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Boletim - Academia Paulista de Psicologia

Print version ISSN 1415-711X

Bol. - Acad. Paul. Psicol. vol.29 no.2 São Paulo Dec. 2009

 

RESENHAS

 

Geraldina Porto Witter1

UNICASTELO - S.P.
Cadeira 23 - Dante Moreira Leite

 

 

Sabadini, A. A. Z. P., Sampaio, M. I. C. & Koller, S. H. (2009). Publicar em Psicologia: um enfoque para a revista científica. São Paulo: Associação Brasileira de Editores Científicos de Psicologia/Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, 216 p.

Se o conhecimento científico não for publicado, ele não atinge o consumidor de ciência, não se fecha o ciclo de produção e assim ficam sem serem atingidas as metas essenciais do saber dela decorrente. As revistas científicas constituem a forma de difusão da produção de maior impacto e de maior rapidez e atualização. O livro aqui resenhado traz contribuição de mérito para os que se interessam em publicar, não apenas na área dos periódicos de Psicologia, já que alguns aspectos são comuns a todas as áreas do conhecimento.

A obra foi organizada por Aparecida Angélica Z. P. Sabadini, Maria Imaculada C. Sampaio e Sílvia Helena Koller, as duas primeiras com formação em Biblioteconomia e ampla experiência em editoração na área de Psicologia, o que também é partilhado pela última. Sampaio é mestre em Ciência da Informação (ECA/USP) e Koller é doutora e docente da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, enquanto as duas primeiras atuam na Biblioteca Dante Moreira Leite do IPUSP.

O livro compreende nove capítulos escritos por autores diversos com vivência na área. O prefácio foi escrito pela Dra. Emma Otta, diretora do IPUSP, que fala da dificuldade e custo da publicação científica e da contribuição do texto que para facilitar o alcance da informação encontra-se disponível no site BVSPsi (www.bvs-psi.org.br). Assim, é de livre acesso a todos os interessados. As organizadoras fizeram uma apresentação do livro indicando as preocupações das quais ele emergiu e informações sobre cada capítulo.

O primeiro, elaborado por Trzesniak e Koller, apresenta uma perspectiva geral sobre a educação científica em que começam por tratar da importância do texto no contexto científico e dos cuidados necessários para escrever em ciência, bem como as razões para publicar; onde e o que publicar e o processamento para publicação. Apresentam um formulário da avaliação, mas poderia ser pelo menos lembrado que há outros (até mais completos) modelos e percursos.

Sabadini, Sampaio e Nascimento assumem, no capítulo seguinte, a apresentação de como preparar um periódico científico, conceituam e caracterizam seus diversos aspectos técnicos. Apresentam anexos úteis sobre tipos de periodicidade, como solicitar ISSN, elementos da 1ª. capa, abreviatura dos meses em seis línguas etc. muito úteis a editores e pessoas interessadas na produção científica.

Vem crescendo rapidamente o movimento para se ampliar o acesso aberto. Uma síntese dos movimentos pertinentes é a temática do capítulo 3 de Sampaio e Serradas, com as várias menções e declarações de apoio a esta forma de tornar mais acessível e democrático o conhecimento científico. Apresentam uma classificação das revistas quanto a estes aspectos e bases disponíveis.

A estrutura editorial de um periódico científico é o tema tratado por Trzesniak (capítulo 4) que precisa cumprir os três requisitos básicos de difundir conhecimento novo e relevante dentro de sua área temática, isto é, a pontualidade, a credibilidade e a cientificidade. Discute os papéis do conselho ou corpo editorial, sua credibilidade e atribuições. Trata das funções do editor geral, do editor associado e dos demais membros do corpo científico, sendo muito útil a quem se inicia nesta atividade.

