos e desafiadores implicados no viver humano.

Fazendo uso de uma postura interdisciplinar permeada de otimismo diante das contradições, incertezas e complexidades da realidade contemporânea, a autora tece reflexões sobre temas atuais e urgentes como a construção da identidade pessoal, o papel da memória temporal, as mudanças no processo do envelhecimento, as implicações intergeracionais para a criatividade de indivíduos e grupos, as novas configurações da família – temas alimentados por uma “cultura atual plural, contraditória e fragmentada provocada pelo impacto da mídia e da tecnologia”.

Maria Helena ressalta inúmeros paradoxos atuais, conduzindo o nosso pensamento a reflexões sobre o sentido da vida quer seja com vistas à experiência subjetiva do tempo, quer seja pela necessidade de comunicar e compartilhar nossas experiências, ou ainda para nos revestirmos da responsabilidade social de participarmos da construção do mundo humano – na família, na escola ou na sociedade mais ampla.

É interessante considerarmos que o paradoxo evidencia uma natureza de impasse que sempre possibilita observarmos mais de uma alternativa. É instigante constatarmos neste sentido, que o paradoxo possui uma face criativa. Indica mais de uma possibilidade e, assim, abre o horizonte para uma escolha. O paradoxo é o eixo que estabelece a abordagem de todos os temas e fatores apresentados na obra.

Maria Helena revela, nas páginas deste seu novo livro, sólido conhecimento que traduz uma grande bagagem reunida ao longo de sua trajetória como pesquisadora e professora. Com uma linguagem bastante rica e inúmeras referências bibliográficas, o livro mostra-se muito estimulante ao lançar luz à busca de uma percepção criadora acerca das características da vida contemporânea em termos individuais, emocionais, sociais, tecnológicos, culturais e futuros.

Nas palavras da autora, “o grande desafio do homem futuro será sair dos impasses, a fim de (re)singularizar uma subjetividade criativa e polifônica estabelecida numa cartografia, ao mesmo tempo individual e coletiva, com um novo olhar da razão, verdade, memória e história”.

A autora considera como afirma Derrida “suportar o paradoxo e a contradição é desafiar constantemente o pensamento, o que nos faz assumir o movimento contínuo e aberto da condenação a sermos lúcidos impiedosamente” e completa: “procurando num viver pleno e belo, um conjunto de paradoxos mantidos em perfeito equilíbrio”.

O livro Paradoxos Contemporâneos convida-nos a descortinarmos o horizonte da multiplicidade de escolhas de experiência e construção do viver e do con-viver humano. Deixa, nas entrelinhas de seus parágrafos, a esperança de que cada ser humano possa ser um participante construtivo de sua existência e da vida que compartilha nos grupos humanos.

Trata-se, portanto, de uma contribuição indicada a todos aqueles que fazem reflexões sobre a vida, seus “impactos”, mas que se transformam logo em “compactos” por acreditarem na capacidade construtiva e criativa do homem.

 

 

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