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Boletim - Academia Paulista de Psicologia

Print version ISSN 1415-711X

Bol. - Acad. Paul. Psicol. vol.33 no.85 São Paulo Dec. 2013

 

HISTÓRIA DA PSICOLOGIA

 

Sobre meu encontro com Lévi-Strauss

 

About my meeting with Levi-Strauss

 

Acerca de mi encuentro con Levi-Strauss

 

 

Sonia Grubits1

Universidade Católica Dom Bosco (UCDB)

 

 


RESUMO

No presente artigo a autora faz um relato sobre entrevistas presenciais efetuadas durante dez anos com Claude Lévi-Strauss, em Paris. O interesse da autora pelas pesquisas com populações indígenas de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, o início de suas atividades na Universidade Católica Dom Bosco, em Campo Grande, (MS) são o ponto de partida para suas pesquisas que favoreceram a sua aproximação com o antropólogo. Outros fatos relevantes foram à leitura da obra de Claude Lévi-Strauss, Tristes Trópicos, com importantes informações sobre a região e seus índios, os estudos no Programa de Mestrado em Psicologia Social da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo-PUC/SP e doutorado em Paris 8- Sorbonne. As pesquisas com grupos Bororo de MT e Kadiwéu de MS foram fatos que revelaram a maior afinidade e promoveram uma grande amizade entre a autora e o antropólogo. Os dois grupos étnicos marcaram início dos estudos de Claude Lévi-Strauss e sua Teoria – Antropologia Estrutural na década de 30. Além da correspondência trocada entre ambos, vários encontros estão descritos no texto.

Palavras-chave: Bororo; Kadiwéu; Antropologia Estrutural, Lévi- Strauss.


ABSTRACT

The present article reports my friendship with Claude Lévi-Strauss, which lasted for about the ten last years of his life. The author's interest in researching the indigenous populations of Mato Grosso and Mato Grosso do Sul, the beginning of her activities at Dom Bosco Catholic University, Campo Grande – MS, were the starting points for their research, such facts have favored their scientifical approach. Other relevant facts were the study of the work of Claude Lévi-Strauss, especially Tristes Tropiques, with important information about such Brazilian region and its Indians, studies in Masters Program in Social Psychology at the Catholic University of São Paulo- PUCSP and Doctorate in Paris 8 - Sorbonne. The Bororo (MT) and Kadiwéu (MS) research groups revealed an affinity and promoted a strong friendship between the author and the anthropologist. The two ethnic groups have then marked the beginning of Claude Lévi-Strauss's studies and his Theory - Structural Anthropology in the 30s. Besides the correspondence between them, several meetings are described in the text.

Keywords: Bororo; Kadiwéu; Structural Anthropology, Lévi-Strauss.


RESUMEN

En este artículo, la autora nos relata algunas entrevistas personales con Claude Lévi-Strauss en el período de diez años en Paris. El interés de la autora por las investigaciones con poblaciones indígenas de Mato Grosso y Mato Grosso do Sul así como el inicio de sus actividades en la Universidad Católica Don Bosco, Campo Grande, MS destacan como el punto de partida para sus investigaciones. Otros hechos relevantes se asocian a los estudios de la obra de Claude Lévi-Strauss, especialmente Tristes Trópicos, con informaciones importantes sobre la región y sus indios, los estudios en la Maestría de Psicología Social de la Universidad Católica de São Paulo- PUCSP y el doctorado en Paris 8 - Sorbonne. Las investigaciones con los grupos Bororo de MT y los Kadiwéu de MS revelan su afinidad y promoviendo una gran amistad entre la autora y el antropólogo. Los dos grupos étnicos marcan el inicio de los estudios de Claude Lévi-Strauss y su Teoría - Antropología Estructural en los años 30. Así como la correspondencia entre ellos, varios encuentros se describen en el texto.

Palabras-clave: Bororo, Kadiwéu, Antropología Estructural, Lévi- Strauss.


 

 

I - Início das Pesquisas com Populações Indígenas

Dois eventos marcaram meu interesse pelas pesquisas com populações indígenas de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul: um deles, referente à minha chegada a Campo Grande e início das atividades docentes na Faculdade Dom Aquino de Filosofia Ciências e Letras, que muitos anos mais tarde se transformaria na Universidade Católica Dom Bosco, Campo Grande, MS, cuja mantenedora Missão Salesiana, já tem uma história de mais de cem anos de estudos e contatos com populações indígenas. Essas contribuições resultaram em várias importantes obras, sendo a mais recente o Museu das Culturas Dom Bosco, com uma ala dedicada aos índios do Centro Oeste Brasileiro.

