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Boletim - Academia Paulista de Psicologia

versão impressa ISSN 1415-711X

Bol. - Acad. Paul. Psicol. v.29 n.1 São Paulo jun. 2009

 

OBITUÁRIO

 

Sergio Vilela Monteiro (*09/11/1923 - †04/05/2008)

 

 

É com imenso pesar que esta Academia comunica aos colegas, amigos e conhecidos o falecimento do psicólogo Sergio Vilela Monteiro aos 85 anos de idade, ocupando, até então, a Cadeira nº 31 deste sodalício. Deixou um filho formado em carreira universitára e dois netos, um advogado e outra, estudante de Psicologia que, assim, segue a tradição do avô.

De todos os méritos de sua vida profissional e familiar, distingue-se sua efetiva atuação em duas carreiras, a militar e a civil. De ambas, na sua vida plenamente ativa viu-se, de certo modo, limitado por uma doença que o deixou hemiplégico por vários anos. Limitava-o ainda para realizações profissionais, o tratamento fisioterapêutico e reaprendizagem no uso da mão esquerda em lugar da direita, uma vez que o lado lesado atingia sua lateralidade preferente.

Referimo-nos, neste momento, à sua carreira militar, citando alguns escalões, entre outros, que sempre conseguia por critérios de merecimento. Disso se orgulhava muito. Citam-se alguns cursos, estágios e postos de trabalho que, no decorrer de sua carreira militar, realizava com todo empenho. Dos vinte aos vinte e cinco anos fez o curso de Formação de Oficiais na Academia de Polícia Militar do Barro Branco e, bem mais tarde, com 43 anos, o de Aperfeiçoamento de Oficiais (Estado Maior) e o de Doutrina e Segurança Nacional da Escola Superior de Guerra ( 1963 a 1967). Entrementes, frequentava cursos e realizava estágios, de pequena duração, para o enriquecimento suplementar de sua carreira, como o de Aspirante Oficial do Corpo de Bombeiros (1946), do Regimento da Cavalaria (1947) assim como o curso de Moto-mecanização para transporte, de utilidade na Polícia Militar.

Quanto aos cargos que exerceu nesta área, selecionamos os de docente de Estatística no Curso de Aperfeiçoamento de oficiais da Academia da Polícia Militar, nos anos 1960-1963 e de Psicologia Aplicada no de Formação de Oficiais da citada Academia, durante quatro anos. Nesse período, dedicava-se à direção e à função de editor da revista Militia, onde tinha oportunidade de escrever artigos sobre Psicologia junto às atividades da Polícia Militar, sobretudo na seleção e orientação de candidatos e na profissiografia da citada organização.

Ao tornar-se conhecido, especialmente por aperfeiçoar-se na área, o colega exerceu as funções de Oficial Ajudante de Ordem de três Governadores e de Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo como também em três Embaixadas Estrangeiras. No campo da Psicologia, o Prof. Sergio dirigiu também a equipe de Análise Profissiográfica, durante dois anos, como base para classificação dos cargos dos funcionários públicos do Estado de São Paulo.

É evidente que o saudoso Prof. Sergio desempenhava outras atividades fora da área de Psicologia como as que eram diretamente pertinentes aos cargos que exercia, como o de perito-examinador junto à Diretoria do Serviço Militar. Essas e outras atividades evidenciavam ser um profissional mais de ação do que um literato na carreira profissional. Assim mesmo, deixou publicado vários trabalhos sobre aperfeiçoamento profissional, Psicotécnica na Força Pública, Psicologia na visão de Mira y Lopes (psiquiatra que veio ao Brasil para dirigir o Instituto de Seleção e Orientação Profissional - ISOP, da Fundação Getúlio Vargas) e também sobre as fases de vida, como a adolescência e a terceira idade.

Paralelamente às suas funções militares, exercia, como já foi referido, atividades civis de natureza psicológica. Para tal fim, preparou-se por um período de um ano, no Rio de Janeiro, participando do curso de Medidas e Pesquisas Educacionais e, posteriormente, seguindo o curso de Pedagogia, nos anos 50, como muitos outros profissionais, que na falta de formação em Psicologia, realizavam o citado curso. De ambas as fontes, o Prof. Sergio contou com as bases para a sua atividade psicológica, por cursar muitas matérias dessa natureza no currículo do referido curso. Além disso, realizava disciplinas paralelas tanto no Brasil quanto no exterior. Na França, frequentou o 3º Ano da carreira de psicologia na Sorbonne. Com respeito a sua experiência nessa profissão, vale citar que foi um dos primeiros a abrir consultório e atuar como autônomo, selecionando e orientando candidatos para inúmeras firmas de destaque no Estado de São Paulo.

Mantinha-se também integrado na comunidade dos psicólogos. Lembramos que era um dos primeiros no registro do Conselho Regional de Psicologia. Foi Presidente do Sindicato dos Psicólogos de São Paulo, membro ativo da Associação de Psicologia de São Paulo (antiga Sociedade de Psicologia de São Paulo) e suplente do Conselho Regional de Psicologia, entre outras atividades no gênero.

Dada sua intensa participação nas duas profissões que exerceu e abrindo portas a diversos campos, o Prof. Sergio recebeu homenagens nas duas carreiras: de um lado, a Medalha do Valor Militar e do Cavaleiro da Ordem do Cedro e, do outro, o diploma de Honra ao Mérito do CRP/06 e a Medalha Centenário da Psicologia.

Era um profissional correto, humano e dadivoso, conforme afirmaram os que mantinham convívio direto com ele, tanto na vida familiar quanto na profissional. Era pessoa ímpar e especial por saber conduzir, com justiça e com efetivo desempenho, duas carreiras que a princípio lhe pareciam díspares. Ele soube conjugá-las, unindo a elas sua vida familiar, da qual nunca se descuidou, sendo por ela amparado até nos momentos mais difíceis de sua vida.

A Diretoria

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