Um aspecto importante, relacionado com o anterior é a indexação e a avaliação do impacto com que se ocuparam Sampaio e Sabadini no capítulo em que apresentam, rapidamente, várias bases relevantes não só para a Psicologia. Descrevem o processo de seleção das bases, os tipos disponíveis. É muito útil a orientação dada sobre os procedimentos de indexação em cada base.

O capítulo 6 volta-se para os autores, tratando do como preparar um artigo científico. É escrito por Sabadini, Sampaio e Koller. Conceituam a matéria, enfocando as características do manuscrito. Na estrutura apóiam-se mais nas normas da ABNT com alguns adendos das normas da APA anteriores à ultima versão, mas são apresentadas muito claramente. Resumo e palavras-chave também receberam a atenção, lembrando particularmente a importância de recorrer aos Thesaurus e, no Brasil, à Terminologia Psi, disponível no BVS-Psi. Atenção similar é dada a outros tópicos do corpo do artigo. Mas deveria ter ficado mais claro que há variações e que dependendo do tipo de trabalho, da teoria psicológica e das próprias orientações das revistas é preciso fazer adaptações e recortes até para poder fazer o conteúdo caber no espaço de páginas que o autor pode usar. Vale lembrar o Princípio de Parcimônia que é essencial na produção e na comunicação científica moderna. Caberia também lembrar claramente os aspectos éticos e legais na transcrição de figuras, gráficos e fotografias, bem como outros aspectos éticos implícitos na produção textual.

O capítulo sétimo leva a assinatura de Sampaio e Sabadini que tratam os problemas envolvendo a autoria e a colaboração, poderiam ter detalhado os vários itens a considerar na ordenação de autores. O texto é muito claro e destaca a relevância da produção com múltipla autoria como um indicador científico.

O penúltimo capítulo foi elaborado por Vendramini, Cazorla e Silva em que enfocam as normas da APA para apresentação de dados estatísticos. Valeria consultar também o livro da APA que trata especificamente deste assunto. Poderiam mostrar a flexibilidade de estilo que é possível usar sem tornar o texto um carimbo que se repete; exemplos são encontrados nas revistas da própria APA como se verifica em artigos da revista Psychological Methods. Pode-se tornar mais agradável, motivadora e didática a leitura dos dados. Os modelos não são “camisa de força” e não podem ignorar a variabilidade de leitores e o contexto cultural da própria Psicologia e da Estatística.

O último capítulo enfoca a avaliação dos periódicos científicos da área e foi redigido por Yamamoto e Costa que começam lembrando as razões e as justificativas para esta avaliação. Os aspectos considerados foram indexação, fomento, inclusão em coleções e nas bibliotecas e organizações, o Qualis. A matéria não abrange aspectos quanto à avaliação intrínseca, as escalas de avaliação, a avaliação de temática, de autoria, de tipo e nível de informação, da presença de evidências entre outras. Descrevem como a avaliação no contexto nacional resultou em melhoria sensível dos periódicos brasileiros de Psicologia.

A contribuição da obra para a produção científica, a formação de editores e como o apoio a autores é inegável e vai além da área da Psicologia que foi tomada como base dos exemplos. Pode-se sugerir alguns tópicos para consideração em uma possível reimpressão e revisão do livro. Seria relevante ter por base a sexta edição do Manual da APA, disponível já em meados de 2009 (copyright 2010) em que novas proposições foram feitas, bem como livros específicos que a referida Associação publicou sobre temas apresentados no livro. Deve ficar claro ao leitor que há uma ampla variação de orientações, que se deve estar pronto à flexibilidade e ao desenvolvimento de novas possibilidades. Vale insistir que é uma obra que será de grande valia para autores, especialmente os novos, e editores.

 

 

Recebido em: 09/09/2008
Aceito em: 03/08/2009

 

 

1 Contato: Av. Pedroso de Moraes, 144/302 - Pinheiros - CEP 05420-000 - São Paulo - SP. Tel.: 3032-1968/4796-5156. E-mail: gwitter@uol.com.br

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