O outro, a leitura inicial da obra de Claude Lévi-Strauss, Tristes Trópicos (1955), no início de meus estudos no Programa de Mestrado em Psicologia Social da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP), quando trabalhei, durante algum tempo com a professora antropóloga Carmem Junqueira, que muito contribuiu para minha aproximação e entendimento da importância da percepção das diferenças culturais entre as populações indígenas, por suas relações desenvolvidas pelos sentimentos, respeito ao outro e profundo carinho pelas crianças e idosos.

Mas sem dúvida, o primeiro fato inicial e mais significativo, foi o término de minhas pesquisas de campo em Meruri, em Mato Grosso e defesa de minha dissertação de mestrado "A Construção de uma Identidade no Conflito entre as Culturas Bororo e Civilizada" (Grubits, 1992), que em seguida foi publicada no livro denominado "Bororo: Identidade em construção" (Grubits, 1994).

Sabendo da importância do grupo Bororo para Antropologia Estrutural de autoria do professor Claude Lévi-Strauss e profundamente sensibilizada pela importância da obra Tristes Trópicos (Lévi-Strauss, 1955) para meu trabalho, ousei lhe enviar a publicação, em português, redigindo-lhe uma rápida mensagem sobre o que havia realizado.

Fiquei muito surpresa e grata pela rapidez e carinhosa atenção com a resposta que recebi, informando me que lera a obra, que a qualificou de instrutiva e comovente. Eu comecei a entender seu interesse e sensibilidade pela cultura dos índios do centro oeste brasileiro.

 

 

Dois anos depois, em 1995, terminei a tradução para a língua inglesa de "Bororo: Identidade em construção" e levei para Dublin, Irlanda, onde apresentei o trabalho "Bororo: identity in construction" (Grubits, 1995) no World Congress of World Federation for Mental Health. Lá encontrei um trabalho do professor Ivan Darrault-Harris, que já conhecia pelo seu livro Psicomotricidade (Aucouturier, Darrault, & Empinet, 1986), publicado no Brasil. Eu lhe escrevi manifestando meu interesse em dar seguimento aos meus estudos na França, no término de meu doutorado, na Universidade de Campinas (UNICAMP), em São Paulo.

Na volta passei por Paris e tentei um encontro com professor Claude Lévi- Strauss no College de France, porém ele não estava na cidade. Deixei dois dos livros na versão inglesa com sua secretária. Poucos dias depois de minha volta, ele me escreveu agradecendo e informando que divulgara a obra entre os colegas no seu laboratório.

 

 

II – Os Encontros

O professor Ivan Darrault-Harris escreveu-me e depois de um encontro em julho de 1996, quando decidi por um novo doutorado com status de pós-doutorado em Paris 8 - Sorbonne, sob sua orientação. Meu trabalho foi dirigido à produção artística de crianças Guarani do Brasil (Grubits,2000).

Notei que meu interesse pelas populações indígenas e contatos com o professor Claude Lévi-Strauss, em sua apreciação sobre o livro "Bororo: Identidade em Construção" (Grubits,1994), foram importantes para o acolhimento de minha solicitação, pelo respeito e carinho que os professores e intelectuais franceses lhe dedicam.

Segui para a França, em outubro de 1997 para iniciar meu DA em Paris 8- Sorbonne. Na partida do Brasil, recebi de uma aluna um pássaro, joão de barro, feito por um artesão desconhecido, em argila. Este pássaro brasileiro constrói seus ninhos em barro e diz a lenda que é muito ciumento e caso suspeite do contato da fêmea com outro pássaro, fecha a entrada do ninho e ela morre. A aluna me disse que era para eu presentear um professor ou amigo na França com aquele souvenir da nossa terra.

Depois de instalada em Paris, tentei mais uma vez um encontro com professor Claude Lévi-Strauss, escrevendo-lhe uma carta e ele marcou dia e hora para esta entrevista. Finalmente, eu iria conhecê-lo pessoalmente, e este seria apenas o início de uma série de encontros, troca de informações sobre os índios brasileiros, geralmente no mês de janeiro e muitas pequenas mensagens. Nosso primeiro encontro foi em 16 de janeiro de 1998, 14:30.

 

 

 

Fui para o encontro com meu filho Pedro Paulo e levei o joão de barro oferecido pela minha aluna na partida do Brasil. Ele agradeceu a lembrança, porém não abriu o pacote. O encontro foi muito significativo e emocionante. Encontrei um senhor muito atencioso, com um ar carinhoso, paternal, elegantemente vestido. Quando indaguei se poderia falar em português, ele sorriu e disse que certamente, mas que ele me falaria em francês. Pedi para ele fazer uma dedicatória no seu livro "La Pensée Sauvage" (Lévi-Strauss, 1962). Naturalmente conversamos sobre os índios brasileiros como em todos os encontros que foram acontecendo durante os dez anos seguintes.

 

 

Na saída ele me acompanhou até a porta e gentilmente me auxiliou a vestir o sobretudo e eu lhe perguntei se poderia lhe dar um beijo. Ele novamente sorriu e disse, certamente. Eu percebo que meu jeito irreverente e um pouco brincalhão o divertia e sempre senti que era bem vinda no seu gabinete.

Talvez o fato de eu ter chegado à França, conhecendo poucas pessoas, com contato quase que exclusivamente com o Grupo de Pesquisa em Semiótica da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris e meu orientador, que eu tratava com respeito e distanciamento pela sua condição de meu Professor, desenvolveu em mim um afeto e apego ao professor Claude Lévi-Strauss, que para mim e comigo era uma pessoa simples e acolhedora, apesar de sua grande obra e do que ele representa para o avanço das Ciências Humanas no século XX.

Hoje, eu entendo que esta relação carinhosa e amistosa e que representava uma agradável conversa com uma pessoa que me entendia em português e gostava de ouvir minhas experiências com os índios foi muito importante para mim, que começava uma vida acadêmica num país estranho. Atualmente, adaptada à cultura francesa, ao país onde terminei meu doutorado, considero que ele foi um dos meus primeiros amigos. O professor Claude Lévi-Strauss para mim é mais importante como ser humano do que como o respeitado pesquisador.

Todas as vezes que voltei a encontrá-lo notei sua grande curiosidade em saber da situação dos povos indígenas, em especial os Bororo e Kadiwéu, assim como do desenvolvimento da região onde fez trabalhos de campo na década de 30, no século passado.

Em maio de 1998 voltei a Paris, dando seguimento aos meus trabalhos, participação em seminários e orientações do professor Ivan Darrault-Harris, depois de uma rápida viagem ao Brasil. Fiquei emocionada e surpresa com um presente que ele havia me enviado, no meu endereço em Paris: seu livro "La Potière Jalouse" (Lévi-Strauss, 1985). Na dedicatória ele falava do charmoso joão de barro que eu lhe dera no nosso primeiro encontro e que o presente estava provavelmente, relacionado com referido livro em que ele relatava a lenda sobre os ciúmes do pássaro.

 

 

No mês de agosto na reserva Guarani de Caarapó, onde fazia meus trabalhos de campo, com as crianças, numa das salas de aula, um joão de barro começou a construir um ninho, numa árvore que ficava em frente à porta. Assim, tive a oportunidade de tirar fotos de toda construção, em cada etapa e finalmente, a obra acabada com seu construtor na entrada, parecendo orgulhoso pelo término da importante tarefa.

Enviei a série de fotos para o professor Claude Lévi-Strauss, recebendo em seguida uma gentil e carinhosa mensagem, dizendo que guardara as fotos dentro de seu livro "La Potière Jalouse" (Lévi-Strauss, 1985), que já fazia parte de nossa história. Mais uma afinidade, o charmoso pássaro joão de barro. No encontro seguinte, em janeiro de 2000, tive a agradável surpresa de encontrar o nosso pássaro numa redoma de vidro, no meio de uma infinidade de livros. O que me intrigou foi que para uma pessoa que escreveu sobre tantas culturas e diferentes formas de expressão artística, deixar o joão de barro na sala que era um escritório simples com muitos livros. Tenho algumas fotos em que o pássaro aparece na redoma.

 

 

 

 

Defendi minha tese de DA, L'Identité en Construction Chez Les Guarani/ Kaiowá du Brésil (Approche Sémiotique) em Paris-Sorbonne 8, no mês de maio de 2000 (Grubits, 2000) e na minha dedicatória escrevi : à

« Claude Lévi-Strauss, si grand de par son oeuvre e contribuition pour l'humanité de tous les temps, si proche, si humain et sensible em notre immense affinité qui commence par un énorme amour pour l'être humain et pour ce charmant oiseau brésilien : le João de barro ».

O livro "Psicossemiótica na Construção da Identidade Infantil: Um Estudo da Produção Artísticas de Crianças Guarani Kaiowá" (Grubits & Darrault-Harris, 2000) publicado no Brasil, em parceria com meu orientador professor Ivan Darrault-Harris também foi dedicado ao nosso querido mestre. A propósito da publicação ele me escreveu agradecendo o oferecimento.

Dei segmento aos meus trabalhos de campo com o grupo Kadiwéu o que motivou uma volta à obra Tristes Trópicos, já que é uma das poucas obras que se refere ao grupo, apesar de ser famoso no Brasil e Europa pelas suas cerâmicas, com motivos originais e os desenhos no corpo e no rosto, como os trabalhos que os homens faziam em couro no passado. Sempre fiquei muito admirada como, depois de tanto tempo ainda era possível identificar todas as especificidades das duas culturas, Bororo e Kadiwéu, tão bem descritas na obra e que me indicavam os caminhos para um entendimento dos aspectos psicossociais que eu procurava analisar.

 

 

Sempre, nos nossos encontros no mês de janeiro, o professor pedia notícias de nossos índios e uma vez manifestou o interesse por rever as cerâmicas para verificar se poderia avaliar o estado atual e a qualidade da produção. Enviei pequenas peças Kadiwéu e ele me respondeu que eram belas cerâmicas que lembraram os "tempos antigos".

 

 

Em outra visita indagou sobre a região, o desenvolvimento da cidade e da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), já que seu encontro com os grupos indígenas da região foi acompanhado pelos missionários salesianos, motivo pelo qual fez o prefácio do volume III da famosa "Enciclopédia Bororo" de autoria dos padres César Albisetti e Ângelo Jayme Venturelli (1976).

No referido prefácio, Lévi-Strauss manifesta sua simplicidade e admiração pelo trabalho dos padres Albisetti e Venturelli:

Os padres Albisetti e Venturelli tiveram a delicadeza de pedir-me uma breve introdução ao terceiro volume da Enciclopédia Bororo. Comove-me profundamente este testemunho de confiança, por parte de eminentes especialistas, cuja vida é consagrada ao estudo dos Bororo. Agradeço-lhes, ainda mais que não são mais que algumas semanas que passei, há 40 anos, nas margens do rio Vermelho, que poderiam justificá-lo.

Em outro trecho reflete sobre a importância dos Bororo para sua obra:

Mas os Bororo não me ofereciam apenas a contemplação de um espetáculo maravilhoso. Todo meu pensamento teórico, como se desenvolveu ao longo dos últimos trinta anos, conserva o cunho daquilo que me pareceu compreender no meio deles: como uma sociedade humana pode tentar unificar em um vasto sistema, ao mesmo tempo social e lógico, o conjunto das relações de seus membros entre si e das que mantêm, em grupo, com as espécies naturais e com o mundo físico que os envolve. Com efeito é dos Bororo que aprendi que certas formas de pensamento, aparentemente tão diferentes das nossas, são, todavia, capazes de analisar e classificar fenômenos, de abstrair suas propriedades comuns e de elaborar uma visão do mundo com alcance verdadeiramente filosófico (Lévi-Strauss, 1976, p. 01).

Na ocasião, uma correspondência marcando um encontro não chegou às minhas mãos, pois o código postal do meu studio não estava correto. Deixei com sua secretária fotos da nossa universidade antes de partir e dois dias depois de minha chegada ao Brasil, recebi um fax em que ele informava que ficou tocado com as fotos e que Campo Grande, que não parecia com "la bougarde" que conheceu há sessenta anos.

Foram muitas as mensagens e dedicatórias que recebi do professor Claude Lévi-Strauss. Agora, depois de dez anos e reunindo todo material que tenho de nossos encontros e comunicações, eu consigo perceber que desenvolvemos uma amizade com muito carinho pelas afinidades, interesse e cuidados com nossos índios.

Na visita de janeiro de 2002, ele estava me aguardando com um presente. O livro "Del Microscópio a La Maracá" (Chiappino & Ales, 1997), com estudos de desenhos de povos indígenas da Amazônia Venezuelana. Pedi para que ele me escrevesse uma dedicatória e fiquei um pouco triste com o que ele escreve.

 

 

 

Eu não queria que ele escrevesse de uma forma tão melancólica, dizendo que eu poderia aproveitar melhor a obra, pois ele não tinha mais tempo, conforme me falou nesse dia.

 

III – Últimas Mensagens

Estive com ele nos anos seguintes. Tirei belas fotos, com ele muito sorridente, em 2006. No inverno de 2007 marquei um novo encontro, porém sua secretária me informou que ele não estava muito bem, pois a temperatura estava muito baixa e não era aconselhável seu deslocamento de casa para o Laboratório de Antropologia Social. Fiquei preocupada e frustrada, pois eu tinha duas notícias que com certeza iriam agradá-lo; a inauguração do novo museu das Culturas Dom Bosco e o fato de que eu fora adotada por uma família Kadiwéu com o nome Odibaawa (linguagem feminina) ou Odibawa (linguagem masculina).

Voltei para o Brasil, enviei uma carta com as novidades e um CD com as imagens do museu. Esperava revê-lo na minha próxima viagem e voltar às conversas sobre nossos índios. Recebi uma resposta, em que ele informava que iria verificar o material quando voltasse ao laboratório, mas infelizmente não voltei a encontrá-lo.

 

 

A importância de trabalhos de campo na obra de Claude Lèvis-Strauss é muito relevante e um ensinamento e modelo para os pesquisadores. Eu penso que o trabalho de campo e o interesse pelos grupos Bororo e Kadiwéu marcaram o nosso encontro e nossas afinidades. Termino com uma citação do estimado professor:

(...) Devemos enfim considerar como sobretudo obrigação para nossos estudantes de seguirem os cursos de etnografia. Relativamente à sociologia cultural, esforço de sistematização racional, a etnografia, ciência puramente descritiva, conserva evidentemente sua independência. Mas, quem não vê a intimidade dos elos que as unem? Não nos cabe dizer se um estudante de etnografia dever ser sociólogo. Mas é fora de dúvida que um sociólogo deve, em primeiro lugar, possuir boa formação etnográfica, já que a existência da sociologia cultural, inteiramente nascida "sobre o terreno", é antes de mais nada, a confirmação esmagadora destas palavras de Durkheim: "A etnografia muitas vezes determina, nos diferentes ramos da sociologia, as mais fecundas revoluções" (Lévi-Strauss, 1937, p. 176)

 

Referências

• Aucouturier, B., Darrault, I. & Empinet, J. L. (1986). A prática psicomotora – reeducação e terapia. Porto Alegre: Artes Médicas.

• Chiappino, J. & Ales, C. (1997). Del microscopio a la maracá. Caracas: Ex Libris.         [ Links ]

• Grubits, S. (1992). A Construção de uma identidade no conflito em as culturas Bororo e Civilizada. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social da Pontifícia Universidade Católica, São Paulo.         [ Links ]

• Grubits, S. (1994) Bororo: Identidade em Construção. Campo Grande, MS: Departamento Gráfico do Colégio Dom Bosco.         [ Links ]

• Grubits, S. (1995) Bororo: Identity in Construction. Campo Grande, MS: Universidade Católica Dom Bosco.         [ Links ]

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• Grubits, S. & Darrault-Harris, I. (2000). Psicossemiótica na construção da identidade infantil: um estudo da produção artística de crianças Guarani/ Kaiowá. São Paulo: Casa do Psicólogo        [ Links ]

• Lévi-Strauss, C. (1937). A Sociologia cultural e seu ensino - Anuário da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras. São Paulo: Universidade de São Paulo, 167-176.         [ Links ]

• Lévi-Strauss, C. (1955). Tristes tropiques. Paris: Plon.         [ Links ]

• Lévi-Strauss, C. (1962). La pensée suavage. Paris: Plon.         [ Links ]

• Lévi-Strauss, C. Prefácio. In : Albisetti, C. & Venturelli, A. J. (1976). Enciclopédia Bororo. V. III. Campo Grande, MS: Museu Regional Dom Bosco.         [ Links ]

• Lévi-Strauss, C. (1985). La Poitière Jalouse. Paris: Plon.         [ Links ]

 

Recebido: 15/08/2103
Corrigido: 05/09/2013
Enviado a Parecerista: 06/09/2013
Aceito: 10/10/2013.

 

 

1 Psicóloga pela Universidade Católica do Rio de Janeiro e Jornalista pela Univ, Federal do Rio de Janeiro; doutora e pós-doc pela UNICAMP e pelo Paris 8, Sorbonne, Paris. Pesquisadora e Professora Titular da UCDB. Bolsa de PQ pelo CNPQ. Contato: Av. Mato Grosso, nº 759, Centro - CEP:79002-231, Campo Grande, MS - Brasil. Telefone: (67) 3324 4778. E-mail: sgrubits@uol.com.br

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